O Aprendiz - As Aventuras do Caça Feitiço #01 - Joseph Delaney


Aiai memória, têm momentos que ela deleta conteúdos sem ao menos perguntar se desejamos que aquele conteúdo se apagasse! Com isso lá se tinham ido minhas memórias de As Aventuras do Caça Feitiço - O Aprendiz, do autor Joseph Delaney, publicado pela Bertrand Brasil, e lá seguiu eu para releitura!

Sétimo filho de um sétimo filho, Thomas Ward, acabou como aprendiz do caça- feitiço. Assustado com um mundo que desconhece ele logo se depara com o sobrenatural, e acaba sendo testado a continuar em um emprego que deve permanecer mesmo quando tudo dá errado. Depois de um ato de inocência ele se vê diante de uma feiticeira, e com pouco conhecimento é obrigado a agir, e a conhecer seu novo lugar no mundo.

Uma das poucas coisas que me lembro da primeira leitura do livro foi que tinha adorado o livro, continuo com a mesma opinião sete anos depois. A narrativa em primeira pessoa de Delaney é muito envolvente já que é o jovem Thomas que conta suas experiências diante do desconhecido mundo de fantasmas, feiticeiras e ogros, seus sentimentos e emoções são muito vivas e espontâneas.

Thomas é um garoto muito jovem que se vê sem opção quanto a se tornar um aprendiz. É inocente e dono de um coração bom, que inclusive acaba por colocá-lo em situações ruins. Diante do perigo mesmo com poucos recursos ele segue tentando fazer o certo e combater as trevas, é muito determinado e protetor.

O caça feitiços, John Gregory, já ocupa a função faz muitos anos, e tem um passado marcado por uma luta constante contra as trevas, luta esta que fez com ele se tornasse um homem prático, objetivo e muitas vezes frio com as pessoas. Consegue perceber o talento do jovem Ward logo, mas sempre tenta fazê-lo aprender em todas as situações, com poucos ou raros elogios. Seu passado é repleto de eventos que Thomas aos poucos passa a conhecer.

Joseph utiliza para sua mitologia de criaturas uma referência mais clássica e bastante crua, como feiticeiras que usam ossos e sangue, ogros em diversos graus de violência e fantasmas que podem ser desde espíritos até apenas sombras. Gostei bastante do modo como ele escolheu para seus seres que são violentos, densos e das trevas, se diferenciando de livros atuais com abordagens mais simplistas ou leves.

Alice é um jovem de uma família de feiticeiras, e ao contrário do que possa parecer ela ainda não definiu a que lado ela pertence, e logo alterna atitudes boas e ruins. Esta personagem soa interessante já que aborda quanto um individuo pode receber influência do meio em que vive, mas ao final as escolhas que faz estão dentro delas, que podem ir além do que o ensinaram ou influenciaram.


Black Hammer #02: O Evento – Jeff Lemire, Dean Ormston, Dave Stewart & David Rubín

Depois que um grupo Super-Heróis composto pelos membros Menina de Ouro, Barbalien, Talky-Walky, Abraham Slam, Coronel Weird e Madame Libélula, salvou a metrópole Spiral City, acabaram ficando presos numa sinistra cidade que parece uma realidade paralela suspensa no tempo. Dez anos se passaram, mas eles ainda não sabem como ou porquê de isso ter acontecido, muito menos como encontrar uma maneira de escapar dessa cidade-prisão e voltarem para suas realidades.
Frustrados por terem que fingir viver existências normais, tediosas e forçadas, e sem entender como reverter a situação, há uma chama de esperança quando uma nova adição chega ao local. O problema é que ela ainda não sabe como foi parar ali exatamente, então como conseguiria ajudar aquelas outras pessoas? Será que assim eles conseguiram chegar mais perto da verdade ou esta é só mais uma maneira de ficarem mais confusos e desesperados?
Esse volume foi bastante interessante, e, para mim, ficou num nível semelhante ao primeiro. Há algumas revelações, mas nada muito esclarecedor. Pelo contrário, há uma complexidade em certas ações de algumas pessoas que nos fazem questionar mais coisas e desconfiar de outras, ainda que não tenham trazido respostas concretas ou esperançosas para nada. Porém, eu gostaria de mais explicações e também queria ter me sentido mais conectada ao que estava lendo. Então pensei que daria cinco casinhas de avaliação, mas se manteve em quatro mesmo, como o anterior.
Temos a chance de saber um pouco mais sobre os passados dos personagens e como eles foram parar ali. Gostei de conhecê-los ainda mais a fundo e sei que tenho minhas preferências, porém como eles ainda não foram completamente explorados, sinto que ainda posso me surpreender. 

Uma adição muito bem-vinda nesta continuação foi a Lucy, que é uma mulher maravilhosa, decidida e curiosa, que acaba explorando coisas que os outros não fizeram (ou pelo menos não soubemos se fizeram), nos fazendo questionar junto com ela sobre alguns pontos que vai desvendando. Mal posso esperar para ver como ela vai ser utilizada nas sequências, visto que agora terá um papel grandioso no time (o qual não vou comentar porque seria um spoiler imenso).
De qualquer forma, gostei de vê-la explorando a cidade e os detalhes que aconteciam ao seu redor, contando um pouquinho mais ao leitor sobre suas descobertas. Na minha opinião, principalmente por ela ter uma alma de jornalista é ainda mais bacana vê-la em ação.
Há um teor bem melancólico nessa trama, que muitas vezes também desperta tristeza em nós. Houve uma exploração maior de suas vidas, o que nos deixou mais próximos desses heróis como seres humanos, não pelos seus feitos em prol do bem da sociedade, mas as dificuldades ou alegrias que tinham em suas realidades sem uniforme e máscaras. Há temas importantes sendo explorados e gostei bastante de poder acompanhar esse lado. Só espero que todos encontrem um futuro melhor em suas vidas, de verdade.
O desfecho traz um grandioso cliffhanger, e a gente fica ansiosíssimo para saber o que vai acontecer em seguida e quais são as revelações que Lucy finalmente vai nos entregar. Quando me deparei com a última frase desta edição, quase tive um treco por saber que tenho que esperar até ter em mãos o próximo volume “Black Hammer #03: Era Da Destruição – Parte I”, que será publicado em maio por aqui. Sei que falta pouco, mas queria já tê-lo em mãos quando finalizei esse segundo exemplar. O pior é saber que a quarta obra só será publicada em novembro no exterior, ou seja, mesmo que chegue aqui no Brasil ainda este ano, vai demorar.


As Treze Relíquias - Michael Scott e Colette Freedman

Desde a primeira vez que vi a capa do livro As Treze Relíquias, dos autores Michael Scott e Colette Freedman, publicado pela editora Planeta, eu decidi que leria o livro, mas isso foi em 2013, e até esse ano eu não tinha o livro. A capa do livro, e até mesmo sua sinopse me fazia crer que o livro seria qualquer coisa menos a experiência que eu tive!

Na segunda guerra mundial algumas crianças foram enviadas para uma pequena cidade fugidas da guerra. Treze crianças de famílias e origens distintas compartilharam mais do que a lembrança depois que voltaram para suas casas, elas se tornaram treze guardiãs de artefatos poderosos e muito antigos. Muitas décadas depois os únicos a saberem dos artefatos eram eles, até que um a um eles começam a morrer de forma estranha e muito violenta. E a jovem Sarah Miller se vê envolvida nestas mortes e precisará correr contra o tempo não só para salvar estas pessoas como ao mundo!

Mesmo com minha sinopse mais honesta possível o livro ainda soa como uma fantasia onde o protagonista deve realizar alguma missão para salvar o mundo, e é muito normal imaginar isso, já que são inúmeros os livros que seguem esse esquema. Mas a narrativa destes autores é tudo menos épica! Desde o começo do livro até o fim dele é sangue e violência para todo o lado, as vezes eu me sentia em um filme trash, onde quanto mais vísceras aparecessem mais agradaria ao fã do gênero. O problema é que eu não esperava por essa minúcia de detalhes das mortes, da maldade dos que matavam, e a leitura foi uma experiência muito incômoda. E ouso dizer que parecia que os autores tinham prazer em narrar os requintes de crueldade dos personagens, e isso me enjoava, não soava apenas como descrição, mas como fascinação pelo ocorrido.

Narrado em terceira pessoa sob diversos pontos de vista o enfoque não é dado aos artefatos em si ou a mitologia que está por trás destes. Embora apareçam diversas explicações quanto a origem, inclusive de lembranças de quando elas foram criadas, o livro não se prende muito a elas, o que faz com que a fantasia seja mais limitada, e a trama seja muito realista e pesada.

Embora fale de situações passadas inicialmente com crianças não trata-se de um livro juvenil, são todos adultos que moram no Reino Unido, e boa parte da trama se passa em Londres e arredores.

Sarah Miller acaba envolvida nos crimes ao tentar ajudar uma das guardiãs, e é angustiante como uma série de acontecimentos na vida da jovem só a fazem ficar cada vez pior e cada vez mais suspeita. Não existe um momento de alivio, nem mesmo quando ela conhece o sobrinho da guardiã, Owen Walker, e eles passam a buscar juntos por uma solução.

Os vilões são divididos em dois grupos os matadores contratados pelo interessado nas relíquias, Skinner e Elliot que são pessoas asquerosas com um passado tão sujo quanto as mortes que realizam. E o casal que manipula magia e quer o poder que os artefatos possuem, outras pessoas das quais não tive prazer nenhum em conhecer!


Auggie & Eu - R. J. Palacio

Depois de me encantar com a história de Auggie, um menino de aparência incomum e de um enorme coração, resolvi ler esse novo livro da autora, pois traz a narrativa de Julian, Christopher e Charlotte, personagens da vida de Auggie, em três contos que relatam os encontros e desencontros com nosso querido extraordinário.
Esse volume não é uma continuação de “Extraordinário”, mas, sim, um livro que se passa no mesmo período, porém com outras narrativas. No primeiro conto, onde temos a visão de Julian, entendemos um pouco mais sobre o menino e sua família. Claro que nada justifica as atitudes que ele teve com o nosso protagonista, mas ao entendermos um pouco sobre sua história, vemos que a família tem uma grande parcela de culpa e que ele não é tão malvado como pensamos. Vemos também como ele aprendeu a lidar com as diferenças e conhecemos a história de sua avó durante o período nazista.
No segundo, encontramos a visão de Christopher, também conhecido como Plutão, melhor amigo de Auggie, que ele conheceu desde bebê. Nesse conto entendemos o motivo da separação dos dois amigos durante um tempo, sendo um enredo mais focado na amizade e nas dificuldades que a distância ocasionou. Vemos também um pouco sobre como Chris se sentia em relação ao nosso protagonista e a sua aparência.
No terceiro e último conto, temos a narrativa de Charlotte, uma das garotas que fez parte do grupo de boas-vindas a August Pullman. Ela é daquele tipo de menina que nunca fez nenhuma maldade com o nosso protagonista, sendo uma pessoa doce, porém também se mantém distante dele. Vemos também como ela queria fazer parte do grupo das populares, mas sempre se manteve fiel aos seus princípios. Através da sua narrativa, entendemos um pouco sobre como ela se sentiu ao ser deixada de lado. Esse conto não fala tanto de nosso protagonista extraordinário, mas, sim, sobre a importância da amizade e também aborda um pouco sobre essa questão da popularidade.
A escrita de R. J. Palacio continua deliciosa, nos prendendo em todos os momentos com muita suavidade e leveza. Essas são três histórias bem bacanas, que conseguem nos emocionar e conquistar, além de nos deixar vários ensinamentos.
Esses contos explicam um pouco sobre fatos importantes que tiveram que ficar de fora do livro “Extraordinário”, mas que a autora acha de suma importância todos ficarem sabendo, até para entendermos que toda história tem uma história por trás, e que as vezes nem tudo é o que aparenta ser.
Eu já sou uma grande fã de R. J. Palacio e fico triste em saber que ela não quer escrever uma continuação da trama de August Pullman, mas consigo entender perfeitamente bem os seus motivos, e acho bem bonito a sua explicação na entrevista que ela deu no início do livro, onde fala a respeito dessa decisão.


Low Carb: A Dieta Cetogênica - Leanne Vogel

Devo confessar que apesar de ter vontade de emagrecer e fazer dietas, nunca tentei nenhuma. Porém, desde que a Faro Editorial anunciou a publicação deste título, fiquei com vontade de tentar a Dieta Cetogênica. E nada melhor do que conhecê-la através do livro escrito pela voz mais respeitada sobre o tema nos EUA e Canadá, Leanne Vogel.
Leanne é uma nutricionista holística e criadora do site e canal no Youtube Healthful Pursuit. Logo no começo do exemplar, somos apresentados a ela, que também conta um pouco de sua história. Foi em 2014 que Vogel começou de fato com a Dieta Cetogênica, quando passou a comer mais gorduras e menos carboidratos, a qual a ajudou a melhorar diversos aspectos de sua vida, como, por exemplo, ter voltado a menstruar depois de ter sido diagnosticada com menopausa precoce aos 24 anos de idade, se livrou de seu déficit de atenção com hiperatividade, ganhou energia e autoconfiança, estabilizou o ânimo, ajudando-a a melhorar numa leve depressão que tinha, e, claro ainda perdeu muitos quilos.
Tudo isso começou porque, quando mais nova, Leanne teve uma história bem turbulenta com relação a alimentação e hábitos saudáveis, o que resultou em distúrbios alimentares. Teve bulimia e anorexia, abusava de remédios, fazia dietas muito severas, assim como atividades físicas intensas, e chegou até a ortorexia (obsessão por comer apenas alimentos “certos”). Como tinha muitas obsessões e sempre buscava uma “perfeição”, ela nunca não ficava satisfeita, então tinha muitas inseguranças e falta de amor ao corpo.
Até que percebeu que tudo aquilo não estava de fato adiantando, já que ela acabou engordando e acumulando gorduras que acreditava que tecnicamente não deveria ter. Então resolveu procurar outras formas de encontrar o que estava buscando. Em uma dessas ocasiões, descobriu sobre a Dieta Cetogênica, mas inicialmente ela ainda se restringia muito e queria seguir tudo à risca. Conforme seus pensamentos foram clareando e ela começou a entender melhor tudo aquilo, percebeu que poderia encontrar um equilíbrio nessa dieta e a transformar em algo bom e saudável, que lhe entregasse os objetivos que queria. Então, por meio de erros e acertos, ela chegou a dieta ideal, que vem apresentar a nós através desse exemplar.
Por isso, se você também busca encontrar uma forma de perder peso, aumentar sua autoconfiança e ainda reequilibrar seu organismo, “Low Carb: A Dieta Cetogênica” com certeza vai te ajudar a seguir um ótimo caminho. Essa obra é realmente muito completa e traz todas as informações que você precisa para encontrar seu equilíbrio e melhorar seus hábitos alimentares e de vida, transformando-se em alguém mais saudável.
A autora primeiramente nos explica mais sobre a Dieta Cetogênica, o que acontece com seu corpo quando você começa a mudar seus hábitos para se adaptar a ela, nos explica sobre colesterol e a ingestão de gorduras, como podemos customizar a nossa própria dieta, como equilibrar o consumo de proteínas, como até mesmo comer carboidratos (evitando abusos).
Depois nos ensina a colocá-la em prática, como nos monitorar, fazer jejum, o que esperar dessa dieta, quais exercícios você pode/deve fazer, como resolver alguns problemas que podem surgir nessa transição de alimentação e a mudança dos hábitos, como fazer para se manter pelo caminho quando for comer fora e em viagens, etc. E cada um desses tópicos é bem explicado, com detalhes comprovados, assim como mitos e verdades.
Em seguida, chegamos a Segunda Parte do livro, na qual somos apresentadas à Alimentação Keto. Quais comidas são boas e quais são ruins, a qualidade dos alimentos, listas, explicações sobre Adoçantes, Álcool, Produtos Derivados do Coco, Alimentos em Conserva, Sal, e até mesmo alguns ajustes que podem ser feitos.
Ela também fala sobre Gorduras: as que podemos amar, odiar ou abandonar. E explica sobre cada tipo de gordura separadamente. Saturadas, Monoinsaturadas, Poliinsaturadas, Trans. Assim como em Alimentos Naturais, Óleos e Azeites. E finaliza falando sobre abandono de grãos e laticínios.
A escrita de Leanne Vogel é simples, direta e bem explicativa. Você vai achar tudo o que procura nesse exemplar, assim como tirar dúvidas e encontrar a melhor maneira de lidar com seu corpo se decidir seguir a Dieta Cetogênica. E tudo de uma forma bem fácil de entender, fazendo com que uma pessoa que nunca tenha ouvido falar sobre essa dieta antes possa segui-la de maneira fácil.


Lugares Escuros - Gillian Flynn

Depois de me aventurar em “Objetos Cortantes” e ter amado a narrativa de Gillian Flynn, resolvi que já estava mais do que na hora de ler os outros títulos da autora. Por esse motivo, mergulhei em “Lugares Escuros”, e agora venho compartilhar com vocês todas as minhas opiniões.
Nesse volume conhecemos a história de Libby Day, uma mulher que tinha apenas sete anos de idade quando testemunhou o terrível assassinato da mãe e das duas irmãs na fazenda de sua família. Seu irmão, Ben, acabou sendo o acusado do crime, pegando como pena a prisão perpétua graças ao seu testemunho. Desde então, nossa protagonista vive uma vida sem rumo, sem amigos, família ou trabalho. Agora, aos trinte e dois anos, ela tem uma vida de depressão, sendo uma mulher mentirosa, cleptomaníaca, que vive de auxílio desemprego e de um fundo de doações que recebeu quando o caso de sua família foi parar no jornal e chocou a cidade.   
Quando Libby é procurada por um grupo de pessoas que estão convencidos da inocência do seu irmão, vemos que nossa protagonista vê esse fato como uma oportunidade de conseguir dinheiro, já que seu fundo está quase no fim, fazendo com que ela tenha que começar a pensar na ideia de procurar um emprego.
Com isso, ela vai na reunião desse grupo, pois lhe ofereceram quinhentos dólares, e passa a vender para essas pessoas fotos, bilhetes e as memórias de sua família. Com essas novas pessoas em sua vida, nossa protagonista passa a se perguntar coisas que nunca se questionou e tenta desvendar se foi mesmo a voz do seu irmão que escutou no passado.
Com uma narrativa um pouco diferente, já que não é linear, vamos para o ano de 1985, onde encontramos um narrador onisciente contando o dia de Ben e de Patty Day para entendermos um pouco mais da história. E depois voltamos para a data atual da trama, com uma narrativa em primeira pessoa pelo ponto de vista de nossa personagem principal, Libby Day.


As Garotas Spring - Anna Todd

Desde que eu li a sinopse desse volume pela primeira vez, fiquei com uma vontade enorme de ler esse título, pois sempre escutei que a escrita da autora é viciante e que te prende de uma forma que não dá para parar até chegar ao fim. Sendo assim, quando tive a oportunidade de ter esse livro em mãos comecei a minha leitura e agora venho compartilhar com vocês tudo que achei a respeito de “As Garotas Spring”.
Nesse volume, que é uma releitura do clássico “Mulherzinhas”, de Louisa May Alcott, somos apresentadas a história de quatro irmãs, Meg, Jo, Beth e Amy, que vivem em Nova Orleans e são criadas pela mãe Meredith, desgastada por suas responsabilidades familiares, enquanto o pai, um militar combatente no Iraque, é bem ausente do núcleo familiar. 
Meg, com os seus dezenove anos, é a filha mais velha. Sonhadora e vaidosa, ela sonha em se casar com um militar como sua mãe e fazer parte da sociedade como muitas mulheres que ela admira. Jo é a apaixonada por livros e deseja ser uma jornalista famosa. Ela não se importa com a opinião dos outros, sonha alto e nada pode detê-la para alcançar os seus objetivos.
Beth é a mais quieta das irmãs. Ela não gosta de conviver com outras pessoas, sendo um pouco antissocial, e é a faz tudo da casa, já que está sempre procurando consertar as coisas, além de adorar se dedicar a cozinha e a alguma nova receita. E Amy é a mais nova das irmãs. Ela sempre está observando as outras e quer ser como a sua irmã mais velha. É a mais mimada e, para chamar a atenção, sempre se envolve em várias confusões.
A história gira em torno dessas jovens que estão descobrindo o amor e estão tendo que lidar com as questões da vida. Com isso, temos tensão, suspense, angústia, romance, dramas, risadas, momentos leves, etc. Foi uma história que conseguiu despertar diversos sentimentos em mim durante toda a leitura. Com algumas reviravoltas, vemos o amadurecimento dessas irmãs que têm sonhos e objetivos distintos e são completamente diferentes umas das outras, vivendo cada uma sua própria aventura, dramas e problemas.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de cada uma das quatro irmãs e também da mãe delas, fazendo com que a gente conheça um pouquinho de cada uma individualmente e também de sua perspectiva em relação as outras, nos dando um entendimento mais amplo da história e nos aproximando cada vez mais de todas. O livro é bem leve, com alguns tons realísticos e tem uma linguagem simples e envolvente.



Artemis Fowl - Uma Aventura no Ártico - Artemis Fowl #02 - Eoin Colfer

Embora boa parte do que leio sejam livros de séries raramente consigo ler os próximos volumes, seja porque eu não tenho a continuação, seja porque ela não foi lançada. E verdade seja dita eu gosto também de transitar entre mundos, e não ficar muito tempo presa em lugar nenhum. Mas quando surgiu a oportunidade de já ler o segundo volume da série Artemis Fowl, Uma Aventura no Ártico, do autor Eoin Colfer, publicado pela editora Record, eu não me fiz de rogada e parti para a leitura.
Embora continue conseguindo dinheiro Artemis ainda não conseguiu encontrar seu pai. Obcecado pela busca ele está investindo seu tempo e dinheiro para encontrá-lo. Pronto para ir a Rússia atrás de uma pista, ele acaba sendo convocado pelo seres feéricos para ajudá-los em uma missão, e acaba também encontrando ajuda em sua busca. Em uma jornada de tramas políticas e poder, Holly, Artemis, Butler e Comandante Raiz viajam pelas entranhas da terra para descobrir quem está por trás de uma rebelião de goblins, e ao mesmo tempo resgatar o pai do menino.
Neste volume conhecemos com mais detalhes os goblins, criaturas mais rústicas e ignorantes, conhecidas por serem burras e incapazes de criar um plano sozinhas. Elas são usadas pela mente criminosa como massa de manobra, mas sua falta de inteligência acaba sendo sua falência.
Em comparação com o livro anterior Fowl está bem mais introvertido e calado, podemos atribuir isso a dois fatores, primeiro ele está ficando mais velho e ganhando um pouco de conhecimento. Segundo como a aventura envolve seu pai isso o deixa mais vulnerável emocionalmente, afinal por mais que ele seja um gênio ainda é um jovem de treze anos que não sabe se o pai está vivo.
A interação do grupo, Holly e Comandante Raiz com Artemis e seu guarda-costas Butler é bastante interessante, já que existe um equilíbrio entre os personagens, o que possibilita agirem bem juntos. Os duendes acabam por ver o lado mais humano de Fowl que era tido por eles antes como alguém terrível e sem coração. Já o menino começa a respeitar mais o mundo das fadas, já que começa respeitar e admirar seus integrantes.
O livro se demora para revelar todos os lados da trama, a narrativa é feita em terceira pessoa por uma testemunha ocular, que narra sob diversos ângulos os acontecimentos, as vezes até mais de uma vez o mesmo trecho da estória para que possamos ter uma ampla visão de tudo. Embora detalhada em seu desenrolar achei o desfecho um pouco simplista, especialmente no trecho que se refere ao pai de Artemis.


Stalker - Tarryn Fisher

Após ler várias resenhas positivas a respeito dessa obra, fiquei bastante interessada em conhecer melhor essa história escrita por Tarryn Fisher e publicada aqui no Brasil pela Faro Editorial. Sendo assim, coloquei-a na minha lista de leituras e agora venho compartilhar com vocês todas as minhas opiniões.
Em “Stalker” conhecemos Fig Coxbury, uma mulher de trinta e poucos anos, que acabou sofrendo um abordo espontâneo e com isso ficou bem deprimida. Após esse fato, ela começou a mudar sua vida e passou a frequentar as praças de sua cidade para ficar observando as crianças que poderiam ser sua filha, e é assim que ela conhece Mercy.
Achando que Mercy é a sua filha reencarnada, Fig passa a ficar fissurada na menininha e segue ela e sua mãe até em casa. Com essa ideia na cabeça, compra a casa ao lado dessa família para ficar mais próxima da mesma. E começa a achar que Jolene, mãe de Mercy, não é boa o suficiente para nada do que tem, e passa a ter uma obsessão muito grande, na qual ela não quer somente ficar próxima de Mercy, mas quer a vida que Jolene tem: ter Darius, o marido de Jolene, como seu próprio marido, e ter aquela família perfeita para si, já que em sua cabeça, é ela que merece aquela vida.
Sendo assim, nossa protagonista aos poucos vai se aproximando e ganhando a confiança de sua vizinha. Depois, ela começa a imitar os seus gestos, suas roupas, o perfume, a decoração, etc. Apesar de Darius tentar alertar Jolene, dizendo que a vizinha deles é uma sociopata, no início ela não acredita, já que Fig consegue manipular Jolene com as suas histórias tristes.
O livro tem uma narrativa rápida e fluida e prende muito a nossa atenção. A trama foi dividida em três partes, cada uma sendo narrada por um dos três protagonistas, que são eles: Fig, Darius e Jolene. Sendo assim, temos a visão de cada um sobre os acontecimentos, permitindo, então, que tenhamos um maior entendimento sobre os pontos de vistas individuais e de tudo que estavam passando.
A história é bem intensa, porém achei que alguns detalhes ficaram de fora, e algumas coisas poderiam ter sido um pouco mais amarradas. Gostei bastante de como os personagens foram construídos e que conseguimos entender um pouco sobre a mente de cada um deles.
No final da história, Tarryn Fisher dá a entender que esse volume foi baseado em fatos reais, e que ela já passou por uma situação como a do livro. Fiquei curiosa para saber mais a respeito, mas não achei nenhuma informação mais detalhada que fale sobre isso, apenas ela dando a entender que se inspirou em fatos reais de sua vida.


Preso a Você - Saints of Denver #03 - Jay Crownover

Dixie Carmichael é o tipo de pessoa que transforma o dia de qualquer indivíduo em algo melhor. Ela é positiva, alto astral, amiga e sempre tenta ver o lado positivo das coisas, assim como faz de tudo para ajudar e apoiar aqueles de quem gosta, tem um coração de ouro e ilumina o caminho por onde passa. Por ter visto de perto a história de amor de seus pais, que são almas gêmeas e mantém um relacionamento maravilhoso até hoje, depois de anos juntos e casados, e também a de sua irmã, que encontrou um homem maravilhoso com quem se relacionar, ela também espera isso para sua vida. Então sabe que um dia vai encontrar seu amor e viver algo grandioso, afinal não aceita menos do que isso.
Dash Churchill é seu oposto. Calado, cheio de conflitos internos, não confia nas pessoas e não deixa ninguém se aproximar, pois vivenciou muitas coisas ruins na vida e sente que se começa a amar alguém, a pessoa é tirada dele antes que tenha a chance de aproveitar esse sentimento. Por conta disso, ele acabou deixando a família e a cidade de onde veio anos atrás e se alistou no exército, onde percebeu que tinha um dom para alguma coisa. Agora, depois de acabar seu período servindo ao país, ele fica em Denver por um tempo até ter que voltar para sua cidade natal, Lowry, no Mississipi.
Quando estava em Denver, ele trabalhou no mesmo bar de Dixie e se interessou por ela, apesar de nunca ter se aproximado ou demonstrado qualquer coisa. Enquanto ela percebeu cada um dos detalhes sobre ele e entende que é o homem certo para ela, aquele com quem poderia dividir a vida e ser muito feliz. O problema é que ele não sabe disso e, mesmo que soubesse, nunca iria admitir e muito menos aceitar viver esse sentimento.
Agora que tem que voltar para sua cidade natal, Church precisa pedir um favor para alguém e percebe que essa pessoa é Dixie, que nunca negaria ajuda, principalmente a pessoa por quem nutre sentimentos secretos. Então eles acabam embarcando juntos numa viagem de moto de Denver até Lowry e nessa jornada descobrem mais sobre si mesmos do que imaginariam que fossem descobrir.
Esse já é o quinto livro que leio de Jay Crownover e também o quinto de que eu gosto muito. A autora sabe como escrever tramas completas e envolventes de uma forma especial e que nos conquista facilmente. Como seus personagens têm vidas interligadas entre si e com os protagonistas dos demais volumes, acabamos criando um vínculo maior com cada um deles e consequentemente também há mais carinho.
Acho realmente incrível termos essa possibilidade de conhecer um grupo de pessoas e vermos cada um deles ganhando seu próprio livro, escrevendo sua história e vivendo questões pessoais, superando-as, se desenvolvendo, amadurecendo, evoluindo, etc. E também ganhando seu final feliz e apaixonado (porque eu adoro histórias de amor!). E ela sabe como proporcionar isso muito, muito bem.



Confesso que depois de ter lido a Introdução emocional da autora e também associando suas palavras com a sinopse, imaginei que encontraria uma leitura com um alto teor emotivo e que poderia chegar até mesmo a chorar – o que é bem difícil de acontecer comigo (principalmente porque fujo desse tipo de leitura, porque a vida já é complicada, então prefiro ler algo mais leve e/ou divertido), porém isso não aconteceu. Sim, tem cenas tristes, outras reflexivas e outras de fazer o coração ficar apertado. Mas a forma como Jay as descreve e também como passa os sentimentos dos personagens para o leitor, faz com que tudo fique mais leve, ainda que seja doído.
Então se você, como eu, gosta de leituras mais leves e com uma pitada dramática, mas com um delicioso final feliz, então as obras da Jay Crownover com certeza são ideais para você. Além do mais, a escrita dela é deliciosa, envolvente e flui bem. São vários pontos positivos num só lugar!


Leporim - Eliana Trujillo


Isilda Strega é uma feiticeira adorável e divertida que se mudou para Leporim juntamente com sua família há mais de um século. Nessa Floresta Encantada existem as mais diversas criaturas mágicas, como dragões, ogros, duendes, elfos, entre outros, e é lá que ela, seus familiares e amigos vão vivenciar as mais diversas aventuras e levar o bem por onde passam.
Agora, ela decidiu escrever um livro contando sobre os casos que viveu ao mesmo tempo que nos ensina maravilhosas receitas de poções, feitiços, bolos, doces, bebidas, etc. Tudo isso usando apenas ingredientes veganos, ou seja, pessoas de qualquer idade podem consumir.
Com o subtítulo Aventuras e Receitas da Feiticeira Vegana e o feitiço Vegan Stregan!, vamos acompanhar a vida de Isilda, nos divertir, tirar ensinamentos e ainda encher a barriga de deliciosas guloseimas! Não consigo pensar em nada melhor no mundo do que essa mistura de coisas. E vocês?
Como já comentei algumas vezes aqui no blog, sou apaixonada por livros de receitas. Toda vez que eu vejo um “novo” (ou seja, conheço algum inédito para mim, não necessariamente um lançamento) já fico desejando-o, não consigo evitar. Principalmente os que além de trazerem receitas deliciosas também têm um trabalho gráfico bonito, pois enchem meus olhos e ainda deixam minha estante mais bela. Devo dizer que a primeira vez que vi “Leporim” no Instagram da Editora Alaúde, automaticamente fiquei encantada por ele e desejando-o fortemente. Mas foi quando o peguei em mãos que pude conferir o trabalho impecável que a editora fez com essa edição, que está simplesmente magnífica, e fiquei mais do que completamente apaixonada! Esse já se tornou uma dos meus livros de receitas preferidos e mais bonitos da estante!

Na minha coleção, confesso que não tenho muitos títulos mais voltados para o público infantil (claro que este não se restringe a ele), então esse foi uma grata surpresa. A começar porque as receitas estão incríveis, mas também porque tem toda uma história para os pequenos acompanharem enquanto experimentam as bebidas e guloseimas encontradas nesse exemplar – e o melhor de tudo é que todas elas são veganas, ou seja, não possuem nenhum tipo de ingrediente/produto de origem animal.
A autora, Eliana Trujillo, brinca com a ideia de um mundo mágico, com feiticeira, poções e criaturas encantadas. Além disso, ela fala bastante sobre a importância e a conexão que temos com a natureza e como devemos tratá-la bem e respeitá-la. No começo do exemplar ainda há um mapa ilustrado e para lá de especial da Floresta Leporim, onde o leitor tem a chance de se localizar em qualquer trecho da trama.

Logo na introdução, a protagonista desta história, a Feiticeira Isilda Strega, nos conta um pouquinho sobre sua vida, sobre o reino de onde veio, e também fala sobre um tesouro importantíssimo: o amor.
Em seguida, já começamos a acompanhar as receitas. Em cada capítulo há uma historinha também da vida de Isilda, onde ela nos conta algo que vivenciou/alguma aventura que viveu e depois nos ensina uma receita para lá de especial que tem a ver com o que foi contado ali. É tudo muito bonitinho e também, claro, interativo.

A obra é dividida em partes e em cada uma delas temos várias Receitas que seguem uma categoria. Começamos com Bolos e Tortas Encantados, depois seguimos por Feitiços Festivos, então há Feitiços Quentes e Frios, e finaliza com Poções (que são as receitas de bebidas).


Desejo - Mônica de Castro pelos espíritos Daniela e Leonel


Embora eu seja adepta do estudo da espiritualidade eu não tenho o costume de ler muitos livros espíritas, porque poucos têm assuntos que me atraem, em geral os acho um pouco rasos em conteúdo. Mas sigo sempre conhecendo autores espíritas porque de vez em quando um se diferencia, foi por isso que o livro Desejo - Até onde pode te levar?, da autora Mônica de Castro, publicado pela editora Vida e Consciência, acabou nas minhas mãos.

Daniel e Daniela são irmãos gêmeos, mas desde a adolescência escondem do mundo o amor que sentem. Após a morte do pai eles começam uma vida sozinhos, sem ninguém para barrá-los de viver essa relação, mas quando Daniel começa a querer sua vida separada da irmã a obsessão que os liga cresce, e ela não vai medir esforços para não perder o irmão.

Eu não havia lido a sinopse do livro, não sabia do que se tratava, mas honestamente não esperava nada polêmico. Então foi uma surpresa quando descobri que o incesto era o tema central do livro, no caso amor entre irmãos. O primeiro aspecto interessante no livro de cara já é questionar a posição do leitor a respeito do tema. Encarar a história real transmitida pelos espíritos Daniela e Lionel com preconceito é estragar a leitura do livro. É necessário se abrir para aprender junto do casal, caso contrário a experiência pode ser desagradável.

A primeira parte do livro é densa já que acompanha intimamente o dia a dia do casal narrado em primeira pessoa pela própria Daniela que mostra seus pensamentos e atos com relação ao irmão. Depois quando a segunda parte do livro trabalha com aspectos como culpa e ignorância, um novo viés sobre o tema se descortina, isso porque na primeira parte do livro é narrada a última vida dos irmãos juntos, e depois na segunda parte é Daniela já desencarnada compreendendo o porque desta obsessão com Daniel.

Do ponto de vista literário o livro é bem simples e objetivo, e falha especialmente em como termina a trama, de forma muito abrupta e sem uma moral. Mas se tirarmos esse aspecto o livro é uma ótima experiência reflexiva que abre novos horizontes não só sobre o incesto em si, mas como são interpretadas as falhas do seres humanos na terra.

O fato é que a culpa é um dos maiores vilões das encarnações, pois ela no prende a aspectos antigos ou ultrapassados de nossas vidas. E ainda faz com que espíritos se liguem por muitas vidas, mesmo sendo grandes inimigos.


Histórias de Sherlock Holmes - Sherlock Holmes #09 - Sir Arthur Conan Doyle

Como uma verdadeira fã do consultor de detetives mais famoso do mundo ocidental (ele inclusive já foi identificado com uma das personalidades mais conhecidas, ao lado de Mickey Mouse e Papai Noel), resolvi ler todos os seus contos e me aprofundar mais em suas histórias. Então, sempre que é possível leio um desses títulos escritos por Sir Arthur Conan Doyle. E, com isso, venho trazer para vocês as minhas opiniões sobre esse livro que reúne os doze últimos casos solucionados pelo mestre de Baker Street, e publicados entre 1921 e 1927 na Strand Magazine e depois organizados em um livro único.
Nesse volume, acompanhamos nosso excêntrico, temperamental e sarcástico Sherlock Holmes em suas aventuras narradas por seu melhor amigo sensato e modesto, John Watson, em contos que conseguem nos envolver em todos os momentos com sua narrativa maravilhosa, que é um verdadeiro equilíbrio entre história e personagens cativantes.
Cada conto nos apresenta um caso em que nosso querido consultor de detetives teve que revelar a solução com toda a sua inteligência e sagacidade. Um dos meus contos preferidos desse volume foi sem dúvidas “O Vampiro de Sussex”, pois nele vemos como nosso protagonista desvenda esse mistério sobrenatural de forma lógica, sendo uma história incrível.

Outros textos que gostei bastante foram “Os Três Garrideb”, onde vemos um lado do Sherlock pouco comum, e temos um momento emocionante entre ele e seu melhor amigo John Watson. Além desses, “O Homem que Andava de Quatro”, no qual temos uma história com uma pegada mais sobrenatural, e como gosto bastante dessa mistura com o fato de ele identificar de forma lógica os fatos ocorridos na história, foi um dos meus contos preferidos, além de “Mr. Josias Amberley”, que finaliza esse volume com a história da esposa do Mr. Amberley, que fugiu com o amigo, levando todas as economias em um cofre.

É muito gostoso acompanhar nosso protagonista em todos esses casos, pois tentamos desvendar os mistérios juntamente com ele, e vemos como a mente brilhante de Sir. Arthur Conan Doyle consegue nos envolver de uma forma incrível e com muita maestria. O livro foi muito bem escrito e as histórias são impressionantes.


O Oceano no Fim do Caminho - Neil Gaiman


Meu portão de entrada para Neil Gaiman foi através de seus contos em Coisas Frágeis, na época gostei muito de alguns deles e outros não me surpreenderam, desde então estava ansiosa para saber o que eu iria achar de seus romances. O Oceano no Fim do Caminho, publicado pela Intrínseca foi o que acabou parando nas minhas mãos primeiro, e despertou mais a minha vontade de continuar lendo o autor.

No dia de um velório um homem por volta de seus quarenta anos acaba por voltar a sua casa de infância, e também a casa que fica no fim de sua rua. Essa casa mais do que lembrar de alguns acontecimentos de quando era criança, o faz lembrar de uma grande aventura que viveu com sua vizinha, Lettie Hempstock, depois da estranha morte de um inquilino que roubou o carro de seu pai e cometeu suicídio. Fatos que poderiam ser apenas estranhos na verdade estão a ligados a um mundo que o menino de sete anos passa a conhecer e temer.

Eu poderia fazer um resumo do que é essa estória e sem sombras de dúvida não seria capaz de contar todas as nuances que o autor foi capaz de colocar. Provavelmente soaria ou como uma estorinha boba ou como alguma trama maluca sem pé nem cabeça, mas acredite quando digo que Gaiman conseguiu transitar muito bem entre a realidade e um mundo fantástico, e nos brindar com uma trama instigante e mágica.

A leitura pode ter diversas camadas, desde aquilo que é explicitamente dito, passando por questões criticadas ou trabalhadas até aquelas em que podemos imaginar ou deduzir, mas não são de fato ditas. Assim fica claro que a família Hempstock veio de algum outro universo, segue outras regras e tem alguns poderes, mas não fica claro que tipo de criaturas elas são ou quais são todos os seus poderes, elas dão dicas e algumas teorias podem ser feitas, mas o autor deixa aberto a interpretações sobre a verdade.

Ao mesmo tempo em que trabalha a infância do menino que é retraído, focado na leitura de livros e com dificuldades na interação social, ele trabalha questões mais amplas sobre a formação do universo e comportamento social. A narrativa não segue um lugar comum, e pode fazer com que o leitor as vezes se sinta perdido, já que não trabalha com respostas prontas, e usa a narração em primeira pessoa do menino que limita um pouco a visão de conjunto. Mas alguns dos fatos que um adulto ao ler consegue compreender com facilidade sob o olhar da criança acabam sendo interpretados de forma errada ou incompreendidos, a trama segue por esse viés inocente e ignorante sobre as malícias do mundo.