A Joia - A Cidade Solitária #01 - Amy Ewing

Em “A Joia”, somos apresentados a um cenário distópico bastante cruel e de tirar o fôlego. A Cidade Solitária é onde tudo acontece, dividida em cinco círculos com nomes relacionados à suas atividades, vamos conhecer a hierarquia que separa os indivíduos que moram em cada um destes locais e quais são as suas importâncias no sistema da sociedade em que vivem.
No centro de tudo, há o círculo mais interno e também o coração da cidade, é onde vive a nobreza, que são ricos, mais poderosos e donos de tudo, inclusive de pessoas. É um mundo de luxo e glamour, onde tudo é do bom e do melhor, e também a parte mais mesquinha e perigosa, afinal as mulheres de lá fazem de tudo para conseguir o que querem, passando por cima de todos e qualquer coisa sem nenhum tipo de remorso.
O segundo círculo é o Banco, onde as pessoas vivem em condições não tão ruins quanto os inferiores, mas não tão boas em relação à realeza do primeiro círculo, é lá que ficam os bancos e comércios mais importantes. O próximo círculo é a Fumaça, onde ficam as fábricas, seguido pela Fazenda, onde toda a comida é cultivada. E, para finalizar, há o Pântano, a parte mais pobre e afastada da Cidade Solitária, onde não existem atividades importantes, pois o local serve para abrigar os operários que trabalham nos demais círculos.
E é neste último que vamos conhecer nossa protagonista, Violet Lasting, uma adolescente de apenas dezesseis que é uma Substituta, ou seja, tem a capacidade de dar à luz, fato que não ocorre com nenhuma das mulheres da nobreza por motivos inexplicáveis, pois os únicos bebês que nascem estão condenados ou então mortos. Somente as meninas mais pobres conseguem gerar filhos saudáveis e, portanto, são valiosas para os moradores da Joia, que pretendem manter o sangue real.
As Substitutas, além de terem a capacidade de engravidar, possuem dons especiais denominados presságios. Então, quando “diagnosticadas” como tal, são levadas para orfanatos para aprenderem a desenvolver, controlar e aperfeiçoar suas habilidades para sempre se tornarem melhores. Para muitas pessoas, ser uma Substituta é uma dádiva, afinal a menina é retirada da parte mais pobre da cidade, levada para estes internatos por anos para serem treinadas e têm acesso a coisas que não teriam se não fosse por isso, como roupas boas, comidas e bebidas em abundância, recebem educação, sempre têm eletricidade e não precisam trabalhar. Elas só não têm direito a uma coisa, que deveria ser a mais importante de todas: liberdade.
Quando chegam a uma idade suficiente, estas garotas são leiloadas e deixam suas identidades para trás. Quanto maiores suas notas no aprendizado e aperfeiçoamento dos Presságios, mais alto o número da Substituta no leilão e mais disputada ela será no momento da venda, pois estes dons podem trazer melhor aparência, habilidades sociais e inteligência para o feto que vão gerar.
Violet nunca se conformou com a perda de sua liberdade, de sua identidade e a forma como ela não pode escolher entre gerar ou não o filho de uma outra mulher, já que elas não possuem livre arbítrio e a pena por contrariar o sistema é a morte. Mas, só depois que ela é vendida, é que vê como as coisas são ainda piores que havia sequer imaginado, pois agora ela percebe que a beleza do local oculta toda a crueldade ali existente e o perigo de morte é ainda mais iminente do que continuar viva.
Num mundo de intrigas, jogos políticos, psicológicos e de poder, onde a inveja, a traição e as competições reinam, conseguir sobreviver e ainda escapar disto tudo parece impossível. Mas talvez haja uma pequena fagulha de esperança. Resta saber se o caminho torto que Violet decidiu seguir é o correto ou se tudo o que fez vai acabar indo por água abaixo.
Já li diversas distopias voltadas para o público jovem adulto, com suas crueldades e forma de governo, mas no meu ponto de vista a autora conseguiu inovar, colocando um enredo com suas particularidades bem diferentes das demais, apesar de também ter bastante coisa semelhante. Confesso que estava esperando um pouco mais deste livro e pensei que iria entrar para minha lista de favoritos. Isto não aconteceu, mas felizmente gostei bastante da leitura.
Violet é uma pessoa forte e diria bastante paciente, além de ter certos momentos de rebeldia e algumas atitudes ingênuas provenientes da idade. Ela fica indignada com as condições humilhantes e abusivas que ela e as outras substitutas precisam enfrentar, mas sabe lidar com o fato de ter que agir com inteligência e perseverança caso queira mudar algo e não fazer tudo de forma imprudente ou sem refletir direito primeiro. Achei interessante o fato de Violet pensar em outras pessoas e não apenas em si própria, e mais ainda de ter conseguido manter um segredo importante (por um tempo grande pelo menos) que poderia ter posto tudo a perder se ela tivesse confiado na pessoa errada.
Amy Ewing criou uma distopia original e tão crível que é fácil imaginar que este cenário aterrorizante poderia de fato existir se a possibilidade surgisse. Ela também misturou elementos de fantasia e magia, diferenciando ainda mais sua história, já que a grande maioria de distopias deste estilo não tem nada de sobrenatural envolvido.
A autora optou por enfatizar bastante a crueldade do ser humano, principalmente com relação aos que eles consideram “inferiores”, já que são mais pobres. E nos mostra com mais frieza o que as pessoas fazem quando há bastante dinheiro ou poder envolvido, tanto para conquistar status e fama, ou apenas para mostrar que é melhor do que os demais só porque nasceu com melhores condições financeiras. O que foi mostrado no livro é terrível e, o pior, é que acaba sendo um retrato fiel de parte da nossa sociedade, que ainda faz qualquer coisa para se manter superior. A forma como a autora apresenta esta crueldade seria chocante se eu já não esperasse que o ser humano pudesse agir tão terrivelmente assim.
Mas as barbaridades mais intensas acabaram não sendo devidamente apresentadas, já que Violet teve bastante sorte com a sua compradora, a Duquesa do Lago, que provavelmente era a menos “malvada” de todo o livro. Acredito que a Amy escolheu seguir por este caminho, só comentando fatos ruins acontecendo com terceiros, para não chocar muito os leitores, mas isto também acabou não permitindo que nossas emoções fossem exploradas o máximo que poderiam ter sido. Ou seja, senti como se a protagonista fosse mais uma coadjuvante com relação às partes mais importantes da trama, já que ela sabia das coisas, mas não as vivenciava de maneira integral.
A partir do momento em que são vendidas, as garotas passam a ser propriedade da mulher que a comprou, deixando seus passados e identidades para trás. Ou seja, elas não possuem mais nome, cidade, família ou amigos, e muito menos dignidade, passando até a ser desumanizadas, e só estão ali para servir de “barriga de aluguel” e utilizar seus dons especiais para ajudar suas donas e também a melhorar o feto. Além disso, são tratadas como cachorros por donos que não gostam de animais, com direito a coleiras, humilhação e grosseria, e elas são proibidas de falar, se manifestar ou fazer qualquer coisa diferente ou que desobedeça as ordens de suas donas, porque as consequências caso o façam são simplesmente horríveis. E depois são descartadas da mesma forma como fazem com restos de comidas depois de serem consumidas.
A escritora soube nos inserir muito bem na sociedade em que criou, nos introduzindo ao local e em como tudo funciona, inclusive a divisão de classes, desde o Pântano até chegar à Joia. Então acompanhamos o final da preparação das meninas para serem leiloadas, e Violet ainda comenta como foi viver ali no internato naqueles últimos anos e o que aconteceu de importante, e também nos apresenta um pouco de sua vida quando ainda vivia com sua família, antes de chegar ali e se tornar uma Substituta em treinamento. Depois podemos ver de perto como funciona a Joia, a hierarquia e a política do local, e cada camada da forma como vivem e o que as garotas enfrentam.
Achei mais do que interessante que a escritora tenha optado por focar o poder que controla a sociedade nas mãos das mulheres, deixando a maioria dos homens com papéis pequenos ou de segundo plano no foco deste volume.
O romance presente na história é até legal e fofo, mas para mim soou um pouco forçado a existência dele, ou melhor, a forma como foi iniciado. Violet conhece Ash, um acompanhante contratado pela Duquesa para sua sobrinha, por acaso e eles logo se envolvem. Os dois se entendem por ambos terem pobreza em seus passados e por serem nada mais do que produtos nas mãos dos ricos. O relacionamento amoroso entre eles não me convenceu totalmente. Começou de forma sem graça e depois os sentimentos entre eles se afloraram rápido demais, mas com emoção de menos.
Fui surpreendida com a revelação de que um personagem em especial não era exatamente aquilo que aparentava ser e gosto quando isto acontece. Espero ver melhor estas camadas escondidas dele no próximo volume, o que eu realmente acho que vai acontecer, então já fiquei empolgada.
A capa é realmente deslumbrante e foi a primeiríssima coisa que chamou minha atenção quando soube deste lançamento da Editora Leya. A diagramação interna está bem satisfatória, com fonte e espaçamentos confortáveis para uma leitura agradável e as páginas são amarelas.
A obra acaba com um cliffhanger daqueles, ou seja, a gente precisa urgentemente da continuação para saber o que vai acontecer. E ficamos ansiosos e cheios de expectativas para ler o segundo volume da trilogia, que tem previsão de lançamento para outubro deste ano lá fora.
Se você é daqueles que adoram uma boa distopia voltada para o público jovem adulto, com uma protagonista forte, personagens encantadores, um cenário muito bem construído e muitas reviravoltas, indico esta trilogia de Amy Ewing.
Avaliação



Crepúsculo dos Deuses - Robson Pinheiro, psicografia do espírito Ângelo Inácio

Na constelação de Cocheiro...

Há muitos anos luz, existe um conjunto de planetas chamado Capela, com uma formação peculiar de três planetas, cada um deles exerce um papel na estrutura de vida do povo capelino, um planeta é habitado com cidades e estruturas de moradia (chamado de Axtlan), o segundo é voltado para produção industrial, e o terceiro e último é que provém os alimentos para os demais planetas. A vida para estes lados não andava bem, embora já houvesse certa tecnologia e a população certa consciência, alguns indivíduos ainda persistiam em trabalhar com energias densas.

O que podia soar como apenas um grupo do contra toma formas catastróficas quando estes seres atraem para a órbita de Capela um asteroide/cometa que pode destruir tudo. Sem alternativa para salvar os planetas um exílio é convocado para enviar os seres que são contra a evolução para outra orbe, e eis aqui um pouco do que você encontra no livro Crepúsculo dos Deuses, do autor Robson Pinheiro, psicografia do espírito Ângelo Inácio, publicado pela editora Casa dos Espíritos.

Pela primeira vez em todos esses anos de leitura espírita eu me deparo com um livro do gênero que é muito bom do ponto de vista literário. A grande maioria dos que tive contato tinha como proposta contar um história ou passar informações sem dar grande importância para artifícios literários. Em Crepúsculo dos Deuses, Ângelo pretende não só isso mas também fazer uma boa obra do ponto de vista da literatura, e conseguiu! A narrativa não tem linearidade, vai e volta no tempo e no espaço de forma bem trabalhada para explicar a origem dos conhecidos seres que se intitulam dragões.

A forma como as informações são trabalhadas e apresentadas não só permite compreender Capela e como também seus famosos exilados, além de transportar para a atualidade a transformação que estes seres têm em na Terra. As histórias se cruzam, de um lado temos Capela na atualidade e a busca de informações de seus ex-habitantes, no meio de espíritos terrestres que entram em contato com os capelinos, e do outro lado uma história aparentemente pessoal de Maurício, um médico interessado na história da Terra.

Pela primeira vez ouço falar de um povo extraterrestre chamado Verg, que atua junto a Capela. Seus diálogos com os capelinos explicam muito do porque nós aqui da Terra ainda não recebemos um contato imediato. O expurgo é relato em detalhes, incluindo como foram transportadas tantas almas, cerca de 40 milhões entre amaleques e dragões. E no fim da trama ainda somos brindados com os bastidores de um evento que assombrou a terra em meados de 2001.

Deixou aqui uma dica: se você pretende ler a Trilogia do Mundo das Sombras ( e espero que sim!) leia primeiro Crepúsculo dos Deuses, já que ele permite um conhecimento profundo e amplo a cerca dos dragões que tanto aparecem na trilogia.

Se você é como eu e quer saber mais sobre o que o espaço esconde, sobre a vida além da terra e sobre a vida que te circunda mais você ainda não pode tocar este livro é para você! Com uma história de abalar nosso mundo rosa e nos permitir crescer, essa dupla de autores mais uma vez nos brinda com conhecimento sem preconceito e muito amor!


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HAPPY BIRTHDAY TATHA!


Três anos atrás eu conhecia uma das garotas mais sensíveis e doces, dona de uma personalidade única e de muita força dentro de si (ela só não sabe ainda!! rs).  Ela me acolheu aqui no blog, mas acima de tudo o que criamos é uma amizade que não mede distância. E hoje é o aniversário dela!

Tatha gostaria de nesse dia compartilhar com todos essa data especial para você e desejar que você tenha muitas aventuras divertidas, sonhos não só realizados mas sentidos, e muito amor na sua vida! E claro como somos bookaholics que você também tenha ótimos companheiros literários de jornada!!!

Adoro você mocinha! 

Happy Birthday to You!!!!!!






Na Era do Amor e do Chocolate - Birthright #03 - Gabrielle Zevin

Este livro é o terceiro volume de uma trilogia chamada “Birthright”, e, por este motivo, para mim vai ser um pouco mais difícil escrever esta resenha do que as outras. Isso porque eu nunca havia escrito as minhas opiniões a respeito de uma obra que fosse uma continuação (eu não escrevo muito por aqui, já que não faço parte da equipe fixa do blog, mas sou uma amiga das meninas que está sempre visitando e palpitando sobre todos os detalhes). Por isso, espero conseguir agradar vocês sem dar nenhum spoiler, e também desejo poder entregar as minhas sinceras opiniões à altura do que estão esperando.
Nos volumes anteriores, conhecemos Anya Balanchine, uma adolescente bem jovem que já tinha diversos compromissos e obrigações desde nova. Além disso, vimos que o mundo é totalmente diferente do nosso, já que chocolate e café são proibidos, a comida é racionada, a água é muito cara, e os banhos não podem ultrapassar de noventa segundos. E como nossa protagonista é filha de Leonyd Balanchine, um grande chefão do crime organizado, responsável pela distribuição de chocolates, armas, entre outras coisas, ela sempre teve grandes responsabilidades.
Nos dois primeiros volumes que compõem a história, “Todas As Coisas Que Eu Já Fiz” e "Está No Meu Sangue", vimos como foi tão difícil para Anya quando ela acabou perdendo os pais e a avó e, agora, teve que se juntar com um ex-inimigo, Charles Delacroix, para inaugurar uma boate, se libertando da empresa da família, para abrir um negócio próprio.
Quando a boate começa a ser um enorme sucesso, nossa protagonista finalmente pensa que está no caminho certo para a felicidade, porém nunca é bom comemorar antes do tempo, e algo acaba mudando na vida de Anya, fazendo com que ela precise lutar pela própria vida.
A narrativa deste volume continua sendo rápida, fluida e bastante gostosa, com momentos tensos, que nos fazem ficar com os olhos grudados nas páginas. Gosto bastante do fato de a protagonista ser uma mulher, e que, apesar de ser bem jovem, tenha conseguido passar por tantas coisas de cabeça erguida, sendo sempre uma menina forte e batalhadora, que não se deixou abater por pouco, e defendia as suas ideias, independente de serem certas ou proibidas.
Os personagens desse livro são incríveis, cada um com o seu jeito de ser, nos conquistando em todo momento e nos fazendo torcer muito por todos eles. Foi realmente tenso acompanhar algumas cenas, já que nos apegamos tanto a determinados personagens que sofremos junto com eles, assim como sorrimos em outros momentos, mais felizes.
Este livro é realmente maravilhoso. E se você gosta de ler obras distópicas, onde tudo é diferente do que estamos acostumados e onde as pessoas tem que seguir várias regras ou ir contra o sistema e se rebelar, este é o tipo de leitura que você vai curtir bastante.
Sobre a capa, eu só posso dizer que acho muito feia e sem graça e não teria tido vontade de ler a obra se fosse por causa dela. Mas o primeiro volume tem uma capa gracinha e depois de ter lido a sinopse e começado a trilogia, não podia mais parar. Esta última combina com a do livro dois, mas ambas são bem diferentes do primeiro exemplar. A letra e os espaçamentos do texto interno foram escolhas boas para uma leitura tranquila e sem incômodos.
A história criada pela autora é repleta de altos e baixos e a protagonista se vê em diversas situações diferentes, sendo algumas delas bastante perigosas e tensas. Tudo isso com uma narrativa rápida e empolgante, que consegue tirar o fôlego de qualquer pessoa, e que nos conecta à trama a partir do momento em que abrimos nosso exemplar para começar a leitura.
Realmente gostei desta trilogia e espero que tenha conseguido passar para vocês tudo o que achei desta obra sensacional que foi escrita por Gabrielle Zevin e publicada aqui no Brasil pela Editora Rocco.
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Fica Comigo - With me in Seattle #01 - Kristen Proby

Natalie Conner é uma fotógrafa profissional com um passado marcado por situações trágicas e dificuldades de ter relacionamentos sérios. Em um de seus passeios na praia pela manhã, ela faz algo que adora e é bastante talentosa: tirar fotos de paisagens e cenas incríveis. Tudo estava ótimo e bem tranquilo até que um homem a interrompe, acusando-a de estar tirando fotos dele.
Luke é lindo, simpático e tudo mais, mas Nat nem mesmo tinha notado sua presença e não imagina por qual motivo iria ficar tirando fotos de um estranho. O que ela não sabia é que ele tem uma fobia de fotografias por conta de seu próprio passado.
Quando Luke percebe que Natalie não o conhece, ele fica intrigado e muito mais atraído por aquela bela mulher curvilínea. Então eles se entendem e começam a sair. O relacionamento logo passa para um nível muito mais sério e ela acaba lhe confessando segredos que nunca antes havia dito para ninguém além de sua melhor amiga. Será que agora Nat está preparada para lidar com o fato de Luke não ser totalmente honesto com ela mesmo depois de tudo o que lhe contou?
A história de amor de Nat e Luke é um verdadeiro conto de fadas de pessoas ricas. Um sonho mesmo. Sabe aquele homem que é um amor, fofo, carinhoso, romântico, lindo, ótimo de cama, gostoso, muito, muito rico, famoso, que gosta de mimar e presentear a mulher, fazer tudo por ela, protegê-la, fazê-la se sentir bem consigo mesma e com seu corpo, não olhar para mais ninguém, ter um coração grande, uma família maravilhosa, adorar fazer surpresas e levá-la para encontros e viagens românticas, e mais tudo de perfeito que possa existir ou que você possa desejar? Este é Luke! Ele ainda é um gentleman, e, o melhor de tudo, ama a Natalie incondicionalmente. Agora me diz, quem não gostaria de um destes? Uma pena que só existem mesmo em livros, filmes ou séries. E, mesmo que existissem na vida real, seria quase impossível “agarrar” um. Hahaha
A narrativa foi feita em primeira pessoa pelo ponto de vista de Nat por praticamente o livro inteiro, somente no final do epílogo é que pudemos acompanhar de perto os pensamentos e sentimentos de Luke, e eu realmente adorei sua voz. A autora poderia tê-lo usado como narrador em outros momentos, pois teria sido bastante interessante.
Ambos os protagonistas são maravilhosos, têm atitude, ótimas carreiras e vidas formidáveis. Nat é bastante forte, e, mesmo que coisas bem ruins tenham acontecido em sua vida anteriormente, ela as enfrentou de cabeça erguida, sem deixar que a transformassem numa pessoa amargurada. Ela também é segura (mesmo que num primeiro momento tenha insegurança com relação as suas curvas), tem uma elevada autoestima (que melhora depois de Luke), é atrevida muitas vezes, sendo a responsável por dar o primeiro passo da parte carnal da relação em muitos momentos. Gostei realmente de sua personalidade porque muitas personagens neste tipo de livro são mais submissas, virgens e inibidas, tendo dificuldades de se soltar, fazem tudo o que os homens mandam, etc. Mas não Natalie, ela mostra a que veio e não se diminui por nada, sabe o que quer e vai atrás disso.
A trama segue um ritmo mais calmo, estilo vida real acontecendo. Com o relacionamento amoroso dos dois como foco principal e suas rotinas diárias como pano de fundo. É bem gostosinho de acompanhar e a gente só fica torcendo para que tudo continue caminhando bem. Somente quando o livro se aproxima do final é que as coisas realmente ficam agitadas e é, também, onde ocorre o grande clímax da história. Eu gostei da forma como a autora conduziu a vida amorosa dos dois, sem aquelas várias pessoas fazendo de tudo para atrapalhar o casal, porque isso não é uma coisa que aconteça com frequência na realidade, mas em abundância em coisas de ficção (novelas, filmes, séries, outros livros, etc.). Mas confesso que a parte que mais gostei foi quando houve uma agitação na trama, não neste sentido de atrapalhar o casal, e sim de movimentar as coisas entre eles, então as últimas cem páginas foram minhas preferidas, mesmo tendo curtido o livro inteiro.
No começo acho que a seriedade/intensidade do relacionamento aconteceu um pouco rápido demais, mas, conforme as páginas vão avançando, a gente já se acostuma com os dois juntos e não consegue mais enxergar um sem o outro. Inclusive porque eles mantêm um romance daquele tipo bem açucarado mesmo. E o final é muito, muito, muito fofo e apaixonante. (*suspiros*)
A única coisa que acabou me incomodando um pouco foi a quantidade de cenas de sexo existentes nesta obra. Antes de ler eu já sabia que o exemplar tinha uma ‘pegada’ mais erótica e cenas mais quentes estariam presentes em várias situações, mas acho que a autora colocou mais sexo do que era necessário e, se tivesse cortado metade delas, o livro teria ficado tão bom quanto ou até melhor do que é.
Isso acontece porque os protagonistas são completamente insaciáveis, eles fazem sexo diversas vezes ao dia, muitas delas seguidas, e ainda todos os dias (acho que homens que aguentam tanto assim só na ficção mesmo! Hahaha), então a gente sempre encontra pouquíssimas páginas entre um ato e outro. A única coisa que suaviza isso é que as cenas geralmente são pequenas, então, mesmo com a grande quantidade, há história e romance ali no meio também. Mas confesso que eu acabei pulando várias delas, já que seria mais do mesmo, só mudando de posição ou algo assim. Já para quem gosta de encontrar cenas de sexo em livros, provavelmente vai curtir bastante as narradas pela autora, já que ela sabe ser quente e descritiva, sem ser chata ou apelativa.
Nunca tinha lido nada escrito pela autora, mas gostei bastante desta experiência. A leitura é bem leve e descontraída, daquele jeitinho certo para quem busca um livro gostosinho para passar algumas horas do dia relaxantes. Além do mais, flui muito bem e, mesmo com suas quase quinhentas páginas, a gente chega ao final rapidamente. Também curti que a autora citou músicas pop diversas vezes, que eu adoro e escuto.
Admito que não sou assim tão fã desta capa, mas é um gosto totalmente pessoal somente porque não curto mesmo quando há dois elementos diferentes, que no caso são o casal na parte superior e a cidade de Seattle na inferior. Preferia que só tivesse a foto das pessoas ou só da cidade.
A edição impressa está linda, com capa em soft touch de ótima qualidade e com verniz localizado em todo o texto. A diagramação interna está maravilhosa, em todo início de capítulo há uma foto em preto e branco de uma câmera numa praia e o número da página + título ou nome da autora, presente no rodapé, tem um detalhe gráfico de filme fotográfico, que também está presente nas divisões dentro dos capítulos. As folhas são amarelas. A fonte está em um tamanho confortável e os espaçamentos, como padrão da editora, são bem largos, facilitando ainda mais a leitura.
Este livro faz parte de uma série de oito volumes mais dois contos, sendo que apenas o primeiro foi lançado aqui no Brasil e ainda não há previsão para os demais, mas não devem demorar. Quem não curte séries não precisa se preocupar, já que esta é composta de companion novels, ou seja, cada volume é independente dos demais e apresenta seus próprios protagonistas, romance e história com começo, meio e fim. Só que os personagens que você conhece em um acabam fazendo participações nos demais (o que eu acho a melhor parte), então a gente pode saber o que aconteceu com alguém depois do final do exemplar em que ele é o principal. Mesmo não precisando ler na ordem ou todas as obras para entender as demais, aconselho que o faça mesmo assim, pois vai haver spoilers nas sequências.
Nesta série, “With me in Seattle”, os demais livros contam sobre as vidas de um dos personagens que já apareceu neste primeiro: Jules, melhor amiga de Natalie, seus irmãos e os irmãos de Luke, cada um em um exemplar. No conto #8.5 ocorre um crossover entre esta série e uma outra da autora, então personagens das duas se encontram e vivem um romance, o que eu achei muito interessante porque não me lembro de ter lido nenhum “encontro” de séries literárias nunca antes.
Este livro, acima de tudo, fala de amor incondicional. E esta foi, com certeza, a minha característica preferida porque a autora nos mostra este sentimento tão belo de diversas formas: entre duas pessoas em um relacionamento amoroso, entre amigos e também entre família, tanto de sangue quanto aquela que escolhemos para nós na vida.
Recomendo bastante esta obra de Kristen Proby para aqueles que adoram um delicioso romance, bem vida real de gente como a gente, com cenas quentes, vários personagens incríveis e que nos deixa com um sorriso genuinamente feliz depois de fecharmos a última página.
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Filha da Ilusão - Herdeiros da Magia #01 - Teri Brown

A primeira coisa que me chamou bastante atenção neste livro foi a capa. No início eu não sabia muito bem se amava ou ficava na dúvida, já que o conceito de trazer uma mulher de cabeça para baixo na água a princípio me pareceu bem esquisito, mas lendo o título, que por sinal está com tipografias lindas, comecei a gostar bastante dela, pois, se tem a ver com ilusão, acho que a imagem está bem propícia. Após ler a sinopse, me apaixonei perdidamente pelo que li, e agora venho compartilhar com vocês quais foram minhas considerações a respeito da obra.
Em “Filha da Ilusão” conhecemos a história de Anna Van Housen, uma menina de apenas dezesseis anos que é assistente de palco de sua mãe, a famosa médium Marguerite Van Housen, em seus shows. Ela é filha ilegítima do infame Harry Houdini, um famoso ilusionista que é casado, e, por este motivo, não pode exigir nada dele. Sua mãe é uma farsa e vive do ilusionismo para viver, enganando as pessoas sobre seus dons, e, portanto, já foi parar na cadeia algumas vezes. Ela é bem competitiva e deixa Anna em segundo plano, sempre querendo as atenções apenas para si, pois, caso contrário, fica com ciúmes da própria filha.
Como ambas vivem mudando de lugar, até mesmo porque o que fazem é proibido em alguns estados, elas estão indo morar na cidade de Nova York, que é um local onde podem circular tranquilamente, já que é cheio de mágicos e mentalistas. O que Anna não conta para ninguém, nem mesmo para sua mãe, é que ela é sensitiva, e, por isso, tem o dom de falar com os mortos, captar os sentimentos das pessoas e até mesmo prever o futuro. Como estes são dons cobiçados, a garota tem medo de que alguém possa querer se aproveitar deles, mas agora eles estão cada vez mais fortes, sendo até mesmo difíceis de controlar.
Ao conhecer o seu vizinho Cole, um jovem misterioso, fofo e bem tímido, que ela não consegue ler como as outras pessoas, Anna vê sua vida mudar completamente, já que ele lhe apresenta uma sociedade secreta que estuda pessoas que apresentam os mesmos dons, e onde ensinam a nossa protagonista a lidar com os seus poderes, aprendendo a controlá-los para que ela viva sem medo e possa voltar a se sentir normal.
A narrativa é em primeira pessoa pelo ponto de vista de nossa personagem principal, Anna, o que achei bem legal, já que assim conseguimos acompanhar tudo o que ela sente. O livro é rápido, ágil, envolvente e consegue prender a gente do início ao fim com um enredo delicioso e personagens incríveis, que nos conquistam cada um com o seu jeito de ser.
Como a história se passa na década de 20, temos um ambiente um pouco diferente do que estamos acostumados atualmente, e, principalmente por este motivo, eu gostei ainda mais da leitura, pois adoro ler livros passados em outras épocas e também de personagens como Anna, que, mesmo naquele tempo, era uma menina madura e bem forte.
A capa, como comentei lá no começo da resenha, tem totalmente a ver com o conteúdo, então acabei curtindo a escolha. A diagramação interna está bem feita, com o número do capítulo em um tamanho enorme e uma fonte diferente do resto do texto, e o mesmo acontece com as primeiras linhas do começo de cada capítulo e com alguns trechos no meio. Na parte superior da página, junto com o nome da autora e o título do livro, há uma pequena ilustração em preto e branco. A fonte da maior parte do texto está em tamanho bem pequeno, o que pode acabar incomodando alguns leitores, mas o espaçamento está agradável. As folhas são amarelas.
Recomendo “Filha da Ilusão” para todo mundo que esteja procurando aquele tipo de leitura que consegue misturar um pouco de amor, ilusionismo, dons, magia, entre outros, com personagens cativantes em uma trama envolvente e cheia de reviravoltas, que nos prendem a todo instante com uma história leve e uma narrativa fluida.
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360 Dias de Sucesso - Thalita Rebouças

Desde que fui ao café da manhã com a editora Rocco e pude participar da explicação que a própria Thalita Rebouças fez sobre esta obra, fiquei encantada com tudo o que escutei e doida para começar esta leitura. Inclusive saí de lá cantarolando a música, que, como a autora falou, virou um chiclete e ficou grudada na minha cabeça, e queria muito conhecer mais sobre estes personagens que fazem uma banda. Como cheguei atrasada, já que moro em Niterói e o evento foi no Rio (a ponte às vezes engarrafa e é terrível), não pude ganhar a sacola de livros que eles deram no começo do evento, e, por isso, não tive este exemplar de imediato. Porém, assim que foi possível, garanti o meu, e agora venho compartilhar com vocês as minhas opiniões.
Em “360 Dias de Sucesso” conhecemos a história de jovens adolescentes do Rio de Janeiro que formaram uma banda (que não vou dizer o nome para não dar spoiler para vocês), sendo ela composta por Theo (cantor), Gualter (baterista), Pá (baixista), Pedro (guitarrista) e mais tarde também pela Mari (tecladista e vocalista). Neste volume Gualter nos conta sobre como ele e seus amigos tiveram 360 dias de sucesso, o que aconteceu neste período e após ele.
Conhecemos a histórias destes jovens desde o início da formação da banda, que começou apenas com Pedro e Theo, amigos desde a infância, e que tiveram o incentivo de Paulão, pai de Pedro, que viu que eles tinham chance de se tornar um sucesso. Porém, o que os colocou no alvo da fama foi a composição da música que Gualter fez, de nome Amor na Hora Certa, que levou esses jovens à grande popularidade.
Agora, com todo esse sucesso, muitos fãs, um vídeo clipe e shows lotados, esses meninos provam o lado doce e também o amargo da fama, já que, acompanhado dela, os problemas começam a aparecer e as brigam surgem.
Este é o primeiro livro que a Thalita escreve tendo como protagonista um homem, e achei bem legal, já que ela conseguiu dar voz a ele de uma maneira leve e descontraída, sem perder a essência ou parecer forçado. A narrativa é rápida, envolvente e fluida, sendo também bastante divertida e irônica, nos conquistando em todo momento com personagens incríveis e um pano de fundo maravilhoso.
A capa é bem legal e super colorida, e apresenta um show de sucesso, passando a ideia do que o livro realmente representa ao mesmo tempo em que demonstra que é voltado para o público jovem. O mais legal da edição impressa é que o título está em alto relevo e ainda com um efeito furta-cor completamente magnífico, que faz a luz refletir brilhos de cores diferentes conforme mexemos com o exemplar, deixando-a ainda mais bonita. A parte atrás da capa está em um tom de verde-água lindo também.
Além de tudo isso, a diagramação interna é uma graça, cheia de detalhes gráficos, tanto na primeira página de cada capítulo, onde fica o título, quanto na parte superior das folhas, onde o título também aparece, só que eu tamanho menor, e também há alguns outros espalhados no meio do texto. A fonte não é muito grande, mas não incomodou minha vista, e os espaçamentos estão em tamanhos confortáveis. As páginas são brancas.
O livro foi narrado de uma forma leve e divertida, que consegue nos conquistar com personagens encantadores e uma história fofa e cheia de acontecimentos. Além disso, foi escrito por Thalita Rebouças, uma grande autora nacional, e só por este motivo fica ainda mais gostoso, pois os locais citados são aqui no Brasil, assim como os programas de televisão (por exemplo, Caldeirão do Huck), trazendo uma maior identificação do leitor brasileiro pela história, como se os personagens fossem nossos amigos e estivéssemos acompanhando-os naquele momento.
Recomendo este volume para todas as pessoas que gostariam de conhecer uma obra que retrata jovens que encontraram na música os seus 360 dias de sucesso, e como isso afetou a vida de cada um deles, e o que a fama acabou lhes trazendo. Adorei a leitura e, se você curte livros contemporâneos para jovens, também vai gostar muito.
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Os Demônios de Deus - Alexander Mackenzie

Não acredito em coincidências, acredito em sincronicidade: atraímos aquilo que vibramos, repelimos aquilo que é oposto ao que vibramos. Depois de ler O 12º Planeta, e mergulhar nas hipóteses de criação de vida na Terra, esbarrar com Os Demônios de Deus, do brasileiro Alexander Mackenzie, pelo selo Madras Teen, alimentou muito das teorias que eu estou construindo sobre o que somos e para onde vamos!

Rodrigo Mazal é um famoso psicólogo clínico que tem a vida que deseja na pequena cidade Victoria, no Canadá. Feliz por estar com a mulher que ama e apaixonado pela filha, ele não têm grandes ambições em sua carreira. Paciente após paciente nada soa fora do esperado até que um senhor de cabelos brancos o procura, nada estranho se o paciente em questão não fosse ninguém menos do que Deus!

Reclamando de solidão Deus desafia Rodrigo a não só colocar sua experiência em questão como tudo aquilo que aprendeu como verdade ao longo de sua vida. E pior do que fazer a terapia 'mestre' é que quando menos espera entra no olho do furacão de uma batalha milenar envolvendo sua família e o destino da Terra. Será que o Sr. Mazal será capaz de enfrentar as forças de Deus e do demônio e sair sem grandes feridas?

Mackenzie narra sua trama em terceira pessoa em boa parte do tempo sob o ponto de vista de Rodrigo. Seu ritmo é contínuo e bem trabalhado, entretanto o tempo não aparece de forma linear, o passado e o presente se misturam de forma inteligente para nos apresentar a história sob diversos ângulos. Essa falta de linearidade vai de encontro a uma discussão de Deus com Rodrigo sobre a ausência de tempo, que apenas existe para facilitar a vida do ser humano, mas que não existe do ponto de vista da criação.

O tema central embora possa soar clichê não tem nada de repetido, primeiro é genial a ideia de colocar Deus no divã, embora ele não tenha de fato sido analisado suas falas são excelentes e trazem bons questionamentos sobre a bíblia. Não sei ao certo quanto o autor usou de ficção quanto foram teorias reais trazidas para trama, mas tudo soou verdadeiro e honesto. Segundo a forma como o demônio surge também é de grande perspicácia. E terceiro embora seja uma história que possa soar polêmica ele a amarra de forma bem realista quando trás para o palco a esposa e a filha do psicólogo.

Claro que eu sendo psicóloga me diverti com as falas e teorias evocadas pelo autor. E mais ainda quando ele trouxe a luz os nefilins, criaturas que tem aparecido com frequência nos meus estudos espirituais. Mas o que é o grande destaque do livro é a maneira que ele consegue amarrar tantas áreas de conhecimento sem soar perdido. Filosofia, Psicologia, Psicanálise e outros são citados e me trouxeram boas lembranças da faculdade.

Quanto aos personagens Rodrigo é um psicólogo talentoso que poderia ter o mundo em suas mãos, mas que quer e se contenta com bem menos do que qualquer um gostaria. Ele quer poder viver sua vida pacificamente. Tem um ego grande que é alimentado pelas suas pacientes que viajam de longe para as consultas. Acredita piamente que nenhum ser humano oferece desafio, tudo é passível de leitura, assim Deus em sua vida o faz rever sua postura na vida.

Como esperado embora ele seja ótimo nos atendimentos perde de vista sua relação com a esposa, que procura se realizar longe dele. Petra, sua esposa é uma mulher decepcionada com sua vida, mas ao invés de procurar por sua felicidade passou muito tempo guardando segredos e descontente com o casamento. É uma esposa fria e uma mãe distante. E honestamente nutri antipatia por ela desde o início.

Jane, a filha, é uma jovem sonhadora, mas que tem a mesma capacidade analítica do pai. Diante dos problemas e decepções arregaça as mangas e tem no pai seu porto seguro e referência do que é certo. Embora seja adolescente não tem o discurso da menina carente, sabe o que quer, mas ainda tem a inocência de quem ainda não descobriu a vida.
O Deus que temos como personagem é irônico e ardiloso, fala na cara de Rodrigo as verdades mesmo que este não seja capaz de compreendê-las. Conduz o terapeuta a todo tempo a modo de manipular sua visão. Já o demônio aparece como um ser de duas faces que culpa Deus por crimes que são atribuídos a ele. Não soa cruel ou mal como de costume, mas sem dúvidas assim como Deus tem suas intenções bem delimitadas ao encontrar Rodrigo, que nada mais é do que um peão neste jogo.

O livro seria excelente se não houvesse uma pequena corrida em suas últimas páginas, o desfecho é de dar nos nervos, e não é esse o problema, mas a forma acelerada como ele se dá. Apenas algumas páginas poderiam resolver isso, e não deixar a sensação de que perdeu alguma coisa na história. A ação de Jane no fim foi muito rápida e nada explicada, e aceitação de Rodrigo muito prática. Diante do ocorrido era esperado um pouco mais de sentimento de ambos os lados. Mas esse pequeno problema não compromete em nada o livro, é apenas um desejo meu de obter mais detalhes do desfecho, visto que todo o livro foi muito bem explorado.

Os Demônios de Deus, poderiam chamar os demônios da humanidade, já que coloca em cheque as verdade exploradas pelas religiões, e até o modo como nos relacionamos com o sagrado. Que o bem e o mal não são polos isolados e bem delimitados isso é claro, mas este livro pode ser um bom exemplo disto. De maneira inteligente e precisa, Alexander nos presenteia com um convite a reflexão, o que acha de falar mais sobre isso?!

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Alif, O Invisível – G. Willow Wilson

Quando fiquei sabendo que a famosa autora de várias graphic novels e criadora da primeira heroína muçulmana em quadrinhos pela Marvel Comics, G. Willow Wilson, havia escrito um livro que mistura o mundo físico com o digital sendo um cyberthriller com vários elementos de fantasia, fiquei maluca para começar a ler esta história. Claro que assim que foi possível, passei este título na frente de alguns outros e comecei a minha leitura. Agora, venho compartilhar com todos vocês as minhas opiniões a respeito desta obra que foi lançada aqui no Brasil pelo selo Fantástica da Editora Rocco.
Neste volume conhecemos Alif, um jovem hacker do oriente médio, que mora em uma periferia chamada Cidade, onde a tradição e a modernidade se fundem. Ele trabalha protegendo os seus clientes contra os agentes do governo que censuram o que é publicado na internet. Seus dias se resumem em ser um cara invisível e se encontrar com Intisar, sua namorada do Bairro Antigo. Tudo estava indo bem na sua vida, até que ele acaba sofrendo uma grande desilusão amorosa, já que a mulher por quem estava apaixonado está com data marcada para casar, rompendo com ele e dizendo que nunca mais quer vê-lo.
Transtornado por tudo o que aconteceu com sua amada, ele tem uma ideia de criar um programa bem legal, quase impossível. Porém, ele o coloca no foco da mão, uma misteriosa pessoa que representa o Estado, cujo objetivo é identificar e acabar com qualquer resistência governamental online, para que ninguém exponha suas opiniões na internet.
Agora, nosso protagonista se torna um foragido político perseguido pela polícia, e, para completar, Intisar o envia um livro chamado Alf Yeom, conhecido por nós como “Os mil e um dias” onde, em sua grande aventura, ele não pode deixar de jeito nenhum o livro cair em mãos erradas.
A narrativa deste livro é descritiva, rápida, envolvente, e mistura realidade e fantasia com um pano de fundo incrível que consegue nos prender do início ao fim.  A história é narrada em terceira pessoa, o que em minha opinião foi bem legal, já que, assim, conseguimos acompanhar tudo de uma forma mais ampla. Neste volume você vai encontrar grandes reviravoltas, muita ação e adrenalina, uma pitada de romance e cenas engraçadas.
A autora conseguiu criar um universo incrível e ainda mesclar vários elementos como diferentes culturas, preconceito, amor, política, religião, sobrenatural, tecnologia, etc., tudo de uma maneira bem entrelaçada, ficando leve e descontraído, sem pesar a leitura, e deixando-a bem fluida e gostosa.
Os personagens são incríveis, e, apesar de existirem vários deles, que nos deixam até perdidas em determinados momentos, conseguimos, à medida que vamos lendo, identificar cada um e gostar bastante da história, assim como do papel de cada um individualmente nela.
A edição impressa está realmente maravilhosa! A começar pela capa, que é linda e tem absolutamente tudo a ver com o conteúdo e o título está em alto relevo. A obra também apresenta detalhes internos, como uma folha de guarda muito bonita com um padrão gráfico nas cores grafite e branco, e um mapa muito legal antes de iniciarmos a leitura. A fonte e os espaçamentos do texto estão bastante confortáveis para uma leitura agradável e as páginas são amarelas.
Depois de terminar esta leitura só posso chegar a uma conclusão: Uau! Não me surpreende que tenha sido bastante aclamado pela crítica mundial e ainda tenha ganhado prêmios, nominações e indicações de autores consagrados.
Recomendo este livro para todos os leitores que adoram histórias incríveis, cheias de reviravoltas, ação e adrenalina. Tudo isso com uma pitada de romance em uma narrativa rápida e envolvente que nos prende a cada virada de página, misturando vários elementos e com um desfecho incrível que vai fazer você amar este volume.
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10 anos com Mafalda – Quino

Eu gosto bastante de quadrinhos e Mafalda é uma personagem que me encantou desde que a conheci alguns anos atrás. Nunca antes havia lido tantas tirinhas dela de uma vez, mas curti bastante a experiência com este volume integral publicado pela WMF Martins Fontes, que une todas as tirinhas escritas e ilustradas por Quino durante todos os dez anos em que elas foram publicadas.
Este álbum é dividido em treze temas e acredito que os quadrinhos dentro de cada um são apresentados na ordem cronológica do tema, ou seja, as primeiras tiras do segundo capítulo não ocorreram necessariamente depois da última do primeiro capítulo, e assim sucessivamente. E mesmo que alguma tirinha apresente mais de um assunto, o mais importante ou que ganhe maior destaque dentre eles é que vai ser o tema do capítulo onde vamos encontrá-la.
E são eles, na ordem em que aparecem: A família, A rua, A escola, Assim vai o Mundo, Mafalda e a sopa, Férias, TV, Guile, Susanita, Felipe, Manolito, Miguelito e Liberdade. O interessante de ter sido separado desta maneira é que, quando há tiras sequenciais, elas ficam próximas umas das outras, trazendo bastante sentido já que lemos na ordem diretamente, mesmo que não tenham sido publicadas assim cronologicamente falando (uma história e sua continuação terem sido publicadas em datas sequenciais). E também, caso você queira procurar alguma específica, é muito mais fácil de encontrar assim.

Adorei poder ler este exemplar e me peguei rindo alto várias vezes! Mafalda, seus amigos e familiares são incríveis, bastante preocupados com o mundo e o bem estar social, e sempre apresentando temas pertinentes e reflexivos de uma forma leve e gostosa de ler e ainda divertidos no processo.
A leitura é muito fluida, principalmente levando em consideração que são pequenas histórias, então a gente acaba lendo muito rápido e, quando percebemos, já chegamos ao final com aquela sensação de que queríamos mais.

Além das tirinhas sobre questões mundiais e sociais, me identifiquei muito com seu protesto contra spoilers, que aparece em uma das primeiras historinhas do livro e provavelmente da existência da personagem. É bastante engraçada e me senti como a protagonista naquele momento.

Acredito que o sucesso de Mafalda e sua turma se deva a esta combinação da inocência dos personagens principais com as percepções e críticas pertinentes que eles fazem sobre o mundo e a sociedade. Isso se deve ao fato de que todos são crianças e ainda estão aprendendo mais sobre o mundo, como ele realmente funciona, e as questões sociais, e ainda apresentam pontos importantíssimos e de forma inteligente, já que realmente ficam indignados com o jeito como o ser humano age de maneira geral e as consequências destes atos para o planeta ou para o próximo.

Antes do começo dos quadrinhos em si, há uma entrevista de algumas páginas de Rodolfo Bracel com Quino, realizada em abril de 1987, vinte anos após sua primeira entrevista com o quadrinista, que havia sido feita em 1967, quatro anos depois da primeira aparição pública de Mafalda. Com as respostas de Quino depois de ter vivido em função da personagem por dez anos inteiros, e passado quatorze desde sua última publicação, pudemos conhecer como é sua relação com a protagonista e alguns dos outros personagens, e também entender o que mudou em sua visão de mundo. Achei realmente muito interessante podermos ter essa possibilidade de conhecer uma opinião tão franca de um criador sobre sua obra tanto tempo depois e perceber como as coisas realmente mudaram ao longo destes anos.

“ – Acho que vamos parar no espaço.
- Porque explodiremos em estilhaços ou porque voaremos em foguetes?
- Porque voaremos em foguetes. Eu era muito pessimista. Agora acredito que a inteligência humana saberá sobrepor-se a todos os perigos.”

A parte gráfica está bem bonita, com uma ilustração da Mafalda fofa e colorida na capa, mas o miolo é inteiramente em preto e branco, acho que teria ficado mais bacana se fosse colorido também. A fonte do texto está bem confortável para a leitura, as folhas são bem grossas, amarelas, e de um material de alta qualidade, a impressão está muito boa, no início de cada capítulo há o título e uma ilustração do tema central bem grande, ocupando a página inteira, e cada folha dentro do capítulo apresenta quatro tiras. E na parte da entrevista, no começo do livro, há algumas fotos do autor, também em preto e branco.

Este exemplar de 192 páginas é de um tamanho maior que o padrão de livros nacionais, e tem 27,50 cm x 20,00 cm, mas, infelizmente não tem orelhas, o que é ruim porque acaba amassando as pontinhas da capa com facilidade, que é mole e eu teria curtindo ainda mais se fosse capa dura.

Quino é realmente genial e consegue trazer toda sua engenhosidade para o papel, com personagens bem construídos, de personalidades definidas e socialmente responsáveis, que transmitem reflexões, questionamentos e concordâncias nos leitores com facilidade, principalmente por tratar de questões importantes com muito humor, ironia, leveza, seriedade e ainda toda a inocência que as crianças têm. Fabuloso e mais do que recomendado para pessoas de todas as idades!
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Mindfulness – O Livro de Colorir – Emma Farrarons

Com este boom de livros antiestresse de colorir para adultos (que podem ser feitos por pessoas de qualquer idade), a BestSeller, selo do Grupo Editorial Record, não poderia ficar de fora. Eles publicaram esta edição da designer gráfica Emma Farrarons, “Mindfulness – O Livro de Colorir”, que tem cento e doze páginas com ilustrações bastante variadas para pintarmos como bem desejarmos.
O intuito do Mindfulness é nos fazer esquecer nosso dia a dia estressante e apenas sentar e relaxar, deixando de lado qualquer distração, ruído externo ou mental, e prestando atenção unicamente na atividade, recuperando, assim, a calma e a tranquilidade, não importando onde você esteja. E esta é a proposta deste livro, fazer com que a gente vá colorindo as páginas como um exercício calmante, aproximando-nos da meditação.
Emma não se focou exatamente num tema específico, apesar de seus traços em todas as páginas seguirem um tipo de padrão mais geométrico, então vamos encontrar formas, como triângulos, círculos quadrados, retângulos, entre outros, soltos e também dentro das ilustrações de animais (minhas preferidas deste volume), como gatos, pássaros e peixes, elementos da natureza, como folhas, flores, insetos, cogumelos, etc., e até no interior de objetos, como xícaras. E os traços de Farrarons são mais abstratos, a maioria de suas ilustrações possui elementos circulares ou linhas retas, e também estilos que dão a impressão de dimensão.

O livro é uma graça e as ilustrações são relativamente fáceis de colorir, mas talvez tenha faltado detalhes e algo um pouco diferente ou mais elaborado, e este é o motivo que faz com que este exemplar deixe um pouco a desejar em relação a alguns outros títulos do mesmo estilo já publicados aqui no Brasil.

Vale a pena a aquisição para quem gosta desta proposta divertida e relaxante, principalmente porque, se você quiser fazer uma pintura bem diferente, tem que deixar a criatividade rolar solta para não obter resultados simples, que é a primeira ideia que passa pela nossa cabeça com este estilo de desenho. Mas acho que isto é uma coisa interessante, porque nos faz sair da mesmice, nos faz pensar em como transformar aquelas ilustrações em algo belo e único.

Emma Farrarons é uma ilustradora e designer gráfica francesa, que estudou cursos em várias escolas diferentes, e desenvolveu um amor especial por estampas e impressões em tecido, usando como inspiração o design francês, o escandinavo e o japonês.
Quando recebi este exemplar em mãos, confesso que me espantei um pouco com seu tamanho, já que ele é bem fino e tem 14 cm x 21 cm, e eu estava esperando algo um pouco maior. Mas esta não é uma característica ruim, já que, por conta disso, é super confortável de carregarmos na bolsa para qualquer lugar, deixando-nos prontos para tirar um tempinho de nosso dia lotado onde quer que estejamos.

Sobre a edição, só tem um ponto que realmente me incomodou bastante. Pelo fato de o livro ser pequeno e a colagem e a lombada serem bem fechadinhas, as páginas não abrem completamente, então fica bastante difícil pintar perto do meio, do miolo, o que nem dá para fazer na maioria das folhas. Fato que piora ainda mais nas ilustrações de página dupla, comprometendo todo o desenho. E, mesmo para colorir as pontas, precisamos colocar alguma coisa para apoiar o livro e não nos atrapalhar, tomando cuidado para ele não fechar na hora do processo, nos fazendo borrar nosso trabalho.
Adoro esta capa, que passa realmente a ideia dos desenhos encontrados nas páginas do miolo. E, em mãos, ela é ainda mais bonita, pois tem verniz localizado nas linhas pretas das ilustrações de ondas, assim como no título, nome da autora e logo da editora. A impressão interna está muito bem feita, com traços bem escuros.

Indico esta terapia em forma de colorir para aqueles que buscam mais um livro interativo antiestresse, saindo um pouco da padronagem de florestas e plantas e encontrando algo mais geométrico e abstrato. É bastante interessante esta nova abordagem, que com certeza vai nos fazer soltar a criatividade e relaxar no processo.
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Expurgo - Sofi Oksanen

Expurgo: Expurgo (português brasileiro) ou purga (português europeu) é o processo de expurgar, expelir, expulsar, exilar ou eliminar algo, no sentido de desfazer-se de um problema e colocar para fora um objeto com conotação negativa. Em política, a palavra descreve recursos utilizados por entidades (principalmente partidos políticos, sindicatos e movimentos) para remover de seus quadros os militantes que firam as regras ou os princípios do grupo, que tenham ferido normas internas ou que contrariem a orientação coletiva. Às vezes, mas não por via de regra, os expurgos podem resultar de perseguições e injustiças cometidas por líderes políticos contra seus adversários ou dissidentes. Muitos militantes e teóricos contestam a legitimidade do expurgo como forma de garantir a coesão interna do partido, principalmente aqueles prejudicados por este processo. Para estes críticos, o expurgo é uma tática violenta para reprimir a oposição interna. Para os defensores deste recurso, no entanto, o expurgo é necessário para punir traidores e renovar os quadros do partido. Embora rara, a restauração (às vezes póstuma) da legitimidade de pessoas expurgadas pode ocorrer e é um processo conhecido como reabilitação.

Eu não me lembro se em alguma resenha ou lugar do blog eu já expus minha paixão pela Finlândia, mas ela foi a única responsável para que eu chegasse ao livro Expurgo, da autora Sofi Oksanen , publicado pela editora Record. Afinal Sofi é finlandesa e muito reconhecida por seu trabalho. E a louca aqui queria desesperadamente alguma narrativa de autor finlandês (e como é difícil!) e que falasse do país (o que não foi o caso rs!).

Em Expurgo acompanhamos a história de duas mulheres, primeiro conhecemos Aliide, moradora da pequena região rural da Estônia, Läänemma, que vive perturbada pelas lembranças de seu passado, erros e acertos de uma época política conturbada. E depois Zara uma jovem russa que aparece de maneira inesperada e perturbada no jardim de Aliide.

Zara não consegue falar sobre o que a levou a fugir e aparecer toda machucada no jardim, Aliide por sua parte vê na garota marcas que lembram de seu passado. Mas será que Zara conseguirá falar do que está fugindo? Afinal do que ela se esconde? E Aliide conseguirá ajudar a garota mesmo não desejando?

Oksanen tem uma narrativa bem peculiar, direta e com o dedo na ferida ela consegue ter momentos de leveza alternados com cenas de violência e crueldade. Flui de maneira rápida sem que para isso lhe falte os detalhes. Por vezes me sentia no meio da Estônia, me escondendo na floresta, e com raiva de Hitler ou Stalin. Ela conseguiu passar de maneira muito realista os momentos que as mulheres sofreram na história da Estônia, ao mesmo tempo que trabalha o comércio sexual que existe nos dias de hoje.

É muito revigorante sair da mesmice literária que os livros que chegam ao Brasil dos impõe, sempre nos Estados Unidos, com o mesmo círculo. Fugir para um lugar distante, nada conhecido pelos brasileiros, e com detalhes históricos que pouco são comentados em aulas de história me fez perceber o quanto a globalização é uma palavra vaga. Temos a falsa ideia de acesso a informação, mas se não sabemos que ela existe não há como ir atrás dela. E não sabia que a Estônia havia sofrido tanto na mão de russos e alemães, e menos ainda que só teve sua independência em 1992. Por essas e outras espero poder ler mais livros europeus, e que as editoras nos permitam isso.

Falando um pouquinho das protagonistas, Aliide é uma senhora com uma forte dose de problemas psicológicos, que são por sinal muito bem apresentados e trabalhados. Ela desde muito cedo rivaliza com sua irmã mais velha, e não consegue compreender as habilidades da irmã e menos ainda aceita o fato de ela ter conseguido o homem que Aliide desejava. Passa a todo custo querer Hans para si. Para isso tem atitudes digamos nada fraternais passando por cima da irmã sem culpa. Sua inveja a consome, mesmo quando acreditamos que já tinha se esquecido de Hans, ela surge explicando suas atitudes que visam apenas uma coisa: Tê-lo!

Zara é uma jovem muito inocente e sonhadora, e esse mal a fez cair nas mãos erradas. Iludida por emprego é mais uma garota que não teve o que lhe foi prometido. Age todo tempo como um animal que apanhou por muito tempo, se retrai, se fecha e desconfia de tudo que a circunda. Quando vê a chance de fugir consegue reunir forças para fazê-lo, mas não tem em mente qual será seu próximo passo, age ainda de maneira infantil.

É muito interessante o espelho que uma personagem faz para a outra. Pequenas atitudes de cada uma para com a outra faz com que a narrativa volte no tempo na vida de ambas, nos contando sobre a vida de cada uma delas. A narrativa é feita em terceira pessoa sob o ponto de vista de ambas personagens em um tom de suspense já que não sabemos o que esperar do desfecho de Zara. O livro se divide em cinco parte, onde as quatro primeiras partes recebem em seu inicio frases de Paul-Eerik Rummo, poeta e político estoniano.

Um personagem secundário, mas que é o fio condutor sutil na trama é a mosca. Em diversas cenas e momentos ela surge como se nos jogando na cara como somos nada no mundo. Um nada em que uma mosca pousa e ninguém se importa ou nota.

Expurgo fala sobre um momento na história que nunca vivemos, e pouco sabemos. Trabalha com a violência que a mulher sofre em diversos momentos da história, ao mesmo tempo em que tem uma trama psicológica bem amarrada. É um livro profundo, complexo, e que vale cada aflição, tristeza e esperança! Sai do quadrado, venha para o frio e se aventure por terras desconhecidas.

CURIOSIDADE: Sofi Oksanen é uma das mais importantes revelações da literatura mundial. Um fenômeno de vendas nos países escandinavos, Expurgo, sua mais premiada obra, foi o primeiro romance a ganhar os dois prêmios mais prestigiados da Finlândia — o Finlandia Award (2008) e o Runeberg Prize (2009). Em 2010 ganhou o Nordic Council Literature Prize e o Le Prix Du Roman FNAC, prêmio francês que pela primeira vez contemplou um autor estrangeiro.


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