A Princesa Salva a Si Mesma Neste Livro - As Mulheres Têm Uma Espécie de Magia #01 - Amanda Lovelace

“era uma vez uma garota
que era princesa.
a garota cresceu e virou
donzela.
cresceu mais um pouco
e virou rainha.

parece simples,
mas não é.
leva tempo,
amor,
superação e
dedicação para
conhecer a si mesmo.”
Contando uma história – a sua própria história – através de versos, Amanda Lovelace também fala sobre amor e empoderamento, alcançando leitores, principalmente as mulheres, para tratar de temas importantes, e também fala sobre superação e conhecer mais a si mesma, fazendo um misto de contos de fadas com nossa realidade atual, em pleno século XXI.
Com sua linguagem direta, contemporânea e muito emocionante, ela nos apresenta uma garota que se descobre conforme vai vivendo sua vida, enfrentando coisas ruins, levantando depois de inúmeras quedas, se fortalecendo, crescendo, evoluindo. Mostrando que todas somos capazes de encontrar nossos próprios finais felizes, sem depender de nada ou de ninguém e ainda que tenhamos vivenciado situações horríveis, há sempre uma possibilidade de saída.
Devo confessar que eu não sou a pessoa mais indicada para falar sobre poemas e poesias, já que não tenho costume de lê-los com frequência. Pelo contrário, já fazia alguns anos que eu não lia nada do gênero (pelo menos que eu me lembre), mas se tiver lido não foi nada significante, já que nem me recordo. Mas depois de ouvir tantos comentários positivos a respeito desta obra de Amanda Lovelace, fiquei muito interessada por esse volume, principalmente porque traz uma mulher que é, ao mesmo tempo, uma pessoa comum, forte, incrível e feminista. Então não podia deixar de ler!
E agora, depois de finalizada a leitura, não posso deixar de dizer que esta me surpreendeu muito e positivamente. Tanto que fiquei encantada com a escrita da autora e seus textos a ponto de querer ler mais coisas dela e também outras obras do gênero. Então, se você também não tem costume de ler este tipo de material, ou gosta e quer encontrar novos títulos para acompanhar, vem comigo entender o porquê de eu indicar fortemente este daqui, que se tornou um dos meus livros favoritos do ano!
Dividido em quatro partes, vamos conhecer um momento da vida da autora em cada uma delas. Começamos por “Princesa”, que é seguido por “Donzela”, Rainha e Você. Primeiramente, vemos que ela ainda está se conhecendo, começando a saber coisas da vida e dela mesma, a perceber que o mundo não é fácil e que você deve ser mais dona de si. Depois passamos por momentos bem tristes, daqueles que fazem a gente chorar com muita dor, principalmente por saber que tudo aquilo foi real. E depois temos a chance de vê-la enfrentando mais coisas, superando, encontrando sua voz, e entendendo melhor o que quer e quem é. E lutando por isso.


Apesar de curto, esse livro tem uma carga emocional bem intensa. Por ser autobiográfico e tratar da vida da autora, com detalhes sobre sua infância, adolescência e vida adulta, o leitor logo sente empatia por ela e por tudo o que viveu, porque se tem uma conclusão a que podemos chegar é que sua vida foi realmente muito difícil.
Vemos o amadurecimento, a dor, a coragem, a força, a sua volta por cima. Como ela aprendeu a superar cada etapa do que vivenciou, como fez para lidar com a vida e as pessoas e, no meio desse tempo, encontrou sua própria liberdade emocional e aprendeu a se amar.
E Amanda também trata de assuntos importantes e intensos como depressão, aceitação, transtornos alimentares, autoestima, doenças, suicídio, abusos, relacionamentos, morte, perdas.
Seus textos são simples, mas tocantes, emocionantes e reflexivos. E, mesmo que sejam devastadores, também são empoderadores. Ela mostra que ninguém precisa de um príncipe encantado saído dos contos de fadas em seu cavalo branco para te salvar. Você pode (e deve!) fazer isso por si mesma.


Contra Todas as Probabilidades do Amor - Rebekah Crane

A primeira coisa que me chamou bastante atenção em “Contra Todas as Probabilidades do Amor” foi a capa, que possui uma ilustração lindíssima, e o título, que está em uma fonte perfeita, e que, juntos, conseguiram despertar a minha atenção em uma das minhas visitas à livraria. Talvez por conta da cor ou pela fonte, não sei bem o que me atraiu primeiro, mas, quando dei por mim, estava lendo a sinopse. Por este motivo, quis começar esta leitura e agora venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Nesse volume conhecemos Zander, uma jovem que é enviada pelos pais contra a sua vontade para o acampamento Pádua, um retiro para adolescentes com problemas emocionais, que passam o verão nesse local para encontrar ajuda para lidar com suas questões, com acompanhamento de uma equipe do local, assim como atividades e terapia. Em Pádua, nossa protagonista acaba criando amizade com outros jovens, são eles: Cassie, uma menina que tem anorexia, sendo agressiva por fora, sem papas na língua, que fala o que pensa, tudo para tentar esconder a sua grande vulnerabilidade interior, Alex, um mentiroso compulsivo, e Grover um garoto que tem muito medo de acabar sendo esquizofrênico assim como o seu pai, e que, ao conhecer nossa protagonista, passa a anotar tudo sobre a mesma em um bloquinho, pois fica achando que ela não é real e cria uma certa obsessão.
Com esse grupo de amigos, Zander começa a aceitar melhor o acampamento, o que ajuda bastante em sua jornada de autoconhecimento, e, com isso, começa a frequentar as atividades planejadas. E assim vemos a sua maior aproximação com Cassie, e como é bonita a amizade que as duas constroem, então percebemos como isso ajudou de fato ambas, uma vez que Cassie achava que ninguém se importava com ela. Tiveram várias cenas emocionantes, que com certeza mexem com os nossos sentimentos, e achei que a forma que a autora conseguiu abordar isso bem interessante.
A diferença entre esses quatro amigos é grande, porém eles criam uma amizade bem bacana que os torna cada vez mais fortes para enfrentar os dias. E são nos diálogos desses amigos que vamos conhecendo um pouquinho mais de cada um deles e da importância que um criou na vida do outro. Há momentos engraçados, leves e divertidos, mas também encontramos cenas carregadas de sentimentos, nas quais é quase impossível não derramar uma lágrima.
A obra é narrada em primeira pessoa pela nossa protagonista, o que achei bem legal, pois desta forma conseguimos entender melhor o que ela estava passando, assim como os seus sentimentos, os quais ela queria deixar escondidos. Aos poucos vamos entendendo o motivo que fizeram os seus pais inscreverem a jovem nesse acampamento, e vemos como esse ambiente a ajuda de inúmeras maneiras.
Esse é um livro recheado de sentimentos, medos, anseios, lutas, e de bastante esperança, amizade e amor. E mesmo trazendo temas mais pesados, a autora conseguiu abordar tudo de forma leve e que nos faz refletir em diversas ocasiões.




Diário de Uma Garota Normal - Phoebe Gloeckner

Quando li a sinopse desse livro, fiquei interessada pela leitura. Por este motivo, coloquei-o na minha pilha de exemplares para ler. Agora, depois de ter finalizado essa história escrita por Phoebe Gloeckner, que foi publicada aqui no Brasil pela Faro Editorial, venho compartilhar com vocês as minhas opiniões a respeito desse título que virou filme.
Em “Diário de Uma Garota Normal” voltamos para o ano de 1970, quando conhecemos Minnie, uma adolescente de 15 anos que mora com sua mãe e sua irmã em São Francisco, e está em uma fase de descobertas, cheia de medos, dúvidas e descobrindo a sua sexualidade. Sua mãe é uma mulher que vive na farra, sai com vários homens diferentes, além de beber e se drogar na frente das filhas.
Certo dia, Monroe, namorado da mãe, a deixa beber vinho e começa a assediar nossa protagonista. Primeiramente ela acha ofensivo, mas depois de alguns dias e mais bebedeiras, ele a assedia novamente, e ela resolve deixar claro a sua intenção de ir para cama com o mesmo. Quando isso acontece, Minnie se sente mais madura e autoconfiante para o mundo, e, com isso, começa a ver tudo com outros olhos e se abre para novas aventuras. Como não pode estar com Monroe, por quem acabou se apaixonando, o tempo todo, acaba ficando e indo para a cama com outros garotos e começa a ter pensamentos conflitantes, além de começar a se envolver com pessoas não tão legais e entrar em uma vida de festas regada a bebidas e drogas, e vemos sua vida guinar por períodos de extremas euforias e de extremas tristezas.
Algumas das atitudes de Minnie me incomodaram bastante, e, apesar de entender o apelo da história, não consegui criar uma certa afinidade ou compreender os seus motivos. Eu aceito que ela é diferente de mim, mas não consigo entender algumas de suas atitudes.
Essa é uma leitura forte, que não serve para qualquer um, pois a gente tem que estar preparada psicologicamente. A autora quis relatar a realidade de muitas meninas que acham que já têm o mundo aos seus pés e que sabem de tudo, e por conta disso muitas vezes tomam decisões erradas por serem muito novas e ingênuas.
Esse título aborda problemas complexos, muitas vezes ignorados pela maioria, como o uso de drogas, bebidas, e o relacionamento físico de adultos com adolescentes, nos fazendo refletir o tempo todo sobre os problemas da sociedade, e de como um apoio familiar faz falta na vida das pessoas que são muito jovens.
Essa é uma triste história, que mostra a necessidade de nossa protagonista de ser amada, e a realidade do texto faz com que a sua angústia e desespero pareçam palpáveis. É uma leitura rápida e reflexiva, que mexe com a gente e aborda temas importantes como sexualidade, amor, drogas, bebidas, família, assédio, adolescência, entre outros.


Inverno Negro - Stefano Sant' Anna


É tão raro esbarrar com uma fantasia criativa que quando ela surge você até para e se pergunta se está lendo direito, já que normalmente tudo soa muito igual e parecido! Fui sem pretensão alguma ler Inverno Negro, do brasileiro Stefano Sant' Anna, publicado pela editora Empíreo, e tive uma grata surpresa ao gostar do livro.

Leonan Albuquerque é um bolsista em uma escola tradicional do Rio de Janeiro, vivendo com sua mãe nunca teve dias fáceis já que sofreu na mão de seus colegas e de sua própria mãe por anos. A solidão é sua companheira e ele não vê como sua vida pode mudar até que após uma convulsão na escola sua mãe o leva para casa e passa agir de forma estranha, ninguém menos do que um caçador bate em sua porta e revela que Leonan não é um menino qualquer, mas sim um príncipe, e que mais do que isso ele é de outro planeta, planeta este que ele deve voltar logo e ajudar seu pai que está em sérios problemas. Sem hesitar o adolescente se joga para o desconhecido, mesmo sem saber se dará conta de sua missão.

Antes deste livro vir até minhas mãos eu nunca tinha ouvido falar dele, nunca havia visto resenha ou divulgação, e me pergunto porque já que é um livro digno de muita divulgação, muito melhor do que muitos livros que ganham meses de fama e dinheiro investido. O fato é que Stefano foi muito feliz em sua narrativa em primeira pessoa através do protagonista Leonan. A estória tem um ritmo acelerado desde seu princípio, e poucos são os momentos onde temos tempo para respirar e assimilar os acontecimentos.

Fugindo do modelo tradicional onde o herói é apresentado à um mundo novo em ritmo mais moderado, neste livro Leonan descobre já nas primeiras páginas quem é, e logo já está em seu planeta de origem. O planeta em questão está passando por problemas graves, assim não existe tempo para a tradicional explicação, tudo se descortina na ação e aos poucos, assim até o fim novas informações surgem tanto da trama principal quanto do universo criado.

Embora se passe em outro planeta não existem características de uma narrativa de ficção científica, já que é a magia quem controla todas as coisas neste local, não existe tecnologia, ou seres que remetam a extraterrestres, ao contrário, temos anões, feiticeiros, elfos e animais mágicos. Este fato é um dos traços criativos que me chamaram atenção, já que eu particularmente acredito que estórias como O Senhor dos Anéis são narrativas de acontecimentos de outro planeta (para compreender minha teoria e não me achar maluca leia sobre como Tolkien criou sua estória rs!, mas se me achar maluca tudo bem também =P!).

O autor é um potterhead e alguns toques provindos dos livros de Harry Potter podem ser reconhecidos, como o trio de amigos e o perfil do protagonista que era um zero a esquerda, mas os paralelos são poucos e sutis, já que o universo criado como foi por Sant'Anna é bastante criativo e original.

Entretanto nem tudo é perfeito, como são poucos os momentos de explicações na narrativa senti falta de maiores explicações quanto a estrutura do mundo da estória. Sucessivas criaturas surgiam na trama, e parecia que tudo era possível neste planeta de acontecer e existir. Talvez um prefácio contando brevemente o que aconteceu com o jovem em sua infância e dados sobre o planeta suprissem esta necessidade. Outro ponto falho para mim foi o desfecho que acabou sendo fraco, a irmã do protagonista promete que seu pai iria dar respostas ao menino, e isso não aconteceu, logo tanto ele fica sem as respostas quanto o leitor.

Leonan tem um perfil interessante, embora seja o clássico garoto que sofre bullying ele não tem o comportamento esperado, ao contrário, ele é do tipo que revida, que se protege e ignora os outros, que embora sofra não o é calado. Isso faz com que sua jornada seja diferenciada, já que ele deve aprender a agir em um mundo onde é adorado e respeitado, ao mesmo tempo em que deve aprender a estabelecer vínculos e amizades. Não faz o tipo coitado ou sofredor, tem dentro de si um senso forte de justiça e do bem que o guia.


Sol Em Júpiter - Lola Salgado

Sol Leão, também conhecida como Juba, tem uma vida que muitos desejam: é uma Youtuber de sucesso com mais de 6 milhões de inscritos em seu canal, é linda e exala autoconfiança. Em meio a eventos maravilhosos, amigos incríveis, viagens espetaculares, vídeos maravilhosos e fotos perfeitas, ela parece estar vivendo uma vida dos sonhos. Ainda mais depois de ser pedida em casamento por um homem lindo que é desejado por muitas.
Mas a vida nunca é como as pessoas mostram para os outros. E nem a da Sol. Depois de vivenciar algumas situações, ela acaba conhecendo Júpiter num momento estranho, que os aproxima instantaneamente, fazendo com que percebam que, apesar de diferentes em alguns aspectos, têm muito em comum e se dão realmente muito bem.
Depois que sua vida passa por uma reviravolta que inclusive é transmitida ao vivo, Sol fica completamente abalada, afinal aquilo tudo faz reavivar momentos do seu passado que gostaria de esquecer. E é nesse momento complicado que ela conta com o apoio de Júpiter, com seus olhos azuis e covinhas fofas, que lhe mostra que mesmo sendo difícil, a vida também pode ser leve e todos podemos encontrar forças dentro de nós mesmos para enfrentar tudo o que vier pela frente.
Já faz algum tempo que escuto maravilhas a respeito de Lola Salgado, principalmente por conta de seu livro “A Linguagem do Amor”, que fez muito sucesso como e-book na Amazon, ficando entre os mais vendidos a ganhando diversas críticas muito positivas. Desde então desejo conhecer o seu trabalho, e é por isso que fiquei bem feliz quando soube que a Harlequin iria publicar uma de suas obras, a inédita “Sol Em Júpiter”, e que eu poderia lê-lo o mais rápido possível! E foi o que fiz. E, olha, simplesmente adorei a escrita de Lola e já quero muito mais dela na minha estante!
A narrativa da autora é leve, divertida e descontraída. Sua escrita é fácil e fluida, fazendo com que a gente nem perceba o tempo passar. Lola conseguiu conduzir a trama de uma maneira muito gostosa, que nos prende e nos faz ficar desejando por cada vez mais.
Algo que achei maravilhoso é que, ao mesmo tempo em que tem esse ar mais suave, há vários pontos muito reflexivos, já que a autora usa acontecimentos da vida de Sol e de Júpiter, tanto do passado quanto do presente, assim como situações que chegam aos seus ouvidos, para nos fazer pensar. E Lola soube trabalhá-los muito bem, trazendo mais realidade para a trama e fazendo com que ela tenha ficado ainda mais rica de conteúdo.
O prólogo é bem instigante já que mostra uma cena do futuro de Sol, quando ele está cometendo uma atitude um tanto destemida, mas que também parece bem imprudente. E, quando o li, já percebi que a leitura prometia ser maravilhosa. Então estava ansiosa para avançar as páginas até finalmente chegar naquela cena para saber por qual motivo Sol estava agindo daquela maneira. E devo confessar que adorei!
Os personagens são muito cativantes e vamos conhecer ambos mais intimamente, já que a narrativa é em primeira pessoa e acompanha as duas perspectivas com alguns capítulos alternados ora sendo narrados por Sol, ora por Júpiter.
Sol é uma ótima protagonista, uma mulher empoderada, com autoestima elevada, que está sempre pronta a ajudar o próximo e também é uma grande inspiração para muita gente, é forte e autêntica. E é uma pessoa alto astral, mas que não gosta que pisem no calo dela, e tem uma personalidade muito marcante. Ela inclusive comenta sobre o fato de ser escorpiana com ascendente em áries e culpa seu mapa astral por diversas atitudes que toma.
Júpiter é apaixonante! Temos a chance de descobrir alguns segredos e questões de sua vida, e podemos notar que, mesmo sendo uma pessoa tranquila, carismática e agradável, também tem seus fantasmas, principalmente com relação a coisas que enfrentou em seu passado. Fora que ele é extremamente fofo, cuidadoso, carinhoso e amável, daquele tipo que a gente deseja encontrar em nossas vidas.
Uma das coisas que mais gostei nessa leitura é que os personagens são muito reais. Eles poderiam ser eu, você ou alguém que conhecemos facilmente. E, por estarem em cenário nacional tudo fica ainda melhor, já que podemos nos identificar com as coisas que eles fazem ou como agem, e algumas pessoas podem reconhecer os lugares que frequentam.


Uma Mentira Perfeita - Lisa Scottoline

Assim que li a sinopse desse volume, fiquei encantada com o que parecia ser a história e também morrendo de curiosidade para conhecê-la melhor. Por esse motivo, assim que foi possível comecei a lê-lo e agora venho compartilhar com vocês todas as minhas opiniões sobre “Uma Mentira Perfeita”, publicado aqui no Brasil pela editora Harper Collins.
Nessa trama conhecemos Chris Brennan, um homem que acabou de se mudar para Central Valley, na Pensilvânia, com um único objetivo: ser professor substituto e treinador de beisebol na escola de ensino médio local. E ele consegue o cargo graças ao seu currículo perfeito. Porém, tudo nele é uma mentira, até mesmo o seu nome na verdade é um pseudônimo. Ele tem um plano até então perfeito, e, para conseguir executá-lo, precisa ficar de olho na equipe de beisebol, principalmente em três meninos, são eles: Raz Sematov, o arremessador, um garoto de temperamento forte, que geralmente é alegre e bem-humorado, mas que acabou de perder o pai, Evan Kostis, que é a sensação do time, rico, mimado e problemático, ele sempre chama a atenção de todos, e Jordan Larking, um menino tímido e reservado que acabou de entrar no time.
Logo a gente pensa que a única ligação entre eles é o mesmo time, porém os três meninos estão passando por momentos difíceis na vida pessoal, e com isso são os alvos perfeitos. Para conhecermos um pouco mais sobre eles, conhecemos também suas mães, três mulheres diferentes entre si, mas todas são guerreiras e batalhadoras, que enfrentam os problemas da vida, cada uma de uma maneira, nos mostrando mais sobre elas e consequentemente sobre seus filhos. Vemos o desenrolar dessas histórias entre os jovens, suas mães e o mistério do professor e seu plano. O mais legal de tudo é que acompanhamos como a vida desses personagens vão se conectando e todos eles têm uma importância para o desenrolar da trama.
Esse livro aborda bastante sobre terrorismo doméstico, motivado por uma série de fatores como traumas, religião, desequilíbrio, entre outros, e como leva a motivação desses acontecimentos, sendo um tipo de leitura que fala muito sobre isso, sobre o certo e o errado, sobre as pessoas e suas atitudes, criando vários questionamentos na gente durante toda a leitura.





Dois Mundos - Tesouro da Tribo de Dana #01- Simone O. Marques


Esse ano não tenho dado muita sorte com as leituras, as nacionais em especial têm me decepcionado mais do que de costume! São poucos os livros que trabalham com a mitologia celta, sempre que os vejo quero lê-los, mas nem sempre a atmosfera deste povo consegue ser captada pelo autor, este foi o caso de Dois Mundos (Tesouro da Tribo de Dana volume 1), da autora Simone O. Marques, publicado pela Editora Butterfly.

Em um futuro breve o Brasil sofre diversas ondas de destruição, o que os sobreviventes não sabem é que toda morte teve como fonte uma jovem que é protegida em uma fazenda. Ela é a escolhida pelas deusas, dentro dela estão grandes poderes que ainda não sabe possuir, menos ainda controlar. Uma tarde em mais um dia de tristeza da jovem ela rompe o véu entre os mundos e se vê junto a seus guardiões em um lugar desconhecido. Agora este trio deve voltar para casa, ao mesmo tempo em que precisa proteger o que resta de seu mundo.

Até o fim da leitura do livro eu me fiz a seguinte pergunta: Por que dizer que o livro é uma distopia? Porque vendê-lo assim quando pouco, ou quase nada dele se passa no mundo destruído de fato, e mesmo quando alguns poucos capítulos o são o foco não se dá no local destruído ou na sobrevivência, mas na mitologia em si? O pano de fundo poderia ter sido qualquer um que não faria diferença, alias arrisco dizer que se fosse no nosso mundo moderno normal seria até mais interessante, e soaria como uma fantasia urbana de fato. Talvez isso venha ser relevante em um próximo volume, mas neste só fez bagunça no enredo.

Lembrando que as principais características da distopia nem sequer foram utilizadas, não temos um conteúdo moral trabalhado, já que não foi uma ação do homem que levou ao seu colapso, mas o desejo de uma deusa; não temos crítica social, já que os personagens parecem imersos em uma bruma de raciocínio; a estupidez coletiva não surge porque quase não existem pessoas comuns na trama; o pessimismo não dá as caras e embora poucos tenham sobrevivido não existe a violência ou a luta pela sobrevivência que é marcante em obras do gênero, o pouco que existe são as cenas de Pedro na antiga São Paulo. Logo embora sua sinopse diga que é uma distopia ela não é de fato! É uma fantasia urbana em um local que foi destruído.

Outra ponta que na minha opinião foi mau trabalhada foi a própria mitologia. Quando apresentamos ao leitor deuses é o dever do autor de alguma forma o apresentar, ainda mais quando é alguma mitologia mais desconhecida, como é a celta. Assim até o fim da trama pouco é dito sobre Dana, a deusa que usa Marina como cálice. Quem é essa deusa? Como são suas características? Um capítulo no inicio do livro relatando sua estória, ou até suas intenções ao encarnar em Marina seriam muito uteis e trariam sentido a trama. (Para os que tem curiosidade: Dana, ou , Danu é a mãe dos Tuatha Dé Danann -conhecido como Povo das Fadas, é um dos aspectos da deusa tríplice para os Irlandeses. Seus atributos são ligados ao de uma mãe, como carinho e amor, ao mesmo tempo em que pode ser dura ao ensinar seus filhos. Nada disso é dito no livro, e nem estas características aparecem na deusa quando ela surge).

Marina é a jovem de quem tudo esperam, mas que está longe, bem longe de estar preparada para ser o que deve ser. Em outras palavras é uma mocinha mimada que é chata do começo ao fim. Quer ser a mulher forte, mas nem se quer sabe o que é isso, já que cresceu protegida do perigo e da vida como ela realmente é. É uma personagem fraca, sem profundidade, que passa mais tempo lamentando sua sina, ou reclamando de seus sombras que não são ou fazem o que ela quer!

Arthur, é um de seus guardiões, juntamente com Brian, são eles que se perdem com Marina. E ao invés de vermos guerreiros, o que acompanhamos são dois jovens que quando colocados a prova entram em conflito consigo mesmos o tempo todo! Eles parecem saber lutar, mas quanto ao trato humano são péssimos, a ponto de ficarem como papagaios repetindo a mesma fala o livro todo sobre terem que proteger Marina a qualquer custo, não a toa a mocinha fica chateada em todos os capítulos. Os hormônios deste trio estão em alta, e eles sequer sabem o que fazer com eles quando tanta coisa está em jogo!


A Forma da Água - Guillermo Del Toro e Daniel Kraus

Quando eu escutei falar sobre esse volume pela primeira vez, não sabia muito bem o que pensar, mas depois de ler várias resenhas e escutar diversos comentários sobre essa história maravilhosa que foi escrita simultaneamente com a obra cinematográfica homônima, ganhadora do Oscar de Melhor Filme desse ano, fiquei curiosa para saber mais sobre ela, o que me fez colocar esse título na minha pilha de leituras e agora vir compartilhar com vocês todas as minhas opiniões.
Em “A Forma da Água” conhecemos a história de Richard Strickland, um oficial do governo que foi enviado para a Amazônia no Brasil a fim de capturar um ser místico que seria utilizado para fins militares. São dezessete meses que ele fica longe de sua família em um calor infernal, em condições não higiênicas, além de muito estresse para encontrar e capturar essa criatura, e, quando consegue capturar o deus Brânquia, que é parte peixe, parte homem, já não é mais o mesmo, uma vez que sua mente passou por muitas provações.
Conhecemos também Elisa Esposito, uma mulher muda que passou grande parte de sua vida em um orfanato. Ela é a faxineira da Occam, uma base de pesquisas militares, desde os seus dezoito anos, e tem uma amizade muito grande com Zelda, a outra faxineira do local, que por ser negra passa por vários preconceitos e humilhações, e com o seu vizinho, Giles, um artista gay que sempre acreditava que dias melhores estavam por vir. Nossa protagonista levava uma vida simples, porém cheia de pessoas que a amavam como ela era.
Inicialmente vamos alternando a leitura entre esses dois cenários, a caçada pelo ser místico e a vida de Elisa. Vemos que ela trabalha na monotonia, onde seus dias se resumem sempre em ficar limpando, e nada de diferente acontece. Até que ela acaba sendo chamada para fazer uma limpeza em uma sala nova, e é lá que nossa protagonista avista algo diferente dentro do tanque, e assim acaba conhecendo o deus Brânquia, esse ser que consegue entendê-la apenas com o olhar, um homem peixe que não a julga por ser muda ou humilde. E ele encontra nela o carinho de uma pessoa, diferente daqueles que ficavam lhe torturando e o mantendo preso. Com a forte conexão que eles criaram, Elisa passa a visitar a sala sem que ninguém saiba, e é muito bonito de acompanhar essa relação. Porém, para o Strickland, essa criatura o lembra de muitas coisas ruins e por isso ele é obcecado por ela e tem um desejo de que ele morra, como se isso fosse fazer tudo ficar bem.
Antes de começar a ler essa obra, achava que a história seria com mais foco no romance, porém, o maior ponto de foco dela está nos problemas da sociedade que cada um dos personagens vivencia. Mesmo com a trama se passando em décadas anteriores a atual, muito dos problemas ainda continuam até hoje, o que serve para todo nós lermos e refletirmos sobre cada um deles e a sociedade de uma maneira geral.


Confissões do Crematório - Caitlin Doughty

Desde o primeiro instante que eu vi Confissões do Crematório, da autora Caitlin Doughty, publicado pela editora Darkside, eu o quis! A sinopse me interessou muito, porque seja através da Psicologia, seja através dos meus estudos espiritualistas, a morte é um tema recorrente e que desperta em mim um interesse que pode até soar macabro rs, mas é honesto!

Após terminar a faculdade de história com especialização em História Medieval, Caitlin desejava trabalhar com a morte, e com apenas 23 anos ela conseguiu um emprego em um crematório na Califórnia. O trabalho não se mostrou exatamente como ela esperava, barbear um morto ou fazer maquiagens são apenas alguns dos trabalhos que esta jovem teve que fazer para que estes depois fossem incinerados. Morto após morto, e história após história Doughty mudou sua visão sobre a morte e sobre a indústria da morte nos EUA. Um novo sonho nascia, espalhar entre as pessoas novos conceitos e uma relação mais saudável sobre a morte.

Doughty narra suas histórias em primeira pessoa com seu humor nada convencional, envolvendo a cada página quem lê com suas situações vividas durante este um ano como operadora de fornos do crematório. O primeiro ponto interessante é que ela é capaz de apontar com muita nitidez e maturidade o que a fez ir atrás deste trabalho e porque de sua fascinação pela morte. Não trata-se de uma mulher gótica, ou que flerte com o tema de modo fantasioso, ela simplesmente queria ver a morte como ela é na realidade, já que desde muito pequena ela percebeu que a mesma era escondida dos vivos. Assim ao mesmo tempo que diversos casos são contados, ela os intercala com relatos de sua própria história, como sua infância e faculdade.

O segundo ponto que faz deste livro algo mais valioso que um livro de memórias são os diversos fatos históricos, mitológicos e filosóficos que a autora trás, citando diversos autores, costumes e acontecimentos ao longo de nossa história. Alguns deste inclusive são familiares a mim através da leitura do livro de Elisabeth Kübler-Ross, Sobre a Morte e o Morrer (que eu indico!). Estes dados são evocados especialmente para defender o quanto nossa sociedade tem uma relação doente com a morte, o que antes era visto como natural e esperado, hoje é tido como sujo, errado e é escondido.

Antes os mortos eram velados em suas casas, preparados pelos integrantes de suas famílias, e as crianças eram desde cedo acostumadas a frequentar velórios e encarar a morte como algo que vai ocorrer a todos. Não eram embalsamados, não eram modificados, e tudo transcorria como a natureza mandava. Depois da guerra da sucessão americana e a quantidade expressiva de mortes o embalsamamento foi criado, e aos poucos influenciando a mudança destes costumes.  Claro a autora foca nos atuais costumes nos Estados Unidos, e em cada país esta relação se dá de formas diferentes.

No Japão, por exemplo, a queima do corpo é acompanhada pela família, e são eles mesmos que depois separam as cinzas e ossos após a cremação. Enquanto no ocidente o costume é raro, as cremações assistidas são poucas (na verdade me pergunto se existe isso aqui no Brasil).

A crítica que Caitlin trás é muito válida e interessante, e precisa ser colocada a todos, afinal todos morreremos, e todos algum dia perderão alguém. E a questão é como agiremos, faremos da morte um circo que o morto se tivesse vivo iria abominar? Cremar, enterrar? Afinal a morte é surpresa para alguém que está vivo e tem apenas esta como a única certeza de sua vida?

Hoje Doughty tem um canal no youtube Ask a Mortician onde continua estas questões sobre a morte e seus desdobramentos sob diversos aspectos. Ela também gerencia uma agência funerária sem fins lucrativos, além de fundar a organização The Order of the Good Death, que defende o enterro natural e abraça a mortalidade humana. From Here to Eternity é seu segundo livro publicado que pretende ser uma jornada de imersão global para compreender como outras culturas cuidam de seus mortos.


A Química dos Bolos - Joyce Galvão

Quando o assunto é livro de não ficção, definitivamente os meus preferidos são os de culinária com receitas deliciosas e fotos magníficas para deixar qualquer um com água na boca (claro, se for o tipo de alimento que atrai o paladar de quem o lê/vê). E minha editora favorita nessa área é a Companhia de Mesa, selo da Companhia das Letras, responsável por diversos dos melhores livros de receitas da minha coleção. Por conta disso, sempre que um título novo deste selo é publicado, já fico desejando-o intensamente. E o escolhido da vez foi “A Química Dos Bolos”, essa maravilha que traz receitas deliciosas para deixar nossos dias mais doces.
Confesso que antes de descobrir esse livro, não conhecia a autora, Joyce Galvão. Mas agora fiquei completamente encantada pelo seu trabalho e por todo o amor que transmite pela confeitaria e pela gastronomia e pude perceber tudo isso nesta obra prima que é este exemplar. Com suas palavras explicativas, receitas incríveis e fotos estonteantes, o leitor percebe que nada foi feito de forma leviana, pelo contrário, há bastante carinho envolvido em cada etapa do caminho.
Joyce é idealizadora do site Essência Studio, é formada em gastronomia e engenharia de Alimentos com especialidades em docência, confeitaria e pesquisa científica voltada para a gastronomia. Ou seja, ela realmente sabe do que está falando e tem muita experiência na área. Mal a conheci e já admito bastante o seu trabalho.
Esse livro tem tudo a ver com a autora, que é uma defensora de mais dias com bolos. Ela já estava envolvida em diversos projetos com esses deliciosos alimentos, e os considera a materialização de um abraço ou um gesto de amor. E ela se dedicou a ele por anos, pausando sua idealização algum tempo enquanto cuidava de sua filha recém-nascida, e voltando depois com ainda mais afinco para entregar tudo perfeito, com muito carinho e devoção. Ela fez, refez e recriou as receitas, fotografou cada um dos bolos, mudou detalhes, etc. Até chegar ao resultado final desejado. E é maravilhoso!


A obra é repleta de histórias, comentários, ensinamentos, dicas preciosas e explicações bem-feitas, além de variações de bolos e ingredientes, receitas de caldas e molhos, pesos e medidas, como calcular o tamanho da fôrma, respostas para dúvidas comuns e muitos segredos.
Todas as receitas possuem fotografias do resultado final e também do processo, e algumas até de determinados ingredientes. Achei isso fantástico, pois ajuda bastante na hora da preparação. Provavelmente já comentei aqui no blog, mas realmente acredito que as fotos fazem toda a diferença na hora da execução. Pelo menos comigo é assim, se não tiver a parte visual eu logo penso que não vou conseguir fazer ou que não vai sair do jeito correto.


Como Se Vingar de Um Cretino - Lessons in Love #01 - Suzanne Enoch

Lady Georgiana Halley está cansada dos homens e da maneira que tratam as mulheres. Mas não está sozinha nessa, afinal suas melhores amigas, Evelyn Ruddick e Lucinda Barrett, pensam o mesmo. Por isso, em uma conversa que as três têm, decidem criar uma lista com regras que acreditam que os homens deveriam seguir para poder aprender a tratar melhor as mulheres. Depois, percebem que precisam colocá-la em prática e decidem escolher um homem cada uma para darem uma lição neles que os faça aprender a ser um perfeito cavalheiro e tratar qualquer pessoa bem.
A primeira a colocar o plano em ação é Georgie, que escolhe ninguém menos que Tristan Carroway, visconde de Dare, com quem ela já teve um tipo de relacionamento no passado, mas que resultou em algo ruim e que trouxe consequências para a jovem. E tudo por causa de uma aposta que ele fez e que ela descobriu, ficando arrasada. Agora, com um misto de desejo por vingança para fazê-lo pagar pelo que fez anteriormente, e vontade de consertar a personalidade dele para que trate melhor suas próximas pretendentes, lady Georgiana volta a se aproximar de Dare com o intuito de fazê-lo se apaixonar por ela para depois abandoná-lo, ensinando a ele uma lição para que nunca mais brinque com o coração de nenhuma mulher.
Enquanto Tristan está passando por um momento bastante conturbado em sua vida pessoal, afinal sua família está à beira da falência e ele, como visconde de Dare, terá que fazer de tudo para ajudá-los. Por isso terá que se casar com uma mulher que esteja interessada no título de viscondessa, por mais que ele não consiga nutrir sentimentos por nenhuma delas. Porém, tudo fica bastante complicado já que, mesmo que ele tenha um alvo, lady Georgie volta a fazer parte de sua vida e está sempre atrapalhando seus avanços com outras mulheres, seja porque essa seja justamente a sua intenção, atrapalhá-lo, ou porque ele não consegue resistir a ela, não importe o quanto tente ou o quanto relembre que Georgie o odeie.
Mas ninguém manda no coração. E, por mais que a razão possa fazer qualquer um resistir, a emoção não consegue o mesmo desfecho. Então, por mais que Georgiana acredite que vá sair impune de tudo isso, seu coração definitivamente discorda. Resta saber se Tristan conseguirá reconquistar sua confiança e se tudo isso no final vai valer a pena.
Primeiramente gostaria de dizer que estou bem contente que a Harlequin ainda esteja investindo em romances de época e tenha decidido voltar a publicar os do período regencial como fazia alguns anos atrás, mesmo que o modelo de suas publicações tenha se modificado e agora eles sejam lançados em formato de livraria, o que é ainda melhor porque alcança um público mais amplo, para se apaixonar cada vez mais pelo gênero, fazendo com que ele cresça ainda mais e ganhe mais espaço no Brasil. Isso porque esse é meu gênero preferido, e não consigo enjoar dessas obras leves, divertidas e que trazem protagonistas à frente de seu tempo, donas de seus próprios narizes, ainda que a época não tenha sido a melhor para as mulheres. Ou seja, só tenho a ganhar, assim como todos os leitores que curtem essas obras, com novos títulos lindos e maravilhosos sendo publicados por aqui.
Dessa vez a escolha foi Suzanne Enoch, bem renomada lá fora, com mais de trinta livros publicados, mas que aqui no Brasil ainda não tinha muito destaque. Eu ainda não tinha lido nenhum livro da autora, mas já conhecia um pouco de seu trabalho através de um conto que li numa antologia, pelo qual fiquei apaixonada e se tornou um dos meus preferidos daquele exemplar. Então é claro que estava empolgadíssima para ler uma história longa dela e posso dizer que ela entregou o que prometeu e fiquei muito encantada por sua escrita e pela trama que construiu.


Georgie é uma protagonista fantástica, forte, decidida e com uma personalidade muito boa. Mesmo vivendo uma grande decepção amorosa no passado, conseguiu dar a volta por cima e lidar com as consequências de seus atos muito bem, não culpando Tristan por decisões que ela própria tomou. Também achei ótimo poder acompanhá-la lidando novamente com seus sentimentos por ele e com o fato de que o coração tem sua própria escolha, mas não deixando a razão de lado e lidando de forma bem madura com tudo isso, sem se deixar levar por Tristan só porque ele é bonito e irresistível e nem passa a confiar nele sem que ele faça por merecer. Pelo contrário, ela sabe se impor e sabe quando não aceitar o que ele diz ou faz. E, quando decide algo, faz porque quer.
Também gostei muito de Tristan. Ele é uma pessoa responsável e resignada, que sabe que deve cumprir seus deveres com a família por mais que tenha que sacrificar sua própria felicidade para o bem alheio. Ele sempre trata todos muito bem, é uma pessoa madura, apaixonante e dono de uma personalidade incrível. Gostei muito de poder conhecer seu eu verdadeiro e vê-lo tentando provar que não era exatamente o que muitos pensavam dele.
E algo que gostei bastante é que a autora soube trabalhar muito bem com os sentimentos dos personagens de uma forma natural, que não ficou forçada. Eles sabem o que fizeram no passado e entendem que tiveram suas próprias parcelas de responsabilidade e depois precisaram lidar com elas e as consequências de suas atitudes, tudo de forma bem madura e discreta. Fora que achei bem interessante como lidaram com o que sentiam um pelo outro depois de tantos anos, tentando se segurar e agindo racionalmente, mesmo que depois percebam que o amor é mais forte e acabem cedendo. Porque de vez em quando me incomoda quando determinados casais só conseguem se comportar baseando-se na parte carnal da relação, como se tudo não passasse de sexo. Enquanto aqui o amor é mais importante, mesmo que a parte física não fique de lado e, inclusive, também esteja presente em cenas explícitas na obra.  


A Verdade Sobre Amores e Duques - Querida Conselheira Amorosa... #01 - Laura Lee Guhrke

Henry Cavanaugh é o duque de Torquil e leva muito a sério todas as suas responsabilidades, tanto com o título como com o fato de ser chefe de sua família, e sempre faz de tudo para proteger aqueles que ama. Ele é uma pessoa tranquila que busca um casamento calmo e ideal, e uma vida organizada, com tudo seguindo conforme deve ser, sem complicações pelo caminho. E o amor não é algo que busque ou espere encontrar. Mas é claro que essa vida está bem longe de ser conquistada, afinal sua família, composta por duas irmãs solteiras, um irmão mais novo sem dinheiro, um cunhado acomodado e dois sobrinhos endiabrados, além de sua mãe que até ontem era a mais sensata de todas, está sempre fazendo algo que o deixa de cabelo em pé.
Mas ninguém ainda tinha tido a audácia de sua mãe: uma viúva que decide se casar com um homem estrangeiro, sem títulos, com quem está envolvida num escândalo perante a sociedade, só porque ela recebeu este conselho de uma anônima conselheira do jornal, que assina suas dicas como lady Truelove. E, para piorar, ela sai de casa sem nem avisar a ninguém que iria embora, nem para onde, somente que tinha intenções de casar com aquele homem, que nada mais é do que um tremendo interesseiro. Porém, é claro que Henry não pode deixar isso passar sem tomar uma atitude, e faz de tudo para que ela mude de ideia, inclusive faz questão de conhecer essa tal de lady Truelove com o intuito de que ela lhe ajude dizendo onde sua mãe se encontra e também mude seu péssimo conselho, fazendo com o nome de sua família possa ser salvo desse escândalo que está prestes a tomar proporções irreparáveis.
E é por isso que ele conhece Irene Deverill, mulher forte, com uma personalidade bem à frente de seu tempo, que batalha todos os dias pelos direitos femininos e também para manter sua família de pé, com dinheiro e um pouco de dignidade que sobrou depois que sua mãe se foi, seu irmão mudou de país e seu pai se afundou nas bebidas, deixando as filhas sem quaisquer perspectivas boas. Por conta disso, ela tomou a frente nos negócios da família, que nada mais é do que um jornal de sucesso, onde agora ela trabalha comandando-o e conseguiu trazer o prestígio que antes tinha, além de mantê-lo a salvo e rendendo lucro para sustentar sua família.
Tudo está seguindo normalmente, até que o duque de Torquil entra em seu escritório, exigindo coisas que ela não vai fazer, principalmente porque sabe muito bem como essas pessoas que possuem título agem, como se fossem os donos de tudo. Ela já teve experiências ruins com indivíduos da alta sociedade e vai fazer o que for para evitar muito contato com eles, exceto pelas partes em seu jornal que falam justamente sobre eles. Mas é claro que Henry não vai deixar barato sua recusa em ajudá-lo e vai conseguir um acordo com o pai dela usando, claro, seu dinheiro e fama, fazendo com que ela acabe tendo que ceder um pouco para não se prejudicar e também a sua irmã. E é nesse novo contato aproximado entre os dois que ambos percebem que talvez julgar uma pessoa premeditadamente não seja a melhor opção. E quando sentimentos entram em jogo eles terão que escolher entre o que é mais importante: sua vida e sua felicidade própria ou ceder para se encaixar na vida de outra pessoa só por causa do amor.
Quando eu era mais nova, tinha decidido que não gostava muito de romances de época, ainda que nunca tenha parado para dar uma chance para algum deles já que pensava que não ia gostar. Sim, eu estava erradíssima, afinal hoje amo o gênero com todo o meu coração. Mas quando somos adolescentes nem sempre pensamos da maneira mais correta. Depois de ter escutado diversas pessoas falando sobre como essas histórias geralmente são divertidíssimas e com casais maravilhosos, decidi que deveria dar uma chance ao gênero. E foi justamente Laura Lee Guhrke a minha escolha como primeira autora para conhecer esse universo de damas e cavalheiros no Século XIX. Então, quando soube que seu segundo livro (sim, só existia um único livro da autora publicado no Brasil) seria lançado por aqui, de sua nova série, sabia que precisava lê-lo e estava ansiosíssima para começar, afinal foi graças a ela que mergulhei no gênero, me apaixonei e logo fui procurar mais livros, já que tinha amado tanto sua história.


Mesmo depois de anos sem ler títulos da autora e tendo no currículo de leituras do gênero diversos exemplares das mais variadas escritoras, devo dizer que Laura continua sendo uma das melhores. Suas tramas são maravilhosas, encantadoras, apaixonantes e divertidas! E nos deixam com um gostinho de quero mais delicioso ao fecharmos a última página do exemplar. Espero que a Harlequin continue publicando-a, tanto essa série quanto outras que já escreveu.
De todas as obras de romance de época que já li até hoje (e, sim, foram muitas, levando em consideração que este é meu gênero favorito), Irene Deverill é a protagonista feminina mais feminista e independente, levando suas atitudes para níveis muito maiores do que as lutas verbais e pequenas ações para a liberdade da mulher e a igualdade do sexo. Ela trabalha em seu próprio jornal como chefe, e toma decisões muito importantes, participa de eventos, reuniões, entre outros. E, assim como outras mulheres, faz de tudo para buscar um lugar melhor no mundo para o sexo feminino, e também batalha para conseguir melhorar os direitos de todas, inclusive faz parte de movimentos para que possam votar. E ela sempre tem um discurso preparado para apoiar a causa e sempre tenta mostrar a todos a maneira ideal de pensar e agir em relação aos direitos iguais.
Gostei muito do duque de Torquil, sua personalidade e sua atitude com relação a querer ajudar e proteger sua família. E, principalmente, adorei ver a evolução da maneira de pensar e agir dele depois que percebeu que só porque viveu aprendendo algo a vida inteira, não torna aquilo uma verdade absoluta. E que, sim, o mundo tem muito mais possibilidades e nuances e nada é apenas preto ou branco. Fora que seu passado revelou alguém bem diferente do que ele demonstra e faz parecer por fora, muito mais interessante e que aprende com seus próprios erros para melhorar e até mesmo aceitar o amor novamente, ainda que de forma distinta.


Outlander #03: O Resgate No Mar - Diana Gabaldon

Como fã da série Outlander, curto bastante tanto os livros quanto a série de televisão, e sempre que é possível gosto de manter minha leitura para saber mais sobre esses personagens tão amados que Diana criou. Esse é o terceiro exemplar da série, que antes havia sido publicado aqui no Brasil em duas partes, assim como os volumes quatro e cinco, que também foram divididos em território nacional. Mas a Editora Arqueiro agora está relançando todas as obras em volumes únicos com a capa da série (então serão publicadas junto com a temporada relativa), exceto pela sexta, “Um Sopro De Neve e Cinzas”, que era inédito pela editora aqui no Brasil, e é lançamento desse mês já em edição completa.
Portanto, essa é a resenha do terceiro volume, “Resgate no Mar”, completo, e pode conter pequenos spoilers dos livros anteriores para poder situar os acontecimentos que os personagens estão vivenciando por aqui. Mas não vai ser nada muito revelador ou que possa estragar as surpresas de ninguém.
Esse livro começa em 1968, quando Claire já tem quase cinquenta anos e sua filha já é praticamente uma adulta que não precisa mais tanto dos cuidados dela. Agora viúva de Frank, ela tem que retornar a Inverness, onde tudo começou, e relembra as aventuras vividas por ela e o grande amor de sua vida, Jamie Fraser, do qual está separada por vinte anos. Quando Claire descobre com a ajuda de Roger (filho do reverendo que era amigo de seu marido Frank) que Jamie não morreu na batalha de Culloden como ela acreditava, mas sim que foi preso e não há relatos ou confirmação de sua morte, nossa protagonista vê uma chance de procurar saber o que aconteceu, e tem muitas esperanças de que ele possa estar vivo só que em outro tempo.
Claire então passa a pensar na possibilidade de reencontrar com o pai de sua filha, e, junto do jovem historiador Roger, ela começa a juntar evidências para saber sobre o paradeiro do seu amado para que assim ela volte para o século XVII, ficando sempre dividida entre voltar para encontrar o seu grande amor ou ficar nesse século com a sua filha.
Em contrapartida, vemos o lado de Jamie depois que mandou a sua amada para outro tempo, com sua filha na barriga, para salvá-las. Como ele ficou uns bons anos escondido até não suportar mais a solidão e se deixar ser pego pelos ingleses para ajudar a sua família com o dinheiro da sua recompensa. Vemos como ele sofreu nesse tempo e acabou se tornando o líder dos prisioneiros, sendo o porta voz entre os detentos e o diretor. Não teve um dia em que Jamie não tenha pensado em sua filha, rezando para que ela tenha sobrevivido, e em sua amada.
Também encontramos vislumbres do passado de ambos os protagonistas nesse tempo que ficaram separados, e vemos como Claire se dedicou a filha e a sua carreira, se tornando uma médica, já que antes era uma enfermeira, e de como ela se sentiu solitária sem poder falar de Jamie para ninguém.
O reencontro dos nossos protagonistas foi uma das cenas mais lindas que Diana já escreveu, e me fez ficar com os olhos cheio de lágrimas, já que eles ficaram muito tempo separados e, ainda assim, o amor prevaleceu mesmo com todas as barreiras.
Com muito suspense, drama e romance, esse volume consegue nos conquistar em todos os momentos com uma narrativa rápida e fluida e cheia de reviravoltas, o que faz com que a história não fique parada nem por um segundo, sendo também muito completa, surpreendente e viciante! Só com muito talento mesmo, como Gabaldon já demonstrou há muito tempo que tem de sobra, alguém consegue construir uma trama tão completa e rica como Outlander é, que, mesmo sendo uma série com tantos exemplares e todos bem extensos, ainda tem a capacidade de inovar e trazer coisas empolgantes e interessantes a cada virada de página.
A narrativa continua em primeira pessoa pela visão de Claire, o que gosto bastante, já que ela é uma ótima protagonista e gosto de acompanhar os seus sentimentos. E também em terceira pessoa quando narra os vinte anos que os protagonistas ficaram separados, o que também gostei muito, já que assim conseguimos ter uma visão mais detalhada de tudo o que aconteceu nesse tempo.
Os personagens continuam ótimos, Claire é uma mulher batalhadora, decidida, forte e independente e o Jamie continua maravilhoso, lindo e teimoso como sempre, fazendo com que a gente torça por eles em todos os momentos.


O Menino do Pijama Listrado - John Boyne

Quem acompanha minhas resenhas sabe quanto eu gosto da escrita do autor John Boyne, comecei a ler seus livros por alguns livros não óbvios, mas não podia passar mais tempo sem ler O Menino do Pijama Listrado, publicado pela Companhia das Letras, pelo selo Seguinte.

Bruno é um garotinho alemão de nove anos, ele mora com sua família em Berlim, quando sem mais explicações além do trabalho do pai ele se vê obrigado a mudar de cidade. A nova casa é em um lugar isolado com uma cerca enorme ao lado. Ao olhar para janela, o garoto vê pessoas, elas usam pijamas listrados, mas ele não compreende o porque. Cansado de não ter com quem brincar ele sai para explorar, e conhece um garoto da mesma idade do outro lado da cerca, Shmuel, e uma amizade improvável nasce.

A edição que li do livro é a comemorativa de dez anos que têm ilustrações de Oliver Jeffers e capa dura. Oliver consegue com traços simples e certeiros, usando quase nada de cor (basicamente o preto e branco com destaques azuis), transmitir com muita pontualidade o clima do livro, assim como as situações do mesmo. A editora fez um ótimo trabalho gráfico que deixou o livro digno de viver na minha estante para sempre!

Boyne realizou sua narrativa em terceira pessoa de forma encantadora, se é que posso dizer isso depois do desfecho da trama, mas não tenho uma palavra melhor para descrever a capacidade do autor em contar uma estória triste de forma tão leve e que nos faz esquecer toda tragédia que acontece ao redor do protagonista. Utilizando do olhar infantil, ele foi capaz de narrar os horrores de um campo de concentração.

Bruno é inteligente, mas muito inocente, embora filho de um dos comandantes de Hitler, ele não sabe que seu país está em guerra, menos ainda do que se trata o nazismo, ou o trabalho do pai. Assim ele explora tudo ao seu redor com um olhar puro e sem preconceitos, seu julgamento a cerca das pessoas é muito peculiar e longe da realidade. Ainda acha que o mundo deve girar de acordo com suas vontades, como por exemplo a sua inconformidade da mudança de casa, ou ainda a falta de empatia da fome que seu amigo passa do outro lado da cerca - ele é capaz de levar comida para o mesmo e comer no caminho porque tem fome. Tudo que importa para o menino é ser um explorador, e poder ter com quem brincar.

A família de Bruno é composta pelo pai, que é responsável pelo campo de concentração, mas que embora seja cruel com todos é paciente com o filho, mesmo quando ele questiona o que vê do outro lado da cerca; pela mãe que mesmo que não concorde com o marido o segue onde ele vai, e não parece tão preocupada com os filhos; e por fim pela irmã de Bruno, que está no início da adolescência e desenvolve uma paixonite por um soldado do pai.

Shmuel é quem apresenta a realidade do campo de concentração para Bruno, mesmo assim o menino não faz ideia até o fim do que se trata. O garotinho judeu é muito inteligente, pois é filho de uma professora. Ele é quem situa Bruno do atual local onde mora, a Polônia, até este momento ele ainda achava que estava em Berlim. Mesmo ele vendo todas as atrocidades que acontecem por perto também inocente (ou talvez prefira poupar o amigo?), quando seus parentes começam a sumir e não voltar, ele não sabe que estes estão aos poucos sendo mortos.


Um Ano Bom - Ana Faria

Gosto bastante de livros de autores nacionais e sempre que possível estou lendo algum para prestigiar um pouco dos talentos que temos. Então, quando li a sinopse desse volume escrito por Ana Faria, fiquei louca para saber um pouco mais da história. Agora venho compartilhar com vocês todas as minhas opiniões.
Nesse volume conhecemos Christopher, um garoto muito bonito que está sem seu último ano do ensino médio e que vive cercado de amigos e garotas. Apesar de ser diferente dos seus amigos em relação a zoar os outros, ele não se intrometia quando os mesmos faziam isso, e até ria algumas vezes dessas “brincadeiras”.
Conhecemos também Clara, uma menina de cabelos tingidos de vermelho e pouca maquiagem, que foi convidada a se retirar do seu último colégio, já que havia quebrado o braço de outra aluna. Sua mãe foi embora quando ela tinha cinco anos, deixando-a sozinha com o seu pai, com quem ela não consegue se relacionar. Quando começa a frequentar essa nova escola, ela só não quer chamar muita atenção, e deseja viver um ano tranquilo e longe de confusões.
Assim que Christopher conhece Clara, ele começa a se encantar por ela e ter sentimentos que nunca teve. Quando Jéssica, uma das meninas mais populares e a “mais bonita” do colégio, repara que ele está interessado na nova aluna, começa a implicar com a nossa protagonista, fazendo com que a mesma sofra muito bullying na escola, sem nem poder revidar por conta do seu histórico conturbado. Por conta disso, Clara acha que Chris é um babaca como todos os outros populares, mas aos poucos ele consegue mostrar para a garota que não é o cara que ela imagina que ele seja, e acompanhamos os dois se conhecendo melhor até que tudo aquilo vira um sentimento mais forte.
A história gira em torno dos dois, que vivem um romance escondido, e que, por estarem na adolescência, vivem os problemas da idade. O livro aborda muito mais do que o relacionamento deles e entra em várias questões que nos fazem refletir, como bullying, raiva, perdão, etc. Foi bem gostoso acompanhar o crescimento dos nossos protagonistas e conhecer ambos melhor.
Com uma leitura leve e fluida, esse volume consegue nos conquistar do início ao fim com uma trama despretensiosa, que traz o cotidiano de dois jovens com as vidas bem diferentes entre si, e que acabam se encontrando e criando um laço, no qual se conhecem melhor e formam uma linda história de amor.