Em 2083 as
coisas não são como hoje em dia, a começar pela proibição de duas coisas
maravilhosas que atualmente podemos consumir à vontade: chocolate e café. Além
disso, a água e a comida são racionadas e os jovens não podem estar nas ruas
depois do toque de recolher. Por outro lado, muitos jovens podem se divertir
bastante porque a bebida alcoólica é liberada, até para menores.
Anya
Balanchine vive em uma cidade de Nova York acabada, repleta de criminalidade e
pobreza, tentando viver uma vida normal e cuidando de seus irmãos mais novos e
de sua avó que está muito doente e em uma cama entre a vida e a morte. Só que a
vida dela está longe de ser normal, ela nada mais é do que a filha de Leonyd
Balanchine, que era chefe do crime organizado e dono da Balanchine Chocolate,
responsável pela distribuição ilegal de chocolate e outras coisas, como tráfico
de armas e operações no mercado negro. Até que ele foi assassinado na frente de
suas duas filhas ainda pequenas, e o comando da empresa ficou nas mãos de sua
família.
Com todo o
dinheiro deixado pelo pai, Anya consegue sustentar a si própria, seus irmãos e
a avó, e quer distância dos negócios da família, mas ela não pode se afastar
tanto assim porque afinal eles são sangue de seu sangue e compartilham o mesmo
sobrenome mafioso que trouxe a fama à família.
Quando
terminou o namoro com Gable Arsley, ele espalhou diversos boatos maldosos sobre
Anya. Com um estoque de chocolates em casa, seu ex-namorado, um viciado nessa
mercadoria ilegal, pede a ela, à noite e às escondidas, uma barra para saciar
seu desejo e ela lhe dá, sem imaginar que sua vida iria mudar totalmente nesse
momento.
Logo em
seguida, descobriram que ele havia sido envenenado e a origem do envenenamento
eram justamente os chocolates Balanchine. Parecendo culpada, Anya logo é
acusada e passa a ser o centro das atenções do colégio, da mídia e, pior de
tudo, da máfia.
Para piorar
sua situação, um novo aluno, Win Delacroix, chega à cidade e ao colégio e
parece bem interessado em nossa protagonista, que não pode se permitir
apaixonar-se por ele, já que sua vida é complicada demais, sua melhor-amiga-desde-sempre
gosta dele e, pior ainda, ele é filho do novo promotor número dois da cidade,
ou seja, contra sua família. Mas como resistir a um garoto fofo, bonito e
romântico, que se importa com ela de verdade?
No meio de
muita confusão, Anya vai precisar de muita força de vontade para ir contra seus
princípios e liderar a família mais do que nunca para defendê-los, custe o que
custar.
Como vocês
sabem (se acompanham minhas resenhas), adoro distopias e esse foi o principal
motivo de querer ler esse livro. Eu queria lê-lo desde que soube do lançamento,
mas só agora tive a oportunidade. Mas, apesar de parecer, eu não considero esse
primeiro volume da trilogia Birthright realmente uma distopia. A única
característica do gênero aqui é a proibição de algo que no caso é o chocolate e
o café, mas nada mais foi explorado. Na realidade, as relações familiares são o
mais importante no livro, e engloba bastante o lado mafioso de sua família. E
isso não é uma coisa ruim, pelo contrário, foi o que me ganhou.
A narrativa
é em primeira pessoa por Anya, que mesmo com seus apenas dezesseis anos, já sofreu
e sofre muito, mas é bem madura, segura, racional, responsável, e carrega todo
o peso do mundo nas costas. Adorei de verdade a protagonista que, mesmo
enfrentando tantas coisas ruins, continua de cabeça erguida, sem fazer dramas,
é corajosa e independente, e faz o que for preciso para defender quem ama. Ela
é forte, mas ainda é uma jovem e, portanto, também tem seus problemas
relacionados a isso.
É ela quem
cuida da família, já que não tem mais os pais, seu irmão mais velho, Leo,
sofreu um acidente de carro quando mais novo quando alguém assassinou a mãe,
que estava dirigindo o veículo, e o deixou com sequelas no cérebro e agora,
apesar da aparência de um homem, ele tem a mentalidade de um menino, então Anya
precisa ‘pisar em ovos’ quando se trata de cuidar dele, porque não pode mostrar
que está no comando para não magoá-lo, ao mesmo tempo em que precisa
controlá-lo para que ele não se meta em encrencas ou se machuque de alguma
maneira. Além disso, sua avó, que é a nova chefe da família, está muito doente
e de cama, contando com uma enfermeira integral para tomar conta dela e Anya
para decisões importantes, já que toda hora ela tem problemas com a memória, e
está bem debilitada. E Anya ainda precisa cuidar da irmã mais nova, Natty, que
é um prodígio da matemática e só tem doze anos.
Apesar de
bem católica e seguir a risca alguns dos ensinamentos da Igreja e amar demais
sua família, Anya acaba sendo mais racional e deixa a emoção de lado em
diversos momentos. Isso é algo que eu admiro porque sou totalmente o contrário
e deixo minhas emoções falarem mais alto do que a razão em diversos momentos da
minha vida. Também curti que ela sempre pensava em seu pai como isso, seu pai,
com todos os seus conselhos e ensinamentos, que ela seguia com muito afinco nas
situações que tinha que enfrentar, e não apenas como o mafioso que ele era.
Dos outros
personagens, os que merecem destaque são sua melhor amiga, Scarlet, seu
interesse amoroso, Win, seus irmãos, Natty e Leo, sua avó Galina, e sua
enfermeira, e o advogado da família, Dr. Kipling com seu ajudante Simon Green.
Scarlet é uma fofa e uma amiga muito, muito boa, é diferente de Anya e acho que
a amizade delas se completa. Os personagens mais velhos também são ótimos e a
ajudaram muito nos momentos de dificuldade e gostei bastante deles. Do Leo eu
gostei, mas ele me irritava às vezes porque Anya só queria seu bem, mas ele não
via isso nunca, já a Natty é uma fofa e a adorei também.
Até que o
relacionamento dela com o Win não foi aquela coisa de se olharem uma vez e já
se amarem, apesar de que não demorou muito para seus sentimentos surgirem e
ficarem mais fortes, mas mesmo assim gostei dos dois juntos. Win é um fofo,
super carinhoso e uma graça.
Acho que
nunca tinha lido nenhum livro jovem adulto em que a protagonista tem relação
com a máfia, achei legal e diferente e gostei da experiência. Também nunca
tinha lido nada da autora, apesar de já ter na estante o livro “Em Outrolugar”,
igualmente lançado pela Rocco Jovens leitores. Pretendo ler a sequência desse
em breve e também vou tentar encaixar “Em Outrolugar” na minha lista de
leituras.
No final uma
atitude de Anya me surpreendeu porque ela sempre foi muito racional com tudo o
que viveu e deixou as emoções serem mais fortes naquele momento. Curti o
término do livro, que não foi desses óbvios, apesar de ter ficado com pena do
que aconteceu a Anya. Ô menina para passar/enfrentar tanta coisa ruim.
Ainda não
sei o que esperar do próximo livro em relação à distopia, pode ser que ela seja
explorada e o leitor entenda tudo o que aconteceu no mundo para a proibição dos
chocolates e do café, ou pode ser que a autora realmente deixe isso de lado (e
que essa informação tenha sido apenas para vender livros para os fãs de
distopia nesse boom que surgiu) e
continue focando nos dramas familiares, na protagonista forte e no romance, mas
vou logo ler o próximo volume para descobrir e conto para vocês.
Gosto dessa
capa apesar de ser simples, mas também não é algo que eu olhe e pense: “Que
capa maravilhosa, preciso ler esse livro urgentemente!”. A diagramação é simples,
mas bem feita com tamanho de fonte e bom espaçamento. Para quem se incomoda com
folhas brancas, uma má notícia, esse livro tem. Os capítulos têm títulos que
parecem chamadas de um diário, e que tem relação com o conteúdo do capítulo,
pode soar como um tipo de spoiler, mas acho que não está tão explícito assim
para que estrague o conteúdo porque você leu o título antes.
A leitura
com certeza nos inspira a comer chocolate. Te desafio a lê-lo inteiro e não
ficar nem com vontade de comer um pedacinho. Mesmo agora, escrevendo essa
resenha, não consegui me conter e precisei comer um. Hahaha
Com uma
narrativa maravilhosa e uma escrita que flui muito bem, e uma trama recheada de
segredos, traições, mentiras, amizade, amor, companheirismo, máfia e relações
interpessoais bem exploradas, narrada por uma protagonista forte e decidida, essa
trilogia vale a pena ser lida.
Avaliação
Olha, não leria o livro pela capa, pq a achei bem feinha... Mas adorei sua resenha! Nossa, só de imaginar um mundo sem chocolate e café, já me dá desespero! kkkkkk
ResponderExcluirbjo bjo^^
Concordo com a Ana a capa é bem feiinha!! =S
ResponderExcluirMas amei a resenha, um livro futurista cheio de ação, não consigo imaginar uma vida sem chocolate e café!!
Eu ia enlouquecer =S
Graças ao House acabei descobrindo mais um ótimo livro para acrescentar a minha lista de desejados!!
Beijos