Estonteantes - Pretty Little Liars #11 - Sara Shepard

Já tem um tempo que comecei a ler a série Pretty Little Liars e não consigo parar, já que a história é incrível. Como tenho que ler outros livros, fico intercalando entre um PLL e outro de outra história, para poder ter sempre um gostinho de nossas quatro mentirosas. Sara Shepard conseguiu me conquistar com sua narrativa e, mesmo eu tendo acabado de ler o décimo primeiro volume da série, não vejo a hora de começar com o décimo segundo. Bom, vou contar para vocês um pouquinho sobre “Estonteantes”, mas como esse é um volume mais avançado, esta resenha pode conter spoilers dos volumes anteriores.
Neste volume vemos que depois de tudo o que ocorreu na Jamaica, as meninas queriam um certo descanso, mas -A não quer deixar nossas protagonistas em paz e continua atormentando a vida delas com várias mensagens. Algo que a gente nunca iria imaginar aconteceu com Emily, e ela se meteu em uma grande confusão ao fazer uma promessa para uma mulher super rica, e depois quebrá-la.
Enquanto vemos esse grande segredo como a trama principal, acompanhamos como todas as outras meninas se metem em enormes confusões. Aria acabou descobrindo algo sobre o pai de seu namorado e não sabe o que fazer sobre isso, até porque eles prometeram ser sinceros um com o outro, mas contar isso para ele pode ser bem ruim, e ela pode acabar sendo a responsável por destruir outra família. Hanna quer reconquistar Mike, e no amor e na guerra vale tudo, por isso ela não mede esforços para que ele largue sua atual namorada e volte para ela. Spencer como sempre está muito preocupada que tudo dê certo em sua vida acadêmica, e as mensagens de -A acabam deixando-a muito nervosa.
Em meio a todos os segredos, vemos como essas quatro jovens se envolvem em muitos problemas e vários mistérios, e tudo isso com muita adrenalina. Essa série consegue nos prender a cada página virada com personagens incríveis, uma linguagem rápida e fluida, bastante confusão e pequenas pistas. Além disso, o tempo todo ficamos esperando os próximos passos de –A e nos divertindo com todas as confusões e segredos.
É sempre uma delícia acompanhar nossas protagonistas, enquanto tentamos descobrir junto com elas a verdadeira identidade de –A, e também o motivo dessa pessoa querer torturar tanto suas vidas.
A capa desta vez é rosa clarinho e tem a bonequinha representando a Emily na frente e a modelo na quarta capa. Minha coleção está quase completa e adoro olhar os livros na estante, porque ficam bem coloridos e muito bonitos juntos. A diagramação segue o padrão com os demais volumes da série e é bem confortável para a leitura.
Se você ainda não leu nenhum livro desta série, não perca tempo e comece logo, pois com certeza irá amar. Ela traz uma história cheia de mistérios, altos e baixos, e protagonistas que estão dispostas a fazer de tudo para descobrirem a identidade da pessoa que está chantageando-as com os seus segredos mais obscuros. Com uma narrativa rápida e fluida, Sara Shepard consegue manter a trama sempre com novidades, sem deixá-la repetitiva, mesmo este sendo o décimo primeiro volume. Eu não vejo a hora de começar o próximo e poder saber ainda mais sobre a vida de nossas belas mentirosas.
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Encrenca - Non Pratt

Desde quando vi que este livro iria ser lançado pela Verus Editora aqui no Brasil, fiquei super empolgada com sua sinopse, que parecia trazer uma história bem gostosa e daquele tipo que nos faz refletir. Então, assim que me foi possível, eu quis começar esta leitura. Agora, venho comentar tudo o que eu achei sobre “Encrenca”.
Nesta história, conhecemos a protagonista Hannah Sheppard, uma menina de apenas quinze anos, mas que já viveu a vida intensamente. Isso porque, apesar da pouca idade, ela já teve relações com muitos garotos e acabou ganhando a fama de uma menina rodada. Fútil e popular, Hannah tem uma vida normal, pais separados, uma irmã menor e uma melhor amiga que é exatamente como ela.
Quando acabou descobrindo que estava grávida com apenas quinze anos, sua vida mudou de cabeça para baixo, pois, sem poder revelar para ninguém quem era o pai da criança, as pessoas começaram a achar que nem ao menos sabia, e agora ela passa maus bocados, sofrendo bullying na escola e ninguém, nem mesmo a sua melhor amiga, resolve apoiá-la neste momento tão difícil.
Aaron é um menino novo, que acabou de se mudar para o colégio de Hannah e que guarda consigo um segredo do passado, e a culpa por isso acaba corroendo-o por dentro. Ele e Hannah acabam criando uma amizade, e quando o boato da gravidez se espalhou por toda a escola, ele resolve assumir a paternidade, mesmo não sendo o pai, a fim de ajudar a sua amiga e redimir os erros do seu passado.
A partir daí acompanhamos os nossos protagonistas passando por várias decisões juntos, que jovens de quinze anos não deveriam passar sozinhos. Decisões como: se devem ter o filho ou abortar, como contar para os pais, como passar por este período, essas coisas, tudo de uma forma bem clara. Vemos como ambos, apesar da pouca idade e dos segredos (ele sobre o passado e ela sobre quem é o pai), conseguem ser bem maduros e lidar muito bem com tudo que estão passando.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista dos dois personagens principais, Hannah e Aaron, o que eu gosto bastante, já que assim conseguimos entender melhor tudo o que eles estão passando e sentindo, nos aproximando cada vez mais deles e nos dando uma visão mais ampla da história. Na parte narrada por Aaron descobrimos, em vários momentos, pedaços do seu passado, nos mostrando, assim, o que tinha ocorrido com ele, e qual era o segredo que ele carregava.
A narrativa é rápida, fluida e consegue nos mostrar de uma forma leve e franca, problemas que as pessoas podem passar, independente da idade, e como ter o apoio de alguém é sempre muito importante na vida. Gostei bastante de acompanhar nossos protagonistas, e de ver os seus respectivos crescimentos com o passar das páginas.
Acho esta capa bem fofinha e adoro que tenha relação com o conteúdo do livro. A diagramação está bem confortável para uma leitura fácil devido aos espaçamentos e ao tamanho da fonte do texto. As páginas são amarelas.
Esta obra de Non Pratt é daquele tipo de livro que nos faz pensar a todo instante em relação à vida de uma maneira geral, e de como precisamos de apoio. É uma história encantadora que consegue nos prender do início ao fim com personagens muito bem construídos e um pano de fundo brilhante. Recomendo este volume para todas as pessoas, pois é uma trama que consegue transmitir, de uma maneira leve, assuntos não tão leves, além de nos fazer refletir bastante.
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De Repente - Royal #01 - Nichole Chase

Muitas vezes a primeira coisa que chama a minha atenção em um livro é a sua capa, que só de olhar já desperta bastante meu interesse em procurar saber sobre a história. Mas com esse título foi diferente: primeiro eu soube da sinopse, que me conquistou por me lembrar de uma série que eu tanto amei e que esteve comigo durante toda a minha adolescência, e ainda nos dias de hoje: “O Diário da Princesa”, de Meg Cabot.
Em “De Repente”, conhecemos Samantha Rousseau, uma garota comum que faz mestrado em biologia da vida selvagem, é especializada em aves de rapina, e cuida do seu pai doente, sendo aquele tipo de pessoa centrada que não tem tempo para viajar ou para ficar acompanhando a vida das celebridades, até porque ela trabalha bastante para ajudar a pagar os medicamentos do seu pai.
Sua vida muda completamente quando recebe a visita de um cara enorme, estilo armário, procurando o seu nome e falando que a Duquesa Rose Sverelle, de Dollange, gostaria de se encontrar com ela em um restaurante. Como imaginou que era uma reunião para uma doação ao centro de pesquisa, colocou sua melhor roupa e foi a esse encontro. Mas, quando chegou lá, teve uma enorme surpresa ao ver que a Duquesa não estava sozinha, já que Alex, o príncipe gatíssimo de Lilaria, estava com ela. E é nessa reunião que Samantha descobre que sua mãe, já falecida, escondeu uma grande parte de sua vida, já que ela fazia parte da família Real, sendo a única herdeira do ducado dos Rosseau, fazendo com que a garota tenha que ir para Lilaria para retomar o título que é seu por direito.
Sem saber o que fazer, já que não sabe comandar um país inteiro, sua vida muda de cabeça para baixo. E, no dia seguinte, a notícia de que é uma duquesa acaba vazando, e nossa protagonista vê sua vida sendo totalmente exposta, mas conta com a ajuda do príncipe Alex, tanto quando a notícia vazou em seu país, quanto quando ela foi para Lilaria e teve vários compromissos e entrevistas, e em todos os momentos ele estava lá para ajudá-la.
O livro é narrado em primeira pessoa por Samantha, o que foi muito bom, já que assim conseguimos ter uma ideia de tudo o que ela estava passando, já que sua vida mudou totalmente. Assim conseguimos acompanhar de forma mais honesta o seu turbilhão de sentimentos e cada etapa de tudo que estava vivendo.
Sam é uma jovem de vinte e três anos, mas já é bem madura, e, por isso, soube lidar com todas as novidades de sua vida. Gostei bastante da construção do seu caráter, achei que a autora conseguiu, de uma maneira leve, expor como é ter sua vida nos holofotes, e ainda precisar conseguir driblar suas responsabilidades com um pai doente.
A capa é fofa e eu gostei bastante dela. A diagramação é bastante confortável para a leitura, com uma fonte em tamanho grande e bons espaçamentos. Todo início de capítulo há uma ilustração de coroa e no rodapé das páginas o desenho de um pássaro pequenino. As páginas são amarelas, o que é sempre ótimo.
Este é o primeiro livro de uma trilogia com protagonistas diferentes, cujo segundo volume, “Imprudente”, também já foi publicado aqui no Brasil pela Editora Pandorga. O terceiro, “Reluctantly Royal”, ainda sem título nacional, não tem previsão, mas como estes dois saíram com uma diferença de tempo pequena entre um e outro, acredito que o último também não deva demorar.
Este é daquele tipo de livro fofo, que nos faz suspirar em vários momentos, como um conto de fadas moderno. E apesar de ele ser bem clichê em determinadas partes da leitura, achei que a obra em si ficou ótima, sendo rápida, fluida e trazendo um pano de fundo delicioso, além de personagens cativantes. Recomendo esta leitura para todo mundo.
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Doutor Fausto - Thomas Mann


Doutor Fausto, do autor alemão Thomas Mann, publicado pela Companhia das Letras foi minha última leitura, quando eu o escolhi entre diversas opções o fiz por dois motivos, ele é um autor ganhador do prêmio nobel e muito bem comentado, e a sinopse do livro prometia uma boa história. Entretanto minha escolha foi infeliz, eu não estava preparada para a leitura, fui ousada e descobri ao final que as vezes é preciso mais do que disposição para a leitura de um livro clássico!

A Alemanha caminha para a transformação, conflitos inevitáveis estão em seu caminho, ao mesmo tempo em seu seio floresce Adrian Leverkühn, um compositor criador de uma música inovadora que balança as estruturas do país que está conflito com sua própria identidade. Sua história é narrada por um amigo, muito próximo e adorador deste gênio que se perdeu depois de um pacto com o demônio que lhe daria anos de vida e glória.

Observando a sinopse acreditamos que iremos conhecer um indivíduo e seu pacto demoníaco, mas o pacto é um detalhe em meio a uma avalanche de informações. Mann cria uma narrativa em primeira pessoa através de Serenus Zeitbloom, amigo de infância de Adrian que nos relata em minúcias a vida de seu idolatrado amigo, seu objetivo era velar pelo amigo, e por isso se sentia impelido de ouvir e assimilar o que Adrian ouvia e assimilava. Não só isso ele também queria que o leitor fosse testemunha das experiências espirituais do compositor. Para tanto Serenus traça uma linha do tempo onde destaca detalhes desde a infância até a morte do compositor, explicando em detalhes cada pessoa, diálogo, fato, situação e pensamento importante que este teve em sua vida e formou o caráter e personalidade de Leverkühn.

Isso torna a leitura do livro muito densa e complexa, não só na profundidade que este se propõe como também na qualidade do material apresentado. Eu não conseguia ler muito mais do que quarenta páginas ao dia tamanha energia que a leitura despendia. Mais tarde descobri que dois teóricos foram usados de apoio pelo autor, Theodor W. Adorno (filósofos, sociólogo, musicólogo e compositor alemão, expoente da Escola de Frankfurt) e Arnold Schönberg (compositor alemão criador do dodecafonismo), ambos com trabalhos bastante profundos em suas escolas e logo de difícil acesso a leigos.

Palestras sobre música com temas bastante específicos, extensas narrativas em linguagem musical, debates teológicos e até discussões políticas são algumas das situações minuciosamente escritas por Mann na narrativa. O processo de composição das obras de Adrian também são dadas. Por isso a dificuldade de uma leiga como eu em compreender a relevância de um diálogo onde notas musicais são citadas por exemplo. Alguns termos eu pude consultar meu namorado - músico, mas muita coisa ficou perdida. Acredito que a leitura de alguém com conhecimentos musicais seria de maior aproveitamento do que a minha nestes trechos.

Mas se são cansativas as descrições técnicas ao longo da narrativa, outros trechos são muito agradáveis já que em diversas partes personagens são apresentados e suas estórias de vida detalhadas. Quando se trata de seres humanos e seus conflitos Mann nos apresenta com boas tramas e personagens muito ricos.

Adrian é um homem da 'aversão', do desapego, da reserva, do afastamento. Expansividades físicas pareciam totalmente alheias a sua índole, mesmo assim Serenus acreditava que "Há pessoas com as quais não é fácil conviver, mas que jamais se podem abandonar - pg. 259". Sua salvação seria se integrar a sociedade, mas sua personalidade, e mais tarde o pacto o impediram de sua salvação que só fortaleceu o muro que existia ao seu redor, e deixou do lado de fora o amor que o mundo podia lhe dar. Coube a loucura ser seu berço final.

Zeitbloom é um filólogo humanista que tem adoração por Adrian desde sua infância. Ele abandona toda sua vida para acompanhar qualquer necessidade deste, sua vida pessoal mesmo depois de casado fica em segundo plano. Suas tensões e preocupações foram totalmente direcionadas a Leverkühn.

A lenda de Fausto é pano de fundo do pacto que Adrian realiza com o demônio. Esse pacto também é refletido na Alemanha que durante a narrativa atravessa as duas guerras mundiais. O tempo é um fator curioso no livro, o próprio Serenus destaca que trata-se de um cronologia dupla onde uma terceira se junta-se posteriormente, onde a primeira é a vida de Adrian, a segunda o momento da escrita do cronista na Alemanha de 1943/1946, e por fim a terceira o próprio leitor.

Existem livros, trabalhos acadêmicos e diversos artigos sobre Doutor Fausto tamanha riqueza e complexidade do livro. Fiquei surpresa com o fato e depois mais tranquila quanto as minhas dificuldades de leitura. Saber que a trajetória do protagonista foi inspirada na vida de ninguém menos de Nietzsche me fez compreender o tamanho do desafio que eu tinha em mãos.

O livro conta ainda em seu fim com um posfácio, Dialética Humanista em Tempos Sombrios, escrito por Jorge Almeida, doutro em filosofia e professor de teoria literária e leitura comparada. Neste trecho Almeida comenta sobre a biografia de Mann, suas obras, em especial Doutro Fausto e temas relacionados. É um ótimo texto para ampliar a compreensão do que pretendia Mann com seu livro e quem era este escritor.

Doutor Fausto é uma obra que nos exige sermos mais do que leitores, exige que sejamos apropriados de conhecimento e cultura, e se não promover total conhecimento através de suas páginas vai fazer com que o ler subir um degrau na escada de leitura. Foi uma aventura cansativa mas se você me perguntar se vale a pena e eu faria novamente eu lhe digo que sim pois Mann escondeu em suas páginas mais do que apenas uma estória de entretenimento, ele escreveu críticas ao seu país, e um convite para nos exigirmos mais como leitores e como estudantes de diversos conhecimentos.

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Sejamos Todos Feministas - Chimamanda Ngozi Adichie

Este pequeno livrinho (tem 11.00 cm x 15.80 cm, 64 páginas e 0.057 kg) tem um grandessíssimo conteúdo, afinal fala de um dos assuntos mais importantes do mundo: o feminismo. O texto é uma adaptação do discurso de Chimamanda Ngozi Adichie, de uma palestra que ela apresentou no TEDx Euston, que conta com mais de 1,5 milhão de visualizações (clique no link para conferir), e que foi musicado por Beyoncé (clique para assistir o vídeo).
Nele, ela comenta diversos momentos, atuais e através de memórias antigas, de sua vida em que, por ser mulher, recebeu tratamento diferente dos homens, revela momentos ruins e revoltantes, e outros bem absurdos. Fala, ainda, de sua experiência pessoal por, além de ser do sexo feminino, ser nigeriana, e como é tratada por gente de seu país e também por indivíduos de fora dele.
Bate na tecla de que muito ainda precisa ser feito para que os indivíduos alcancem a igualdade de gênero, visto que somos iguais, homens e mulheres, e que, quando isso, enfim ocorrer, será libertador para todos, independentemente do sexo. Afinal, moças poderão ser inteligentes, batalhadoras e ainda se maquiarem e usarem roupas que gostem, sejam elas curtas ou longas, saltos altos ou rasteiras ou o que mais lhes convir, porque gostam, porque querem se sentir bem consigo mesmas, e não para os homens ao redor, mas que não deixam de ser tão inteligentes quanto eles só porque gostam de se arrumar. Os rapazes poderão sentir e demonstrar sentimentos, e muito mais, poderão ser quem desejam, independentemente de estereótipos de masculinidade. E cada um de nós poderá ter o mesmo cargo e salários nos empregos, devido a nossas qualificações e capacidades, e não de acordo com nossos gêneros.
Neste ensaio revelador ela ainda nos conta como foi a primeira vez que lhe chamaram de feminista, dia que se lembra perfeitamente, e como aquelas palavras, ditas por um amigo, não pareciam demonstrar que significavam alguma coisa boa, pelo contrário, parecia que ele dizia algo como “Você apoia o terrorismo!”. E, depois, como isso e vários outros momentos a fizeram perceber que ela era, sim, feminista, mas que isso era algo realmente grandioso, assim como suas origens, então ela se autodefiniu como “feminista feliz e africana”.
Mas Adichie também demonstra que esta palavra acaba tendo um significado negativo, inclusive para pessoas que não agem tão mal quanto outras, mas que todos deveriam encará-la de outro modo, afinal ela é algo bom.
A edição física é uma graça: pequenina, bem diagramada, com fonte e espaçamentos confortáveis, e com páginas amarelas. Além do discurso, há algumas folhas extras com uma mini biografia de Chimamanda, e trechos sobre algumas obras escritas por ela e publicadas aqui no Brasil também pela Companhia das Letras. Para os que desejam lê-la em e-book, está disponível gratuitamente em livrarias online.
Considero que esta é uma obra que deveria ser lida por todos, pois além de ser um tema atual e de grande importância para a evolução da humanidade, que, mesmo tendo encontrado melhoras ao longo dos séculos, ainda precisa caminhar muito para alcançar um patamar bom e íntegro, onde todos são livres para serem o que quiserem sem enfrentar olhares, opiniões e ocasiões negativas por isso. Indico muito mesmo!
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Dia de Beauté - Victoria Ceridono

Preciso comentar que sou fã de beleza e maquiagem e adoro tudo relacionado ao assunto. Mas também tenho que confessar que tenho minhas dificuldades para fazer algumas coisas que eu acho bonitas ou mais elaboradas, então acabo sempre optando por makes mais básicas. Só que não deixo de admirar quem sabe fazer tudo certinho e, mais ainda, quem consegue transmitir seus conhecimentos para ajudar os demais.
Então, quando vi que a incrível Vic Ceridono iria publicar um livro com dicas sobre o tema, que é, como o próprio subtítulo diz: “Um Guia de Maquiagem Para a Vida Real”, eu sabia que precisava tê-lo o quanto antes.
E, olha, quando a edição chegou em minhas mãos eu fiquei absolutamente apaixonada, porque a Editora Paralela realmente fez um ótimo trabalho e ela é simplesmente linda!! Vou atualizar depois esta resenha com fotos para vocês conferirem melhor o trabalho gráfico, porque vale muito a pena.
O livro é dividido em sete partes, na ordem: “Todo Dia é Dia”, que a autora fala sobre como ler a obra, alguns truques que ela segue na hora de se maquiar, mostra uma ilustração de mapa do rosto muito útil para as leitoras saberem exatamente sobre cada detalhe sem errar, comenta sobre treino diário, etc. Em seguida, encontramos “Equipamentos”, com capítulos sobre pincéis, cuidados e manutenção, como montar kits de maquiagem, e mais.
As próximas partes são sobre o rosto completo, começando por “Pele”, que há capítulos como ‘Cuidando da sua Pele’, ‘Qual é a sua?’, e ainda sobre base, passo a passo, tendência, entre outros. Em seguida encontramos “Olhos”, com dicas para sobrancelhas, sombras, lápis e afins, cores, esfumado, delineador, cílios, e tudo relacionado com o assunto. A quinta parte é sobre “Boca”, com capítulos sobre opções, acabamentos, aplicação, e várias outras dicas preciosas.
As duas últimas partes são “Na Prática” e “Passaporte Beauté”. A primeira possui apenas três capítulos, onde ela nos presenteia com dicas maravilhosas como, por exemplo, montar mood boards para nos ajudar a sair da rotina; soluções rápidas para probleminhas que surgirem pelo caminho, como espinhas, cansaço ou ressaca e outros; e rotina pós-make. A segunda fala sobre o que carregar na nécessaire quando o assunto é viagem, pois são considerações extras que devemos nos focar antes de sair colocando coisas a mais ou a menos na bolsa de viagem, para depois não nos arrependermos. Nesta parte, ainda podemos encontrar Checklist e dicas de como comprar em viagens, muito úteis.
Vic sabe muito sobre o assunto e cada detalhe do que está comentando, então suas dicas são preciosas. Além disso, há fotos ou ilustrações em todos os trechos importantes, o que é ótimo porque auxilia ainda melhor quem quer seguir certinho suas instruções.
Todo o texto é bem direto, simples e de fácil entendimento até mesmo para as pessoas que não têm muita prática. E ela conversa com o leitor como se realmente estivesse ali, perto da gente, nos amparando. Mas acho que em alguns momentos uma explicação um pouco mais elaborada teria ajudado mais.
Para quem não conhece Victoria Ceridono, ela é jornalista de beleza desde 2005, mas apaixonada por maquiagem desde muito novinha, e sempre fazia “dias de beauté” e makes em suas amigas, familiares, e em si própria (quando sobrava tempo), aprendendo tudo o que sabe até hoje, afinal prática leva à perfeição. Mas diz que atualmente ainda aprende muito, afinal surgem novas técnicas, truques e produtos o tempo todo, e também conhece novas pessoas, leitoras, etc. que podem lhe transmitir ensinamentos inéditos. Além do mais, Vic, que mora em Londres atualmente, é editora de beleza da revista Vogue, e dona do blog “Dia de Beauté”, que criou em 2007, onde compartilha conselhos e dicas práticas de maquiagem e beleza.
Como comentei no início do post, esta edição está simplesmente divina! Começando pela capa dura, com fotografias que estão dentro do livro e são lindas, e esta ilustração central está em alto relevo, que é onde encontram-se o título e o nome da autora, que estão em baixo relevo. Em seguida pelas maravilhosas cores em tons pastéis, presentes por todo o projeto gráfico do exemplar, e a folha de guarda com fundo listrado e diversas pequenas ilustrações de bonequinhas lindas. E finalizando com um miolo de fazer babar, todo colorido, com alta qualidade de impressão, muitos detalhes gráficos fofos, fotografias incríveis, ilustrações fantásticas, começos de capítulos com cores e desenhos de fundo distintos e fontes diferentes, formando um resultado final arrebatador, daqueles que a gente fica querendo folhear diversas vezes só para ficar admirando cada detalhe. A versão impressa, no formato 19.60 cm x 26.60 cm, ainda conta com marcador de fitinha.
Para os fãs de beleza e maquiagem, esta obra fantástica é uma dica infalível. Unindo conteúdo singular a uma edição de tirar o fôlego, este livro é um coringa e serve como guia para o assunto, assim como item de decoração, deixando você com uma autoestima elevada (para aqueles que curtem make), assim como a sua casa. É uma opção maravilhosa para guardar na estante e também para presentear os amigos. E, para os fãs de “Dia de Beauté” e Vic Ceridono, esta é uma ótima forma de prestigiá-la e o seu trabalho.
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Cozinha de Estar – Rita Lobo

Se existe algo que eu gosto bastante é livro de receitas. Eu posso não ser tão boa assim na cozinha, mas conhecer novos pratos é sempre ótimo. E ver como algumas pessoas conseguem elaborar coisas tão incríveis é melhor ainda. Rita Lobo é um exemplo disso. Ela criou o site Panelinha em 2000, o qual dirige até hoje, mas sua carreira começou bem antes. Formada em gastronomia nos Estados Unidos, Rita escreve sobre comida desde 1995, quando estreou na Folha de S. Paulo, atualmente apresenta o programa que criou, Cozinha Prática, no canal GNT, e é autora de diversos livros.
Neste exemplar, “Cozinha de Estar”, vamos encontrar receitas bem práticas para receber convidados, ideias de pratos, de quais combinam entre si, dicas, muitas fotos ilustrativas, texto simples e direto e muito mais. Mas não é só de receitas que o livro trata, então ainda encontramos maneiras de elaborar cardápios corretos e coisas a serem feitas “Antes Mesmo de Colocar a Água para Ferver” (primeiro capítulo do livro).
Nesta parte, ela dá dicas de como arrumar a mesa, caso estejamos buscando algo um pouco mais formal ou mais arrumado, então fala de “Material Básico para Mesa”, comentando sobre pratos, talhes, copos, e tipos destes, além de outros materiais utilizados, como bandejas, baldes, etc. Depois fala sobre como arrumar a mesa, como sentar os convidados, planejamento, checklist, e mais.
Em seguida encontramos um capítulo sobre como começar (limpeza, afiar facas, organização), que também fala de pesos e medidas, eletrodomésticos e utensílios, com muitas dicas sobre cada um dos itens, para ninguém colocar defeito.
E depois as receitas começam. No próximo capítulo encontramos caldas, sopas e algumas outras entradas. Depois passamos para “Saladas e Outros Acompanhamentos”, seguido de “Pratos Principais e Alguns Truques de Produção Culinária”, passando por “Sobremesas” e finalizando com “Drinques para Quebrar o Gelo”. Ou seja, é realmente um livro beeeem completo para quem quer servir um jantar, almoço, ou outro evento bem especial.
O mais bacana de tudo é que a autora está sempre fazendo comentários antes de cada uma das receitas que encontramos na obra, que ajudam bastante quem quer e quem vai prepará-las, e tem uma forma muito boa de apresentar o modo a ser feito.
No prefácio, Rita nos conta um pouco sobre o processo de escrever este livro, que começou em 2004, pouco antes de ela descobrir que estava grávida – chegando à conclusão que esta obra, então, foi escrita a quatro mãos (coisa fofa!). Ela também fala que queria fotos dos pratos, que não eram encontrados na primeira edição (tinha ilustrações), pois ajuda na hora do preparo, principalmente para os cozinheiros iniciantes, e que ela modificou alguns dos que tinha incluído inicialmente e alterou algumas receitas, além de ter mudado sua forma de cozinhar para uma maneira mais prática, que era a ideia do livro, entre outros detalhes. Adoro estes textos, porque aprendemos mais sobre o processo que a autora passou para desenvolver seu projeto até chegar ao resultado final, e também nos coloca mais próximos, mais íntimos dela como profissional e também como pessoa.
Algo bem legal é que todas as fotografias foram produzidas exclusivamente para este exemplar com materiais do acervo do próprio Panelinha, que ela garimpou mundo afora, inclusive em feiras de antiguidade, e também alguns de lojas de São Paulo. Eu fiquei completamente apaixonada pelas imagens (vou atualizar o post com fotos) dos fotógrafos Gilberto Oliveira Jr., Charles Naseh e Romulo Fialdini.
Antes de tudo começar, há uma carta de apresentação de Angélica Santa Cruz, diretora de redação da revista Lola, falando sobre Rita e este livro, e sobre sua experiência com ela antes mesmo de se conhecerem.  Algo que disse que eu concordo plenamente é a seguinte frase: “A Rita é que tem a adorável malandragem dos bons professores e consegue convencer as pessoas de que elas aprenderam tão rápido porque têm habilidade especial para aquilo”.
A edição impressa está linda, com o formato 24,6 cm x 19 cm, páginas em papel couché (estilo folha de revista, porém mais grossa) e ótima qualidade de impressão. Adoro esta capa e o fato de o exemplar estar rechiadíssimo de fotografias maravilhosas, que me deixam com água na boca com vontade de experimentar quase todas (menos as que possuem ingredientes que não curto, mas até estas são lindas de olhar).

Da autora, eu já tinha lido e resenhado outro exemplar maravilhoso de receitas, “Pitadas da Rita”, também publicado pelo selo Panelinha. Amei tanto quanto este, e vocês podem conferir minhas opiniões na resenha que fiz, recheada de fotos, clicando no título.
“Cozinha de Estar” é um verdadeiro prato cheio para quem gosta de livros de receitas, quer receber convidados com estilo, ou gostaria de prestigiar a talentosa Rita Lobo. É um livro para ler e ser lido, com receitas deliciosas para serem saboreadas sempre. Recomendo muito.
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Linha M - Patti Smith


Algumas vezes como por encanto algum livro cai nas minhas mãos, normalmente eu não o compraria e provavelmente não participaria de um sorteio dele, porque a sinopse não me convenceu ou a capa me desconvenceu (sim as capas tem uma atração forte sob mim!). No evento da Companhia das Letras ganhei o livro, Linha M, da conhecida Patti Smith. Quando falaram a respeito dele no evento eu imaginei que tratava-se um livro contando histórias malucas dentro da cena musical, e eu nunca estive mais enganada!

Smith é uma criatura singular! Em seu livro ela narra em primeira pessoas memórias de sua vida do passado e do momento presente que está escrevendo o livro. Mas mais que isso ela narra aquilo que não pode ser nomeado e apenas pode ser sentido através de suas ações inusitadas! A narrativa começa com um sonho, ela encontra com um vaqueiro que a desafia e a partir disso ela se sente impelida a escrever. Ele volta em alguns trechos do livro como para regular seu consciente.

Patti é obcecada por café, ela toma todo tempo e em qualquer lugar do mundo que vá, tanto que seus escritos foram feitos em sua maioria no café que frequentava em New York, o Café 'Ino. Seu amor por café a leva a lugares estranhos e a situações diferentes, é como se ela só funcionasse quando tivesse uma xícara em suas mãos.

Outro traço marcante de sua personalidade é sua companheira de viagens, uma máquina polaroid. As fotos que ela tira durante suas inúmeras viagens podem ser encontradas ao longo do livro, e são muito ricas para ilustrar suas histórias. Apaixonada por livros elas o tem a mão constantemente, e claro isso cria uma ligação forte no leitor que como ela alimenta a mesma paixão.

Os seriados policias, que aqui são constantes na tv a cabo, são outra paixão da autora que os cita a todo tempo. Mesmo em locais mais exóticos ela os assiste como distração, e as vezes faz paralelos com sua vida.

Suas histórias são também viagens, ela passa por locais como Guiana Francesa, Islândia, Alemanha, Inglaterra, México e Japão. Um traço interessante em seus passeios é o costume de visitar túmulos de escritores e realizar de alguma forma uma vontade que o escritor não pode ter em vida. No Japão, por exemplo, ela vai junto com os amigos até os túmulos, os limpa e coloca flores para eles, é uma atitude um tanto diferente não?

Patti tem uma personalidade muito rica e interessante, mas marcada pela morte prematura do marido, Fred. Parece que não importa o que ela faça (como por exemplo a compra de seu bangalô na praia tão desejado) sempre existe a sombra da tristeza de sua ausência. Nos pequenos detalhes ela se lembra dele, de suas falas e de seus atos. Parecia um casal que compartilhava um cumplicidade, e podemos perceber nitidamente isso na concepção deles do relógio sem ponteiros, época em que viveram intensamente o que desejavam sem se importar com as horas do dia.

Esperava que ela fosse falar de música, mas ela não a cita, não sei se ela evoca lembranças, já que seu marido era guitarrista. E ela também pouco fala sobre de onde provém seu dinheiro, já que ela viaja muito e parece passar mais tempo passeando e tirando fotos do que ganhando dinheiro ( ela cita em um momento algum dinheiro de diretos autorais).

Dado curioso a cerca dela também é que ela tem um talento muito forte para perder e esquecer coisas, e não são coisas pequenas ou desimportantes, ela consegue esquecer uma câmera (sim sua polaroid!) e o livro que está lendo no momento. E o que para muitos seria falta de sorte para ela é uma lembrança que pode até virar uma possível história do destino que o objeto teve, como um casaco que ela ganhou.

Linha M é um livro de memórias de uma mulher simples que vive a vida sem seguir as linhas. Ela tem vontades e as segue. Ela vê riqueza nas pequenas coisas, e valoriza as pessoas. É sensível e encantadora. E é o tipo de pessoa que eu gostaria de passar algum tempo por perto porque parece ter aprendido alguma coisa sobre o significado da vida. Seu livro é delicioso, é uma viagem pelo mundo, mas também pelos meandros do inconsciente da escritora que as vezes evoca sua poesia para falar daquilo que não se nomeia. Embora a tristeza seja uma constante companheira, o livro fala sobre esperança e aquilo que a vida lhe deu de bom desde que saibamos tirar isso dela. Leiam, porque tenho certeza que será uma boa surpresa como foi para mim!

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Turma da Mônica em Os Azuis - Mauricio de Sousa

Sou uma grande fã de Mauricio de Sousa desde que eu mal sabia ler, e acompanho a carreira e os trabalhos deste artista desde então. Quando pequenina, eu lia os gibis da Turma da Mônica, e ainda tenho muitos deles no meu acervo, quando a Turma da Mônica Jovem foi publicada, eu comecei a fazer a coleção e, mesmo não tendo completa, já que são muitos volumes (atualmente está no número 94), eu tenho a maioria dos exemplares. Aí eles publicaram também uma coleção para leitores mais velhos, a Graphic MSP, em que outros artistas ilustram os tão famosos personagens de Mauricio, a qual também estou colecionando (mas ainda faltam vários, infelizmente).
E, mais recentemente, uma para leitores mais novinhos que sai pelo selo infantil Companhia das Letrinhas, em que outros ilustradores usam seus traços para dar vida a alguma história clássica do autor. É desta última que falo nesta resenha. Turma da Mônica em Os Azuis é o segundo volume publicado por esta coleção, desta vez ilustrado pela artista Elisabeth Teixeira, que trabalha na área há muitos anos, sendo ilustradora de livros infantis há vinte e cinco anos, com mais de 120 livros publicados e já ganhou diversos prêmios e premiações ao longo do tempo, além de ter participado de mostras da área aqui no Brasil e no exterior.
A história clássica escolhida é muito importante e, mesmo tendo sido escrita e publicada originalmente algumas décadas atrás, em 1971, é, ainda hoje, muito atual. Gostei da escolha porque trata de um assunto sério, o preconceito racial, que, infelizmente, ainda existe. O tema é tratado aqui de forma leve, mas deixa o leitor bastante comovido e pensando no texto mesmo depois de fecharmos o exemplar.
Na historinha, Mônica acorda, em um belíssimo dia, de muito bom humor, até que vê todos ao seu redor bastante diferentes: eles estão com a pele azul. Ela é a única pessoa que continua da cor “alaranjada” que sempre foi, e, no começo, acha estranho que todos estejam tão diferentes e implicando com a cor dela, como se tivessem bolado um plano infalível.
Até que percebe que não são apenas os seus amigos que estão assim, mas absolutamente todos os moradores do bairro do Limoeiro. Tudo estaria normal se eles não estivessem cheios de preconceito em relação à menina, como se ela não devesse estar ali, como se nem mesmo pertencesse ao local, e eles ainda querem lhe levar para o lugar onde gente como ela deveria ficar.
E agora, o que a Mônica deve fazer? Como vai entender o que aconteceu e o motivo de estarem lhe tratando tão mal só porque ela é de uma cor diferente das outras pessoas? Será que o mundo vai ser para sempre assim? Será que tudo não passa de um sonho? Ou será que alguma coisa a mais pode ter acontecido e mudou todo o mundo que ela conhecia? Só lendo para saber, mas já digo que vale muito a pena.
Eu sei, atualmente tudo isso parece um absurdo e muito triste também, mas infelizmente as coisas eram assim no passado, e ainda hoje há pessoas que agem assim. Mas a história é muito legal porque as crianças podem entender o lado ruim de ser maltratado por conta de algo como a cor da pele, e aprendem desde cedo que todos somos iguais. E o final foi diferente do que eu imaginei, mas gostei bastante.
Como comentei no início da resenha, esta trama já tinha sido publicada em quadrinhos no começo da década de 1970, e aqui ela ganha uma releitura em prosa (todos os livros da coleção são assim), através de uma linguagem fácil, fluida e muito gostosa. Mas, antes desta, ela ganhou versões diferentes: um livrinho, uma animação e uma peça de teatro.
Esta coleção ainda é pequena, e só tem três volumes publicados até o momento: “Mônica é Daltônica?”, ilustrado por Odilon Moraes (tem resenha com fotos aqui no blog, clique no título para conferir), este da resenha, “Turma da Mônica em Os Azuis”, e o recente lançamento (o qual já estou desejando), "Chico Bento, 7 Anos", ilustrado por Rosinha.
A edição segue um padrão de tamanho com sua antecessora, e tem o formato 21.50 cm x 31.50 cm, quarenta e oito páginas, ilustrações bem coloridas e com alta qualidade de impressão.
E há alguns extras no exemplar, começando por uma carta de Marisa Lajolo, comentando um pouco sobre o enredo, uma carta do próprio Mauricio, que conta como foi a criação da historinha, alguns trechos da tirinha original, em que os personagens estavam com os traços mais pontudos, como eram feitos na época, um Dossiê, com curiosidades da Turma, o processo de criação de artista Elisabeth Teixeira, e duas mini biografias, uma dela e outra do Mauricio.
Recomendo esta obra para todos que amam esta Turminha e gostariam de revê-la sob novas perspectivas, para os que gostariam de apresentar aos pequenos um assunto de suma importância, que precisa ser falado e combatido desde criança, para todos os apaixonados por Mauricio de Sousa e seu trabalho fantástico, e para aqueles que gostariam de encantar novos leitores com suas histórias.
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A Coroa – A Seleção #05 – Kiera Cass

Passamos três volumes acompanhando America passando por sua Seleção, e a vimos encontrar seu próprio final feliz com o amor de sua vida. Agora, depois de passados vinte anos, é a vez de sua filha mais velha, Eadlyn, que acaba vivenciando uma experiência bem semelhante à de sua mãe, mas só que ao contrário, porque desta vez é ela a Princesa que vai precisar escolher um dos Selecionados para se tornar seu marido.   
Eadlyn era contra a competição a princípio, pois não acreditava que conseguiria encontrar nela alguém para amar ou viver uma história de amor como a de seus pais, que são apaixonados ainda hoje. Mas, por conta de algumas ocasiões urgentes que precisavam de distração, ela concorda em fazê-la enquanto o rei tenta encontrar uma solução para ajudar seu povo.
Nossa protagonista só não esperava que as coisas pudessem mudar tanto do início daquilo tudo até o final, e que ela se tornaria alguém completamente diferente, mas sem deixar seu cargo ou a importância dele de lado. Em meio a tantos acontecimentos importantes, bons e ruins, Eadlyn precisará encontrar uma forma de colocar tudo nos eixos como nunca antes esteve, e contará com o apoio e auxílio de sua família, dos que são próximos a eles, e também daqueles que não pensou que iriam modificá-la tanto: os candidatos a seu coração, os participantes da Seleção. E, em meio a tudo isso, ela percebe que, sim, todos podem ter seu próprio final feliz e que o amor pode estar onde a gente menos espera.
Assim que recebi meu exemplar em mãos, comecei minha leitura porque estava louca para saber o final desta série que eu acompanho há tantos anos (desde 2012), e também tive medo de pegar spoilers sem querer, visto que é um livro tão famoso e as pessoas comentam em todas as redes sociais, o que acabaria estragando minha experiência de leitura (já aconteceu comigo antes, e isso é realmente muito ruim). E li bem rápido, porque a escrita da autora é tão deliciosa e fluida que o tempo passa e a gente nem mesmo percebe. Gosto muito mesmo de sua forma de narrativa e já não vejo a hora de conhecer outros de seus mundos (Kiera, por favor, escreva mais obras logo!).
E agora, depois de lido, posso afirmar: eu realmente adorei esse livro! Acho, inclusive, que a autora acertou em ter finalizado com este volume, porque, assim, tivemos um final mais fechadinho para a trama. Além do mais, curti muito as atitudes que foram tomadas pela protagonista, sua postura, evolução e crescimento.
Eadlyn não começou sua história sendo uma pessoa fácil ou mesmo alguém que facilmente conquistaria os outros, inclusive o seu povo a achava arrogante. Mas foi lindo poder ver tudo o que ela aprendeu ao longo do caminho, como usou cada uma destas coisas para crescer como ser humano, buscando sempre o melhor para todos ao seu redor. Mesmo que eu não tenha adorado a personagem no começo, eu entendia sua forma de agir, e fiquei feliz de vez o resultado depois de cada etapa que vivenciou.
Preciso confessar que estou emocionada por Eadlyn ter escolhido ficar com o garoto que eu estava torcendo, porque isso quase nunca ocorre, visto que sempre torço pelo errado, tirando algumas exceções, mas porque estas são mais óbvias. Só que aqui ela tinha tantos pretendentes (alguns que eu nem mesmo lembrava direito sobre), que fiquei entusiasmada de que, mesmo sem ter dado grandes indícios certeiros antes de que ele era seu preferido, eu tenha acertado.
Quando soube que Kiera Cass iria continuar escrevendo livros de “A Seleção”, transformando a trilogia em série, mas protagonizado por outra personagem, fiquei com receio de que ela acabasse fazendo mais do mesmo, mas fico realmente contente em poder afirmar que a autora não foi repetitiva em momento algum e conseguiu inovar nestes dois livros, fazendo-os totalmente diferentes dos três primeiros, mesmo com suas semelhanças.
Ainda prefiro a trilogia original, porque a considero mais emocionante e mais interessante. Lembro que eu ficava ávida por mais a cada virada de página e a cada término de livro, o que não aconteceu nestes dois últimos livros, talvez porque a princípio Eadlyn não tenha sido a mais agradável das pessoas, mas acho que o enredo em si também tem a ver com isso, afinal, gostamos muito de ver as mudanças da personagem ao longo da trama, mas não é algo assim tão inédito por aí. , Muitos livros começam exatamente da mesma forma, mesmo com o pano de fundo diferente: um protagonista que não é muito fácil e nem muito carismático, que acaba enfrentando diversas coisas em sua vida que o fazem enxergar o mundo com outros olhos, transformando-se em alguém melhor no final.
Resumindo, esta duologia final é muito legal, só que não poderia chamar de inovador ou um grande destaque entre outros títulos no mercado. Mas nem por isso diminui seu apelo ou faz com que eu não tenha gostado de ter lido, pelo contrário, adorei e leria de novo. Só acho que a trilogia original foi melhor.
Desta vez, todas as pontas soltas foram amarradas, e a conclusão a que nossa protagonista chegou ao final foi bastante satisfatória e acho que um modo correto de lidar com tudo. Só acho que em alguns momentos, principalmente quando chegava ao fim, as coisas foram bastante corridas.
Além do mais, todas as conclusões a que chegou, ela não teve dificuldade em conseguir alcançá-las, visto que todos aceitaram facilmente (incluindo seu pai e sua mãe a respeito de algo muito importante!), e até mesmo o amor, que Eadlyn, claro, descobre, foi meio inusitado. Como comentei anteriormente, gostei muito de com quem ela terminou, mas não tinha tido grandes evidências de sua predileção por nenhum dos pretendentes até o momento em que ela percebeu que sentia tudo por ele, e que gostaria de passar sua vida ao seu lado. Então, mesmo adorando, queria ter tido um pouco mais de cenas entre os dois, e uma exploração maior destes sentimentos que ambos sentiam.
Eu amo as cores desta capa e o pano de fundo dela está maravilhoso, parece realmente iluminado e fica incrível em fotografias, mas não consigo gostar da pose desta menina e muito menos do vestido que ela está usando, que não condiz nem um pouco com a personalidade de Eadlyn, sua posição na monarquia, ou com o enredo do livro. A editora lá de fora tinha acertado tanto com todos os outros volumes, que eu sempre amava o novo mais do que o anterior, que realmente fiquei bastante decepcionada com o tratamento com o último livro de uma série tão querida. Principalmente levando em consideração que pessoas do mundo inteiro reclamaram quando a mesma foi divulgada e, mesmo assim, a editora internacional não quis modificá-la para agradar a maioria dos leitores, o que foi uma pena.
Este é o último livro da série “A Seleção”, que possuiu cinco exemplares, “A Seleção”, “A Elite”, “A Escolha”, “A Herdeira” e este, “A Coroa”, mais alguns contos extras. Estes últimos podem ser encontrados em e-books ou na versão física “Felizes para Sempre”, lançada recentemente aqui no Brasil, porém alguns deles também poderiam ser encontrados na edição anterior, “Contos da Seleção”, que já parou de ser publicada, porque todos os contos encontrados lá também são encontrados nesta nova edição, além dos novos. Tem resenha de todos eles aqui no blog e, para conferirem, basta clicar nos títulos. Da autora, ainda tem resenha de “A Sereia”, seu livro solo, e comentei sobre “O Príncipe”, um dos contos presentes nestas duas edições de extras, em uma resenha separada (podem clicar nos títulos para ler minhas opiniões também).
Para os fãs da série, “A Coroa” é uma ótima finalização, que fecha pontas soltas e traz uma conclusão mais conveniente a respeito do papel de Eadlyn diante do povo, em que ela procura ajudar e apoiar todos ao seu redor. Além do mais, é sempre um prazer rever personagens antigos que tanto gostamos e acompanhar o crescimento de uma protagonista poderosa, que deixa de ser arrogante e passa a se tornar alguém melhor, preocupada com a população.
Aos que ainda não leram nenhum livro de “A Seleção”, mas buscam tramas leves, envolventes, com personagens carismáticos e uma distopia bem bacana, não deixem de ler estes volumes escritos por Kiera Cass, que já conquistaram tantos leitores no mundo e estão só esperando para encantar vocês também.
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Declaração de Amor - Carlos Drummond de Andrade

Com o Dia dos Namorados brasileiro chegando, muitas pessoas se sentem mais românticas por conta de todo o clima da data. Pensando nisso, resolvi indicar um livro pequenino, mas de grande conteúdo para os apaixonados ou para aqueles que simplesmente adoram este belo sentimento, que é o amor: “Declaração de Amor”, de Carlos Drummond de Andrade, que reúne lindíssimos poemas repletos deste sentimento.
Através de sessenta e quatro páginas e vinte e oito poemas apaixonantes, Carlos Drummond de Andrade nos faz suspirar através de sua faceta mais lírica. Cada texto clássico foi selecionado criteriosamente por grandes conhecedores da obra do poeta, seus netos: Luis Mauricio e Pedro Augusto Graña Drummond.
Esta edição ganha destaque no meio de tantas outras por conta da beleza do exemplar, repleto de ilustrações do aclamado artista Nik Neves, que representou o poder do amor através de lindas de cenas românticas em tons de vermelho, azul, branco e preto, e somente nestas cores, dando um visual bem bacana a elas. Seus traços são cheios de detalhes e retratam cenas reais e atuais. Eu simplesmente fiquei apaixonada por seu trabalho e já quero conhecer mais sobre o artista.
Além disso, a versão física é uma graça, com 12.00 cm x 18.00 cm, páginas amarelas e texto do miolo completamente na cor azul. Eu amo esta capa com todo o meu coração, principalmente porque ela tem continuidade nas orelhas. E as folhas de guarda também são adoráveis.
Abaixo vou deixar um de seus textos, encontrado nesta obra, que eu curti bastante. E também vou atualizar esta resenha com fotos do o exemplar físico para vocês verem como é absurdamente bonito.
Para os fãs de poemas, Carlos Drummond de Andrade e/ou do amor, este é um livro essencial para ter na estante e para presentear aquela pessoa especial. E também uma ótima dica para o dia mais romântico do ano, 12 de junho. Recomendo demais! <3
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58 Listas, 33 Úteis e 25 Nem Tão Úteis Assim - Manuela Barem

Pensa em uma pessoa que gosta de listas, que adora fazer listas, ler listas e tudo que envolve listas?! Essa pessoa sou eu, embora eu raramente as faça - a única que segue fiel é a do skoob de desejados rs!- eu sempre leio algumas pela internet. Neste sentido ter em mãos 58 listas ( 33 úteis e 25 nem tão úteis assim), organizado pela Manuela Barem, do BuzzFeed Brasil e publicado pela selo Paralela, da Cia das Letras, me soou divertido.

A proposta do livro é exatamente o que o título diz listas! Embora eu discorde quanto as quantidade de úteis. Temos listas ligadas a lugares do Brasil, música, épocas como anos ou fases da vida, comportamentos sociais especialmente os que ocorrem na internet e etc. Tudo distribuído de forma divertida e muito colorida nas páginas do livro. Nas páginas finais há listas vazias para que o leitor complete.

Agora faço uma lista de perguntas para o livro (não resisti!) porque tantas listas ligadas ao pagode ? Porque não colocar uma de rock? Porque o livro é tão voltado ao público feminino? Acho que seria mais interessante se as listas fossem genéricas e não se ocupassem de um gênero. Porque não falar de várias épocas, não só dos anos 90/2000? Também seria divertido saber sobre tempos em que eu nem estava por aqui. A sensação acaba sendo que a autora escolheu listas com significados pessoais, ligados ao que ela viveu, e não algo que possa servir para diversas pessoas.

E neste gancho de questionamentos eu pinço uma reflexão, afinal o que é que deveria virar livro? Existem certos conteúdos que sim são até interessantes, mas será que todos eles devem virar livro? Acredito pessoalmente que só deveria virar livro conteúdos importantes que com o passar dos anos podemos resgatar e ainda atribuir significado. Ao pegar o livro 58 listas a sensação que eu tive ao terminar de ler é que li uma revista e pronto. E em muitos momentos o conteúdo me lembrou a revista Mundo Estranho (que por sinal assino), mas pensar nele na minha estante com o passar dos anos? Não vejo a cena acontecendo. Acho assim que essas listas deveriam ter ficado no buzzfeed, onde de fato são condizentes sem ocupar espaço.

Talvez esteja soando critica demais, mas até um livro que soa ruim nos meus comentários pode se analisando promover reflexões, e divido com vocês o que pensei ao ler este livro! Talvez eu seja séria demais, não sei, mas em um país como nosso carente de densidade eu acabo sendo severa com o que leio.


58 listas é um livro rápido e deve evocar memórias de algum momento da sua vida, mas não me convence. Se esbarrar com ele espiei, você pode se identificar com alguns conteúdos, afinal quem nunca listou coisas na vida?!




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Meus Tempos de Ansiedade - Scott Stossel

Esse volume conseguiu chamar a minha atenção e despertar a minha vontade de leitura somente pelo título. Conheço algumas pessoas, muito importantes para mim, que sofrem de ansiedade, e a cada dia que passa novas pessoas estão sofrendo desse mesmo mal. Muitas vezes os indivíduos até mesmo sofrem calados por terem medo de falar que estão nervosos com algo ou que estão sentindo alguma coisa por estarem ansiosos. Por isso, assim que tive a oportunidade comecei esta leitura, e agora venho comentar um pouco sobre o que achei.
Com certeza esse é um tema bem complexo, já que cada um sofre de um jeito ou de um tipo, mas é sempre interessante a gente ler mais sobre esses temas, até mesmo para poder ajudar o próximo, tentar entender o que aquela pessoa que você conhece está passando, ou até mesmo por coisas que você mesmo esteja enfrentando em seus dias. Este livro começa relatando um ataque de pânico/ansiedade que o autor teve em seu casamento, e, a partir desta data, ele começa a pesquisar mais sobre o assunto, inclusive para conseguir entender de uma forma geral sobre o que passou.
Vemos, então, que o autor sofreu diversas vezes por ter uma fobia de viajar de avião, nos relatando como era o pânico que sentia, chegando até mesmo a ser palpável e angustiante a sua dor. Além disso, ele tinha outras ansiedades como o fato de não conseguir ser o centro de atenção de nada, ou seja, ele não conseguia apresentar nenhum tipo de trabalho que necessitasse de uma exposição pública, e nem nada do tipo em que tivesse que ser o centro das atenções. E ele também tem emetofobia, que é o medo de vomitar, mas não que fosse realmente vomitar, ele apenas tinha o medo de que isso acontecesse.
Mas não pense que esse é apenas um livro sobre um relato de um cara ansioso, que passou por maus bocados em sua vida. O autor utiliza as coisas que passou para falar sobre o assunto, e ninguém melhor para falar sobre um tema tão importante assim como alguém que realmente passou por tudo isso, e sabe como é sentir os sintomas. Ele analisa a ansiedade de tal maneira que aborda diversos temas e muitas pesquisas sobre esse assunto.
Foi bem interessante acompanhar as análises de Scott Stossel, e ver como sua esposa sempre esteve ao seu lado, mesmo com todas as coisas ruins que ele passou. Por isso, a última página é um agradecimento a ela, por ter ficado ao seu lado em todos esses momentos tão difíceis.
A capa é simples, mas intrigante e significativa com relação ao conteúdo do mesmo, então eu a curti bastante. A diagramação foi confortável para minha leitura, mas a fonte não é muito grande, o que pode incomodar alguns leitores, e as páginas são amarelas.
Recomendo “Meus Tempos de Ansiedade” para todo mundo que quiser conhecer um pouco mais sobre esse tema que aflige tantas pessoas do mundo, e que é um considerado até mesmo o mal do século. Acompanhamos um relato sobre a vida do autor, que teve muita coragem para revelar todos os seus sentimentos e pensamentos, além de suas pesquisas em relação a esse tema e suas opiniões sobre o mesmo, tudo narrado com senso de humor e seriedade ao mesmo tempo.
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