Um Planeta em seu Giro Veloz - Uma Dobra no Tempo #03 - Madeleine L'Engle

Um Planeta em seu Giro Veloz, terceiro livro da série Uma Dobra no Tempo, da autora Madeleine L'Engle, continua a saga pela mentalidade peculiar da autora, e me fez pensar o que exatamente ela estava lendo na época em que escreveu sua saga, afinal é claro um punhado de referências usadas, mas não de forma muito explícita. Por tratar-se do terceiro volume contém spoilers.

A família Murry está reunida novamente para ação de graças, Charles Wallace agora tem quinze anos, e sua irmã Meg está casada e esperando um bebê. Após um telefonema de alerta do presidente americano, Charles recebe a missão de desenrolar o passado para salvar o presente de uma guerra nuclear. A bordo de um unicórnio, uma viagem no tempo atrás dos Pode-Ter-Sido é realizada pelo jovem que não conhece os perigos de visitar o passado.

Continuo minha saga de amor e ódio pela autora. Ao mesmo tempo em que admiro os temas e as ideias que ela têm, me irrito com a execução das mesmas. É como se faltasse um editor junto a autora para deixar a trama mais acessível ou lógica, já que continuam existindo momentos que L'Engle parece conversar apenas consigo mesma, fazendo com que o leitor siga no escuro deduzindo as situações, e criando relações que muitas vezes nunca são trabalhadas.

O ponto principal desta estória é o questionamento temporal. A dupla Charles e o unicórnio Gaudior visitam diversos momentos no passado de indivíduos que tinham potencial para ter feito diferença, mas que por algum motivo algo os impediu. E a ideia da viagem no tempo, o motivo e realizá-la junto a um ser mágico é ótimo, mas usar nomes iguais ou similares para cada núcleo temporal faz com que tudo vire uma grande bola de neve. Compreendo que isso trás um encadeamento, já que todos são parentes de alguma forma, mas dar nomes distintos a cada um ajudaria e muito a trama!

A viagem no tempo não é trabalhada de forma linear, ou seja, na mesma direção, como Gaudior explica: " E o quando não é importante. O que importa é o que acontece no quando". Em outras palavras eles conseguem viajar na linha temporal, mas não para lugares diferentes da onde o ponto de partida é, que no caso é uma pedra de avistamento de estrelas.

Wallace está mais velho e com isso perdeu um pouco de sua graça, sua espontaneidade não é mais a mesma, ele está menos destemido e ousado. Nem parece mais o menino super dotado que se destacava nos livros anteriores. A grande questão é a autora fez isso de forma consciente, por ele estar se tornando adulto acaba perdendo alguns de seus 'dons' ou é apena uma falha na evolução do personagem. A mesma pergunta fica quanto a Meg, uma adulta, casada e grávida que se comporta ainda como uma adolescente., embora não seja protagonista, como nos livros anteriores, ela é uma expectadora ocular, e tem comportamentos de quem ainda não envelheceu.

O livro foi feito em 1978 e já alertava quanto aos conflitos nucleares e seus desdobramentos. Mais que isso ela coloca o quanto a Terra não se dá conta que se implodir, se destruir não é apenas extinguir a vida aqui, mas também criar um efeito dominó que abalaria até outras galáxias.

Como já é característico da autora eu sempre consigo fazer interpretações diferentes das ações dos personagens. Quando Wallace vai a cada momento do tempo ela se junta ao corpo do protagonista daquela estória para viver um período com o mesmo, e de alguma forma o influenciar e aprender com ele também. A pulga que ficou quanto a isso é se ele não estava se lembrando de suas vidas passadas, onde ele era estas pessoas, então fica a pergunta...

Embora abordando diversos aspectos importantes e utilizando criaturas que até me atraem, a série para mim têm sido cada dia menos interessante e despertando cada vez menos empatia. Isso porque a autora criar um tédio no seu modo de escrita em terceira pessoa, ainda mais quando não diferencia seus personagens. Um Planeta em seu Giro Veloz é ora confuso, ora maçante, mas ainda tem aspectos que valem sua leitura para quem gosta dos temas abordados. Sigo tentando com o próximo livro da série Muitas Águas.


Avaliação







Canta Comigo - With Me in Seattle #04 - Kristen Proby

Samantha Williams sabe como é viver rodeada de celebridades, afinal seu irmão é Luke Williams, um dos astros do cinema mais famosos e cobiçados do momento, com quem tem uma relação próxima. E ela também já namorou alguém com muita fama no passado, e esse relacionamento não teve um final feliz. Por conta disso, ela quer bastante distância de qualquer pessoa que tenha alguma ligação com o estrelato.
Por outro lado, conhecemos Leo Nash, vocalista da banda de rock mundialmente famosa Nash, que está em alta no momento. Apesar de tudo isso, ele é completamente diferente do que ela poderia esperar, sendo um homem simples, gentil e doce. Ele logo tem um interesse grande por Sam e faz de tudo para mostrar para ela, só que a moça realmente não quer ter esse tipo de envolvimento com alguém como ele, então tenta se desvencilhar algumas vezes. Porém, isso não vai ser nada fácil, já que Sam também fica rapidamente encantada por esse homem incrível. Mas será que sua personalidade apaixonante e bela aparência serão suficientes para quebrar as barreiras dessa rainha de gelo?
Acompanho essa série escrita por Kristen Proby desde o seu lançamento aqui no Brasil pela Editora Charme, em 2015. Então, sempre que um novo livro dela é publicado, já coloco na minha pilha de leituras e, assim que tenho a oportunidade, mergulho em suas tramas. Dá para notar que sua escrita evoluiu ao longo dos livros, ainda que eu não me lembre com detalhes de todos os volumes que li. Sim, culpo minha péssima memória e também a quantidade de obras que leio por ano. Mas me recordo dos sentimentos que tive em cada leitura e sei que essa atual foi a mais marcante para mim.
Já conhecíamos ambos os protagonistas por conta de participações anteriores na série. Sam é a irmã do Luke (protagonista do primeiro volume, “Fica Comigo”) e não foi muito gentil com a namorada dele (como comentei acima, não me recordo tão bem assim essa interação, que já li há quase quatro anos, mas sei que ela não foi uma personagem que eu tenha gostado tanto). Enquanto Leo é um grande amigo, quase irmão, de Megan McBride (protagonista de “Joga Comigo”, livro três), que não tinha me conquistado tanto assim em sua aparição. Porém, agora que tivemos a oportunidade de conhecer melhor ambos, suas personalidades, anseios, vidas e passados, eu simplesmente fiquei encantada pelos dois, de verdade.
Amei essa protagonista. Sam é forte, decidida, responsável, madura e independente. Gostei bastante de conhecê-la mais a fundo, pois assim pude entendê-la melhor e compreender coisas passadas. De modo geral, gostei muito do Leo também, mas teve uma cena quando estávamos nos aproximando do final em que ele trai a confiança de Sam (não posso explicar melhor, fiquem curiosos e leiam para saber do que se trata), que realmente me chateou, principalmente porque depois ele agiu como se estivesse irritado com ela e como se o que fez estivesse correto.
Fora que em alguns momentos ele decidia as coisas sozinho e depois só lhe comunicava. E ela sempre teve uma questão com relação a esse tipo de atitude, e, mesmo assim, ele continuava fazendo. O chato é que se estão num relacionamento, acho mais do que válido que ele discuta com ela as coisas que espera que façam juntos, e não apenas lhe informe depois de feito ou decidido.
Algo que eu adoro nessa autora é como ela mistura os protagonistas de todos os volumes como personagens secundários dos demais, fazendo com que o leitor tenha a possibilidade de conhecer diversas pessoas do mesmo núcleo e conseguir entendê-los mais a fundo, tanto individualmente quanto em suas relações familiares e de amizade. Acho incrível quando temos um vislumbre de uma vida num livro em que alguém é secundário ou faz pequenas participações, e depois temos a chance de conhecer sua história como protagonista de outro volume, o que faz com que o leitor passe a nutrir um carinho ainda maior por essas pessoas, ficando feliz quando encontra-os novamente nas continuações e vê que suas vidas estão caminhando bem.
Esse foi meu livro favorito da autora até agora. Fiquei apaixonada pelos protagonistas, pela construção do romance e pela química que possuíam em cada cena que estavam juntos. A narrativa de Kristen é realmente bem gostosa e flui maravilhosamente bem, fazendo com que as páginas passem voando.


Um Vento à Porta - Uma Dobra no tempo #02- Madeleine L’Engle


Que coisa estranha é essa que os autores têm de estragar suas sagas com os seus segundos volumes?! É muito frequente, e eu já me cansei de ler livros que me fazem querer parar com série! Um Vento à Porta, é o segundo volume da série Uma dobra no Tempo, da autora Madeleine L’Engle, publicado pela Harper Collins Brasil, e sofreu essa estranha maldição do segundo livro!

Já faz algum tempo que os irmãos Meg e Charles Wallace viveram sua primeira aventura. Agora Charles já frequenta a escola, mas não está conseguindo se adaptar, seus colegas o acham estranho, e ele não compreende como deve mudar para esconder sua inteligência. Como se isso não fosse problema suficiente ele ainda está doente. Com a ajuda de Calvin e novos amigos inesperados, Meg partirá em uma viagem dentro do próprio irmão!

Em seu primeiro livro L'Engle já tinha uma escrita rebuscada para um livro infanto-juvenil, mas neste livro ela piora, não usando termos técnicos como no anterior com a física, mas aqui no seu modo de desenrolar e explicar a trama. As vezes alguns trechos não faziam sentido, e tornavam-se cansativos. A escrita até andava, mas não despertava o menor interesse ou empatia pelos acontecimentos.

A premissa do livro é muito interessante, afinal uma viagem dentro do corpo humano soa interessante. Mas a ação é tão psicodélica que nem parece acontecer dentro do corpo de uma criança de seis anos. Isso porque eles vão até uma célula convencer as  farândolas dentro das mitocôndrias a lutar contra os que tiram os nomes. Então não temos partes do corpo, ou uma jornada através de algum lugar. Eles se transportam direto para a mitocôndria, e um embate mais mental do que qualquer outra coisa acontece.

Charles Wallace o personagem mais legal da série aparece no começo e no fim do livro, assim ficamos privados de suas falas inteligentes e reflexivas. Cabe a Calvin ser o personagem mais interessante e lógico, já que Meg continua chata demais, eu diria que ela melhorou um pouco, mais bem pouco. Ela continua ansiosa e histérica, pensando depois de agir.

Algumas criaturas diferentes surgem ao longo da estória, como um querubim e um professor, mas nada se liga. A autora parece apresentar pedaços de uma mitologia que não se mostra clara ou que se ligue muito bem ao livro anterior. É tudo muito subjetivo e vago, e embora fique claro que uma força negativa visa destruir mundos, não fica clara a estrutura de seres e regras que Madeleine pretende sustentar.


A Revolução dos Bichos: Em Quadrinhos - George Orwell & Odyr

Os animais que residiam na Granja do Solar começaram a ficar cansados da exploração e dos maus tratos que sofriam pelo humano que controlava o lugar. Para transpassar este problema, decidiram se rebelar contra o dono da fazenda e tomá-la com o objetivo de instituir um novo sistema cooperativo e igualitário no local. Com o novo lema “Quatro pernas bom, duas pernas ruim”, eles têm como objetivos encontrar o melhor para todos.
Porém, depois de algum tempo, os porcos, considerados os bichos mais inteligentes, começam a perceber que podem ter alguma vantagem e por conta disso passam a querer usufruir de mais privilégios, controlando as coisas e tomando suas próprias decisões, baseados no que acham melhor para si. E é assim que, aos poucos, começam a construir um novo sistema de opressão e controle, ainda pior do que o anterior. Muitos animais não entendem muito o que está acontecendo e os que percebem acabam sendo silenciados à força. E é assim que uma nova tirania é instalada no local, mais opressiva, mais sangrenta e com menos sentimentos de esperanças.
Devo começar essa resenha confessando que eu nunca li “A Revolução dos Bichos” na edição normal, ou seja, a história completa criada por George Orwell. Porém, já vi várias pessoas comentando a respeito de seus livros, das críticas que ele faz em suas histórias e de quão importantes elas são. Dito isso, devo dizer que já tinha curiosidade de ler todas as suas obras, inclusive essa em específico, mas acabei enrolando e nunca lendo de fato. Até que a Companhia das Letras, pelo selo Quadrinhos na Cia., resolveu publicar uma edição maravilhosa em quadrinhos adaptada e ilustrada por um artista nacional, o Odyr. Eu fiquei completamente apaixonada por seu trabalho e logo decidi que deveria conhecer essa obra sob sua perspectiva, e foi o que fiz.
É claro que uma edição adaptada nunca é igual a sua original, porém, mesmo sem ter lido essa, acredito que Odyr fez um ótimo trabalho com a adaptação, já que li resenhas de outras pessoas da obra completa e acho que ele conseguiu passar toda a essência de lá para cá, tanto através do texto quanto das ilustrações, só a apresentando de uma forma mais direta e visual, o que eu particularmente adoro. E no futuro também vou ler a edição completa em prosa, mas já fiquei feliz de ter conhecido essa história.
Um dos pontos mais importantes que podemos perceber nessa leitura é a crítica a regimes totalitários que Orwell fez. E fazendo uma análise maior, podemos perceber que não se restringe apenas a governos, mas também qualquer grupo de pessoas que possui um líder cujo objetivo não é a liberdade ou o melhor para todos, mas, sim, algo específico que restringe muitos com a intenção de chegar a um resultado que supostamente seria o melhor para todos, mas que na realidade só é bom para uma minoria.
"Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros"
De qualquer forma, aqui em sua obra ele estava fazendo uma sátira especificamente contra a URSS ou, na verdade, contra os discursos e ações de Stálin no período da mesma. Inclusive seus personagens foram baseados diretamente nele e em outros líderes daquele momento. Para Orwell, o discurso socialista dele acabou criando suas próprias direções, mais voltada para a tirania do que para o bem do coletivo. E, através de mentiras, opressões, informações manipuladas e abuso de poder, ele acabava controlando a população, fazendo com que o que parecia ser algo melhor, na verdade voltasse quase ao que era antes, mas de forma ainda pior e mais opressiva.
“O que este livro nos diz é que aqueles que renunciam à liberdade em troca de promessas de segurança acabarão sem uma nem outra”. Essa frase, de Christopher Hitchens, que, inclusive pode ser encontrada na própria orelha dessa edição, é um ótimo resumo sobre o que Orwell nos passou com sua história.
Acho que também podemos dizer que existe uma crítica ao poder, a sociedade, e também ao comportamento do ser humano que, de acordo com o que é mais vantajoso para si mesmo, acaba usufruindo desse poder e abusando do mesmo. Também dá para notar que com alienação e manipulação o controle acaba encontrando seu caminho, e as pessoas só percebem o que está acontecendo quando já é tarde e eles precisam encontrar alguém para substituir essa pessoa do topo, mas a próxima vai acabar tendo ações semelhantes, ainda que as motivações primárias sejam diferentes. E tudo isso acaba se tornando um ciclo, e assim segue repetidamente.
“As criaturas de fora olhavam de um porco para um homem, de um homem para um porco e de um porco para um homem outra vez; mas já era impossível dizer qual era qual.”


Os Números do Amor - The Kiss Quotient #01 - Helen Hoang

Stella Lane é uma econometrista bem-sucedida, tem muito dinheiro, uma família por perto e é muito bonita. Porém, ela tem grandes dificuldades em interações sociais, o que acaba dificultando na hora de manter um relacionamento. Para ela, a vida é bem prática e direta, e as coisas devem ser planejadas e executadas de maneira lógica, pois assim tudo é mais fácil e chega ao resultado esperado. Tudo parece estar indo bem em sua vida, mas sua mãe tem uma ideia fixa de que ela deve constituir sua própria família e já está ficando tarde, então a pressiona para sair com alguém ou começar a se relacionar com um homem da empresa dela que eles acham que seria ideal. Ela tem muita dificuldade de levar esse plano adiante, já que questões amorosas são difíceis para ela, principalmente porque tem Asperger, um transtorno do espectro autista caracterizado por dificuldades nas relações sociais.
Depois de uma conversa indelicada com um colega de trabalho bem desprezível, Stella acaba chegando à conclusão de que deveria praticar sexo para, assim, talvez conseguir fazer um relacionamento amoroso durar um pouco mais. Como ela tem ideias práticas, decide encontrar a forma mais adequada para treinar: contratar um profissional na área. Afinal, ela tem dinheiro de sobra e a pessoa teria sido comprovada pela agência e ela não correria o risco de pegar alguma doença.
E foi assim que ela conheceu Michael Phan, um acompanhante profissional que entrou nessa área por pura necessidade financeira. Porém, as contas continuam a chegar e, por mais que ele tenha clientes, continua bem difícil manter tudo em ordem. Ele é uma pessoa de grande coração, que vem de uma família enorme e amorosa, tem um relacionamento muito bom com os membros e está sempre querendo ajudar o próximo, mesmo que isso faça com que ele deixe seus sonhos e objetivos de lado.
Por conta de uma cliente do passado, Michael não repete mais nenhuma delas, mas Stella acaba intrigando-o de uma forma positiva e ainda traz à tona aquele sentimento dele de cuidar dos outros. E é por isso que acaba aceitando sua proposta nada convencional de ajudá-la a dominar a arte do relacionamento. Com o passar do tempo juntos, Michael fica cada vez mais encantado pela personalidade e pela mente brilhante de Stella, enquanto ela se vê envolvida pelo jeito carismático dele e também a forma como a faz se sentir confortável, impelindo-a a sair de sua zona de conforto. Porém, eles são muito diferentes e no papel provavelmente não teriam um futuro. Mas quem disse que o amor segue a lógica?
Desde o momento que vi a capa desse livro, sabia que precisava lê-lo, afinal amo romances contemporâneos, a capa é linda, e a frase “Nem a mais exata das ciências é capaz de prever por quem vamos nos apaixonar” me conquistou completamente, afinal amor é isso mesmo, a gente simplesmente sente. Quando li a sinopse, fiquei ainda mais interessada na leitura já que a protagonista tem síndrome de Asperger, assim como a própria autora, e sempre gosto de conhecer o ser humano mais a fundo, e, como não há muitos livros de romance abordando o assunto (pelo menos que eu tenha conhecimento), sempre fico muito feliz quando encontro um.
Gostei bastante de conhecer a Stella, com seu jeitinho lógico, mas também com um lado emocional bem trabalhado. Ela acabou sendo um pouco diferente do que eu imaginei a princípio, porque já li outro título com um personagem com Asperger e assisti séries e filmes (não que eu queira generalizar o comportamento ou encontrar um padrão) e a achei mais emotiva e afetiva do que os outros. Mas isso é algo bom, porque assim conseguimos ter mais uma confirmação de que cada ser humano é único e igualmente especial e não devemos ficar comparando ninguém. Outra coisa interessante a respeito dela é que a autora também tem Asperger, como comentei no início dessa resenha, e se inspirou em si própria para construir a protagonista, então Stella ganhou ainda mais verossimilhança com a realidade.
E Stella não queria viver com um rótulo de ser alguém com um transtorno dentro do aspecto do autismo, então acabava tentando esconder comportamentos e disfarçar situações. O que eu achei curioso é que essa é uma característica de muitas mulheres diagnosticadas com Asperger, e eu não tinha conhecimento deste fato. Mas a autora nos presenteou com uma Nota explicando um pouco sobre o assunto, e também sobre como ela entrou numa jornada de autodescobrimento que a levou a obter seu diagnóstico com trinta e quatro anos, além de indicar fontes para fazermos pesquisas mais profundas.
A narrativa da autora é deliciosa! Leve, envolvente e muito fluida, nós logo mergulhamos na trama e ficamos envolvidos pelos acontecimentos, pelos encontros, como um estava começando a se envolver com o outro, demonstrar quem era, o que queria, o que fazia, suas famílias, etc. A trama é divertida e também traz um pouco de drama.
Além do mais, Hoang trabalhou muito bem a construção dos personagens, tanto os principais quanto os secundários (já quero livros protagonizados por vários deles!), e nos fez entender cada um mais a fundo. Stella e Michael foram muito bem apresentados, com suas qualidades e defeitos, alegrias e tristezas, dificuldades, sonhos e objetivos de vida. E também amei o desenvolvimento do relacionamento dos dois, que aconteceu aos poucos e de uma forma que nos faz suspirar.


A Máquina do Tempo - H.G.Wells

Eu ainda não sei que mágica que H.G.Wells faz, mas todos os seus livros me despertam um encanto, mesmo que não sejam tão bons do ponto de vista técnico, ele consegue através de sua escrita me levar a cantos variados, como foi no caso da leitura de seu primeiro livro publicado, A Máquina do Tempo, publicado pela Suma de Letras.

Um cientista faz sua primeira viagem no tempo, e narra a seus amigos como foi ir parar no ano de 802701. A Terra é habitada por humanos diferentes, menores e dóceis, mas ao mesmo tempo sem tecnologia ou conhecimento. Eles entretanto não estão sozinhos, nos subterrâneos outra evolução dos humanos se emprenha no escuro, e desperta o medo não só destes humanos da superfície como do viajante do tempo.

Para compreender o livro em questão é preciso ter a mente muito aberta, tendo como pano de fundo alguns dados históricos. Este é o primeiro livro publicado pelo autor, mesmo assim ele já demonstra o que mais tarde veremos em Guerra dos Mundos, uma capacidade ímpar de narrar estórias variadas e nos despertar curiosidade para seus desfechos. Segundo, ele foi pioneiro dentro da ficção científica, tanto como um dos pais do gênero, como também a abrir para a temática de viagem no tempo através de um aparato físico, tema este que passou a ser muito popular na ficção científica.

A estória é narrada por um narrador em primeira pessoa que se encontra na casa do cientista, ele primeiro nos conta de uma reunião onde o cientista apresenta sua ideia da máquina, e depois mais tarde também quando está na casa quando ele volta de sua viagem no tempo. Quando o viajante narra sua experiência, a narrativa se mantêm em primeira pessoa, mas através agora do cientista.

O livro não se propõe a contar uma estória tradicional onde se tem um começo, meio e fim, com um conflito. Ele visa antes de mais nada uma reflexão e crítica a sociedade do momento do autor. Isso fica muito claro quando ele faz críticas ao comunismo, e ao modo operantis da sociedade dos elois (os seres humanos que vivem na superfície), esta civilização é igualitária, todos se vestem igual, são iguais. Naquela época o comunismo já era uma ameaça a Inglaterra, e assim um vilão ao estilo de vida tradicional inglês.

O futuro poderia ser considerado uma distopia já que não deu certo, embora os humanos ainda existam tudo que conquistou se perdeu. Não existe uma língua, tecnologia, e mesmo os animais deixaram de existir. A partir destas observações o cientista começa a especular o que o ser humano fez que culminou neste resultado. Ele chega a pensar sobre os ricos que se mantiveram na superfície enquanto os pobres se mantiveram escondidos trabalhando para manter a vida destes burgueses ingleses, e esse comportamento acabou gerando estas duas raças.

Ao mesmo tempo ele também começa a desenvolver a semente do que mais tarde também seria largamente explorada, a quarta dimensão, que é a dimensão do tempo. Trabalhando algumas possibilidades dentro desta teoria. Inclusive chego a me questionar se de fato nosso protagonista viajou na linha do tempo, já que diversas existências coexistem ao mesmo tempo, ou seja, diversas possibilidades de existência, e talvez a viagem tenha sido para outro modo de evolução da raça humana. Ou ainda quem sabe ele tenha ido para outro planeta?



Paris Em Casa - Clotilde Dusoulier

Uma das minhas editoras preferidas é a Companhia das Letras, que possui um vasto catálogo com títulos voltados para os mais variados leitores. Com obras de diversas áreas, a editora possui vários selos para atingir seus públicos mais específicos de forma direta. E um dos selos que mais gosto é justamente o Companhia de Mesa, que traz obras gastronômicas simplesmente maravilhosas, com edições impecáveis e conteúdo incrível para qualquer apaixonado por culinária se deliciar a vontade.
O livro da vez é “Paris Em Casa”, de Clotilde Dusoulier, que até o momento é um dos meus preferidos porque eu me identifico com as receitas que encontrei no exemplar e já preciso experimentar a maioria delas para ontem!
Uma das primeiras coisas que nos deparamos quando abrimos esse exemplar é um pequeno índice, como esperado nesse tipo de livro, mas o diferencial é que foi dividido por refeições de todos os horários: Manhã, Meio-Dia, Tarde, Fim de Tarde, Noite e Madrugada, com o título em português e também francês. Não é necessariamente algo que pensamos aqui no Brasil (tantas divisões num dia) – pelo menos eu não sou assim, e talvez por isso mesmo eu tenha achado tão legal.
Ao virar a página, antes das receitas, há uma introdução bem bacana, com o título charmoso “Bem-Vindo a Paris” e eu fiquei com aquela vontade de ouvir isso de verdade. A autora, que mora na cidade sua vida inteira, fala com saudosismo acompanhado de um outro sentimento gostoso sobre as comidas e/ou locais que mais gosta. E também conta que esse livro reúne suas receitas favoritas e as histórias que lhe deram vida, e eu só fiquei empolgadíssima para continuar com a leitura.
Depois disso, temos a oportunidade de conhecer “Uma Breve História da Culinária Parisiense”, onde ela fala um pouco sobre o assunto, nos informando como os parisienses eram autossuficientes, e também como eles começaram a abrir espaço para importação de alimentos, que se estendeu para todas as classes, não apenas entre os mais ricos como acontece em outros locais. Outra curiosidade bem bacana é que o primeiro restaurante como conhecemos nasceu justamente em Paris, quando houve uma “mudança histórica da refeição do âmbito privado para o público”. Eu realmente não conhecia essas informações e achei tudo isso muitíssimo interessante.


No início de cada um desses capítulos há duas páginas separando-os do anterior, uma com uma fotografia e outra com um pequeno texto. Em seguida temos a chance de acompanhar as receitas, que também vêm com curto parágrafo onde a autora fala um pouco sobre aquele prato, faz algum comentário curioso, dá algumas dicas ou informações.
Ainda dentro do capítulo há mais alguns textos, que vêm acompanhados também de uma fotografia de algo, alguém ou algum lugar, onde Clotilde fala sobre o assunto retratado ali, sobre pessoas ou hábitos parisienses, e também dá dicas de locais para visitarmos. Ou seja, esse é mais do que um livro de receitas, te faz adentrar um pouco na cena gastronômica de Paris, com fatos e curiosidades históricas, nos situando e fazendo-nos entender um pouco mais sobre o assunto e aumentando ainda mais a vontade de visitar a Cidade Luz. E eu realmente amei essas páginas tanto quanto as receitas em si.
A diagramação da obra está espetacular. Com fotos maravilhosas das receitas e também de cenários e pessoas, temos a oportunidade de viajar para Paris sem sair do lugar. Particularmente, aprecio bastante a culinária francesa, então as fotos me deixavam com água na boca e ansiosa para experimentar cada prato. O texto está confortável para a leitura devido ao tamanho da fonte e aos espaçamentos. E as receitas vêm em páginas que lembram um Menu de restaurante por conta de um detalhe gráfico na parte superior.


Eu me Chamo Antônio - Pedro Gabriel


Eu me Chamo Antônio do autor Pedro Gabriel pela editora Intrínseca é o tipo de livro que eu não compraria, sabe-se lá, e acho que já disse, eu não sou dada a poesia e coisas do gênero, não é que exatamente eu não goste, mas meu humor negro é pouco peculiar para apreciar tal arte. Mas a vida dá voltas e esse livro caiu em minhas mãos, e eu não me fiz de rogada, tentei lê-lo e engoli rs!

O projeto do livro nasceu em cima dos milhares de guardanapos produzidos pelo autor em suas muitas noites de bar. Escritos em letras em sua maioria bem peculiares trazem frases curtas com ótimas sacadas da vida. Adorei boa parte das frases a ponto de querer tirar fotos do livro e sair distribuindo, só não o fiz pelo maior problema do livro: a legibilidade das letras. O autor é consciente deste problema, tanto que existe um sumário no fim do livro com todas as frases, e confesso que sem ele muitas delas passariam reto, oh letrinha ruim de entender rs!

Problemas a parte o livro tem uma arte agradável e interativa com cada frase. O tamanho do livro é menor, quase um quadrado gordinho. Com suas páginas grossas passa entre as mãos sem que nos damos conta dele em suas dez partes. Essas partes narram a experiência de Antônio ao se apaixonar e sofrer. A leitura é muito, mais muito rápida.

É um ótimo livro para presentear, tem frases para todos os tipos de pessoa e situação. E o autor já lançou outros livros, o Segundo Eu Me Chamo Antônio e o Ilustra Poesia. No perfil do Instagram do autor ele posta seus guardanapos.







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O Duque Mais Perigoso de Londres - Decadent Dukes Society #01 - Madeline Hunter

Clara Cheswick é uma mulher de personalidade forte que sabe o que quer e vai atrás disso, independentemente de qualquer coisa. Com a morte de seu pai, por quem nutria um grande carinho, já que ele sempre lhe ensinou tudo e deixou-a ser quem ela gostaria, Clara poderia ter ficado dependente de seu irmão, que herdou o título de Conde de Marwood, mas felizmente seu pai lhe deixou com sua própria fortuna e até mesmo uma residência, fazendo com que ela tenha a oportunidade de seguir em frente com sua vida sem precisar seguir ordens ou pedir permissões.
Com isso, ela mantém um jornal sério e com ótimas matérias, escrito apenas por mulheres, cultiva um grupo de amigas e pensa em um dia fazer um Clube feminino, adora roupas e moda de maneira geral, apesar de não poder se vestir do jeito que gostaria no momento, afinal está de luto, e tem uma única certeza: não quer se casar.
Do outro lado, conhecemos Adam Penrose, o Duque de Stratton, que teve a reputação de sua família manchada depois que o pai protagonizou um escândalo que resultou em sua morte. Depois disso ele e sua mãe, de origem francesa, se mudaram para Paris, onde viveram por alguns anos, e ele marcou e venceu diversos duelos, o que lhe rendeu a reputação de perigoso.
Com seu retorno à Londres e a Sociedade dos Duques Decadentes, que formou junto com seus dois amigos, Adam acaba recebendo uma proposta de acabar com a briga entre as famílias, que já dura décadas, da Condessa viúva de Marwood, ninguém menos do que a avó aterrorizante de Clara. Ela propõe uma união por casamento com sua neta mais jovem e adorável, mas é pela difícil Clara que Adam realmente se interessa. Mas será necessário mais do que um simples interesse para fazê-los superar uma briga familiar, as animosidades do passado e um segredo que pode afetá-los ainda mais.
Quando a Editora Charme anunciou que publicaria essa mais nova série de Madeline Hunter, fiquei muito empolgada pela leitura por dois motivos. O primeiro é que eu já conhecia a escrita da autora e gostei da experiência e queria repeti-la. E o segundo é que este é um título de Romance de Época, meu gênero favorito. Então é claro que eu contei os dias para ter meu exemplar em mãos para poder me aventurar nessas páginas e me apaixonar pelos personagens. E adorei o resultado!
O romance desse livro é mais maduro, os personagens sabem o que querem e fazem o que têm vontade, sem pensar realmente nas consequências de seus atos. Ou, na verdade, pensando nisso, mas nem ligando para o que pode resultar, apenas encontrando a melhor maneira de lidar com a situação. E vemos bastante isso em ambos os protagonistas, mas com uma pitada um pouco maior em Clara que, por ser uma mulher, tinha mais restrições e “regras” a serem seguidas, assim como uma maior possibilidade de perder sua reputação e ser alvo das maiores fofocas. Afinal, Adam além de homem é um Duque, rico e perigoso. Então, obviamente ninguém encrencaria com ele de qualquer maneira e ele já poderia fazer o que bem entendesse por conta de sua posição e fama.
Gostei bastante dessa característica deles, primeiro porque é um suspiro de alívio poder ler algo sem aqueles dramas desnecessários ou personagens que agem de forma muito imatura ou não param para conversar sobre coisas importantes. Fora que são muito independentes, cada um sabe de sua própria vida e toma suas decisões baseadas em si mesmos. Adam sabe que Clara mantém um segredo, mas não a pressiona a contar sobre isso. E ela não o faz até se sentir preparada. Enquanto ele faz uma investigação a respeito de algo que o pai dela possa ter feito que prejudicou o seu pai, mas não a trata de forma diferente por causa disso.


A Torre do Amor - Contos de Fadas #04 - Eloisa James

Gosto bastante de livros de época e tenho lido cada vez mais títulos desse gênero. Quando li a sinopse de “A Torre do Amor”, fiquei encantada com o que parecia ser a história e decidi que precisava ler o quanto antes esse volume. Agora, venho compartilhar com vocês todas as minhas opiniões a respeito dessa obra escrita por Eloisa James e publicada aqui no Brasil pela Editora Arqueiro.
Nesse volume conhecemos a história de Gowan, o duque de Kinross, que decide participar da temporada social de Londres para escolher uma noiva, sendo o seu plano escolher uma jovem adequada e negociar o noivado com o pai dela. E foi nesse baile que ele acabou conhecendo a esposa perfeita, Lady Edith, uma mulher serena, doce, sorridente e muito bonita, que logo que ele viu, sabia que era exatamente tudo o que procurava em uma mulher, sendo bem diferente de todas as moças que conheceu naquele dia. Sendo assim, ele logo foi procurar o pai dela e combinar tudo para o excelente casamento que planejava.
O que nossa protagonista, Edith, nunca poderia imaginar é que após ir em um baile doente de tanta febre, estaria prometida para casamento. E logo de um homem que ela mal dançou duas danças e que, pela febre alta, não conseguia nem olhar na cara dele. Ela nem o reconheceria na rua se o encontrasse.  
Então nossa protagonista resolve mandar uma carta para Gowan, e, quando eles se encontram na festa de casamento de Honoria Smythe-Smith (para quem não a conhece ou não se lembra, essa é a protagonista de “Simplesmente o Paraíso”, primeiro volume da série Quarteto Smythe-Smith, da autora Julia Quinn, que também foi publicado pela Arqueiro), Gowan repara que sua futura esposa não era bem como imaginava, mas a atração era tão grande que isso não diminuiu o seu encanto por ela.
Quando Eddie viu o seu noivo, um homem gigante e ruivo, ficou encantada, já que, além de lindo, era amoroso também. Ambos ficaram ansiosos pelo casamento, tamanha era a atração, e os beijos também eram muito bons. E, quando o dia finalmente chegou, as coisas não foram bem como imaginavam.
Eddie é um homem muito ocupado, e quase não sobra tempo para ficar com a sua esposa. Toda hora funcionários entram no quarto dos dois e isso a incomoda muito. E, como ambos eram virgens quando se casaram, a noite de núpcias não foi das melhores, já que o início para a nossa protagonista foi muito difícil, mas ela resolveu não contar nada, escondendo então do seu marido os seus verdadeiros sentimentos.
Quando o duque descobriu que Edith escondeu algumas coisas dele, acabou se mostrando um cara diferente, já que perde um pouco do controle sobre si quando está com raiva. E isso acabou magoando-a profundamente, fazendo com que, após a discussão deles, nossa protagonista vá para a torre do castelo, trancando Gowan do lado de fora.
Narrado em terceira pessoa, o que gostei bastante já que assim conseguimos entender melhor tudo que estava ocorrendo com os nossos dois protagonistas e entender a história mais amplamente, esse volume consegue nos conquistar, tanto com a narrativa rápida e fluida, mas também com o pano de fundo e com os personagens.
Gostei bastante de como ambos os personagens se desenvolveram nesse volume. Foi ótimo poder acompanhar o crescimento dos dois, e fiquei torcendo em diversos momentos para que eles conseguissem se acertar logo. Achei bem interessante que no final da leitura temos uma cena extra que nos mostra como tudo ficou anos depois do final do livro. Adoro ler coisas assim e isso com certeza foi um ponto alto na história.


Uma Dobra no Tempo - Uma Dobra no Tempo #01 - Madeleine L'Engle

Uma Dobra no tempo da autora Madeleine L'Engle, publicado pela Harper Collins Brasil, estava na minha lista para compras/leitura desde que era da Rocco, e quando me decidi por ler nem ao menos sabia da importância e polêmica que este livro teve ao longo de sua estória.

Meg Murry é uma criança considerada problema, com uma fúria interna que não consegue dar vazão, a única coisa que ela quer é saber onde seu pai está e quando ele volta. Seu irmão Charles Wallace tem apenas cinco anos, mas é mais seguro e sábio que a menina. De forma repentina e inesperada ele a leva para uma aventura em busca do pai, com suas amigas estranhas eles partem para fora da Terra, e Meg terá que experenciar sentimentos e sensações que ela não sabia ao certo que tinha dentro de si!

L'Engle publicou seu livro em 1962 depois de muitas críticas e nãos de editores e editoras. Isso porque sua estória foge ao padrão da fantasia, assim como ao esperado da ficção científica. Não é tão acessível as crianças, e não chega a ser para adultos. Verdade seja dita o que esta senhora fez com certeza está um pouco além do que todos estas pessoas esperavam e sabiam. Cansada das leituras de sempre ela começou a ler livros de físicos, e estas leituras refletiram no conteúdo e criação de mundo de seu livro.

Sua narrativa em terceira pessoa é de forma geral fluída e descritiva na medida, ao mesmo tempo em que nos apresenta através dos diálogos conceitos físicos como a dobra no tempo que podem travar a compreensão de quem nunca leu sobre o assunto. Para compreender e aceitar algumas das coisas que ela se utiliza é necessário sair da mentalidade 3D e expandir horizontes. Ao mesmo tempo que ela utiliza de conceitos de pluralidade de mundos e vidas nestes, ela também se utiliza de conceitos espiritualistas como a unidade de todas as coisas e o amor.

A estória é grandiosa já que atravessa galáxias, ao mesmo tempo é muito próxima quando trabalha com um planeta onde tudo é previsível e controlado, logo as pessoas de lá vivem suas vidas sem alegria e em um mesmo ritmo, sem emoção ou sentimento. Como a autora ressalta iguais e idênticos não são a mesma coisa. Podemos transportar esta ideia para o comunismo soviético, que estava ativo com as ameaças de bombas nucleares na época que a autora escreveu o livro.

Quanto aos personagens todo meu amor vai para o jovem Charles Wallace que pode ter só cinco anos, mas é um menino super dotado, eu diria que vai até além disso como se ele fosse outra espécie de humano. É muito protetor e gentil com a irmã, alias é o único que a entende só de a olhar. É muito vivaz e tranquilo, as vezes até um pouco prepotente. Mas soa como aquela criança interessante de se ter por perto.

Já sua irmã a protagonista, Meg, é bem chata. Tudo bem ela está muito tempo sem o pai, sem saber o que aconteceu a ele, e todos em sua cidade inventaram coisas a esse respeito. Junte a isso o fato de ela achar a escola um tédio porque tem seus próprios modos de aprender as coisas. Mas ela passa boa parte do livro gritando e zangada com o mundo. Junto a isso é muito medrosa e solitária. E sempre acha que são os outros que resolveram o problema, se acha incapaz de fazer qualquer coisa, não tem auto-estima!

Calvin o novo amigo dos irmãos acaba na aventura por acaso e estabelece um bom link entre os irmãos já que é uma dose de realidade. Embora seja diferente no que diz o padrão de um adolescente ele consegue disfarçar bem, e é sociável. Essa capacidade é que ajuda os irmãos a contrabalancear seus mundos estranhos junto aos outros.