“Dearly,
Beloved” é a continuação de “Dearly, Departed”, que já foi resenhado aqui no
blog (clique no título para conferir a resenha). Podem ler essa resenha sem
medo porque não tem nenhum tipo de
spoiler, nem do primeiro, nem do segundo volume.
Estamos em
Nova Londres, capital de Nova Victoria no ano de 2187. O mundo passou por
diversas transformações e, uma delas, é que agora tecnologia e costumes
vitorianos andam juntos. Para citar alguns casos, há locais totalmente
planejados tecnologicamente, com telões dando impressão de realidade, mas que
não passa de algo virtual, como céu e gramado artificiais, e as pessoas se
vestem com roupas antigas, como vestidos enormes, e andam de carruagens, entre
muitas outras características misturadas que se completam.
Um vírus
denominado Lazarus surgiu no mundo e as pessoas infectadas morrem e revivem
pouco tempo depois, e são denominados zumbis. Alguns deles são criaturas
terríveis que só querem saber de atacar os humanos, já que não conseguem
raciocinar e agem por instinto para se alimentarem. O outro grupo é totalmente
diferente desse primeiro, os zumbis pensam, raciocinam, não atacam os outros e
podem viver em harmonia tranquilamente, mesmo sabendo que seus anos estão
contados e logo apodrecerão. Só tem um problema, metade da população é contra permitir
que os mortos vivam na comunidade, fazendo com que sejam vítimas de
preconceito, enquanto um outro grupo de vivos não querem perder seus entes
queridos para sempre e sabem que eles não tiveram culpa da doença e são “inofensivos”,
já que não atacam os humanos. Com a sociedade dividida os zumbis vivem à
margem, sem ter certeza nenhuma do futuro, enquanto tentam viver normalmente,
até onde isso é possível.
Nesse
contexto conhecemos Nora Dearly, uma neovitoriana, que, por ironia do destino
acaba se apaixonando pelo zumbi soldado punk, Bram, que tem os mesmos sentimentos
pela senhorita. Depois de se conhecerem e enfrentarem muitas coisas no livro
anterior, finalmente eles poderão relaxar e ficar juntos. Mas nem tudo são
flores e agora uma nova cepa do vírus, ainda mais perigosa do que a anterior
surge sem nenhuma perspectiva de cura e trás o terror novamente para a
população. Além disso, há um grupo mascarado que ataca zumbis à noite, que
nunca mais são vistos novamente, e também os vivos simpatizantes, e um grupo de
mortos que são revoltados com a forma que eles são tratados e resolvem protestar,
até tentando salvar um prisioneiro zumbi das mãos da polícia.
Agora Nora,
Bram e diversos outros personagens que tiveram algum êxito anteriormente, vão
viver com medo de novo, enquanto buscam aprender sobre esse novo vírus, acalmar
a população para que os mortos não sejam caçados novamente, descobrir as
identidades dos mascarados, acalmar o outro grupo de não-vivos para que não
estraguem tudo de vez, enquanto tentam viver suas vidas normalmente.
Confesso que
a leitura das primeiras cem páginas, mais ou menos, flui de forma meio
arrastada. Fiquei meio perdida no meio de tanta informação porque não lembrava
muito das coisas que tinham acontecido no livro anterior (já li há um ano), e a
autora optou por fazer com quatro meses tenham passado do final daquele para o
começo desse, então só sabemos o que ocorreu nesse período por conta dos comentários
de Nora, que também está relembrando todos os acontecimentos do livro anterior
que foram importantes, mas de uma forma meio arrastada. Além disso, existem muitos,
mas muitos mesmo, personagens na história, então ficou meio difícil me encontrar
no meio de tantos nomes e saber distinguir perfeitamente quem era quem sem estar
com a memória fresca.
Depois que
esse período acabou a narrativa fico mais movimentada, consegui me sentir mais ambientada
ao livro, fui reaprendendo mais sobre cada um dos personagens e a autora
conseguiu fazer com que eu lembrasse dos acontecimentos importantes do livro
anterior de uma maneira mais prazerosa. Ela demorou para fazer entrarmos nesse
mundo novamente, mas quando o fez, me senti imensamente feliz por estar lendo
esse livro.
Lia Habel é
muito inteligente e isso dá para ser notado durante a leitura pela forma como
ela nos transmite informações, por todos os fatos passados, pelos detalhes que
não deixam o livro chato, apenas o enriquecem, pelo embasamento que ela usou
para criar a trama, e pelo modo como ela interliga tudo perfeitamente, não
deixando nadinha de fora, com pontas soltas ou sem explicações, tudo faz
sentido. Das autoras que eu mais admiro a forma de escrita, com certeza Habel é
uma delas, posso afirmar que a acho sensacional.
Também amo a
forma de narrativa dessa trilogia, que é em primeira pessoa e podemos
acompanhar diversos personagens diferentes, nos deixando com uma perspectiva
maior do que acontece em todos os lugares do livro e em vários momentos, e
ainda nos faz compreender exatamente pelo que cada um desses narradores está
passando pelo modo como pensam e encaram suas situações.
Dessa vez,
as vozes dos capítulos são de Nora, Bram, Pamela, Laura, Vespertina e Michael. Esse
método de narrativa nos ajuda a acompanhar tudo o que acontece sob diversas
perspectivas e a autora ainda consegue interligá-los sem nos deixar confusos.
Cada vez que um capítulo é encerrado e um novo narrador assume a posição de
quem conta a história, entendemos um novo ponto da trama, que também tem alguma
relação com o capítulo anterior.
Gosto muito
da Nora, apesar de toda a sua imprudência, o que me irrita as vezes, adoro o
Bram, que é meu personagem preferido do livro inteiro. A forma como age, como
cuida dos próximos e ainda assim consegue ser um líder nato, é interessante e
admiro seu caráter.
Confesso que
amo o casal Nora e Bram, mas também já estou torcendo por vários outros pares,
para que eles também formem casais no próximo livro. Hahaha Para quem não curte
livros melosos, essa é uma boa dica, o relacionamento deles, apesar de bonito e
nos transmitir o amor e o carinho que eles sentem um pelo outro, não é tão
explorado a ponto de deixar algumas pessoas de saco cheio, mas também não é tão
desleixado, fazendo com que as românticas (eu, aqui! Haha) ainda consigam
suspirar e torcer pelo casal. Ah, e tem momentos, sim, de fofura e partes mais
melosas, mas são quase inexistentes que as poucas vezes que aparecem não devem
incomodar quem não gosta delas.
“Nada
entre mim e Bram era normal. E, por isso mesmo, tudo era maravilhoso.”
Novos
personagens foram introduzidos à história e gostei muito de conhecê-los, cada
um trás uma importância para tudo o que está acontecendo, nenhum é jogado ali
sem motivo, e isso é sempre ótimo. Dos personagens que já conhecíamos anteriormente,
achei que a Pamela estava bem chatinha. Até entendo os motivos dela e sei que
algumas pessoas passam por dificuldades com os traumas que vivenciaram, mas o
modo como ela narrou foi bem enjoado de se acompanhar. Coalhouse é um
personagem de quem gosto, mas suas atitudes foram bem extremas nesse volume e
fiquei ora com raiva, ora com pena dele. Queria muito saber o que seu futuro
reserva e, espero de verdade, que sejam coisas boas.
Também acho
interessante que cada personagem tem uma reação diferente para aquilo que
passaram no volume anterior, com todos os conflitos relacionados aos zumbis e
como as pessoas reagem a doença lazarus. Em alguns livros todos os personagens
lidam super bem com isso e seguem em frente mais firmes e fortes, aqui não, as
coisas ruins pelas quais alguns deles passaram acabaram afetando-os de maneira
negativa, eles entram em colapso, desenvolvem conflitos internos em níveis
diversos, e fica um clima tenso, mas também mais real porque nem todo mundo
reagiria bem diante de tantas dificuldades que encontram pelo caminho, e é isso
que os seres humanos são, complexos.
O Steampunk
continua muito bem explorado, e acho o cenário incrível, e adoro essa mescla de
tecnologia mais costumes antigos, já a distopia, que na verdade sempre serviu
apenas como pano de fundo, continua assim sem ser o foco principal, mas ainda
existindo.
Como falei
antes, mais ou menos depois da página cem, a narrativa melhora consideravelmente,
mas lá para as últimas cento e cinquenta páginas (o livro tem quinhentas e
doze) é que a trama fica bem eletrizante, cheias de acontecimentos incríveis
que nos deixam ansiosos para terminar logo, lendo sem parar. E o final foi
muito fofo e eu adorei como a autora terminou esse volume.
Esse volume
tem um final para algumas situações que foram propostas aqui, mas também deixou
pontas para serem respondidas no último livro. Essas pontas sem resolução que
foram introduzidas nesse volume me deixaram super ansiosas para saber o que
acontecerá em seguida. Infelizmente,
porém, o próximo livro dessa trilogia não tem previsão de lançamento, a autora
escreveu em seu blog um texto falando um pouco sobre sua vida pessoal e alguns
problemas que ela tem passado por conta de depressão e ansiedade (se quiser
ler, clique aqui, é esclarecedor e muito comovente), então ela não conseguiria
escrever uma continuação agora por esse motivo, além disso, a editora americana
dela decidiu não continuar publicando a série, então quando ela se sentir
preparada, se auto publicará. Não sei se a iD irá lançar o próximo livro quando
ela escrever, mas vou torcer muito para que sim, e aviso se souber de algo. E,
claro, vou torcer para que ela se sinta bem logo.
Sobra a
parte gráfica e a diagramação, seguem o padrão de Dearly, Departed, o que é
sempre um ponto positivo. A capa e contracapa são muito bonitas (não tanto
quanto a do primeiro volume), e na frente há a foto de Nora, enquanto atrás há
o Bram. A fonte é pequena, mas não incomodou minha leitura, o espaçamento é
ótimo, cada início de capítulo há um quadrinho em volta do nome do narrador do
momento, e as páginas são amarelas.
Por se
tratar de um livro de zumbis, que por acaso é o único que eu tive vontade de
ler e gostei, há algumas cenas mais nojentas, mas no geral é um maravilhoso livro
jovem adulto como outro, bem escrito, com personagens cativantes, muita ação, que
acaba mexendo bastante com nossos sentimentos, você sente raiva, alívio,
felicidade, se apaixona. É uma leitura bem desenvolvida, flui muito bem, e eu
não poderia deixar de recomendar. Essa é uma das minhas séries preferidas e
vale muito a pena acompanhar!
Avaliação
Amei a resenha e como não conhecia, mais uma vez fiquei bem curiosa!!
ResponderExcluirO Steampunk é bem novo pra mim então estou meio de descobrindo ainda, mas o fato dos zumbis me deixou muito entusiasmada!!
A capa é belíssima!!
Beijos
Não conhecia este livro! Já vi a capa dele em vários lugares, mas nunca parei para ler a sinopse ou uma resenha.... Não sabia que era sobre zumbis! Agora, vou quere-lo claro! Sou doida por esses bichos nojentos, e a história parecer ser bem legal.
ResponderExcluirÉ uma pena que a autora esteja doente.... espero que ela melhore em breve e volte a escrever!
bjo bjo^^