É incrível
como o tempo nos transforma a cada dia, se não é possível as vezes nos darmos
conta disso no dia a dia, na releitura de um livro isso com certeza fica
visível, já que as vezes livros que não chamaram tanta atenção em uma nova
leitura ganham uma nova opinião a seu respeito. Foi assim com A Faca Sutil,
segundo volume da série Fronteiras do Universo, publicado pela Suma de Letras e
escrito por Philip Pullman.
Após seguir
seu pai para outro mundo, Lyra Belacqua se encontra em uma cidade abandonada
onde ela acredita estar sozinha até esbarrar com Will, um jovem que parece ter
tanto a esconder quanto ela. Will está em busca de seu pai, enquanto Lyra quer
saber mais sobre o pó, o que estes dois jovens não sabem é que estão destinados
a um objetivo maior juntos, e que devem buscar por um objeto que sequer sabiam
existir!
Eu não consigo me lembrar quanto
tempo faz da minha primeira leitura de Faca Sutil, eu arrisco que quase dez
anos, o fato é que nos últimos anos eu tenho lido e visto materiais a respeito
de outras dimensões, física quântica e sobre a energia inteligente que a tudo
permeia, então a leitura desta vez fez muito mais sentido do que na primeira
vez, já estes temas são muito presentes na narrativa em terceira pessoa de
Pullman.
Pullman embora criei uma estória
que soa infanto-juvenil, na verdade criou um universo complexo que pode dar nós
em adultos facilmente, isso porque como citei anteriormente ele trabalha com
conceitos que não fazem parte do dia a dia. Não trata-se assim de uma fantasia
previsível menos ainda clichê. É até bastante realista em alguns momentos,
visto que alguns destes mundos, um deles seria o nosso, têm realidades muito
similares as nossas.
Lyra está em constante
transformação, desde que saiu de Oxford em A Bússola de Ouro, ela tem
amadurecido, aprendido não só novas informações, mas desenvolvido certa
sabedoria. Infelizmente este aprendizado não se dá pelo amor, mas em cima de
dor e luta, mas ela é uma garota determinada e que consegue controlar bem seus
medos. Muito observadora este acaba sendo seu trunfo para tomar atitudes na
hora do improviso.
Will é um jovem que amadureceu na
força. Sua mãe é mentalmente instável o que fez com que ele desde muito pequeno
aprendesse a se virar não só para sobreviver, mas para cuidar da mãe e manter
as aparências evitando que outras pessoas percebessem que após o sumiço do pai
a mãe não foi capaz de lidar com a pressão.
Além de acompanhar Will e Lyra, o
livro têm capítulos que acompanham as feiticeiras, especialmente Serafina
Pekkala que já apareceu no livro anterior. Após uma reunião de feiticeiras elas
resolvem que precisam tomar partido diante da guerra que está se formando, e
que proteger Lyra é a missão delas. Assim acompanhamos estas mulheres na busca
por Lyra no outro mundo. Estas feiticeiras são diferentes do esperado, e veem o
mundo de uma forma única.
Ao mesmo tempo temos alguns
trechos de Lee Scoresb, que recebe uma missão e passa a procurar Stanislaus
Grumman, um homem misterioso que parece saber sobre os mundos e como entrar e
sair deles. Este personagem é citado logo no início de A Bússola de Ouro, mas é
só nesse livro que ele aparece e seu papel na trama é surpreendente!
Nas páginas finais do livro o
autor não nos poupa, e cenas tristes são frequentes. E já deixa a dica que o
próximo e último livro da trilogia, A Luneta Âmbar, não deve nos poupar de luta
e sangue.