Daisy Jones & The Six - Taylor Jenkins Reid

Nos anos 1970 todos conheciam a banda de sucesso Daisy Jones & The Six. Sempre no topo das paradas, movia plateias enormes, lotava shows e conquistou inúmeros fãs. Todos os amavam e muitos queriam ser como eles. Mas em 12/07/79 tudo acabou. O que aconteceu e o que os levou ao fim?
Daisy Jones era um ícone, sempre quis escrever músicas e cantá-las tocando os ouvintes. Ela queria ser alguém e fazia o que queria para chegar ao topo. E inspirava uma geração de garotas descoladas. The Six surgiu pequena e confiante. O vocalista, Billy Dunne, sabia como queria gerir “sua banda”, deixando bem claro, e escrevia as músicas e cantava. Quando um produtor os uniu, um fenômeno foi formado movendo multidões.

Através de entrevistas com relatos, viajamos ao passado para o cenário do Rock regado a muitas drogas, bebidas e sexo e conhecemos a verdade por mais feia que fosse.
Curti como a obra foi apresentada, as entrevistas parecem reais e se encaixam perfeitamente, criando um cenário incrível. A trama é muito visual, as descrições, a forma como fala dos sentimentos, cenários, músicas, faz com que a gente “veja” tudo. O clima do cenário musical dos anos 1970 ficou bacana. Daria um ótimo filme.
A escrita tem um tom poético e reflexivo com passagens inteligentes, outras motivadoras e até umas questionadoras. Separei ótimos quotes! Gostei de todos os personagens, mas me incomodei com muitas atitudes. Em um momento eu amava, depois xingava. As personagens femininas são destaque, pois são fortes, decididas e fazem/são o que querem, independente de opiniões alheias.




To Love Jason Thorn - Ella Maise

Olive conheceu Jason Thorn quando sua família se mudou para perto e ele se tornou melhor amigo de seu irmão. Mesmo com 7 anos, ela ficou impressionada com seu sorriso de covinhas e o pediu em casamento. Mas claro que eram muito novos. Conforme os anos passam, Olive fica mais encantada. E logo fica apaixonada... até ele partir seu coração. Depois que a família dele enfrenta uma tragédia, Jason se muda e o contato deles também.
Passados alguns anos, Olive escreve um livro que vira best-seller e um estúdio quer transformá-lo num filme. Ela fica imensamente empolgada com a situação, mas não poderia prever que o ator que eles querem no papel de protagonista seja justamente Jason Thorn! Porque a vida fez bem para ele nesse sentido, e agora é um dos astros do momento, abalando os corações e as estruturas de todos por onde passa.
Olive ainda não consegue olhá-lo nos olhos e Jason está passando por algumas questões relacionadas a sua imagem pública. Com algumas reviravoltas do destino, agora Olive e Jason vão se casar. Parece um sonho, mas a realidade é bem diferente...
Esse é meu 1º contato com a escrita de Ella Maise e já estou apaixonada! A trama é leve, divertida, envolvente e muito gostosa. Os personagens são completamente carismáticos, incríveis e apaixonantes, o tipo de pessoa que desejamos como nossos amigos da vida real!
Os capítulos são intercalados entre Jason e Olive e narrados em 1ª pessoa, o que é maravilhoso, porque assim temos a chance de conhecê-los melhor individualmente, assim como seus passados, e também vê-los interagindo, os sentimentos surgindo e/ou se fortalecendo. Amei acompanhar essa jornada e ver o relacionamento tomando forma. Foi fofo, de fazer suspirar em alguns momentos e de aquecer o coração em outros.



O Labirinto do Fauno - Cornelia Funke e Guillermo del Toro

Sou uma grande fã do trabalho do diretor Guilhermo Del Toro, e entre seus trabalhos, O Labirinto do Fauno, é com certeza junto a Hellboy, um dos meus favoritos. E a pedido do diretor a autora Cornelia Funke reescreveu a saga desta criança na Espanha. Publicado por aqui pela editora Intrínseca, o livro nos leva para este momento tenso da história.

Na Espanha do ditador Franco, a jovem Ofélia junto de sua mãe grávida seguem para um lugar isolado, junto de um capitão que luta contra os rebeldes que querem derrubar o governo. A floresta, que cerca este moinho, não é apenas um lugar obscuro como também lar de criaturas mágicas habitantes do reino subterrâneo que procuram por sua princesa desaparecida, uma princesa que parece que finalmente voltou ao lar.

No final do livro Funke descreve como foi o processo de criação do livro, acho que esta explicação deveria ser posta logo no começo do livro, porque já deixa claro que a estória original do filme segue idêntica no livro, a autora quis colocar sem modificação tudo com exatidão, já que acredita que Del Toro foi genial em sua obra ( ela não utilizou o roteiro, ela assistiu o filme diversas vezes e escreveu a partir dele).

Após um encontro com o diretor o que Cornelia fez de próprio punho foram os diversos contos, que eles chamaram de interlúdios, para detalhar diversos aspectos da trama e as estórias de cada personagem. Estes contos são como pedaços de retalho que depois de costurados não soam como partes unidas, mas como unidade, com uma narrativa linear. A origem do Homem Pálido, por exemplo, é descrita, assim como do próprio Fauno, e de toda a família real do Submundo. Estes contos assim como todo o livro é narrado em terceira pessoa através de uma escrita muito fluida e que nos prende e instiga a saber cada vez mais.

Toda a atmosfera pesada e gótica que o filme têm também é encontrada no livro, é de fato uma tradução literal nos sentidos também, mas não por isso sem valor, já que possibilita uma reflexão diferente do que o cinema permite, visto que o livro tem uma passagem de tempo mais lenta, e nos acompanha por mais horas do que o filme.

Todos os sentimentos que senti ao ver o filme eu os tive no livro, a angústia de ver uma criança tão pequena em meio um caos de uma guerra civil. A mãe da jovem morrendo dia a dia com um marido cruel. As criaturas que têm índoles duvidosas e que não deixam claro seu lado da moeda. Tudo está lá, com riqueza e sem poupar o leitor de nenhum detalhe que poderia ser atenuado. A injustiça que nos acompanha por todo o livro é revoltante do começo ao fim como nas telas.

Ofélia é uma criança muito destemida e curiosa, seus sentimentos perante a sua realidade são ricos. Quando ela conhece o outro mundo, ela o agarra porque seu mundo não faz mais sentido. E o amadurecimento que ela tem ao longo da trama é muito visível.

A pergunta que continua é se a estória é uma fantasia, uma realidade fantástica, onde o real se mistura com outro mundo. Ou trata-se apenas de uma realidade onde uma garotinha diante de tanta violência e crueldade acabou sofrendo com visões para conseguir lidar com a realidade. Eu como boa sonhadora que sou, fico no grupo de que o mundo subterrâneo é real.






Editora EME: Episódio da Vida de Tibério + O Evangelho de Maria Madalena


🌷Boa Noite, gente! Tudo bem? Hoje viemos falar sobre a @editoraeme. Vocês já conhecem? Com + de 35 anos de divulgação do espiritismo, publica romances, autoajuda, infantojuvenis, estudos, etc. Hoje trouxemos 2 indicações:
📖 Episódio da Vida de Tibério - Wera Krijanowskaia
Essa trama verídica retrata um período onde grandes imperadores usavam seus poderes para agir através de ódio, vingança, intolerância, etc. A obra traz os relatos de Tibério, Lélia, Veleda e Astartos sobre a mesma história.
Conhecemos Tibério, imperador de Roma, dono de um caráter cruel e sanguinário. Sabemos sobre seu fascínio por Lélia, jovem princesa germânica que perdeu sua família e foi trazida a ele para se tornar escrava depois de uma batalha sangrenta. Ele fazia tudo para se apoderar do seu amor, para que ela curvasse às suas ordens, mas Lélia era firme e não temia a morte. Sofreu muito, pois ele nutria um amor doentio e queria a todo custo forçá-la a amá-lo, mas ela não abaixou a cabeça nem cedeu, sofrendo consequências.
Veleda também sofreu muito, mas nas mãos de outro poderoso, Galho. Com 17 anos, era uma das mais belas de Pompeia e seu destino não foi menos cruel, mas ela também era firme. Elas se tornaram amigas no sofrimento e na dor. E sempre nutriram muita coragem. Astartos era um domador de feras e centurião de Roma.
A obra é intensa, por vezes dolorosa, e provoca angústias no leitor ao mesmo tempo em que desperta orgulho por saber que mesmo naquela época terrível para as mulheres, algumas eram fortes e lutavam por si.




📖 O Evangelho de Maria Madalena - José Lázaro Boberg
Existem controvérsias sobre quem foi e o que foi Maria Madalena para Jesus. E essa obra traz textos que abordam o assunto. Em 1938, chegaram ao conhecimento do público fragmentos de papiros do Séc. IV no Egito que contavam fatos sobre a vida, morte e ressurreição de Jesus escritos por uma mulher, que, mesmo após a morte Dele, não perdeu a fé e afirmava conversar com Ele através de visões, colocando em prática seus ensinamentos. Alguns trechos foram repetidos e o autor não trouxe exatamente informações concretas sobre seu estudo. Mas a obra é interessante.






Intrigas da Corte – Tudor #02 – Elizabeth Fremantle


Após ter lido “Xeque-Mate da Rainha”, fiquei encantada com a escrita de Elizabeth Fremantle e querendo saber ainda mais sobre os Tudor. Esse volume traz a história das irmãs Katherine e Mary Grey, primas das rainhas Mary I e Elizabeth I, que após a execução de Jane, a irmã mais velha de ambas que assumiu a coroa por pouco tempo, são vistas como ameaça, pois possuem sangue Tudor e muitos as consideram herdeiras legítimas, não reconhecendo as filhas de Henrique VIII como sucessoras ao trono.
Katherine e Mary Grey não têm interesse nenhum no trono e gostariam de ser livres, mas estão cientes do sangue que carregam e por isso vivem sempre alertas. Conhecemos, então, as personalidades dessas irmãs e seus anseios. Katherine é uma jovem romântica, sonhadora, que deseja se casar e se apaixona muito fácil. Já Mary é inteligente e de bom coração, que tem uma deficiência na coluna que faz ser vista como torta, por conta disso não representa perigo ao trono e recebe constantemente vários olhares por conta de sua aparência.
Quando Mary I permanece no trono, se mostra uma pessoa de personalidade difícil e por muitas vezes cruel, não tem medo de executar quem não cumpre a lei. Quando morre, Elizabeth I assume o trono e para não perder o trono acaba tomando decisões cruéis como a sua irmã. Por conta da sua incapacidade de gerarem um filho, novamente existe a possibilidade de Katherine Grey assumir o poder, fazendo com que ela tenha uma vida bem complicada na corte.





Fique Onde Está e Então Corra - John Boyne

Eu não sei como alguns autores conseguem manter a qualidade em todos os seus livros, conseguindo atrair até quando escrevem uma bula de remédio! Na leitura do meu sétimo livro do autor John Boyne, Fique Onde Está e Então Corra, publicado pelo selo Seguinte não foi diferente dos demais livros do autor, me arrebatou!

O aniversário de cinco anos de Alfie Summerfield ficou marcado para sempre em sua vida, enquanto ele fazia aniversário começava também a primeira guerra mundial, e poucas pessoas compareceram a sua festa. O maior choque se deu quando seu pai se alistou e partiu para batalha. E depois de alguns anos o garoto parou de receber as cartas do pai. Quando ele já acreditava que ele estava morto, Alfie descobre o paradeiro do pai e parte em uma missão secreta de resgate.

Eu ainda não sei como Boyne consegue através da sua narrativa de forma consecutiva narrar estórias tão densas, tristes e profundas com uma mão tão leve e realista, como é o caso desta obra que tem sua narrativa sob a ótica do pequeno Alfie. Com uma lente de esperança e inocência o autor consegue narrar em detalhes o dia a dia de quem viveu em Londres durante a guerra, como o papel das mulheres que ficaram e tiveram que trabalhar e mesmo assim não conseguiam comprar comida, dos homens que se negaram a lutar e foram hostilizados pela população, assim como dos soldados que voltaram, e que além de seus machucados físicos desenvolveram neuroses de guerra.

Alfie é apaixonado por livros, mesmo quando ele apenas tinha lido sucessivas vezes Robinson Crusoé. Muito inteligente e perspicaz, ele conseguia com muita facilidade entender aquilo que não era dito pelos adultos através da observação. E mesmo aquelas coisas que ele não compreendia ele era capaz de sentir com sua intuição. Com objetivos muito honestos e ingênuos, mesmo quando tinha ações perigosas, o jovem desperta uma enorme empatia no leitor diante do tamanho de sua coragem.

Nas primeiras páginas quando Alfie ainda tinha apenas cinco anos, Boyne conseguiu transmitir com riqueza de detalhes o pensamento de uma criança diante da realidade, como a falta de noção da passagem do tempo, achando que pessoas com vinte anos eram muito velhas.

"Georgie e Margie eram muito velhos quando se casaram - disso Alfie sabia. Seu pai tinha quase vinte e um e sua mãe era apenas um ano mais nova. Alfie achava difícil imaginar como seria ter vinte e um. Pensava que seria difícil escutar as coisas e que a vista ficaria um pouco enevoada" (Pág. 14)

Como complemento a realidade temos alguns vizinhos do jovem com características distintas que trazem outros dados a estória, como o melhor amigo do pai que não foi a guerra, um pai e uma filha (que é melhor amiga de Alfie) que são levados para as Ilhas Man por parecerem alemães, e as diversas mulheres que aguardavam diariamente que nenhum militar as procurasse com a notícia da morte de seus entes queridos.


Uma Mulher Na Escuridão – Charlie Donlea


No verão de 1979, vários crimes contra mulheres aconteceram, sem que um culpado fosse revelado. Angela Mitchell, uma mulher aparentemente comum, desvendou os crimes e o assassino e enviou as provas para a polícia, mas, antes de ser interrogada, some sem deixar rastros. O Ladrão, alcunha do criminoso, foi preso pela morte dela mesmo sem um corpo ou provas reais.

40 anos depois, ele vai ser posto em Liberdade Condicional com a ajuda do advogado, o pai de Rory que faleceu há pouco tempo, deixando a filha encarregada do caso. Com uma inteligência marcante e ótimas habilidades, ela encontra pistas e começa a reconstruir o passado de Angela e sua investigação, chegando cada vez mais próxima da verdade. Enquanto isso, outros assassinatos ocorrem no presente que parecem replicar o modus operandi. Porém, alguns segredos podem mudar a vida de Rory e aproximá-la cada vez mais do perigo.

Depois de ouvir tantos elogios sobre Charlie Donlea, tanto de pessoas próximas como familiares e amigos quanto através de resenhas maravilhosas que li, estava empolgadíssima para conferir seu trabalho. E quando esse novo livro foi lançado, sabia que precisava começar por ele. Então esse foi meu primeiro contato com o autor e devo dizer que ele realmente é tudo o que todo mundo diz por aí.

A narrativa de Donlea é instigante e incrivelmente fluida. Provavelmente foi o livro do gênero que li de forma mais prazerosa até hoje. Ele tem uma maneira de nos prender e ficar ávidas por mais ao mesmo tempo em que entrega uma trama ágil, que faz com que a gente mergulhe nas páginas e não veja o tempo passar e, quando percebemos, estamos no fim.

Só estava esperando me surpreender um pouco mais com as revelações, porque eu já tinha acertado tudo bem antes de elas de fato serem feitas. Até pensei que teria outra reviravolta para me dizer que estava errada, mas isso não aconteceu. E achei alguns pontos bem repetitivos.





A Louca dos Gatos – Rabiscos da Sarah #03 – Sarah Andersen

Já comentei algumas vezes o quanto gosto das tirinhas de Sarah Andersen, pois, além de engraçadas e inteligentes, falam diretamente com o leitor de forma íntima, pessoal e de fácil identificação. É quase impossível não se identificar com pelo menos um dos temas abordados, já que são bem atuais e importantes na sociedade.
Pelo título desse volume, algumas pessoas criam uma ligação instantânea e outros podem achar que o texto não vai falar com elas, mas não se prendam a ele, pois a obra traz outros assuntos relevantes. Ela fala sobre gatos porque tem uma grande paixão por esses animais fofos, que lhe ajudam em diversos momentos e fazem parte de sua vida, assim como podem fazer o mesmo por variadas pessoas, mas não são o foco do exemplar.
Aqui, vamos encontrar tirinhas sobre a sociedade atual, como é viver com as expectativas das outras pessoas (e nossas também) e sermos diferentes ou falharmos em algo, fala sobre depressão, amor, amizade, mulheres, autoestima, confiança, zona, de conforto, relacionamentos, livros, ansiedade, conquistas, como lidar com a pressão, etc.
Outro assunto que ganhou destaque foi a arte. O que é ser um artista hoje, como lidar com críticas e pessoas que não confiam em você e tentam te deixar para baixo, como acreditar em si mesmo e não desistir, mostrando seu trabalho, não deixando as opiniões alheias te afetarem, aceitando que cada pessoa é diferente e especial e sua arte é tão boa quanto a de qualquer outra.

As tirinhas são independentes e não seguem uma linearidade, em um momento ela fala sobre um tema e em seguida algo diferente. E é bem bacana, pois a leitura flui muito bem e abrange tudo de forma leve, rápida, divertida e gostosa.







Oblivion Song #01: Canção do Silêncio - Robert Kirkman, Lorenzo De Felici & Annalisa Leoni

10 anos atrás houve um acontecimento estranho e inesperado na Filadélfia, causando uma ruptura na dimensão de espaço-tempo e enviando 300 mil moradores para Oblivion, outra dimensão habitada por criaturas horríveis e o terror sempre à espreita.
Nathan Cole é um pesquisador que consegue visitar o local e salvar indivíduos, mas, tendo passado tanto tempo, ninguém acredita que vai conseguir muitos avanços e os gastos são exorbitantes. Então o governo encerra as buscas. Porém, ele não quer desistir e não vai deixar seu projeto para trás, inclusive porque quer encontrar alguém. Para isso, faz viagens solitárias e perigosas para lá. Mas talvez a pessoa não queira ser achada. Quando Nathan está prestes a conseguir algo, uma reviravolta traz revelações cruciais.
Essa HQ de ficção científica traz um cenário devastador com um clima pós apocalíptico bem trabalhado. Na minha opinião o autor escolheu dar mais ênfase ao comportamento humano nesse volume inicial, explorando luto, determinação, arrependimento, dor, culpa, traumas, entre outros.



Não conhecia os trabalhos do autor e dos artistas, mas curti muito. A escrita de Kirkman (de The Walking Dead) é leve, direta e interessante. A ilustrações de Lorenzo coloridas por Annalisa deram o tom certo a narrativa, dando vida à história e uma atmosfera sombria, aterrorizante e angustiante.
Me senti desolada porque o exemplar é bem curto e finaliza justo quando as descobertas começam. Então é bem introdutório e só nos apresenta os pontos iniciais do que aconteceu no passado e como a população ainda está lidando com isso depois de uma década.






Encontre-me Ao Entardecer - Rosa Entre Margaridas #01 - Lucy Vargas

Eloisa Durant leva uma vida bem agradável, já que dificilmente age de acordo com as regras do pai, e frequentemente sai para se encontrar com seus amigos, divertindo-se bastante nos passeios. Ela ainda é bem jovem, porém já conhece seu futuro e está bastante satisfeita com ele, afinal vai se casar com seu primeiro amor, Thomas Dumn, filho único e herdeiro de um conde. Porém, algumas reviravoltas acontecem na vida de Eloisa e fazem com que seu mundo mude completamente.
Eugene Harwood, filho mais novo do Duque de Betancourt, se alista e vai lutar na guerra. Seu irmão mais velho acaba sendo salvo por ele, mas seus ferimentos são graves demais para lhe dar esperanças de muito tempo de vida. Eugene também voltou bem ferido, mas tem chances de cura, então se isola em sua propriedade até se recuperar e voltar a andar. Amargurado com sua situação e incomodado com a vida, ele não recebe muitas visitas e nem frequenta eventos. Mas Eloisa faz questão de sempre estar presente, trazendo um sopro de esperança e uma pitada de alegria, até que tudo muda.

Algum tempo passa até que eles se reencontrem. Ele está interessado em conquistar Eloisa, mas ela não parece aceitar muito essa decisão e ele vai precisar se esforçar se quer reverter isso.
Esse é meu 3º contato com a escrita da brasileira Lucy Vargas e mais uma vez gostei bastante da leitura. Algo que me atrai é que os protagonistas não se apaixonam perdidamente logo de cara, pelo contrário, esse relacionamento vai sendo construído aos poucos, e eles passam por todas as etapas antes de ficarem juntos: meros conhecidos para uma amizade leve, depois um passa a se importar mais com o outro, para o início dos sentimentos surgirem e depois evoluírem para algo mais.






Escrever Ficção – Luiz Antônio de Assis Brasil


Sempre tive vontade de participar de uma oficina de Escrita Criativa, porém por motivos como falta de tempo, dinheiro, disponibilidade, etc., nunca consegui ter essa oportunidade. Quando vi que esse título estava sendo lançado pela Companhia das Letras, percebi que era uma oportunidade de aprender mais sobre o assunto com um autor que tem 34 anos de experiência na área. Sendo assim, sabia que precisava lê-lo quanto antes.
Luiz Antônio traz inúmeras dúvidas apresentadas por seus alunos e discute com a gente argumentos interessantes para explicar e sanar essas questões. Nos ajuda em vários conceitos, auxilia com conselhos e técnicas utilizadas por ele e sempre aborda que não existem regras na literatura.
É um ótimo volume para autores iniciantes que querem começar na arte da escrita e precisam de ajuda para alcançar seus objetivos e para aqueles que querem se aprofundar no assunto. O autor traz trechos de livros como exemplo e em seguida os destrincha para entendermos melhor suas explicações.
O exemplar é dividido em 9 capítulos e aborda temas como a concepção dos personagens, conflito da narrativa, enredo e estrutura, espaço e tempo, focalização e estilo da escrita. No último temos um reforço das ideias apresentadas durante a leitura, já que apresenta o roteiro para escrita de um romance linear, uma espécie de guia para criar uma obra de ficção.







O Retorno do Imperador - O Mundo de Quatuorian #02 - Cristina Pezel

Na grande maioria das vezes eu resisto muito a ler um segundo volume de uma série que começa ruim, na grande maioria das vezes eu nem sigo com a série, mas as vezes eu persisto em alguma, sabe-se lá porque algumas ganham uma segunda chance. A série O Mundo de Quatuorian não me cativou em seu primeiro livro, mesmo assim li o segundo volume O Retorno do Imperador, da autora brasileira Cristina Pezel, publicado pela editora Mundo Uno.
A situação em Quatuorian está caótica, após a tomada de poder duvidosa de Vorten, todos os locais têm sofrido ataques de animais, e a guarda do Imperador têm prendido todos que ousam levantar a voz. Para combater as trevas Terivan, Julenis, Vinich e seus mestres procuram cumprir a profecia e despertar um antigo imperador, o único capaz de combater o mal.
A narrativa de Pezel realizada em terceira pessoa melhorou em relação ao primeiro volume, mas ainda não conseguiu me agradar como uma fantasia me agrada. Parece que existe um vazio que nunca é preenchido, e para explicar ele tenho algumas teorias. Primeiro a autora realizou em dois livros curtos uma estória que normalmente qualquer saga levaria muitas páginas para narrar, assim tudo foi muito rápido e pouco explicado, faltando uma das características que mais me atraem em fantasia: explicações detalhadas e sem pressa, com tamanha riqueza que nos transporta para outros mundos. Infelizmente nesse mundo eu sempre me sentia correndo atrás da estória, em ligar seus pontos, e me lembrar quem era quem, e fazendo o que.

Segundo, a autora ainda tem um estranho modo de começar seus capítulos que parecem não levar a lugar algum, e que depois acabam mostrando qual eram seus objetivos. Todos os capítulos são curtos, nenhum deles se demora mais do que cerca de seis/ oito páginas, e junto a isso algumas páginas têm ilustrações e diagramação espaçada, ou seja, a estória é breve, muito breve para um universo que parece ter tanto a dizer.

O primeiro livro teve falhas quanto a um foco, o segundo parecia sofrer do mesmo mal em seu início, mas depois conseguiu se focar em um único objetivo que foi deter Vorten e sua ascensão. O livro começa explicando como Vorten se tornou quem é, mas quando chega a seu ponto alto não continua, a explicação vem apenas na reta final do livro.

Uma criatura nova surge na trama, ela estava presa no vulcão. Em momento algum ela tinha sido mencionada, apenas surge quando o vilão já está próximo a região. Essa forma 'jogada' de escrita não ajuda na assimilação dos detalhes, e só reforçam a sensação de perda, de que sempre algo ficou sem relatar.

Um detalhe bom do livro que todos autores de séries deveriam fazer, e poucos fazem, é um pequeno resumo do livro anterior. No caso do resumo do primeiro livro ele foi mais esclarecedor do que o próprio livro, e me ajudou bastante a me lembrar de tudo que tinha ocorrido. No final do livro também existe um índice com os personagens, poderes, locais, termos e etc. Uma pena que tudo seja tão pouco explorado!


O Segundo Sexo – Simone de Beauvoir

Feminismo é um assunto muito abordado hoje em dia, mas infelizmente nem sempre foi assim. Quando o termo “feminismo" nem sequer havia sido cunhado, Simone de Beauvoir escreveu e publicou O Segundo Sexo, que hoje marca a prática discursiva da situação feminina. Em textos bem reflexivos, a autora aborda no primeiro volume Fatos e Mitos da condição da mulher, já no segundo exemplar, A Experiência Vivida, examina a condição feminina em todas as suas dimensões – sexual, psicológica, social e política.

Essas obras são leituras complexas, quase que um divisor de águas para quem lê, pois esclarece vários assuntos na nossa mente, como as crenças e ensinamentos que são repassados de geração após geração como o certo, sem muito questionamento. Também nos ajuda a entender melhor o feminismo, já que muitas pessoas pensam erroneamente sobre o mesmo.

Amei ler esses títulos e os acho muito importantes para todas nós, mulheres, mas também é muito indicado para que os homens os leiam e possam compreender muitos pontos. A autora faz análises em várias dimensões para conhecermos o motivo da origem da ideia de “inferioridade” da mulher na sociedade, e traz para a gente uma lista de exemplos de espécies em que ambos os sexos são iguais, independentemente de ser macho ou fêmea.

Como Simone foi companheira de Jean-Paul Sartre, criador do conceito de Existencialismo, estava inserida no ambiente da Psicanálise e, com isso, traz uma abordagem mais crítica nesse âmbito sobre a figura feminina, utilizando termos técnicos sobre esse assunto.







O Lado Obscuro - Tarryn Fisher

Depois de ter lido alguns livros de Tarryn que conseguiram despertar diversas emoções enquanto eu lia, eis que surge “O Lado Obscuro”, obra que veio realmente para mexer com a gente. Nesse exemplar, conhecemos a história de Senna Richards, uma escritora de sucesso que na manhã do seu aniversário acorda em uma cabana totalmente estranha em meio a uma tempestade de neve, em um lugar totalmente isolado. Nesse cativeiro, ela descobre que não está sozinha, mas, sim, com Isaac, uma pessoa que foi bem importante em seu passado. E no local tem tudo o que eles precisam para sobreviver durante meses.
O exemplar é dividido em 3 partes narradas em primeira pessoa por Senna, e também temos a chance de ler alguns capítulos denominados “O Livro de Nick”, quando ele é o narrador.

Então a história se alterna entre o passado e o presente para nos mostrar um pouco sobre quando eles se conheceram, e também o agora que estão juntos naquele local. E em cada momento vamos descobrindo um pouco mais sobre a história de Senna, vemos como ela é uma mulher forte, mesmo tendo passado por muitas coisas.
Ao longo do tempo que estão passando juntos nessa cabana, vão descobrindo pistas deixadas pelo sequestrador, que mostram que esse acontecimento está relacionado a algum fato do passado de nossa protagonista.
Esse volume mescla suspense e drama em uma narrativa envolvente, que faz com que a gente não consiga parar de ler, já que autora vai soltando pistas bem aos poucos. A cada virada de página queremos descobrir quem armou para Senna, ao mesmo tempo que sofremos junto com ela.






A Casa da Alegria – Edith Wharton


Lily Bart é uma moça linda, sofisticada, educada e inteligente que foi criada para sempre querer e ser o melhor na sociedade conservadora de Nova York no início do século XX. Quando a família sofre uma falência financeira e ela fica órfã de pai e mãe, sofre sozinha as consequências de como foi criada e do meio em que vive. Indo morar de favor com uma tia e sempre visitando amigos para se manter ativa e também porque precisa, ela sente na pele o que é viver sob padrões morais rígidos e sempre tenta se adaptar ao ambiente, porque é isso o que esperam dela e a mesma não tem forças para lutar pelo que realmente deseja.
Para se manter bem vista e continuar sendo convidada para frequentar os melhores círculos, Lily gasta mais do que pode, contrai diversas dívidas e tenta fingir que está tudo bem em sua vida, mesmo quando tudo ao seu redor está ruindo. Sua única saída para as enfrentar as dificuldades e manter sua vida de luxo é encontrar um bom casamento com um marido rico e bem visto. Mas as pessoas já começam a comentar que ela está passando da idade. Lily tem algumas opções e sabe como jogar as cartas certas para encontrar alguém que pode ser perfeito para o que almeja. Porém, uma parte de seu interior sabota seus planos, porque ela sente que pode mais do que isso, quer vivenciar um amor e também deseja poder ser independente.
Lendo a sinopse, imaginei que a obra me daria a oportunidade de ver uma mulher um pouco fútil e que tenta se adaptar a uma sociedade da qual não quer realmente fazer parte, mas acaba conseguindo fugir dos padrões e do esperado e encontra a felicidade e o amor. Parte disso está certa, mas acho que podemos focar na palavra tenta. Lily sempre foi criada para vivenciar o luxo e acaba gostando, ou melhor, sentindo que precisa gostar dele. Então faz de tudo para se manter ativa entre as pessoas mais admiradas e no círculo mais exclusivo da sociedade. Mesmo refletindo sobre a vida, o ambiente e o mundo, construindo inclusive pensamentos filosóficos, e descobrindo um pouco mais sobre si mesma e o que deseja no âmago do seu ser, sua honra, capricho, orgulho e até mesmo medo, acabam impedindo que ela seja a Lily Bart que quer ser. Queria mesmo era vê-la evoluindo, conseguindo o que almejava e encontrando o caminho da paz e felicidade.
Já comentaram comigo que acharam a escrita da autora lenta e um pouco difícil, mas achei bem tranquila. Normalmente, eu já demoro um pouco mais lendo obras clássicas porque gosto de apreciar bastante a leitura e prestar atenção nos detalhes, e o fato de a narrativa ser um pouco indireta também deixa a leitura mais devagar, mas não de um jeito ruim ou incômodo. Porém, dessa vez eu acabei terminando o livro até mais rápido do que geralmente acontece. Talvez isso tenha acontecido porque agora estou mais acostumada com o estilo dos clássicos do que há alguns anos, e também porque a tradução da Pedrazul funcionou muito bem.
Nós mergulhamos na alta sociedade Nova Iorquina do século XX, ainda antes da Primeira Guerra Mundial, e acabamos conhecendo personagens que tinham o nariz em pé e viviam de aparências e futilidades, numa grande rede de fofocas, intrigas e hipocrisias, levando pessoas mais fracas a julgarem as outras por coisas frívolas e fazerem outras desejarem vidas quase impossíveis.
Além de ver esse lado, também vemos como as mulheres ainda eram tratadas na época, o fato de que nunca eram vistas como iguais, não podiam ser o que gostariam e nem fazer muitas coisas, pois as consequências podiam ser terríveis, principalmente nos âmbitos social, psicológico, educacional e monetário. A parte triste disso é que vários desses aspectos continuam funcionando da mesma maneira hoje em dia, ainda que de um jeito um pouco mais sutil, porque tecnicamente as mulheres já têm direitos, mas muitas pessoas ainda tratam determinadas coisas como condenáveis, mesmo que para os homens nunca tenham sido.





O Mundo de Lore - Criaturas Estranhas #01 - Aaron Mahnke

No instante em que eu vi a capa do livro O Mundo de Lore - Criaturas Estranhas, do autor Aaron Mahnke, mesmo antes de ler sua sinopse, eu desejei ele na minha estante. O trabalho gráfico da Darkside Books foi de encontro ao meu gosto e despertou o desejo imediato!

A partir do premiado podcast Lore, onde episódios se inspiram nos mais diversos eventos estranhos ao redor do mundo e tempo, Mahnke explora neste volume criaturas das mais distintas origens que assustaram e geraram lendas que perduraram até hoje, algumas verdadeiras, outras tão antigas que se perderam no tempo!

Cada capítulo escolhe uma criatura para ser explorada, a primeira, por exemplo, são os vampiros, desde a sua provável origem, passando pelos principais casos registrados na história. Alguns são explicados pela ciência de hoje, outros ainda geram mais perguntas que respostas, o autor narra de forma breve e objetiva as características atribuídas a estes seres. Depois algumas histórias sinistras sobre zumbis são lembradas, e eu sempre fico aflita ao me lembrar que alguns locais ainda hoje desfilam com pessoas mortas pelas ruas como se elas ainda fossem vivas, mas elas já morreram faz tempo!

Entre cada caso, lenda e situação o autor joga a verdade ora fazendo o leitor acreditar que tudo que é relatado é verdadeiro, ora atribuindo explicações muitas vezes sob a ótica psicológica do comportamento humano, tanto para acreditar nestes seres quanto para interpretar certos acontecimentos. No final ele sempre deixa as respostas em aberto para serem interpretadas, sem acreditar ou desacreditar do que narra.

Os relatos se focam muito nos Estados Unidos, mas diversos países são citados, que é o caso do capítulo seguinte que se foca em criaturas pequenas, como os elfos na Islândia, ou os duendes da Irlanda. Em sua grande maioria os nomes específicos atribuídos a essas criaturas são citados, e nomes genéricos não são usados. Neste capítulo em específico, onde criaturas do meu maior interesse são trabalhadas, alguns relatos me eram conhecidos, mas alguns foram novos.

Na sequência são citados seres que parecem animais, mas que não tem comportamento e aparência comum, aqui alguns relatos lembram lobisomens ou híbridos de homens e animais. Criaturas marinhas também aparecem, e talvez sejam entre todas a menos questionadas, já que nas profundezas de rios e mares o desconhecido impera.

As situações não param apenas nessas criaturas vivas, um caso de um boneco possuído também é narrado detalhadamente, assim como da famosa Annabelle. Seguem-se casos que ficam entre criaturas desconhecidas e fantasmas. Até culminarem nos espíritos, que têm diversos relatos com diversos enfoques, alguns de origem de pessoas mortas, outras com aspectos demoníacos.

O livro possui uma vasta bibliografia, que é muito interessante para aprofundar os temas. E como comecei dizendo tem um trabalho gráfico incrível! Repleto de ilustrações que trazem um ar único ao livro, são extremamente fofas e macabrinhas. O volume é todo nas cores preta, branca e vermelha, além de contar com o corte em vermelho. É um livro tão lindo que eu me pegava apenas admirando cada detalhe e não o lendo.


Reinações de Monteiro Lobato: Uma Biografia - Marisa Lajolo & Lilia Moritz Schwarcz

A maioria dos brasileiros já ouviu falar sobre Monteiro Lobato e/ou uma de suas criações. Isso porque ele é o criador de alguns dos personagens literários mais famosos do Brasil: Emília, Narizinho, Tia Nastácia, Dona Benta, Visconde de Sabugosa, etc. Algumas pessoas leram essas histórias quando crianças, outras acompanharam as adaptações que passaram na TV, e há aquelas que apenas ouviram falar deles. Independente de que grupo você se encaixa, o famoso Sítio do Picapau Amarelo fez muito sucesso sendo parte do lar de milhares de brasileiros.
Agora é nossa vez de conhecer melhor a pessoa por trás das criações. E nessa biografia ilustrada escrita diretamente para o público infantil, temos a chance de saber sobre a vida e os pensamentos do autor narrados por ele mesmo!
Li algumas historinhas quando criança e acompanhei um pouco da adaptação que passava na TV, mas não conhecia muito sobre Lobato ou sua vida, então quis mergulhar nessas páginas para descobrir.
Um ponto que curti muito foi a forma de narrativa das autoras, que construíram o texto como se fosse o próprio Monteiro conversando com as crianças de hoje. Em 1ª pessoa, ele conta sobre a infância, juventude, a época que estudou direito, seu casamento, os filhos, viagens, como escreveu e suas opiniões sobre vários assuntos (ele achava que tinha sempre razão).