Stella Lane
é uma econometrista bem-sucedida, tem muito dinheiro, uma família por perto e é
muito bonita. Porém, ela tem grandes dificuldades em interações sociais, o que
acaba dificultando na hora de manter um relacionamento. Para ela, a vida é bem
prática e direta, e as coisas devem ser planejadas e executadas de maneira
lógica, pois assim tudo é mais fácil e chega ao resultado esperado. Tudo parece
estar indo bem em sua vida, mas sua mãe tem uma ideia fixa de que ela deve
constituir sua própria família e já está ficando tarde, então a pressiona para
sair com alguém ou começar a se relacionar com um homem da empresa dela que
eles acham que seria ideal. Ela tem muita dificuldade de levar esse plano
adiante, já que questões amorosas são difíceis para ela, principalmente porque
tem Asperger, um transtorno do espectro autista caracterizado por dificuldades
nas relações sociais.
Depois de
uma conversa indelicada com um colega de trabalho bem desprezível, Stella acaba
chegando à conclusão de que deveria praticar sexo para, assim, talvez conseguir
fazer um relacionamento amoroso durar um pouco mais. Como ela tem ideias
práticas, decide encontrar a forma mais adequada para treinar: contratar um
profissional na área. Afinal, ela tem dinheiro de sobra e a pessoa teria sido
comprovada pela agência e ela não correria o risco de pegar alguma doença.
E foi assim
que ela conheceu Michael Phan, um acompanhante profissional que entrou nessa
área por pura necessidade financeira. Porém, as contas continuam a chegar e,
por mais que ele tenha clientes, continua bem difícil manter tudo em ordem. Ele
é uma pessoa de grande coração, que vem de uma família enorme e amorosa, tem um
relacionamento muito bom com os membros e está sempre querendo ajudar o
próximo, mesmo que isso faça com que ele deixe seus sonhos e objetivos de lado.
Por conta de
uma cliente do passado, Michael não repete mais nenhuma delas, mas Stella acaba
intrigando-o de uma forma positiva e ainda traz à tona aquele sentimento dele
de cuidar dos outros. E é por isso que acaba aceitando sua proposta nada
convencional de ajudá-la a dominar a arte do relacionamento. Com o passar do
tempo juntos, Michael fica cada vez mais encantado pela personalidade e pela
mente brilhante de Stella, enquanto ela se vê envolvida pelo jeito carismático
dele e também a forma como a faz se sentir confortável, impelindo-a a sair de
sua zona de conforto. Porém, eles são muito diferentes e no papel provavelmente
não teriam um futuro. Mas quem disse que o amor segue a lógica?
Desde o
momento que vi a capa desse livro, sabia que precisava lê-lo, afinal amo
romances contemporâneos, a capa é linda, e a frase “Nem a mais exata das
ciências é capaz de prever por quem vamos nos apaixonar” me conquistou
completamente, afinal amor é isso mesmo, a gente simplesmente sente. Quando li
a sinopse, fiquei ainda mais interessada na leitura já que a protagonista tem
síndrome de Asperger, assim como a própria autora, e sempre gosto de conhecer o
ser humano mais a fundo, e, como não há muitos livros de romance abordando o
assunto (pelo menos que eu tenha conhecimento), sempre fico muito feliz quando
encontro um.
Gostei
bastante de conhecer a Stella, com seu jeitinho lógico, mas também com um lado emocional
bem trabalhado. Ela acabou sendo um pouco diferente do que eu imaginei a
princípio, porque já li outro título com um personagem com Asperger e assisti
séries e filmes (não que eu queira generalizar o comportamento ou encontrar um
padrão) e a achei mais emotiva e afetiva do que os outros. Mas isso é algo bom,
porque assim conseguimos ter mais uma confirmação de que cada ser humano é
único e igualmente especial e não devemos ficar comparando ninguém. Outra coisa
interessante a respeito dela é que a autora também tem Asperger, como comentei
no início dessa resenha, e se inspirou em si própria para construir a
protagonista, então Stella ganhou ainda mais verossimilhança com a realidade.
E Stella não
queria viver com um rótulo de ser alguém com um transtorno dentro do aspecto do
autismo, então acabava tentando esconder comportamentos e disfarçar situações.
O que eu achei curioso é que essa é uma característica de muitas mulheres
diagnosticadas com Asperger, e eu não tinha conhecimento deste fato. Mas a
autora nos presenteou com uma Nota explicando um pouco sobre o assunto, e
também sobre como ela entrou numa jornada de autodescobrimento que a levou a
obter seu diagnóstico com trinta e quatro anos, além de indicar fontes para
fazermos pesquisas mais profundas.
A narrativa
da autora é deliciosa! Leve, envolvente e muito fluida, nós logo mergulhamos na
trama e ficamos envolvidos pelos acontecimentos, pelos encontros, como um
estava começando a se envolver com o outro, demonstrar quem era, o que queria,
o que fazia, suas famílias, etc. A trama é divertida e também traz um pouco de
drama.
Além do
mais, Hoang trabalhou muito bem a construção dos personagens, tanto os
principais quanto os secundários (já quero livros protagonizados por vários
deles!), e nos fez entender cada um mais a fundo. Stella e Michael foram muito
bem apresentados, com suas qualidades e defeitos, alegrias e tristezas,
dificuldades, sonhos e objetivos de vida. E também amei o desenvolvimento do
relacionamento dos dois, que aconteceu aos poucos e de uma forma que nos faz
suspirar.
Algo que
adorei e precisava comentar é que o personagem masculino é descendente de
asiático! São pouquíssimos os livros que trazem personagens principais com
outras etnias, então sempre fico contente quando vejo um. Fora que também temos
a chance de conhecer um pouco mais da cultura familiar de Michael, já que sua
mãe é vietnamita e podemos saber um pouco sobre seus costumes e refeições.
Para aqueles
que curtem relacionamentos bem melosos, esse é um desses livros. Os
protagonistas vivenciam um romance que escorre mel pelas páginas. Ao mesmo
tempo, há todo um clima quente e cenas sensuais e explícitas, então quem curte
obras com essa pegada também vai ficar satisfeita.
Um dos
pontos que mais gostei nessa leitura foi a desconstrução de vários estereótipos
e padrões que quase sempre encontramos em livros de romance. Primeiro que aqui
a protagonista feminina é rica, bem-sucedida e com um emprego maravilhoso, que
ela adora, e uma carreira de sucesso. E, sim, há muitas mulheres assim na
literatura, mas o diferencial daqui é que Michael é o oposto dela – e isso
quase nunca acontece, já que mesmo nos livros em que as mulheres são
bem-sucedidas, os homens também são. Então aqui há ele, que trabalha em algo
que não gosta muito, sendo acompanhante profissional, mas faz porque necessita
de dinheiro e essa é uma forma que ele pode conseguir, tem muitas dívidas, instabilidade
e nem mesmo consegue imaginar um futuro interessante.
Fora que ela
trabalha numa área de exatas, mexe com cálculos, tecnologia, informática, etc.,
enquanto ele ama moda, fez faculdade da área, é ótimo em costura, ama fazer
designs e pretende seguir com uma carreira de estilista. Além do mais, Stella é
mais velha do que Michael e isso parece ser uma coisa tão simples, mas parando
para pensar nesse momento eu não me lembro de outro livro em que a mulher é
mais velha. Sim, eu sei que eles existem, mas o que quero dizer é que são
raros.
Stella tem
uma relação próxima, mas não tão afetuosa, com a família, enquanto a família de
Michael é o oposto, bem unida e amorosa. Ela é um pouco mais fria e direta,
enquanto ele é mais fofo, sensível e até bem inseguro, o que é bem diferente
dos outros homens que encontramos por aí na literatura. Então foi realmente
como um suspiro de alívio ver tantas coisas tão normais, tão reais e simples
sendo trabalhadas num livro de romance, tornando-o diferente de outros, só que mais
factível e mais identificável, e tão bom quanto.
Uma
curiosidade que achei bem bacana é que na verdade essa história foi um pouco
inspirada em Uma Linda Mulher, aquele
filme protagonizado por Julia Roberts e Richard Gere, que fez muito sucesso na
década de 1990. Helen nos conta que sempre quis escrever uma trama semelhante,
só que com os gêneros invertidos. E fico feliz com isso, porque adorei a forma
como ela criou esses personagens maravilhosos.
“Os Números
do Amor”, que ganhou o Prêmio Goodreads Choice de 2018 na Categoria Melhor
Romance do Ano, é um delicioso Romance Contemporâneo no estilo Comédia
Romântica, que vai te encantar com personagens carismáticos, uma pitada
divertida e outra de drama e um romance delicioso e fofo.
Avaliação
Nossa, já fiquei doida por esse livro, só pela capa que é muito lina, depois que li a sinopse fiquei ainda mais interessada e agora depois de ler essa resenha fiquei mega curiosa, preciso desse livro pra ontem!
ResponderExcluirEssa capa sempre me chamou atenção, mas nunca tinha parado para ler sobre o livro! Gosto dessas tematicas diferentes, que tratam de problemas e temas tabus, nunca li um livro com personagem autista, mas tenho muita vontade! O que mais me chocou é ele ser asiático, nuncaaaa vi um livro com um personagem dessa cultura!
ResponderExcluir