As Sombras de Longbourn - Jo Baker


Quando li a sinopse de As Sombras de Longbourn, da autora Jo Baker, publicado pela editora Companhia das Letras eu não hesitei em querer lê-lo, afinal a Inglaterra no século XIX tem grande fascinação em quem vos escreve!

No condado Hertfordshire, em Longbourn, Sarah é uma empregada da família Bennet desde que seus pais faleceram, embora seja dedicada ao seu trabalho que a toma o dia inteiro não deixa de sonhar em conhecer o mundo, especialmente Londres. Após a chegada de um novo empregado em uma casa vizinha, ela passa a nutrir mais do que sonhos, assim desejos e atitudes sobre o que ela deve fazer para ir além dos muros da casa começam a nascer dentro de sua alma.

Inspirado diretamente na obra Orgulho e Preconceito ocorre ao mesmo tempo que a mesma, entretanto acompanhamos os acontecimentos sob a perspectiva dos empregados da família Bennet. Este dado porém não chegou ao meu conhecimento antes que eu começasse o livro, logo eu acredito que não ter lido Orgulho e Preconceito faz com que eu perca uma parte da beleza da estória. Sim eu assisti ao filme, mas honestamente fazem muitos anos e me lembro pouco. Acredito que quem tenha lido o livro deva aproveitar o livro muito mais.

Sarah é uma jovem muito inocente que sonha com lugares melhores porque sofre na casa em que está, não por maus tratos como era comum na época, porque tanto a família Bennet como os demais empregados a tratam bem, mas pela dureza de seu trabalho que maltrata o corpo e cansa seu espírito. Logo ela sempre sonha em conhecer outras cidades, entretanto com o passar do tempo ela começa a questionar se seu sonho é algo belo apenas em sua mente.

O casal Hill são os empregados mais velhos, a Sra. Hill é a governanta, e tenta ter controle completo de tudo que acontece na casa, junto a Sarah e Polly. Ela as tem como filhas, e tenta sempre transmitir o melhor para ambas. O Sr. Hill já está velho e doente, por conta disto acaba sendo substituído em algumas funções por um novo funcionário, James, um jovem misterioso que se mostra muito prestativo, mas que desperta sentimentos estranhos em Sarah.

James têm segredos em seu passado, mas os guarda fundo, tentando ser o mais discreto e calado possível. Este comportamento desperta em Sarah desconfiança e ao mesmo tempo mais atenção do que o normal dela por ele. Este casal até desperta alguma torcida, mas em geral é um pouco passivo demais.


Repeteco – Bryan Lee O'Malley


Katie levava uma vida normal e tinha grandes planos para o futuro: abrir um novo restaurante. Por ser uma chef talentosa e muito elogiada e ter encontrado o local perfeito, ela já estava no caminho certo para realizar seu sonho. Porém algumas coisas começam a dar errado: as obras estão atrasadas, uma garçonete do seu restaurante atual se machuca, seu relacionamento com o chef jovem azeda e seu ex-namorado reaparece para bagunçar sua cabeça.
Quando tudo parece desesperador, eis que surge uma nova chance. Na calada da noite, uma garota misteriosa aparece em seu quarto juntamente com a lembrança de um sonho, que a faz ter vontade de vasculhar a gaveta da cômoda que estava ali antes de se mudar. Lá dentro encontra uma caixinha contendo um cartão de instruções, uma caderneta intitulada “Meus Erros” e um misterioso cogumelo.
Katie decide se arriscar e cumpre as regras. Quando acorda, nota que sua vida ganhou um repeteco e ela vai poder refazer o erro que tinha cometido anteriormente. E cada vez que uma nova coisa sai errado em sua vida, ela não consegue resistir à vontade de mudar tudo novamente. Porém, todos sabem que com o destino não se mexe. E Katie vai acabar descobrindo isso de uma forma nada agradável.
Gosto bastante de Graphic Novels, então sempre incluo alguma nas minhas leituras. A da vez foi essa de Bryan Lee O'Malley. O autor/ilustrador é bastante conhecido por seu trabalho com a série de HQ Scott Pilgrim, que já foi adaptado para os cinemas. Nunca tinha lido nada dele e sempre escuto ótimas críticas, então queria conhecê-lo. Gostei bastante dessa primeira experiência.
A gente consegue se identificar com Katie e seus problemas, que são bem reais. É uma leitura leve, rápida e também bastante reflexiva, que nos faz pensar na vida e inspira pensamentos mais profundos, como não podemos mudar algumas coisas, mas, sim, aceitá-las. E que conseguimos ser felizes com o que temos, mas precisamos ter coragem para modificar o que podemos.





Molly – Colin Butcher


Quando li a sinopse desse livro fiquei encantada com o que parecia ser a história e queria muito começar a lê-la o quanto antes. Mesmo não sendo o tipo de leitura que geralmente faço, não consegui resistir a essa cadela maravilhosa. Portanto, assim que tive a oportunidade comecei essa leitura e agora venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Nesse volume conhecemos a história de Colin Butcher, um ex-policial que resolveu criar uma agência para procurar animais desaparecidos. Depois de perceber que precisava de ajuda para aprimorar os seus serviços e encontrar os animais o mais rápido possível, ele resolveu procurar um cão calmo para não assustar os outros animais e para ser especializado em reconhecimento de cheiros. Quando ele conheceu Molly, uma cadela que havia sido abandonada pela terceira vez, foi amor à primeira vista. Mesmo ela sendo diferente do que ele estava buscando, já que ela é elétrica, cheia de energia e temperamental, ele ficou encantado. Colin, então, adotou Molly e ela passou a ser treinada por especialistas para conseguir distinguir os cheiros e rastreá-los.
Vemos como aos poucos Molly foi conquistando todos ao seu redor, até mesmo a namorada do Colin que não gostava de cachorros. Vamos acompanhando, então, as inúmeras aventuras emocionantes protagonizadas por Molly e nos apaixonamos por cada um dos seus casos, seja na busca por Rusty, um gato fujão, o roubo da cachorrinha Buffy, o desaparecimento de Newton ou até mesmo no caso das joias roubadas e enterradas em uma floresta. Foi maravilhoso poder acompanhar muitos dos seus casos e me peguei querendo uma Cocker Spaniel igual a Molly para me fazer companhia. O legal é que esse volume também trata sobre a importância da adoção de animais.





Anjo Mecânico – As Peças Infernais #01 – Cassandra Clare


Londres Vitoriana...século 19...1878...somos levados para o mundo dos caçadores da sombras, Nephilins cuja missão é proteger o mundo dos demônios e seres do submundo. Essa é a atmosfera de Anjo Mecânico, primeiro livro da série As Peças Infernas, da autora Cassandra Clare pela editora Galera Record.

Tessa Gray tem dezesseis anos e depois da morte da tia em New York e a convite do irmão Nathaniel segue para Londres, onde é recebida por duas mulheres estranhas, as irmãs Black e Dark que a levam para uma casa onde a mantém como prisioneira. O que Tessa não sabia era que elas tinham um interesse específico sobre ela, no poder que até então ela não sabia possuir. Quando o jovem Will a resgata ela passa a buscar por seu irmão e tentar entender o que é, a jovem se vê diante de um mundo que nunca mais será igual.

Cassandra Clare despensa apresentações, é uma autora excelente que escreve de forma viciante e apaixonante, sua outra série Instrumentos Mortais, que sou fã é assim, e com Peças Infernais não é diferente. O modo como ela cria a trama que vai aos poucos se ligando é incrível, assim como as pontas que ela deixa para o próximo volume.

Tessa Gray é uma personagem teimosa, depois de ser enganada ao chegar em Londres não acredita em nada que lhe dito pelos caçadores das sombras, isso chega a ser irritante na personagem que passa mais tempo desconfiando do que descobrindo os fatos. Mas no geral é uma menina normal que se vê diante de uma nova vida que terá que se acostumar, além da descoberta do amor cujo qual nunca dispensou atenção antes. Diante de um problema ela age, não é mocinha, mas protagonista de sua vida mesmo diante do desconhecido.

Will Herondale é um personagem misterioso, tem um passado misterioso que esconde. Lembra muito o jeito do Jace da série instrumentos mortais, talvez porque ambos não gostam de falar sobre seu passado e sobre suas famílias, mas Will é mais rude e irônico. É um personagem com personalidade forte, que não se dobra diante de ninguém. Seus sentimentos só vem a tona quando lida com seu melhor amigo: Jem.

Jem Carstairs é frágil no que diz o seu corpo físico, e a explicação para isso é ótima! Mas sua mente é afiada e não se faz de coitado pelo sua condição. Dono de uma personalidade gentil e empática transmite segurança para Tessa em muitos momentos. É a pessoa que traz paz e as palavras certas em qualquer momento.

Os personagens secundários são ótimos, a diretora do Instituto de Londres, Charlotte me despertou curiosidade acerca de sua história, e seu companheiro Henry é um personagem doidinho que trás humor e leveza quando surge.  Jessamine é amarga, e só pensa em arrumar um modo de viver uma vida normal, nem que para isso faça coisas não muito legais, acaba por ser a menina mimada que esperamos que quebre a cara. O vilão, O Magistrado, é ardiloso e move suas cordas de forma discreta para alcançar seus objetivos, entretanto o real motivo de seu interesse em Tessa ainda não foi explicado, e isso foi o único fato que me irritou um pouco na narrativa.

O foco narrativo é bem centrado nos caçadores das sombras, embora até tenha vampiros e o famoso feiticeiro Magnus Bane dê o ar de sua graça, não existem muitas cenas e explicações para os demais habitantes do submundo. Como trata-se de uma trilogia independente essa ausência de aprofundamento nas demais criaturas pode fazer falta para novos leitores deste universo.


💕 INDICAÇÃO 💕 Elos de Ódio – Ricardo Orestes Forni


🌷 Boa Noite, gente! Tudo bem com vocês? Hoje vim indicar o livro Elos de Ódio, de Ricardo Orestes Forni, que é um Romance Espírita que li recentemente e gostei bastante.
Baseado em fatos reais, essa trama intercala momentos entre a Idade Média e os dias atuais. É uma história profunda e dramática, que mexe com os sentimentos do leitor enquanto traz ensinamentos e desenvolve reflexões e questionamentos. Já conhecia o trabalho do autor e curti ler mais essa obra escrita por ele.
Vou deixar a sinopse aqui para vocês conferirem! Indico bastante para quem gosta do tema e de obras do gênero.
Sinopse:
Elos de Ódio, romance espírita de Ricardo Orestes Forni, conta a história de Ritinha que nasce com uma enorme deformidade em seu corpo físico, sendo rejeitada pela própria mãe.
O espírito que no século XX recebeu o nome de Ritinha viveu na Idade Média na personalidade de Marcelle, dama aliada ao poder dominante da época que abusava de seu prestígio levando à tortura e morte aqueles que não professassem a sua religião.
Enquanto a dramática história de Ritinha se desenrola nos palcos terrestres, no mundo espiritual uma equipe liderada pelo irmão Virgílio acompanha toda a trama emocionante, como num curso sobre a lei de ação e reação, aprendendo na prática as consequências de nossos atos, sejam bons ou ruins.





Os Elementais - Dr. Franz Hartmann


Já disse aqui em alguma resenha (disse? rsrsrs, memória de peixe!) que sou apaixonada por elementais não? Os famosos espíritos da natureza são bastante utilizados em romances fantásticos, mas além de amá-los em romances de ficção eu estudo e leio tudo que encontro sobre eles sob o ponto de vista ocultista/espiritualista. Nessa minha busca contínua eu esbarrei com o livro Os Elementais, do autor Dr. Franz Hartmann, pela editora Ícone.

Essa obra foi traduzida pela primeira vez do original (publicado em 1894) em alemão, e é um apanhado feito pelo Dr. Hartmann sobre os elementais através de uma ampla visão em suas distintas manifestações. Mas ao contrário do que parece ele não se detêm apenas nesses seres, ele trabalha também os resíduos dos pensamentos humanos, resíduos de espíritos já desencarnados, espíritos de desencarnados e etc, fazendo uma diferenciação entre eles.

A partir de um olhar teosófico o autor evoca diversos autores como Paracelso (um médico, alquimista, físico, astrólogo e ocultista suíço-alemão do século XV) e Helena Blavatsky (prolífica escritora, filósofa e teóloga da Rússia, responsável pela sistematização da moderna Teosofia e co-fundadora da Sociedade Teosófica do século XIX) para explicar diversos conceitos do hinduísmo a respeito de todas essas diferenças de manifestações.

Entretanto não sei se por conta da tradução, ou se o autor que quis assim, eu me vi muito confusa entre todas as coisas que explorou. Na verdade compreendi o que ele quis explicar em cada uma, como por exemplo, o fato de que nem toda assombração trata de um espírito desencarnado, mas que também pode ser apenas uma energia remanescente do morto, sem inteligência.

Mas quando ele começa a usar os termos 'espíritos' e 'elementais' a coisa se confunde. Ele usou estes termos para várias manifestações diferentes, e não sei dizer se isso é  o ponto de vista teosófico a respeito destes ou  uma confusão do autor. Os termos hindus também não ajudam muito, mas possibilitam a busca posterior a respeito dos seres citados, o que já vale muito.

O livro conta com dois prefácios, um da tradutora e um do editor, fato que não compreendi visto que a tradutora praticamente repetiu o que o editor já havia dito. Quanto ao trabalho da editora a capa é bonita, a diagramação conta letras maiores do que o normal  e facilitam a leitura.

Curto e objetivo o livro tem uma narrativa bem rápida, mas não é de fácil assimilação, mesmo para os que estão acostumados a obras sobre estes pequenos grandes seres. Com frases curtas, mas com profundidade em seu conteúdo, Os Elementais é o tipo de livro que deve ser relido de tempos em tempos para retirar o conteúdo das entrelinhas. No meu caso que faço apanhado sobre o assunto só a citação de autores, pensadores e espiritualistas que comentaram o assunto já é fonte bibliográfica que vale o livro.

Não é um livro para leigos, se você nunca leu nada a respeito espere para lê-lo. Se você já leu alguma coisa a respeito, mas não tem a menor ideia do que seja o hinduísmo, busque um pouco a respeito antes da leitura. Indico o livro para os estudantes de ocultismo que busquem aprofundamento.


O Melhor do Teatro Grego – Ésquilo, Sófocles, Eurípides e Aristófanes

Hoje viemos indicar esse livro maravilhoso que reúne autores muito importantes: Ésquilo, Sófocles, Aristófanes e Eurípides com peças que estão na base da cultura ocidental, as tragédias: Prometeu Acorrentado, Medéia, Édipo Rei e a comédia As Nuvens.
A edição que li foi a Comentada da #ClassicosZahar e fiquei apaixonada! Traz vasto material de apoio, apresentação, textos introdutórios e resumo da ação de cada peça, perfis dos personagens, mais de 190 notas e tradução diretamente do grego de Mário da Gama Kury. Tudo isso ajuda bastante quem nunca teve contato nenhum com as peças, como eu, e acredito que também vai agradar quem já curte.
Ainda não tinha tido a oportunidade de conhecer essas peças e foi uma experiência incrível, que me tirou da minha zona de conforto. E acho isso enriquecedor. Vou falar um pouquinho de cada uma dessas peças e espero que vocês gostem tanto quanto eu.
📖 Em “Prometeu Acorrentado” conhecemos a história de Prometeu, que tem o dom de ver o futuro, e que após saber dos planos de Zeus para a humanidade resolve roubar o fogo para dar para os humanos, permitindo assim o início da civilização. Como castigo, ele se vê acorrentado em uma rocha por toda eternidade. Nessa trama conhecemos um pouco mais as histórias dos Deuses, o que foi bem legal, e nos permitiu conhecer mais Prometeu e sua posição moral. Essa peça é como um manifesto a tirania de Zeus, que faz de tudo para continuar no poder, sendo um clássico que nos leva a refletir bastante.


📖 “Édipo Rei” é uma tragédia grega na qual vemos o trágico destino de Édipo, já que no momento de seu nascimento, um oráculo prevê que ele iria assassinar o próprio pai e se casar com sua mãe. Então ele é abandonado ainda bebê para morrer, o que não acontece. Já adulto vai em busca de suas origens. Com uma narrativa que fala sobre destino, refletimos sobre nossas escolhas e se conseguimos alterar nosso destino de acordo com nossas ações.
📖 Em “Medéia” vemos a história e motivações dessa protagonista, que após ajudar Jáson a vencer provas sobre-humanas com o auxílio de seus poderes mágicos, se torna esposa e mãe de seus filhos. Eles vivem felizes por dez anos até que ela é abandonada pelo marido, que vai em busca de um casamento vantajoso com a filha do Rei Creonte. Determinada a se vingar, ela resolve punir o marido matando os próprios filhos e a princesa para que ele envelheça sozinho.


Demelza – Poldark #02 – Winston Graham

Depois de ter me encantado com o primeiro livro e me apaixonado por essa história escrita por Winston Graham, fiquei muito entusiasmada para ler a continuação dessa série. Agora venho compartilhar com vocês tudo o que achei.
Em “Demelza” vemos os acontecimentos logo após o primeiro título. Já estamos no dia do nascimento de Julia, sua primeira filha com Poldark. Com isso, acompanhamos uma protagonista ainda mais forte, que consegue nos conquistar em todos os momentos, pois apesar de não ser mais a menina que Ross encontrou na feira, vemos que ela ainda tem a sua personalidade e visão de mundo, mesmo após ascender socialmente.
Acompanhamos ainda Ross em sua tentativa de fazer com que o preço do cobre seja valorizado e o monopólio das companhias de fundição seja quebrado, e também entrando numa batalha pelos direitos das comunidades mineiras. E mantendo segredo para conseguir obter sucesso nessa nova empreitada.
Nesse volume cheio de encontros e reencontros, conflitos, traições e muito mais, vemos como nossos protagonistas se tornaram pessoas mais fortes e maduras. Demelza continua sendo uma mulher cheia de garra, corajosa, determinada, que luta pelos seus ideais e crenças e que completa nosso Ross. Devorei cada linha desse exemplar, que conseguiu ser tão bom quanto o primeiro volume, e nos mostra um romance maravilhoso e bem real.
Com uma narrativa rápida e fluida, essa história nos conquistou com personagens secundários incríveis, que contribuem para a trama não ficar parada, nem repetitiva, trazendo um tom de realidade, como uma história verdadeira.





A Inesperada Herança do Inspetor Chopra - Vaseem Khan


Desde que a editora Morro Branco apareceu eu espio seus lançamentos, e a lista de desejados da editora sempre cresce, alias se tem uma coisa que cresce em escala desproporcional é minha lista de leitura!. O escolhido da Morro Branco desta vez foi A Inesperada Herança do Inspetor Chopra, do autor Vaseem Khan.

Depois de muitos anos de serviço dedicado e integro o inspetor Chopra se vê obrigado a se aposentar precocemente, e em seu último dia de trabalho ele recebe duas heranças inesperadas, primeiro um caso de um jovem pobre que aparentemente morreu afogado e que ninguém tem interesse em investigar, e depois nada menos do que um filhote elefante. Através das populosas ruas de Mumbai, Chopra vai investigar os lugares que este jovem esteve e descobrir que este é um caso muito mais perigoso do que imaginava, ao mesmo tempo que em que aprender a lidar com um elefantinho que parece ser qualquer coisa menos comum!

Antes de dizer algo sobre a narrativa em si devo começar elogiando o trabalho da editora Morro Branco, que livro mais fofo, que trabalho gráfico delicado e bem executado! Desde a capa que reflete bem o clima do livro, a sua capa interna e marcador de páginas, tudo muito lindo com este pequeno elefantinho em tudo! Fiquei apaixonada por este livro fisicamente.

A narrativa de Khan foi feita em terceira pessoa em sua maior parte do tempo sob o ângulo do inspetor Chopra, os que não eram sobre seu ângulo eram sob o de sua esposa Poppy. A maior característica de sua escrita é a cultura indiana que aparece em cada página narrada desde seus costumes passados até como a Índia moderna se encontra. Khan consegue com suas palavras simples nos transportar para este país tão diferente do Brasil. Senti também que a medida que ele conta sua estória ele também trás um crítica a sociedade moderna, aos jovens que moram na Índia e que aderiram a modernidade deixando para trás os valores da cultura indiana, ao mesmo tempo que ele também questiona o status das castas e classes sociais.

Chopra é um homem certinho, daqueles que de tão certos geram piadas ao seu redor. A aposentadoria forçada não fez com que ele parasse, logo ele não hesita quando se depara com um caso de injustiça. Para resolve-lo ele terá que quebrar as próprias regras, e enfiar seus pés na lama em busca de pistas. Com a saúde frágil ele ousa mais do que deve, e isso me soou um pouco forçado, já que até então ele não havia quebrado regras para nada, e agora que não pode não só por princípios, mas por saúde ele as quebra. Algo no desenvolvimento do personagem escapou, e terminou estranho. Seu desfecho parece ter acontecido longe das páginas do livro, logo quando ele explica algumas de suas atitudes você sente que perdeu alguma parte de sua estória.

Poppy sua esposa embora siga os costumes é ao mesmo tempo entusiasta da modernidade, do que a televisão e as revistas ditam. É uma esposa dedicada, mas nunca pode dar filhos ao marido, o que gera seu maior trauma, e ao mesmo tempo medo que seu problema acabe fazendo com que o marido a abandone. Ela é um personagem leve, que vezes soava ligeiramente engraçada com sua tendência ao exagero e escândalo, mas senti falta de mais páginas com seu desenvolvimento, ela traria maior riqueza a trama.

Ganesha é o bebê elefante que Chopra herda do tio. Ao recebê-lo o tio envia uma carta dizendo que o bebê não é comum, mas é só com o tempo que o investigador começa a tomar a dimensão que este fato tem. O fato é que ter um elefantinho na estória deixa tudo mais doce e criativo, e claro demarca também a cara indiana que a trama tem. Ganesha é muito fofo, como um filhote deve ser!


Dry Spell – Vi Keeland


Depois de um período de seca, Ava decide tomar uma atitude e se arruma de forma sexy para fazer uma surpresa a Evan Little. Só que nada sai como o esperado quando ela o encontra numa cena comprometedora. Sentindo-se humilhada, ela sai porta afora trajando quase nada. E no elevador encontra o lutador Smith, um homem interessante e gentil – além de lindo.
Como já comentei algumas vezes, Vi Keeland é minha autora favorita de Romances Contemporâneos. Por conta disso, quero ler todos os livros que ela escreve. A Editora Charme já havia publicado esse conto exclusivamente em E-Book gratuito em 2018, quando li pela primeira vez e simplesmente A-D-O-R-E-I!
No final de 2019 elas me deixaram ainda mais feliz quando publicaram uma edição física (também gratuita, que vinha de brinde para quem comprava diretamente na loja virtual da editora), que, é claro, eu PRECISAVA ter na estante porque sou fã de edições físicas, principalmente de autores que amo. Então reli e me apaixonei novamente e agora vim contar um pouco para vocês sobre essa obra que é curtinha e deixa um gostinho de quero mais no final!
Ava é incrível! Independente, inteligente, poderosa no trabalho, com ótima autoestima e dona de uma personalidade forte. Também gostei bastante de Smith, com seu jeito tranquilo e atencioso.
A trama é bem curtinha, então não posso comentar muito se não perde a graça, mas vale bastante a pena. Adoro as cenas que Vi escreve dos personagens se conhecendo e dessa vez não foi diferente. E curti bastante o casal! Além do mais, a história é divertida, leve e deixa um gosto delicioso de vingança no desfecho!





Uma Canção de Natal – Charles Dickens


Amo ler Clássicos e sempre gostei de assistir aos filmes que abordavam os fantasmas do Natal Passado, Presente e Futuro. Por isso já queria ler “Uma Canção de Natal”, obra do incrível Charles Dickens, que criou esse mundo. Agora finalmente consegui ler esse exemplar e venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Nesse volume conhecemos Ebenezer Scrooge, um homem amargo, frio, pão duro, que não gosta do Natal e é uma pessoa bem desprezível. Até que ele recebe a visita do seu ex-sócio Jacob Marley, falecido há sete anos, lhe falando sobre como suas atitudes o levaram a ficar vagando acorrentado. E avisa que nosso protagonista receberia a visita dos três fantasmas do Natal para lhe darem a oportunidade de mudar sua vida e não ficar vagando como ele.
Ao receber essas visitas, vemos como Scrooge era quando mais novo, quando ainda era um bom menino, e como foi se tornando uma pessoa amarga e que julga os outros, e quais consequências teria no futuro pelas suas atitudes. Conhecemos um pouco mais sobre a vida de seu assistente Bob Cratchit, o qual, mesmo sendo maltratado, sempre teve bons pensamentos sobre ele. E conhecemos também um pouco sobre seu sobrinho, um jovem de bom coração.
Esse livro é bem rapidinho e traz uma mensagem bem importante sobre o espírito do Natal e essa época tão mágica, e como devemos sempre ajudar ao próximo. Na edição da Companhia das Letras pelo selo Penguin Companhia, encontramos uma introdução feita por Sandra Sirangelo, que explica que Dickens escreveu essa obra para tentar influenciar os indivíduos a não perderem a magia do espírito natalino e promover o sentimento de união entre as pessoas.


Acerto de Contas – John Grisham


Como já li alguns dos livros de John Grisham no passado e curti sua escrita, tinha vontade de ler outras de suas obras na atualidade. Quando surgiu a oportunidade, resolvi ler seu lançamento mais recente no Brasil, “Acerto de Contas”, pois a sinopse parecia trazer uma história incrível e intrigante.
Nesse volume conhecemos Pete Banning, um herói da 2ª Guerra Mundial, pai devotado e amoroso com os seus filhos, Joel e Stella, que estavam longe estudando, marido apaixonado pela esposa Liza, fazendeiro próspero, um homem bom e membro fiel da Igreja Metodista. Certa manhã, em 1946, Pete entra na Igreja e mata o reverendo Dexter Bell com três tiros. Isso acabou chocando todo mundo, ainda mais porque ele não quis dizer para ninguém as suas motivações. E mesmo que tenha que ir para a cadeira elétrica não revela nada. Como ambos eram muito queridos pela cidade, nenhum morador podia imaginar o que havia acontecido.
Dividido em três partes, na primeira vemos o crime e as consequências causadas por ele, na segunda vemos nosso protagonista na guerra quando era um soldado, e nesse momento temos cenas de violência mais explícitas. E a terceira e última parte, que deu o título ao livro, traz o acerto de contas, e vemos os segredos, intrigas, revelações e a disputa no tribunal.
Com muitos segredos de família, reviravoltas e um final surpreendente, esse volume consegue nos conquistar com um bom thriller jurídico com suspenses e bastante drama, em uma narrativa fluida e muito bem construída. Conseguimos notar todo o trabalho de pesquisa do autor para trazer um pouco sobre a 2ª Guerra Mundial, especificamente nas Filipinas onde soldados americanos foram aprisionados pelos japoneses.





A Espiã - Paulo Coelho


Quando comecei minha fase de leituras diárias e em sequência um dos autores que eu mais lia quando mais nova foi Paulo Coelho, por ser adepta de leituras espiritualistas ele me parecia adequado. O tempo passou e nunca mais li nada que saiu do autor até que surgiu a chance de ler seu último lançamento, A Espiã, publicado pelo selo Paralela da Companhia das Letras.

Mata Hari foi uma dançarina a frente do seu tempo, executando danças exóticas que terminavam com ela sem roupa. Com isso ela se tornou alvo da imprensa e de homens da alta sociedade com dinheiro e poder político. Com uma busca incessante por liberdade ela se envolveu em tramas da primeira guerra mundial, e pagou caro pela sua liberdade de moralismo e costumes.

Narrado em primeira pessoa na parte 1 pela própria Mata, e na segunda parte pelo seu advogado de defesa, a narrativa de Coelho não lembra as antigas leituras que fiz do mesmo, não sei se pela temática muito diferente ou por uma mudança de escrita, mas todos os fatos correram de forma rápida, objetiva, sem reflexões ou pensamentos além do raso. O objetivo do autor foi recontar a estória desta mulher que foi condenada a morte inocentemente por se envolver com as pessoas erradas no momento errado. Diversas fotos originais aparecem pelo livro, tanto de Mata como de jornais.

Mata, nascida Margaretha Zelle, nasceu na Holanda e escolheu casar para sair de seu país, mas com uma escolha feita pelas páginas do jornal não foi bem sucedida, o marido foi péssimo para ela. E como não conseguia se ver presa a infelicidade para sempre, ela abandona o marido e  a filha para ir para França e se tornar dançarina. Infelizmente o livro começa com sua execução, então não existe surpresa em momento algum de nada, apenas conhecemos como ela se tornou dançarina e se envolveu com espionagem.

Ela era uma mulher vanguarda, mas sem muita inteligência, já que acreditava que o sexo justificava para alcançar seus objetivos, sem se dar conta das consequências. Em meio ao estouro da primeira guerra ela não hesita em se meter na política, mesmo quando foi aconselhada a se afastar disto, tudo pelo capricho de voltar a Paris. Com isso ela não desperta empatia ou solidariedade, pois é teimosa e não resguarda a própria segurança. Não dá para torcer por alguém tão vaidosa como ela!

Nenhum personagem além de seu advogado passa tempo suficiente na trama para que conhecêssemos ou nos envolvêssemos. Tudo é muito focado na personagem, mesmo quando a mesma conhece ninguém menos que Picasso, tudo se passa de forma muito superficial. Porque não brincar um pouco com ícones tão interessantes?

O livro é interessante do ponto de vista histórico para conhecer os bastidores da época, como quando Mata chega a Paris e a Torre Eifel ainda não tinha seu nome, e ainda poderia ser desmontada. Mas do ponto de vista literário ou até biográfico (embora Coelho diga que esse não é seu objetivo) o livro é fraco. Mesmo que a estória já havia sido delineada pelos fatos reais, não é nada empolgante. Acredito que o autor poderia usar a estória para passar mensagens, seja quanto aos crimes comentidos na guerra, seja quando ao tratamento com as mulheres.