Vincent, o
Visconde de Darleigh, é um jovem ex-soldado, que viveu o pior período de sua
vida quando ficou cego e surdo na guerra por uma atitude que ele mesmo tomou.
Depois disso, ele acabou ficando meio traumatizado e quase não teve um futuro,
porém o Duque de Stanbrook lhe estendeu a mão e cuidou dele para que
conseguisse superar seus traumas. Sua audição felizmente voltou, mas o mesmo
não pode ser dito de sua visão. No entanto, agora Vincent vive uma vida normal,
tem ótimos amigos, o Clube dos Sobreviventes, pessoas que vivenciaram coisas
terríveis por conta da Guerra, uma família amorosa, um título novo e uma casa
ainda melhor.
Sua família é
bem unida e se preocupa com ele e seu futuro, então querem que ele arranje uma
esposa. Por conta disso, arrumam uma pretendente nada bacana, o que faz com que
Vincent decida fugir para não ficar preso num relacionamento horrível e ainda
arrastar a moça consigo. E é assim que
ele se junta ao seu criado e foge para a casa de campo onde cresceu.
Nesse local,
ele acaba ganhando bastante fama já que agora é um Visconde, então várias
famílias de moças solteiras querem fazer com que ele se case com uma delas.
Depois de sofrer uma nova emboscada e quase vivenciar uma situação “escandalosa”
com uma delas, ele fica muito grato por ser salvo pela Srta. Sophia Fry, uma
jovem desprezada e invisível, quase como um ratinho.
Por ter ajudado
ele, Sophia acaba sendo expulsa da casa de seus tios com quem vivia por não ter
pais, e se viu sem dinheiro, roupas, outros familiares ou um futuro. Ela não
tem nada na vida e está bem desesperada, mas eis que surge Vincent com uma
proposta tentadora: se casar com ele. Primeiramente, ela não quer aceitar, mas
acaba sendo convencida de que essa é a melhor solução para o seu problema,
enquanto ele vai se sentir aliviado porque foi indiretamente por sua culpa que
ela acabou sem lar, e também porque pode tirar vantagens dessa união.
Com o passar
do tempo, uma amizade vai surgindo e Sophia e Vincent acabam percebendo que
pode haver mais sentimentos do que eles imaginariam. Mas será que vale a pena
ter um relacionamento além do casamento ou eles devem seguir com seus sonhos
pessoais de viverem felizes e sozinhos?
Mary Balogh vem
sendo publicada há um tempo pela Editora Arqueiro. Até agora já foram lançados
oito livros de sua autoria aqui no Brasil, sendo seis deles da sua série
anterior (que já está completa), Os
Bedwyns (tem resenha dos volumes aqui no blog, clique no título para ser
redirecionado), e dois dessa nova, Clube
dos Sobreviventes. Não li a primeira série da escritora, mas sempre ouvi
tantas críticas positivas que queria conferir seu trabalho, afinal amo Romances
de Época com todo o meu coração.
Então me
aventurei nessas obras, nas quais cada história é protagonizada por um dos
membros do “Clube dos Sobreviventes”, que se tornaram grandes amigos por terem
sofrido muito com as consequências da guerra. Eles se reúnem quase todos os
anos e possuem uma forte amizade, sendo que um sempre apoia o outro não importa
o que aconteça. A premissa é bem bacana, mas até agora não fui conquistada por
nenhuma das duas tramas. Mas acho que isso é algo bem pessoal meu, que gosto de
histórias com um pouco mais do romance trabalhado, o que não aconteceu até o
momento.
É química
entre os protagonistas que você quer? Então aconselho que procure outro livro,
porque infelizmente isso faltou aqui. O casal não tem nada de especial ou que
tenha me feito suspirar, e nem combina. Pelo contrário, achei tudo tão morno
que até demorei muito lendo o livro.
Acho que os
dois têm personalidades muito semelhantes, o que poderia funcionar em alguns
casos, mas aqui não funcionou para mim. Ambos eram muito calmos, muito contidos,
não faziam o que queriam, não diziam o que pensavam, não tinham personalidades
fortes ou ativas. Eles apenas estavam ali, apenas existiam e não se incomodavam
com isso. Acho bacana quando há um personagem assim, mas acho que tanto um
quanto o outro combinaria melhor com alguém complementar, alguém que o
impulsionasse, que puxasse o melhor do outro e fizesse uma diferença
significativa na outra vida. Fora que, por conta dessa apatia de ambos, rolava
uma falta de diálogos relevantes entre os dois. Eles conversavam mais coisas
banais do que assuntos interessantes, o que acabou sendo chato.
Por outro
lado, a construção dos personagens é maravilhosa. A autora trabalhou muito bem
com o passado dos protagonistas, com o que eles tiveram que lidar para chegarem
aonde estão, o que fez com que eles sofressem tanto antes, que agora precisem
lidar com os assombros e consequências do período anterior, etc.
Fora que tudo
é bem realista em relação as personalidades deles. Eles sofrem e têm que lidar
com sequelas emocionais resultantes de seus passados. Vincent tem ataques de
pânico porque agora é cego, porque já viu a cor e as coisas com seus próprios
olhos anteriormente, mas agora não tem mais oportunidade, ele sofre em alguns momentos
quando percebe que tudo ao seu redor é preto e vai continuar sendo. Foi bem
emocionante e também deu para sentir seu terror, suas emoções, quando ele
vivenciava esses ataques e esses pensamentos aterrorizantes.
Enquanto Sophia
(que até agora eu não tenho certeza se na verdade se chama Sophie, porque havia
uma variação dos dois nomes o tempo inteiro)
perdeu ambos os pais quando jovem, e foi morar com uma tia que a negligenciava,
até que esta morreu e foi enviada para outra que fazia o mesmo e assim por
diante. Ela nunca foi querida em lugar nenhum e sua primeira paixão também não
foi nada bacana, já que o rapaz, que era seu familiar, fez com que ela se
sentisse péssima, feia e sem graça, como se nunca pudesse ter a chance de
alguém gostar dela. Então ela sofre com bullying e memórias do passado até
hoje, fazendo com que sempre fique escondida e quase invisível.
A narrativa
da autora é leve, mas também tem pontos dramáticos intensos e uma carga
emocional bem trabalhada, como comentei acima. Porém, o pano de fundo do
casamento e da aceitação de um Visconde, que a princípio nem mesmo queria se
casar e depois escolheu uma garota aleatória sem paixão, amizade, família
influente ou dinheiro para contrair matrimônio bem rapidamente, por seus amigos
e familiares, foi sem sentido, meio fantasioso e apressado demais na minha
opinião.