Hora de Aventura - Marceline e as Rainhas do Grito

Sou fã de desenhos animados, ou como diriam animações. Tive certa dificuldade em me adaptar a essa nova onda de desenhos modernos em 3D, até hoje prefiro os velhos e bons traços delicados de um bom 2D. Logo quando surge algo em 2D fofo, doce e divertido como  Hora de Aventura foi amor a primeira vista!

É um desenho tão peculiar e criativo que não me canso de ver e rever! Quando soube que um quadrinho - Marceline e as Rainhas do Grito- havia sido lançado com essa turma não hesitei em pagar os 19.90 que estavam cobrando nessa linda edição de capa dura lançada pela Panini. Aqui encontramos as seis edições do quadrinho lançadas em uma versão única.

A história começa quando a banda da vampira Marceline resolve sair em turnê pelo mundo de Ooo com sua banda As Rainhas do Grito. A princesa Jujuba vai ao seu show e para sua surpresa -visto que ela gosta de tudo que é controlado e científico- gosta do que ouve, e se oferece para ser a empresária da banda durante a turnê.


Durante boa parte das páginas o que encontramos são as desventuras da bandas pelos recantos desse mundo tão variado, onde todo tipo de criatura tem vida, inclusive os deliciosos doces! Entre os capítulos também encontramos breves histórias com outros personagens do desenho como Jake e Finn, Lady e Jake, Rei Gelado, Princesa Caroço e Conde De Limão Lemongrab.


A narrativa não é exatamente linear, o foco é na turnê mas alguns trechos voltam ao passado para contar uma cena presente. O traço também varia um pouco ao longo da Hq, em sua maioria segue um estilo fiel ao que vemos no desenho, mas existem algumas inserções com outros desenhistas, ora mais estilizadas, ora mais realistas.


A história em si é bem divertida e segue o já conhecido estilo do desenho: nada é muito normal, mas sacadas inteligentes são colocadas nas falas dos personagens com pitadas de fofura e muita loucura. Ao final do quadrinho encontramos uma galeria de capas com imagens lindas e feitas por diversos artistas.


Hora de Aventura é assim uma aventura a cada espiada e agora a cada lida, divertido e leve é um quadrinho para essas tardes de muito calor com um bom chá gelado. Nunca viu Hora de Aventura? O que está esperando???? Espia aqui em baixo!!


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O Menino que Nadava com Piranhas – David Almond

Stanley Potts é um menino bom e doce, que perdeu os pais cedo e, por isso, encontrou uma nova família com sua tia Annie e seu tio Ernie, irmão de seu pai. Eles três moravam juntos na Alameda do Embarcadouro, nº 69, e levavam uma vida normal, até que tudo virou uma loucura.
Tudo começou com o fechamento do estaleiro Simpson, que funcionava no rio da cidade há muitos anos e empregava boa parte da população local. Os homens da família Potts trabalhavam lá desde tempos remotos, ou seja, o tio Ernie trabalhava lá, assim como seu irmão, pai de Stanley, o pai deles, o pai do pai e assim sucessivamente. Quando as portas fecharam e todos os homens da cidade ficaram desempregados, alguns arrumaram outros empregos, outros simplesmente desistiram e definharam, alguns buscaram apoio na bebida, outros se voltaram para o crime. Mas não Ernest Potts, este tinha um grande plano.
Um belo dia, revoltado com sua perspectiva de futuro, o senhor Potts teve uma absolutamente brilhante ideia: uma fábrica de peixes enlatados para produzir as “Espetaculares Sardinhas Potts, Magníficas Cavalas Potts e Perfeitos Arenques em Conserva Potts”. E foi aí que tudo começou a mudar e ficar muito esquisito, a ideia fascinou tanto Ernie, que ele simplesmente transformou toda a casa em uma grandiosa fábrica, cheia de máquinas e equipamentos barulhentos e fedidos.

Mas isto não foi o pior de tudo, sua loucura obsessiva acabou encontrando um outro rumo e Ernest fez uma coisa inesperadamente absurda e cruel que acabou afetando negativamente seu pequeno sobrinho. Então Stan não vê outra alternativa a não ser fugir de casa e resolve ir embora, deixando tudo e todos para trás.
Nesta nova jornada de sua vida, Stanley acaba conhecendo pessoas boas, outras excêntricas, e, sendo o mais relevante de todos: o legendário Pancho Pirelli, um homem que tem uma grande fama por nadar em um tanque cheio de perigosas piranhas e sair vivo e intacto.
Ele encontra em Stan algo de especial, uma vocação. Mas será que o menino Stanley vai ter a coragem necessária para também entrar em um tanque cheio de piranhas e nadar com elas? E será que a coragem basta para ele também sair ileso de um risco de vida tão grande como este? E agora, qual será o destino de Stanley Potts? Ele saberá escolhê-lo sabiamente?
A primeira coisa que me chamou atenção neste livro foi a capa, simplesmente porque, além de linda, me remeteu a um outro livro que li em 2014 que teve a capa ilustrada pelo mesmo profissional talentoso: Oliver Jeffers. Por já conhecer o trabalho dele e por ter gostado tanto deste outro livro (A Coisa Terrível que aconteceu com Barnaby Brocket, de John Boyne), eu fiquei empolgada para ler “O Menino que Nadava com Piranhas” e, quem sabe, gostar tanto quanto?

Além do mais, para a minha empolgação ficar completa, este livro aqui foi escrito por David Almond, ganhador do prêmio Hans Christian Andersen, “o mais importante prêmio internacional para autores de livros infantis”.  Então, esta parceria não poderia ser menos do que ótima, certo?! E, depois de terminada a leitura, posso afirmar que este trabalho realmente é muito bom e vale muito a pena. Quer saber os motivos? Continue lendo a resenha!
A história de Stanley Potts é extremamente fofa, além de admirável, porque transmite muitas coisas boas ao leitor, principalmente aos pequenos que estão na época de formação de caráter, e para quem o livro é oficialmente destinado.
Algumas das características que vamos encontrar durante a leitura são: saber lidar com a perda, seja ela de parentes, animais de estimação ou ‘a vida como ela é’; encontrar coragem dentro de si para enfrentar qualquer obstáculo, incluindo as adversidades que todo ser humano encontra em seu caminho; aprender a amar e respeitar o próximo, por mais que ele seja diferente do que você está acostumado; criar amizades; buscar ser feliz; lutar pelo que quer; saber se arrepender do que fez de errado e buscar se redimir de peito e coração aberto; entre muitas outras coisas.
Tudo isso é apresentado de forma sutil, enriquecendo o texto ao mesmo tempo em que inspira o leitor a buscar algo melhor, incluindo ser melhor. Gostei muito de como o autor soube desenvolver uma trama em cima de tudo isso de um jeito bem prazeroso de acompanhar.
“Quanto a mudar... O que acontece é que você não vai se transformar num Stanley Potts completamente diferente. Você vai ser o velho e o novo Stanley ao mesmo tempo. Vai ser o Stan da pesca ao pato, o Stan do tempo da Alameda do Embarcadouro e vai ser o Stan novinho em folha que nada com piranhas. Seja tudo isso junto, ao mesmo tempo, e é aí que vai estar sua verdadeira grandiosidade.”

Claro que meu personagem preferido é Stanley, este menino bondoso, carismático e meigo, que também é muito corajoso. Sua jornada exterior foi tão grandiosa quanto a interior e foi muito bacana acompanhar esse desenvolvimento e amadurecimento dele.
Mas posso afirmar que gostei de todos os mocinhos criados por David Almond, com destaque para a tia Annie, que é uma querida, e sr. Dostoiévski e Nitasha, que ajudaram bastante nosso pequeno Stan no momento que mais precisou.
Os “vilões” da trama são engraçados e caricatos (inclusive falam errado!), e gostei do “final” que o autor decidiu escrever para eles, que vou deixar vocês lerem para saber o que aconteceu para não estragar nada.
Também adorei o narrador deste livro, que apresenta a história de uma forma agradável e ainda conversa com o leitor em muitos momentos de um jeito bem descontraído e adorável, ótimo para as crianças que forem lê-la ou ouvi-la.
“... vamos viajar através da noite e nos aproximar daquele lugar. Como poderemos fazer isso?, você deve estar perguntando. Mas é fácil, não é? Bastam algumas palavras colocadas em algumas frases e um pouco de imaginação.”

A escrita de David Almond, aliás, é deliciosa, leve e envolvente, além de bastante fluida, e gostei do uso que ele fez da metáfora em alguns trechos. Todos estes pontos positivos juntos fizeram com que as páginas fossem rapidamente avançadas e ainda nos deixaram com um gostinho de quero mais no final.
Por falar nisso, curti o fim deste volume, que teve um tipo de fechamento ao mesmo tempo em que ficou em aberto para deixar nossa imaginação correr solta. Eu só consigo acreditar em mais coisas boas vindo no futuro dos meus personagens preferidos.
O único ponto que me incomodou foi que no começo houve uma parte meio estranha no momento da fuga de Stanley. Afinal, ele passou por um problema grande e, ao invés de conversar com alguém sobre isso para poder se sentir melhor e voltar para casa, ele simplesmente decide fugir com duas pessoas que ele nem conhecia. Claro que ele teve sorte de ter encontrado gente com ótima índole que só queria lhe fazer bem. Mas, na vida real, este poderia não ser o caso. Talvez eu teria aceitado mais caso a família dele já conhecesse estas pessoas e elas não fossem estranhas, ou se a tia, por exemplo, tivesse seguido com ele em sua escapulida, ou algo do tipo.

Ainda mais porque Stanley é apenas uma criança, e muito ingênua, deveria ter encontrado mais conselhos dos tios (ou pelo menos da tia – quem for ler vai entender o que quero dizer) e uma supervisão maior antes de sair triste e magoado sozinho pela cidade. Em outros momentos ele confiou em mais gente que ele nunca tinha conhecido antes e isso me incomodou novamente porque não tinha ninguém nestas horas para ter certeza de que a pessoa era digna de confiança.
Eu sei que este é um livro infantil de ficção, mas, mesmo assim, acredito que crianças pequenas não sabem distinguir direito o que é certo do errado, o que é real e o que é só inventado no papel, e uma leitura voltada para esta faixa etária acaba influenciando os mais novos, e, neste ponto, pode ter uma influência negativa. Então recomendo que o adulto que for ler este livro com a criança, deva alertá-la deste ponto, para que ele também não sinta vontade de fugir quando algo der errado, e não confiar em ninguém que não seja a família próxima.
A leitura de “O Menino que Nadava com Piranhas” é super fofa, gostosa e envolvente, e traz um protagonista incrível e extremamente carismático que conquista qualquer um com seu jeitinho todo especial de ser, além de personagens memoráveis. Se for presentear uma criança, aconselhe-a sobre os pontos que comentei aqui em cima. Super recomendado!

“E o que você faria se alguém caísse do céu e lhe dissesse que você era alguém especial? Que você tinha um talento especial, uma habilidade muito especial e que, se tivesse a coragem de usá-la, poderia ficar famoso, poderia ser grandioso, poderia deixar de ser você para se tornar um tipo muito especial de você? [...]
Você teria coragem e ousadia?
Enfrentaria seus medos? [...]

Não dá para responder, não é? Não mesmo. Só dá para saber o que você faria no momento...”
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Kaputt - Guazzelli


Kaputt é uma palavra pequena, mas tem um grande e pesado significado: “quebrado, acabado, destroçado, deteriorado”, e representa muito bem este livro, mostrando a crueldade que é a Segunda Guerra Mundial, apresentada de forma fria, triste e dolorosa, por Curzio Malaparte.
Malaparte é o pseudônimo de Kurt Erich Suckert, jornalista, escritor e diplomata italiano, que lutou na Primeira Guerra Mundial e ganhou várias medalhas antes de se tornar jornalista em 1915. Por conta desta carreira, ele foi enviado para acompanhar e cobrir a Segunda Guerra Mundial pelo Jornal Corriere della Sera, e foi desta experiência que ele extraiu a inspiração para escrever o livro Kaputt, misto de reportagem e ficção, que traz “um retrato devastador da humanidade”.

Eloar Guazzelli Filho, importante e premiado ilustrador e quadrinista brasileiro, depois de releituras em diferentes idades, entendeu que o livro de Malaparte é uma verdadeira obra-prima e decidiu adaptá-lo para os quadrinhos. E é o ótimo trabalho que ele teve com este exemplar que vou comentar aqui.

Este livro é devastador, só não vou dizer que é tanto quanto a guerra, porque nada nunca pôde ser comparado a uma guerra, não nestes termos, nem mesmo relatos sobre a mesma. E mostra uma nova perspectiva dos terrores da guerra, porque acompanhamos cenas reais representadas por imagens e narração chocantes.

Mostra os dois lados de uma mesma guerra, o dos governantes e outros que se consideravam e agiam como superiores, que buscavam uma “civilização perfeita” e as consequências disto, com terror, fuzilamentos, matanças; e do outro o povo, os pobres, os judeus, os animais, suas mortes, seus sofrimentos, suas tentativas de fuga, muitas delas frustradas.

Viajamos por diversos lugares, passamos por cenários assolados pela guerra, chacinas sem piedade de humanos, incluindo crianças e idosos, e animais. E também acompanhamos jantares e conversas dos abomináveis ricos que consideravam estas atitudes a forma correta de lidar com quem eles não consideravam “puros”.

A quantidade de páginas pode ser pouca, as frases podem ser curtas, mas a dor transmitida por esta HQ é muita. Provavelmente eu não conseguiria ler a obra completa de Curzio Malaparte, simplesmente porque não estou preparada para ela. Apesar de saber da crueldade do ser humano, ler relatos verdadeiros a respeito de cada pedacinho aterrorizante da guerra, é demais para eu aguentar de cabeça fria. E admiro aqueles que conseguem fazê-lo sem sofrer tanto quanto eu sofreria.

A leitura aqui não segue uma linearidade e o autor muda o tempo e o cenário várias vezes, nos levando a encarar momentos bem diferentes, mas igualmente terríveis daquele período ordinário.
A linguagem é poética e arisco-me a dizer, bela, uma pena que as palavras representem tanta crueldade e, juntas, transformem-se neste significado aterrorizante que são milhares de mortes de inocentes.

A tristeza é que, se pararmos para refletir sobre algumas coisas, certos pensamentos e ações daquele período terrível ainda estão presentes nas mentes de muitas pessoas, talvez não de uma forma tão abrangente (em todos os lugares) a ponto de guerrilharem nas ruas e devastarem todos os seres humanos existentes em um local, mas tão cruéis quanto, já que as pessoas podem e, muitas vezes, são tão horríveis assim. Ainda existem crimes intensos, preconceitos ordinários e ações absurdas por questões tão ridículas quanto. Quando o povo vai aceitar que cada um é diferente do outro, mas, ao mesmo tempo, igual? É triste em pleno século XXI ainda existirem pessoas tão, desculpem a palavra, babacas quanto as existentes nos séculos anteriores. E, ainda mais desolador, é ver o que elas fazem por conta de seus ódios inexplicáveis com os próximos.

Esta edição é extremamente bonita, a capa é simples e notável ao mesmo tempo, e representa perfeitamente bem o assunto do livro. A versão impressa tem o formato grande, com 28,00 cm x 21,00 cm, as folhas são grossas e amarelas de um material muito bom, a impressão é de qualidade e a capa é em soft touch (emborrachada).

Os traços parecem simples à primeira vista, mas na verdade são bem elaborados e conseguem transmitir os sentimentos que o autor quis passar com seu texto ou, em alguns casos, com seu silêncio. Não há um único padrão de ilustração, alguns traçados são retos, outros em estilo aquarela e alguns ainda parecem lápis, mas não posso dizer com certeza sobre cada nuance de ilustração que há aqui, pois eu não conheço muito bem a área. Tão pouco ele fica preso a apenas o preto e o branco, e, por mais que estas duas cores tenham sido predominantes na maior parte da HQ, a predominância de azul e roxo são encontradas em diversas páginas.

Confesso que, apesar de ser uma obra relativamente curta – tem cento e oitenta e quatro páginas, com pouca quantidade de texto em muitas delas e nenhuma em outras diversas –, a leitura é tão densa que eu tive dificuldade de transmitir o que senti em novas palavras para apresentá-la nesta resenha. Mas espero ter conseguido passar pelo menos uma parte dos meus sentimentos para que vocês, que são interessados no assunto, tanto de Segunda Guerra Mundial, quanto qualquer outra, ou uma HQ com um assunto sério e que, infelizmente, faz parte da nossa História, tenham pelo menos o mínimo de interesse nesta leitura. Porque, se o fizerem, vão perceber que ela é muito mais do que eu esperava e consegue nos tocar fundo com suas palavras e ilustrações. Realmente recomendo bastante esta adaptação de Kaputt feita por Guazzelli.

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Quatro - Divergente #0.1 - 0.4 - Veronica Roth

Como o próprio subtítulo já revela, este livro traz “Histórias da série Divergente”, ou seja, são quatro contos narrados pelo personagem que tantos amam e que arrancou suspiros de várias pessoas (inclusive os meus!): Quatro, ou, para os íntimos, Tobias.
Os contos são, na ordem: “A Transferência”, “A Iniciação”, “O Filho” e “O Traidor”. O livro começa quando o jovem Tobias ainda morava na abnegação e podemos conhecer um pouco de sua realidade naquele lugar. Dois anos antes de Beatrice Prior ter feito a sua escolha de mudar de facção, saindo da Abnegação e indo para a Audácia, foi Tobias Eaton quem enfrentou este mesmo processo. Os motivos para ele querer sair de sua facção de origem são totalmente diferentes dos dela, mas nem por isso menos interessantes, pelo contrário, acho que o personagem tem uma carga emocional muito intrigante e sempre quis conhecer o seu íntimo para saber como ele lidou com tudo aquilo e se tornou o que Tris conheceu em Divergente. Como fazer esta mudança deu a grande oportunidade da vida dele de poder recomeçar do zero e se transformar numa outra pessoa, mais destemida e forte.
Claro que nem tudo será fácil e ele precisa lutar para conquistar seu espaço e um lugar de respeito na hierarquia da Audácia. E com seu novo papel, como instrutor de iniciandos, ele vai tomar decisões importantes que vão afetar várias pessoas e também acabará descobrindo segredos que poderão mudar totalmente o mundo como eles conhecem.
E é o passado do personagem, todo o processo que vivencia antes de se transferir para a Audácia, as decisões que toma a cada passo do seu novo caminho, seus sentimentos, a coragem para mudar e a forma como lida com tudo ao seu redor, que vamos encontrar nestes quatro contos sob a perspectiva de Quatro.
Além disso, há três cenas de Divergente narradas também sob seu ponto de vista. Ou seja, diferentemente dos contos, aqui nós já conhecíamos as cenas, que foram narradas antes em Divergente pela Tris e agora pudemos conhecer os sentimentos e pensamentos de Tobias e, assim, entender melhor suas ações e reações.
Já resenhei os três livros narrados por Tris aqui no blog, “Divergente”, “Insurgente” e “Convergente” e, como vocês podem notar, amei os dois primeiros, mas não gostei muito do último por diversos motivos, principalmente a morte de uma personagem extremamente querida que não merecia aquele fim de jeito nenhum. Com certeza todos vocês já sabem de quem estou falando, mas prefiro não comentar abertamente para o caso de alguém não ter lido, afinal este é um spoiler ENORME que, se soubermos antes da leitura, estraga totalmente o livro inteiro (coisa que aconteceu comigo e não recomendo para ninguém!).
Acho que grande parte das pessoas que leram Divergente ficaram curiosos para saber um pouco mais sobre o personagem Quatro, que é extremamente importante para o desenrolar dos fatos da trilogia, e também de modo mais pessoal para nossa protagonista, Tris. Principalmente porque no último volume, “Convergente”, ele dividiu a voz da narrativa com ela, ganhando bastante destaque e seu ponto de vista foi explorado pela primeira vez nos três volumes, assim como seus sentimentos e pensamentos mais íntimos. Mas ainda não tínhamos visto o passado dele de maneira tão “viva” e real. E este é um dos motivos, provavelmente o principal, de eu achar que este volume, “Quatro”, é tão interessante para os fãs lerem, mesmo os que já tiverem terminado a trilogia, como aconteceu comigo.
Ou seja, cronologicamente falando, as três primeiras histórias acontecem antes do início de Divergente, enquanto a quarta, “O Traidor”, coincide com a metade de “Divergente”. As três cenas que podemos encontrar no final mostra como Quatro e Tris se conheceram e também o início do interesse e sentimentos dele por ela, tudo narrado pelo ponto de vista dele desta vez.
Só acho que as últimas três cenas que estão neste volume poderiam ter sido apresentadas, graficamente falando, antes do último conto, já que cronologicamente elas ocorreram primeiro, então faria mais sentido ter sido apresentado na ordem da história em que ocorre.
O que eu mais precisava comentar aqui é que sempre adorei o Tobias, mas depois deste exemplar eu fiquei ainda mais encantada pelo misterioso personagem com toda a sua complexidade, sua personalidade, seu lado cheio de força e também o lado mais frágil, sua garra e coragem.
Gosto da frase de chamada deste exemplar, coisa que geralmente não ocorre, que é “Uma escolha vai libertá-lo”, porque é exatamente isto o que acontece e significa mais do que uma simples fachada, afinal Tobias era um garoto inseguro e maltratado, que fez uma grande escolha que o ajudou a assumir o controle da própria vida e modificar sua personalidade, fez com que ele ganhasse força e transformou-o em uma nova pessoa, muito mais confiante.
Antes da versão física, estes contos foram publicados separadamente em e-books pela Rocco, e ainda estão disponíveis para venda, mas eu particularmente gosto muito mais de edições físicas, então fiquei realmente muito contente de poder tê-lo para ser lido na versão impressa.
O exemplar tem apenas duzentas e setenta páginas, diferente dos demais volumes que tiveram mais de quinhentas cada um. O único ponto realmente negativo disso tudo é que o achei curtinho demais e, depois de terminada a leitura, fiquei com aquela sensação de que queria mais, de que precisava de mais, mas infelizmente sabia que não teria, o que é sempre uma pena.
De todos os quatro volumes que compõem a série, esta é a minha capa preferida, apesar de ter gostado de todas elas, tanto por conta da beleza do material quanto pelos significados que ela traz. A diagramação interna segue o padrão de fonte e espaçamentos dos outros livros, bem confortável para a leitura, com a diferença de que aqui não há capítulos e o início de cada conto ganha uma folha separada com o título e o céu nublado como pano de fundo.
Apesar de as histórias deste volume acontecerem, em sua maioria, antes do começo de Divergente, acho mais legal lê-lo depois do primeiro livro oficial da série, pois pode estragar alguma surpresa, já que as cenas com Tris lá são melhor desenvolvidas do que aqui, então a gente sente uma conexão maior com os personagens quando lê assim.
Se você curtiu a trilogia “Divergente”, narrada por Tris (mesmo que ainda não tenha lido todos os três livros), com certeza deveria dar uma chance para a leitura de “Quatro”, para conhecer este personagem misterioso, incrível e bastante complexo, e ainda descobrir muitos segredos de seu passado e de informações que ele obteve antes de Tris ou qualquer outro, que fez a história tomar o rumo de tomou e as facções encontrarem aquele futuro.
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[VÍDEO] Tag Leituras


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Resenhas Citadas:
[Em vídeo] Resenha - Pretty Little Liars - Livro Maldosas x 1º Capítulo da Série

- Este vídeo foi gravado em dezembro, mas não pude editar antes, por isso a resenha do livro citado já foi postada no blog em dezembro.

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O Poder da Escolha – Zibia Gasparetto

Uma escolha nos sugere tantas e tantas coisas, momentos nos quais passamos e não sabemos o que fazer ou que caminho seguir, mas que temos que decidir qual direção tomar. Às vezes, tudo se torna tão difícil que ficamos em dúvida sobre qual caminho deveríamos trilhar. Acredito, porém, que a fé, a determinação, o convívio com pessoas do bem, nos fazem sempre tender para a jornada mais certa para cada um de nós.
Todo ser humano tem que escolher inúmeras vezes durante a vida, e fazer isso é difícil em grande parte das vezes. Mas quem sabe se o caminho escolhido que vamos percorrer nos leva a plenitude do amor, do bem, e também do que queremos para nós mesmos? Não basta ser só em auxílio de outros, mas para si próprios, para que possamos trilhar a vida conforme nos apresenta a realidade de cada um. E isso é viver: percorrer por todos os caminhos e no fim trilharmos o nosso com fé e muito amor no coração para chegarmos ao nosso destino.
Como sempre, Zibia e seu mentor espiritual, Lucius, nos levam a percorrer o caminho dos seus personagens através de suas histórias tão realistas, parecidas com a minha, com a sua, com a de todos nós. Neste volume, último lançamento da autora no país, vamos conhecer uma intensa jornada de amor, sofrimento, superação e amizade.
Na história de Engênia, uma moça jovem, rica e de boa família, que escolheu ser professora por vocação, e casou-se aos vinte anos por amor, ela era feliz e cheia de sonhos e esperanças. Vivia numa sociedade machista, na qual a mulher deveria fazer tudo para a felicidade do marido e, para ela mesma, nada. Com o passar dos anos e não podendo ter filhos, o casal começou a se afastar e ela perdia a alegria de viver, mas nunca a esperança, continuando a tentar, em vão, conseguir engravidar. Enquanto isso seu marido, Júlio, imensamente insatisfeito, foi se afastando cada vez mais e passava tempos fora do lar.
Em um dia terrível, que mudaria a vida de nossa protagonista para sempre, ao chegar a casa, ela não encontra o marido, apenas um bilhete dele dizendo que tinha ido embora. Júlio já havia saído escondido, levando todas as suas coisas e sem pensar nem por um segundo na pobre Eugênia e sua tristeza. Então, ela simplesmente desiste de viver, pois havia sido trocada pelo marido por outra. Por ter acreditado por tanto tempo na palavra de sua mãe, viveu em função do que ela tinha lhe dito por conta de sua criação e, por todo tempo em que Eugênia e Júlio viveram juntos, quinze anos, nossa protagonista se dedicou a ele ao máximo e, por isso, sofreu intensamente a dor do abandono.
Foi quando não pude evitar que as lágrimas rolassem compulsivamente, pois foi muito forte a dor da perda de nossa protagonista. E Eugênia não estava preparada para isso de maneira nenhuma, pois fez tudo em prol do marido e sofreu muito, mas, com a ajuda de pessoas caridosas, sua vida começou a tomar outro rumo.
Em seu caminho, Eugênia acaba encontrando pessoas boas, com muito amor, e também foi acolhida por espíritos de luz, que a tornaram ainda melhor, sem medo de seguir em frente e ser feliz novamente. Eles mostraram que ela poderia mudar e a ajudaram a entender que poderia ser feliz independente do que o marido havia lhe feito. E foi isso que ocorreu: começou a enxergar que o mais importante é aprendermos a nos amar, e amar o próximo sem perder nossa essência.
Uma dessas pessoas é a enfermeira Rosa, que se torna sua melhor amiga, lhe dando apoio moral e espiritual e seu sobrinho, o advogado Rogério, que, por fim, em um encontro de almas, completa sua felicidade. Eugênia sofreu, lutou, aprendeu e, no final, encontrou o verdadeiro amor e, de quebra, um filho de coração. Não poderia ir mais adiante sobre o assunto, se não seria spoiler.
A história de “O Poder da Escolha” é linda, onde amores vão e outros vêm. Sempre acreditando que o amor é maior do que tudo e que não precisamos nos anular para conseguirmos a plenitude da vida.
Estava fazendo análise das coisas que vivi e do que as pessoas ao meu redor vivenciam, e, com este livro, percebi que precisamos acreditar sempre e manter a fé, mesmo não aceitando no começo que coisas boas vão vir no nosso futuro, principalmente se estamos passando por momentos ruins ou difíceis, e mesmo sem pensar que seria possível a vida mudar para algo bom, ela muda. Vidas se entrelaçam, amores vão e vêm, sentimentos nascem e crescem e progredimos a cada passo para uma vida melhor no futuro.
Gostei muito de ver a forma como Eugênia encarou seus problemas e conseguiu dar a volta por cima, aceitando a espiritualidade e entendendo a realidade da vida. A partir do momento que ela mudou, tudo ao seu redor também se modificou, transformando, assim, sua existência em algo muito bonito e bom de se viver.
A capa deste livro é linda, uma das mais belas da autora publicadas no Brasil. A diagramação interna está ótima, com letras bem grandes e um bom espaçamento entre palavras e linhas, alguns detalhes gráficos nas primeiras folhas, e a parte de trás da capa é rosa. A única coisa que pode incomodar algumas pessoas, mas não eu, é que as páginas são brancas.
Recomendo muito mais este romance mediúnico da parceria entre Zibia Gasparetto e Lucius, que traz uma protagonista incrível, que buscou a força dentro de si e passou a viver uma vida melhor e motivo de orgulho para nós, leitores. A leitura, como sempre, é fluida, leve e envolvente, e recheada de reviravoltas, com personagens marcantes e belos aprendizados. Os ensinamentos espirituais estavam envoltos na trama, nos fazendo olhar para nossas próprias vidas, inspirando-nos a sermos mais felizes com nossas escolhas.
“O poder da escolha é absoluto. Ao escolher, estamos criando nosso destino. Desejamos o melhor, mas, em meio às ilusões do mundo, nos deixamos levar pelo que parece ser. O sofrimento surge para nos mostrar que estamos fora da verdade. Cada desafio que enfrentamos, cada erro que cometemos, mostra-nos o que precisamos mudar. É assim que, passo a passo, vamos conquistando a sabedoria.”
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Imortal – Imortal #01 – Gillian Shields

A primeira coisa que me chamou bastante atenção neste livro foi o conjunto do título com a capa. Gostei bastante de ambos e achei que, só de olhar, era um livro que eu teria vontade de ler. Claro que a vontade só ficaria completa assim que eu soubesse sobre o que se tratava e, por isso, fui correndo ler a sinopse para saber se este título realmente me interessaria. Mal acabei de ler aquelas poucas linhas e fiquei totalmente empolgada para saber mais. Depois não era mais só uma capa bonita, era um conteúdo que me despertava o interesse. Por isso, assim que tive a oportunidade, comecei a ler este exemplar, então venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Em “Imortal” conhecemos a história de Evie Johnson, uma menina de apenas dezesseis anos, que perdeu a mãe quando ainda era bebê, e é criada pela sua avó, já que seu pai é um soldado, e por conta disso vive em missões. Quando sua avó adoece, ela acaba tendo que ir para a Wyldcliffe Abbey School, um internato composto apenas por meninas que tem regras muito rígidas. A vida não está tão fácil assim para nossa protagonista, já que a menina popular da escola vive implicando com ela, e, para completar, ela quase não tem amigas.
A escola se torna um local difícil para Evie ainda mais por ser bolsista, já que algumas das alunas fazem de tudo para que ela seja expulsa, fazendo com que nossa protagonista fique em um ambiente totalmente hostil. Mas, certo dia, quando aparece um menino misterioso, as coisas começam a mudar para Evie, isso porque ela passa a se encontrar secretamente com ele todas as noites.
Acompanhamos, então, os sentimentos entre os dois, que começam a surgir aos poucos, e é muito bom acompanhar este envolvimento. Mas o que nossa protagonista não poderia imaginar é que ele guarda um segredo muito importante sobre o seu passado. E ainda, para completar, ela começa a ver um fantasma muito parecido com ela, e também o fantasma de uma menina interna que se afogou no lago.
O livro é narrado pela nossa protagonista Evie no presente, e pelo diário de Lady Agnes, datado de 1882. E, através dele, vemos a relação entre as duas, e vamos descobrindo junto com a nossa personagem principal o segredo que Sebastian esconde, que pode mudar totalmente o futuro deles para sempre.
A narrativa de Gillian Shields é muito gostosa e consegue prender a gente desde o começo e em todas as outras páginas em seguida, com um clima de mistério que é mantido até o final. Os personagens são incríveis e, à medida que vamos lendo, passamos a gostar cada vez mais de cada um deles. A escrita da autora também é bem simples, além de viciante.
Gosto muito do trabalho gráfico da Editora iD. A capa, como comentei no início da resenha, é bem bonita com toda sua simplicidade, o que desperta um grande interesse em mim. O título está em alto-relevo prateado e o medalhão no colar tem verniz localizado, completando o visual. A diagramação interna é simples e bem feita, com fonte em tamanho bom e espaçamento entre linhas bem grande. A parte de trás da capa é preto, o que eu acho lindo, e as páginas são amarelas.
Recomendo este livro para todo mundo que goste de uma boa série, que alterna a narrativa entre o presente e passado, nos trazendo uma história misteriosa e surpreendente, com personagens incríveis, sendo uma leitura leve e fluida.
Avaliação



Destino Mortal – Destiny #01 – Suzanne Brockmann

Desde que li a sinopse deste livro, fiquei morrendo de vontade de poder ler este volume inteiro, isso porque ele me chamou bastante atenção, já que promete uma história que mistura ação, segredos, suspense, ciência, etc. Portanto, assim que tive a oportunidade de começar esta leitura, não esperei nem duas vezes e logo fui correndo saciar este desejo. Agora, depois de ter lido este livro escrito por Suzanne Brockmann e publicado aqui no Brasil pela Editora Valentina, venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Em “Destino Mortal” conhecemos a história de Shane Laughlin, que após ter sido expulso de um grupo de elite de uma maneira desonrosa, finalmente conseguiu arrumar um emprego para participar de testes no Instituto Obermeye, uma fundação de pesquisa. O que nosso protagonista não poderia imaginar é que ele iria acabar conhecendo os Maiorais, um grupo de pessoas que tem a capacidade de acessar áreas do cérebro ainda inexploradas, fazendo com que eles tenham poderes como telecinesia, força sobre-humana e reversão do processo de envelhecimento.
Quando um grupo de pessoas ricas descobre um produto de nome Destiny, que transforma qualquer ser humano em um Maioral, as coisas começam a ser diferentes, e todo mundo quer começar a usar este produto. Porém, poucos indivíduos sabem realmente como esta droga é fabricada e qual o seu principal ingrediente, além dos seus efeitos colaterais, já que ela deixa a pessoa viciada, entre outras coisas. Como a droga começou a ser produzida em larga escala, o número de pessoas afetadas é bem maior do se imaginava.
No trabalho, Shane conhece Mac, nossa outra protagonista, que é uma Maioral, e que conhece sobre a fabricação das drogas e, por isso, é uma das responsáveis por prender as pessoas viciadas nela, juntamente com o Dr. Joseph Bache e outros integrantes de sua equipe. Eles querem retirar a droga das ruas, mas isso é bem difícil, ainda mais que ela vicia após a primeira dose, e por conta disso existem vários usuários que eles precisam auxiliar.
Além de todo esse enredo do Instituto, ainda temos o fato de que Nika, uma menina de apenas treze anos, foi sequestrada após seu potencial cerebral ser desenvolvido até os 20% e, portanto, junto com ela, acompanhamos todas as coisas horríveis pela qual ela tem que passar.
Os personagens são incríveis, muito bem escritos e elaborados, fazendo com que a gente goste de cada um deles. A autora colocou seus sentimentos de uma maneira tão real, que é como se estivéssemos vendo-os passando por tudo aquilo de verdade. E o que achei bem bacana é que ela criou personalidades bem distintas para cada um.
A narrativa é rápida, fluida, bem descritiva e, por isso, consegue prender a gente do início ao fim com uma trama eletrizante, profunda e envolvente. Além destes pontos positivos, também encontramos cenas mais quentes que ficam responsáveis pela parte sexy da trama. No começo, confesso que fiquei um pouco perdida com tantos nomes e informações, mas, à medida que vamos lendo, começamos a entender as coisas e pegar o ritmo rapidinho.
A capa não chama a minha atenção tanto assim, acho que é a capa da Valentina que eu menos gostei até hoje, não porque é feia, mas, sim, sem graça. Só que é bem melhor do que a original, que é feia e genérica demais para o meu gosto. A parte legal é que na frente há uma silhueta de um homem e na parte de trás a silhueta de uma mulher. A fonte do miolo não é grande, mas não incomodou a minha leitura de maneira nenhuma. As páginas são cheias de pequenos detalhes gráficos, que deixam a diagramação interna muito bonita. As folhas são brancas, o que não me atrapalha, mas sei que tem leitor que não gosta.
Este volume faz parte de uma série, cujo apenas “Destino Mortal”, que é o primeiro, foi publicado aqui no Brasil e também lá fora. Ainda não há previsão de lançamento para as continuações, pelo menos eu não encontrei nenhuma informação, mas espero que a autora as escreva logo e que a Valentina não demore a trazê-las ao país!
Recomendo bastante este livro para todas as pessoas que gostem de uma ficção que mistura romance, ação, adrenalina, suspense e personagens incríveis, que carregam consigo uma carga dramática muito grande que completam a história. Além disso, Suzanne Brockmann colocou em sua narrativa vários detalhes que deixam a trama surpreendente e deliciosa. Adorei!
Avaliação



As Sete Irmãs: Maia – As Sete Irmãs #01 – Lucinda Riley

Eu nunca havia lido um livro de Lucinda Riley, mas achei a sinopse de “As Sete Irmãs” tão maravilhosa que nem pensei duas vezes antes de começar a leitura. E, agora, depois de finalizada, pude constatar que ela é simplesmente incrível!  Já quero ler suas outras obras o máximo que puder. A forma como ela mescla o imaginário com a realidade a cada linha, a cada parágrafo, realmente me surpreendeu. Parece que a autora, como eu, tem muita paixão por história, só acho que eu jamais saberia dar vida a personagens verídicos inserindo-os em uma obra ficcional, que foi o que aconteceu. Lucinda Riley é uma “contadora de histórias como nunca antes se viu”.
A história deste livro começa com a morte de Pa Salt, um misterioso bilionário que vivia num castelo isolado às margens do Lago Léman, na Suíça. Suas seis filhas haviam sido adotadas por ele ainda bebês de diversas nacionalidades, sendo batizadas com os nomes das Sete Irmãs das Plêiades, sua constelação, no famoso cinturão de Órion, favorita. Porém, neste volume, acompanhamos mesmo a trajetória de Maia D’Apliése, sua filha mais velha, desde este fatídico acontecimento.
Quando elas se reúnem na ocasião da morte do pai, a autora nos apresenta a todas as irmãs, falando sobre suas características e personalidades, mesmo sendo Maia a principal deste primeiro livro. Seu pai nunca havia explicado suas origens a elas, e faleceu sem nunca ter podido lhes contar. Sendo que, quase todas, por sua vez, nunca o questionaram.
Cada uma das moças, então, vai receber pistas sobre suas origens, e, como este livro é sobre Maia, vamos conhecer, junto com ela, uma carta de seu pai com informações e também um colar de selenita que veio consigo assim que fora adotada, que Pa Salt tinha em seu poder. Portanto, ela pega estas pistas e tenta descobrir a origem de sua família biológica, partindo em busca deste sonho e indo parar justamente no Rio de Janeiro, numa mansão em ruínas.
Lá, nossa protagonista começa a juntar as peças deste quebra-cabeças, que a faz mudar radicalmente. Com a ajuda de Floriano, um escritor do qual ela fazia traduções, que a auxiliou nesta busca, encontra, assim, cartas com a verdadeira história de sua bisavó de sangue, Izabela Bonifácio, entrelaçada com o arquiteto Heitor da Silva Costa, que trabalhava na maior estátua do Rio de Janeiro, o Cristo Redentor; seu escultor, Paul Landowski (de Paris), que a colocou em prática; e do seu grande amor, Laurent Brouilly.
Agora o leitor vai embarcar nas jornadas destas duas mulheres em épocas totalmente distintas e com vidas bem diferentes, mas que acabam sendo ligadas de uma maneira. De um lado, Maia, em busca de sua ascendência biológica em 2007, e do outro acompanhamos uma jovem Izabela, em 1927, vivendo em plena Belle Époque no Rio de Janeiro.
Esta é uma obra lindíssima que mistura realidade com fantasia, escrita de uma maneira deliciosa e muito fluida, viajando entre presente e passado com muita maestria, mistério e diversos acontecimentos inesperados.
Como descobrir quem era a mãe biológica de Maia se não dermos um mergulho profundo nesta história cheia de convenções sociais? Ela acaba descobrindo, por conta de uma pedra sabão colocada no Cristo Redentor, que pertencia a uma família aristocrata dos anos 1920, mais especificamente 1927, cuja bisavó, Izabela, se apaixonara por um jovem escultor francês.
Izabela, sendo uma mulher naquela época, fazia o que seu pai queria, e ele, como rico fazendeiro produtor de café, não tinha nome na sociedade e fez com que ela se casasse com alguém de família tradicional do Rio de Janeiro por conta disto, só que seu verdadeiro amor estava em Paris. Apesar de ser rica e tendo tudo o que desejada, a moça acabou passando por dificuldades em nome deste amor proibido. Através da história dela, também acompanhamos a realidade do Rio de Janeiro nesta época, com a construção do Cristo Redentor e personagens que na verdade foram pessoas que realmente existiram.
Gostei muito de acompanhar ambas as histórias, tanto a do passado, quanto a do presente, pois foi emocionante ver que o amor verdadeiro existiu. Um sentimento cheio de sonhos, força, aceitação e comprometimento, onde as lágrimas rolam com muita emoção. O passado foi uma época bem dura para os jovens que tinham que aceitar tudo o que seus pais empunham. Maia se aprofundou e descobriu isso tudo.
Apesar de o comprometimento social falar mais alto, fazendo com que houvesse um distanciamento no tempo e no espaço, a paixão arrebatadora foi intensa e, mesmo não podendo continuar compartilhando suas vidas neste plano, seus sentimentos e consequências da breve união foram selados para sempre, o que acabou afetando a vida de Maia no presente.
Maia é uma moça simples, quieta, que gostava de ler e escrever e vivia mais isolada, pois havia vivido por uma situação triste em seu passado. Enquanto suas irmãs viajavam pelo mundo, ela sempre morou próximo de seu pai, nunca deixando-o. Quando veio para o Rio, descobriu o amor verdadeiro e sincero que a transformou em alguém mais alegre e cheia de vida. Gostei muito desta personagem e de descobrir sua nova vida junto com ela, vendo-a renascer. Sua história é muito bonita e curti muito conhecê-la.
A trama de “As Sete Irmãs” é tão envolvente e de pura emoção, que a gente lê tão rápido e nem parece que foram 553 páginas. É também muito bem narrada e Lucinda faz com que nos transportemos no tempo junto com seus protagonistas. E quando ela relata a história do passado trazendo informações relevantes para o presente, fazendo com que o leitor entenda as ligações entre os dois, é incrível. Não sei quantos autores tem essa capacidade.
A obra é bem realista, emocionante e misteriosa, nos prendendo do começo ao fim de uma maneira que não conseguimos largar o livro de jeito nenhum. E uma pergunta paira no ar conforme as páginas vão sendo avançadas: Até quando a realidade vai de encontro com a fantasia? Eu não saberia dizer, só sei que senti como se tudo fosse real e amei muito.
O livro fala, nesse ínterim, da história da construção do Cristo Redentor, como comentei acima, e fiquei maravilhada e perplexa. Há um mergulho na História da Arte e da Cultura com fatos históricos, que sempre me cativaram, principalmente os sobre o Cristo.
Lucinda Riley é uma escritora irlandesa, e já foi atriz no teatro, cinema e TV britânica, esteve no Rio e compôs seu livro através de perguntas aqui mesmo. Inclusive conversou com a cineasta Bel Noronha, a bisneta do engenheiro Heitor da Silva Costa (1873-1947), responsável pela construção do Cristo Redentor. Suas obras foram publicadas em dezesseis países, e atualmente ela divide seu tempo entre Reino Unido e França.
Este romance é o primeiro de uma série, que, pelo que pude saber, ainda terá mais seis volumes contando a história de cada uma das irmãs de Maia, sendo cada livro com o enfoque em uma delas. O segundo é sobre Ally, que é velejadora, e já foi concluído pela autora, mas ainda não foi publicado. Eu não sei se vou gostar tanto de suas irmãs quanto gostei de Maia e da história de sua família, até porque esta foi passada aqui no Rio de Janeiro, então já tenho um carinho ainda maior gratuito.
Eu realmente adorei esta capa, que tem tudo a ver com a história, além de ser belíssima e chamar atenção de longe. Vi uma entrevista com Lucinda, que ela brincou que a personagem ilustrada ali tem a comissão traseira bunda avantajada, assim como as cariocas, e achei isso muito divertido! A diagramação é simples e muito bem feita, com fonte e espaçamento em tamanhos ótimos para uma leitura mais agradável por um período grande de tempo. Além disso, as páginas são amarelas, o que é sempre positivo.
Só sei que nunca mais vou deixar de ler as obras desta autora, que me cativou profundamente, e me emocionou de um jeito tão especial que acredito que todos os seus outros livros também me farão experimentar toda esta gama de emoções que senti com “As Sete Irmãs: Maia”. Este entrou para os meus favoritos da vida e não poderia dizer menos do que super, mega, hiper recomendado!
Avaliação


Cerberus #02 - O Diabo Pede Carona - Leonardo Monte

Acho que uma das coisas que me fascina ao ler e ouvir as pessoas é ver a mudança acontecendo nelas, seja amadurecimento psicológico, seja como no caso no processo de escrita. Claro que não faço parte do processo, mas lê-lo dá a sensação de que de alguma forma estava lá quando aconteceu. No segundo volume de Cerberus- O Diabo pede Carona, do autor Leonardo Monte, da editora Literata esse crescimento é visível.

Voltamos as entranhas de Cerberus, a escola com quem resistiu a uma grande mudança na Terra e visa treinar seus alunos contra os extraplanares (criaturas que vieram de outras dimensões e destruíram a Terra). O diretor da escola, Izidro desapareceu em uma missão, e  padre Francisco assumiu o comando. Tirano, ele transforma a escola em um lugar horrível para se viver, a ponto do bando de Renan preferir arriscar suas vidas fora dos muros da escola, do que permanecer.

Sem ideia do que os aguarda, Renan e seus amigos buscam pelo antigo diretor, ao mesmo tempo em que tentam conquistar sua liberdade. Falhar não é uma opção, não alcançar seu objetivo significa derramamento de sangue e sofrimento, já que a volta de mãos abanando significa forca! Será que os Águias sem Medo conseguem vencer o que os aguarda do lado de fora?

Como comentei na introdução podemos ver o amadurecimento na escrita de Monte, sua narrativa se tornou mais complexa do ponto de vista estrutural. Não é uma história escrita de forma linear, ou seja, temos como centro a missão do bando, mas pequenas histórias começam paralelamente (acompanhamos Nancy e Pedrão em seus dramas), e com o andar da trama elas confluem em um mesmo rio.

Alguns temas diferentes são questionados no livro, o primeiro e mais importante é sobre as verdades que compramos como nossas a partir de pessoas mais velhas e ditas experientes. Muitas vezes essas ideias são vendidas de acordo com opiniões pessoais ou interesses, e não nos damos conta. O bando percebe isso quando tem maior contato com um extraplanar que os faz questionar o que acreditam.

A confiança também é um ponto trabalhado. Confiar não é e não pode ser um ato pautado no sentimento ou necessidade, mas na crença de que diante dos defeitos que você conhece no outro você acha que este é capaz de superá-las e ser digno de sua confiança. Quantas são as pessoas que você entregaria sua vida? Existe alguém com essa credibilidade? O bando acreditava que sim, mas Baltazar em seus breves discursos os fez crer que não!

A mitologia já presente no livro anterior foi mais trabalhada, e colocada diante da moral cristã. O dualismo que o cristianismo prega de criaturas boas ou ruins é marcante, mas questionado também, afinal não somos apenas bons ou maus, somos um dualismo constante onde um dos lados sobrepõe o outro, mas nunca é único. Uma nova classe de demônios aparece: os gabordes.

Cenas fortes são frequentes e bem exploradas. Confesso que meu estômago se revirou um pouquinho em determinadas cenas! Em especial uma que envolve uma prova de vida ou morte com o personagem Renan. Toda a ação é focada na sobrevivência, não apenas na sobrevivência pessoal, mas do grupo.

A fé também é colocada no palco, é fácil acreditar em Deus dentro do conforto de seu quarto, mas quando você se vê em meio a demônios e segundos que separam sua vida da morte essa palavra ganha dimensões diferentes, e isso é crível nas palavras de Leonardo.
Os fantasmas de cada membro do bando estão presentes, além das criaturas que os cercam são seus medos e o passado o que mais devem enfrentar. Não há um protagonista, todos aparecem de forma quase igual e com mesmo destaque, o que promove a sensação de unidade do grupo.

A única falha que encontrei foi o desfecho que se deu de forma muito rápida. Gostaria de compreender mais a respeito do vilão, entendi seu passado, mas não como é que ele terminou como estava no fim. Cheguei a pensar que ele nem sequer era humano, e senti falta de um pouco mais de dados a respeito, e sobre seus atos.

Os erros de revisão frequentes no volume anterior quase não apareceram nesse volume. Ainda acho que as capas deveriam ter uma qualidade melhor, o livro pede por isso. O autor já disse que está escrevendo o próximo volume e aguardo curiosa para saber o que ele pretende explorar nesse universo.

Mais uma vez Leonardo nos brinda com uma obra de qualidade, que permite uma fobia do escuro e uma vontade de ter uma espada em mãos, mas mais que isso em meio a sangue, violência e vida podemos questionar nossa posição diante da vida, e conviver melhor com aquilo que nos assombra.

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