Os Números do Amor - The Kiss Quotient #01 - Helen Hoang

Stella Lane é uma econometrista bem-sucedida, tem muito dinheiro, uma família por perto e é muito bonita. Porém, ela tem grandes dificuldades em interações sociais, o que acaba dificultando na hora de manter um relacionamento. Para ela, a vida é bem prática e direta, e as coisas devem ser planejadas e executadas de maneira lógica, pois assim tudo é mais fácil e chega ao resultado esperado. Tudo parece estar indo bem em sua vida, mas sua mãe tem uma ideia fixa de que ela deve constituir sua própria família e já está ficando tarde, então a pressiona para sair com alguém ou começar a se relacionar com um homem da empresa dela que eles acham que seria ideal. Ela tem muita dificuldade de levar esse plano adiante, já que questões amorosas são difíceis para ela, principalmente porque tem Asperger, um transtorno do espectro autista caracterizado por dificuldades nas relações sociais.
Depois de uma conversa indelicada com um colega de trabalho bem desprezível, Stella acaba chegando à conclusão de que deveria praticar sexo para, assim, talvez conseguir fazer um relacionamento amoroso durar um pouco mais. Como ela tem ideias práticas, decide encontrar a forma mais adequada para treinar: contratar um profissional na área. Afinal, ela tem dinheiro de sobra e a pessoa teria sido comprovada pela agência e ela não correria o risco de pegar alguma doença.
E foi assim que ela conheceu Michael Phan, um acompanhante profissional que entrou nessa área por pura necessidade financeira. Porém, as contas continuam a chegar e, por mais que ele tenha clientes, continua bem difícil manter tudo em ordem. Ele é uma pessoa de grande coração, que vem de uma família enorme e amorosa, tem um relacionamento muito bom com os membros e está sempre querendo ajudar o próximo, mesmo que isso faça com que ele deixe seus sonhos e objetivos de lado.
Por conta de uma cliente do passado, Michael não repete mais nenhuma delas, mas Stella acaba intrigando-o de uma forma positiva e ainda traz à tona aquele sentimento dele de cuidar dos outros. E é por isso que acaba aceitando sua proposta nada convencional de ajudá-la a dominar a arte do relacionamento. Com o passar do tempo juntos, Michael fica cada vez mais encantado pela personalidade e pela mente brilhante de Stella, enquanto ela se vê envolvida pelo jeito carismático dele e também a forma como a faz se sentir confortável, impelindo-a a sair de sua zona de conforto. Porém, eles são muito diferentes e no papel provavelmente não teriam um futuro. Mas quem disse que o amor segue a lógica?
Desde o momento que vi a capa desse livro, sabia que precisava lê-lo, afinal amo romances contemporâneos, a capa é linda, e a frase “Nem a mais exata das ciências é capaz de prever por quem vamos nos apaixonar” me conquistou completamente, afinal amor é isso mesmo, a gente simplesmente sente. Quando li a sinopse, fiquei ainda mais interessada na leitura já que a protagonista tem síndrome de Asperger, assim como a própria autora, e sempre gosto de conhecer o ser humano mais a fundo, e, como não há muitos livros de romance abordando o assunto (pelo menos que eu tenha conhecimento), sempre fico muito feliz quando encontro um.
Gostei bastante de conhecer a Stella, com seu jeitinho lógico, mas também com um lado emocional bem trabalhado. Ela acabou sendo um pouco diferente do que eu imaginei a princípio, porque já li outro título com um personagem com Asperger e assisti séries e filmes (não que eu queira generalizar o comportamento ou encontrar um padrão) e a achei mais emotiva e afetiva do que os outros. Mas isso é algo bom, porque assim conseguimos ter mais uma confirmação de que cada ser humano é único e igualmente especial e não devemos ficar comparando ninguém. Outra coisa interessante a respeito dela é que a autora também tem Asperger, como comentei no início dessa resenha, e se inspirou em si própria para construir a protagonista, então Stella ganhou ainda mais verossimilhança com a realidade.
E Stella não queria viver com um rótulo de ser alguém com um transtorno dentro do aspecto do autismo, então acabava tentando esconder comportamentos e disfarçar situações. O que eu achei curioso é que essa é uma característica de muitas mulheres diagnosticadas com Asperger, e eu não tinha conhecimento deste fato. Mas a autora nos presenteou com uma Nota explicando um pouco sobre o assunto, e também sobre como ela entrou numa jornada de autodescobrimento que a levou a obter seu diagnóstico com trinta e quatro anos, além de indicar fontes para fazermos pesquisas mais profundas.
A narrativa da autora é deliciosa! Leve, envolvente e muito fluida, nós logo mergulhamos na trama e ficamos envolvidos pelos acontecimentos, pelos encontros, como um estava começando a se envolver com o outro, demonstrar quem era, o que queria, o que fazia, suas famílias, etc. A trama é divertida e também traz um pouco de drama.
Além do mais, Hoang trabalhou muito bem a construção dos personagens, tanto os principais quanto os secundários (já quero livros protagonizados por vários deles!), e nos fez entender cada um mais a fundo. Stella e Michael foram muito bem apresentados, com suas qualidades e defeitos, alegrias e tristezas, dificuldades, sonhos e objetivos de vida. E também amei o desenvolvimento do relacionamento dos dois, que aconteceu aos poucos e de uma forma que nos faz suspirar.
Algo que adorei e precisava comentar é que o personagem masculino é descendente de asiático! São pouquíssimos os livros que trazem personagens principais com outras etnias, então sempre fico contente quando vejo um. Fora que também temos a chance de conhecer um pouco mais da cultura familiar de Michael, já que sua mãe é vietnamita e podemos saber um pouco sobre seus costumes e refeições.
Para aqueles que curtem relacionamentos bem melosos, esse é um desses livros. Os protagonistas vivenciam um romance que escorre mel pelas páginas. Ao mesmo tempo, há todo um clima quente e cenas sensuais e explícitas, então quem curte obras com essa pegada também vai ficar satisfeita.
Um dos pontos que mais gostei nessa leitura foi a desconstrução de vários estereótipos e padrões que quase sempre encontramos em livros de romance. Primeiro que aqui a protagonista feminina é rica, bem-sucedida e com um emprego maravilhoso, que ela adora, e uma carreira de sucesso. E, sim, há muitas mulheres assim na literatura, mas o diferencial daqui é que Michael é o oposto dela – e isso quase nunca acontece, já que mesmo nos livros em que as mulheres são bem-sucedidas, os homens também são. Então aqui há ele, que trabalha em algo que não gosta muito, sendo acompanhante profissional, mas faz porque necessita de dinheiro e essa é uma forma que ele pode conseguir, tem muitas dívidas, instabilidade e nem mesmo consegue imaginar um futuro interessante.
Fora que ela trabalha numa área de exatas, mexe com cálculos, tecnologia, informática, etc., enquanto ele ama moda, fez faculdade da área, é ótimo em costura, ama fazer designs e pretende seguir com uma carreira de estilista. Além do mais, Stella é mais velha do que Michael e isso parece ser uma coisa tão simples, mas parando para pensar nesse momento eu não me lembro de outro livro em que a mulher é mais velha. Sim, eu sei que eles existem, mas o que quero dizer é que são raros.  
Stella tem uma relação próxima, mas não tão afetuosa, com a família, enquanto a família de Michael é o oposto, bem unida e amorosa. Ela é um pouco mais fria e direta, enquanto ele é mais fofo, sensível e até bem inseguro, o que é bem diferente dos outros homens que encontramos por aí na literatura. Então foi realmente como um suspiro de alívio ver tantas coisas tão normais, tão reais e simples sendo trabalhadas num livro de romance, tornando-o diferente de outros, só que mais factível e mais identificável, e tão bom quanto.
Uma curiosidade que achei bem bacana é que na verdade essa história foi um pouco inspirada em Uma Linda Mulher, aquele filme protagonizado por Julia Roberts e Richard Gere, que fez muito sucesso na década de 1990. Helen nos conta que sempre quis escrever uma trama semelhante, só que com os gêneros invertidos. E fico feliz com isso, porque adorei a forma como ela criou esses personagens maravilhosos.
“Os Números do Amor”, que ganhou o Prêmio Goodreads Choice de 2018 na Categoria Melhor Romance do Ano, é um delicioso Romance Contemporâneo no estilo Comédia Romântica, que vai te encantar com personagens carismáticos, uma pitada divertida e outra de drama e um romance delicioso e fofo.
Avaliação





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2 comentários:

  1. Nossa, já fiquei doida por esse livro, só pela capa que é muito lina, depois que li a sinopse fiquei ainda mais interessada e agora depois de ler essa resenha fiquei mega curiosa, preciso desse livro pra ontem!

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  2. Essa capa sempre me chamou atenção, mas nunca tinha parado para ler sobre o livro! Gosto dessas tematicas diferentes, que tratam de problemas e temas tabus, nunca li um livro com personagem autista, mas tenho muita vontade! O que mais me chocou é ele ser asiático, nuncaaaa vi um livro com um personagem dessa cultura!

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