Esta resenha
é do desfecho da trilogia Amada Imortal,
de Cate Tiernan, mas vocês podem ler tranquilamente porque não há qualquer
tipo de spoiler dos volumes antecedentes, "Amada Imortal" e
"Cair das Trevas" (clique nos títulos caso queira conferir as
resenhas).
Em “Inimigo
Sombrio” vemos que a imortal de 450 anos, Nastasya, está de volta a River’s
Edge despois de todos os acontecimentos aterrorizantes (e traumáticos!) que
precisou enfrentar no segundo livro da trilogia. Ela precisa amadurecer de
verdade para deixar de ter vontade de fugir toda vez que algo dá errado ou sai diferente
do que ela espera, enquanto tenta aprender mais sobre como utilizar sua magick,
estuda outros elementos e novas habilidades que podem ajudá-la se as coisas
ficarem perigosas novamente, e ainda descobre (e precisa aceitar) mais sobre si
mesma.
Mas é claro
que no meio de tudo o que está acontecendo, ela ainda precisa entender e
assumir seus sentimentos em relação ao deus viking que é Reyn, que pode ter
tido uma participação terrível no passado trágico de sua família, mas não é o
culpado pelo que aconteceu de verdade e também agora já é um novo homem. Ou
seja, a vida não poderia estar mais complicada.
Só que,
sendo Nasty, as coisas nunca estão difíceis o suficiente, e agora que representantes
das oito casas imortais e mais outros vários imortais estão sendo perseguidos, atacados
e muitos deles mortos pelo mundo, Nas terá que se desdobrar para provar que não
tem nada a ver com estes ataques, precisando conquistar a confiança de novos
moradores poderosos de River’s Edge.
Eu realmente
amei esta trilogia, que em termos de qualidade se manteve fiel nos três livros,
e fico feliz de ter curtido tanto o último volume, coisa que quase nunca acontece
com as séries que tenho lido ultimamente. Confesso que esperava só um pouquinho
mais do final por dois motivos. O primeiro é que eles estavam no meio de uma
batalha, falando uns para os outros que precisavam matar para não morrer e,
mesmo assim, não matam dois importantes. Acho que os personagens me deixaram
com mais expectativas do que conseguiram entregar.
E o outro
motivo, e acredito que este foi o que mais pesou para mim por conta de toda a
história de amor desde o primeiro volume, é que, quando o casal finalmente vai
ficar junto, a autora corta a história desnecessariamente, e já está com algo
mais avançado entre os dois. Mas eu queria ver o momento onde tudo mudou, onde
Nastasya deixou de ter medo e se entregou a tudo o que mais desejava. Fiquei tão
chateada com este pulo da história que nem consigo encontrar as palavras certas
para definir isto. Acho mesmo que poderia ter mais algumas páginas e fazer as
coisas serem mostradas devagar, para nos fazer ficar ainda mais apaixonadas e
não terminar o livro com um capítulo estilo epílogo com tudo o que tinha
acontecido sem nos deixar acompanhar no momento em que ocorria, como foi o
resto da série inteira.
Acho que o
título nacional, mesmo que não seja nada a ver com a tradução, até combinou
mais com a história desde volume do que o original “Eternally Yours”
(Eternamente Sua), justamente por conta deste segundo motivo que acabei de
citar. E também porque realmente há um inimigo sombrio que está acabando com
vários imortais pelo mundo todo, que o leitor facilmente vai saber quem é se
prestar atenção em tudo o que eles falam, já que a autora optou pela revelação
não ser uma surpresa total.
Eu gosto
demais desta série, mas também sei que ela não vai agradar a todos os gostos,
por conta de sua narrativa mais lenta, sem muitos acontecimentos importantes ou
de tirar o fôlego, ela é mais como uma respiração calma no meio de outras que
nos deixam arfantes.
Achei fofo a
autora ter citado o Brasil várias vezes neste volume, porque eu sempre fico
feliz quando os autores internacionais citam o país em suas obras.
A
protagonista, Nastasya, continua me dando a impressão de ser muito jovem, e não
uma pessoa de tantos anos de vida (450 anos) como ela tem por conta de suas
atitudes e pensamentos. Ela realmente se comporta como a idade que aparenta. Na
verdade acho que nenhum deles parece realmente ter a idade que têm. Não que
isso me incomode, porque eu a adoro (ela inclusive é uma das minhas preferidas)
e todas as suas atitudes e pensamentos, já que eles me divertem em muitos
momentos, mas sei que é uma coisa menos real, o que pode incomodar alguns
leitores.
Não sei
quais eram meus sentimentos pelo Reyn no primeiro livro, apesar de saber que
sempre torci pelos dois, principalmente no segundo, mas neste eu fiquei
totalmente apaixonada pelo personagem! Ele é daquele tipo que eu mais gosto,
que, apesar de ter uma fachada mais fechada e séria, é um amor de pessoa com
Nastasya, além de ser direto e não ficar fazendo joguinhos sobre o que quer.
Nasty foi
meio irritante com relação a ele algumas vezes por conta da sua relutância toda
em se envolver, ou melhor, em se envolver com
ele seriamente. Ela às vezes tinha uns dramas muito adolescentes quando
este era o assunto.
Dos outros
personagens eu ainda gosto de todos, mesmo que sempre me confunda pela
quantidade de nomes, inclusive porque não são tão comuns no meu vocabulário
usual, mas além de Nasty e Reyn, os que mais gosto são River, Asher e Brynne.
Também tiveram acréscimos de personagens neste volume, que não estavam muito
presentes anteriormente, mas que tiveram grande destaque/importância aqui.
Apesar de
ter lido os dois volumes anteriores desta trilogia há um tempo (o primeiro em
setembro de 2012 e o segundo em novembro de 2013), não fiquei perdida neste
livro, nem sem entender a história, já que Cate Tiernan sabe nos situar bem na
trama, relembrando os momentos importantes dos outros livros de uma maneira
sutil, mas bem feita, não deixando espaço para dúvidas.
A narrativa
desta obra ainda é em primeira pessoa pelo ponto de vista de Nas, então podemos
acompanhar as ações e pensamentos dela de perto. Como este é meu tipo preferido,
é claro que adorei mais uma vez. Também curto bastante o recurso que ela usa de
intercalar passado e presente, tanto da protagonista, quanto de outros
personagens através de visões e experiências que os fazem “ver o passado”.
Além disso,
a escrita da autora é deliciosa e envolvente e ela leva sua história num ritmo
gostoso, que faz com que a gente se sinta ainda mais próxima da protagonista e
de tudo o que ela está enfrentando e vivendo, assim como podemos acompanhar sua
superação e aprendizado. Dá para ver o crescimento dela e isso é realmente
ótimo.
As cenas da
batalha foram bem feitas, apesar de não terem durado muito tempo assim, e achei
que a autora soube escrevê-las bem, o que é um ponto positivo. A única coisa de
triste é que, como é de se esperar, alguns dos personagens queridos acabaram
morrendo.
Adoro estas
capas da trilogia, mesmo que sejam simples, e acredito que esta última tenha
sido minha preferida por dois motivos, gostei deste tom coral mais sutil que
foi utilizado e da corujinha branca que está em uma folha na parte superior,
meio escondida, achei ela tão fofa ali em cima.
A parte
gráfica da capa e a diagramação interna do livro estão muito bem feitos. A
Galera Record, mais uma vez, está de parabéns pelo trabalho. A capa segue
padrão com os outros volumes, e tem textura soft touch (aveludada) com verniz
localizado nas folhas e alto-relevo no título e nome da trilogia, e a
tipografia é a mesma utilizada anteriormente. Os espaçamentos e fonte do miolo
estão em um tamanho bem confortável para uma leitura por mais tempo sem irritar
a vista e as páginas são amarelas.
Ao final
desta leitura posso afirmar que Cate Tiernan me cativou e conquistou desde o
primeiro instante, ainda no primeiro livro, mesmo que o segundo tenha sido meu
preferido, fazendo com que eu tenha me tornado mais uma das fãs da autora. Se
alguma editora brasileira for publicar mais alguma de suas outras obras (o que
eu honestamente espero que aconteça), tenho certeza de que vou querer lê-la.
Realmente
recomendo esta trilogia para todos os leitores que gostam de jovem adulto (no
sentido do comportamento) sobrenatural, com personagens incríveis, uma
protagonista divertida, uma história de amor cativante, e um delicioso clima de
tensão e mistério, com ação e magia. E, para alegria dos fãs, a autora fechou
todas as pontas soltas, não deixando nada em aberto ou com dúvidas no final.
Avaliação