Um Planeta em seu Giro Veloz,
terceiro livro da série Uma Dobra no Tempo, da autora Madeleine L'Engle,
continua a saga pela mentalidade peculiar da autora, e me fez pensar o que
exatamente ela estava lendo na época em que escreveu sua saga, afinal é claro
um punhado de referências usadas, mas não de forma muito explícita. Por
tratar-se do terceiro volume contém spoilers.
A família Murry está reunida
novamente para ação de graças, Charles Wallace agora tem quinze anos, e sua
irmã Meg está casada e esperando um bebê. Após um telefonema de alerta do
presidente americano, Charles recebe a missão de desenrolar o passado para
salvar o presente de uma guerra nuclear. A bordo de um unicórnio, uma viagem no
tempo atrás dos Pode-Ter-Sido é realizada pelo jovem que não conhece os perigos
de visitar o passado.
Continuo minha saga de amor e
ódio pela autora. Ao mesmo tempo em que admiro os temas e as ideias que ela
têm, me irrito com a execução das mesmas. É como se faltasse um editor junto a
autora para deixar a trama mais acessível ou lógica, já que continuam existindo
momentos que L'Engle parece conversar apenas consigo mesma, fazendo com que o
leitor siga no escuro deduzindo as situações, e criando relações que muitas
vezes nunca são trabalhadas.
O ponto principal desta estória é
o questionamento temporal. A dupla Charles e o unicórnio Gaudior visitam
diversos momentos no passado de indivíduos que tinham potencial para ter feito
diferença, mas que por algum motivo algo os impediu. E a ideia da viagem no
tempo, o motivo e realizá-la junto a um ser mágico é ótimo, mas usar nomes
iguais ou similares para cada núcleo temporal faz com que tudo vire uma grande
bola de neve. Compreendo que isso trás um encadeamento, já que todos são
parentes de alguma forma, mas dar nomes distintos a cada um ajudaria e muito a
trama!
A viagem no tempo não é
trabalhada de forma linear, ou seja, na mesma direção, como Gaudior explica: " E o quando não é importante. O que
importa é o que acontece no quando". Em outras palavras eles conseguem
viajar na linha temporal, mas não para lugares diferentes da onde o ponto de
partida é, que no caso é uma pedra de avistamento de estrelas.
Wallace está mais velho e com
isso perdeu um pouco de sua graça, sua espontaneidade não é mais a mesma, ele
está menos destemido e ousado. Nem parece mais o menino super dotado que se
destacava nos livros anteriores. A grande questão é a autora fez isso de forma
consciente, por ele estar se tornando adulto acaba perdendo alguns de seus
'dons' ou é apena uma falha na evolução do personagem. A mesma pergunta fica
quanto a Meg, uma adulta, casada e grávida que se comporta ainda como uma adolescente.,
embora não seja protagonista, como nos livros anteriores, ela é uma expectadora
ocular, e tem comportamentos de quem ainda não envelheceu.
O livro foi feito em 1978 e já
alertava quanto aos conflitos nucleares e seus desdobramentos. Mais que isso
ela coloca o quanto a Terra não se dá conta que se implodir, se destruir não é
apenas extinguir a vida aqui, mas também criar um efeito dominó que abalaria
até outras galáxias.
Como já é característico da
autora eu sempre consigo fazer interpretações diferentes das ações dos
personagens. Quando Wallace vai a cada momento do tempo ela se junta ao corpo
do protagonista daquela estória para viver um período com o mesmo, e de alguma
forma o influenciar e aprender com ele também. A pulga que ficou quanto a isso
é se ele não estava se lembrando de suas vidas passadas, onde ele era estas
pessoas, então fica a pergunta...
Embora abordando diversos
aspectos importantes e utilizando criaturas que até me atraem, a série para mim
têm sido cada dia menos interessante e despertando cada vez menos empatia. Isso
porque a autora criar um tédio no seu modo de escrita em terceira pessoa, ainda
mais quando não diferencia seus personagens. Um Planeta em seu Giro Veloz é ora
confuso, ora maçante, mas ainda tem aspectos que valem sua leitura para quem
gosta dos temas abordados. Sigo tentando com o próximo livro da série Muitas
Águas.
Avaliação