Em “A
Maravilhosa Terra de Oz” acompanhamos Tip, um garoto que foi criado pela velha
bruxa Mombi desde muito novo. Ele é arteiro, e vivia brincando e se divertindo,
mesmo sozinho, mas também tinha que viver trabalhando para a velha. Até que um
dia, depois de uma brincadeirinha que aprontou com Mombi, ela o ameaçou e lhe
disse que o transformaria em algo muito ruim, então Tip resolveu fugir de seus
domínios, levando consigo sua criação, Jack, Cabeça de Abóbora, que agora
também tem vida (não vou explicar como, para vocês descobrirem na leitura).
Em sua fuga,
Tip se junta aos já conhecidos personagens, Lenhador de Lata e Espantalho,
viajando pela Terra de Oz, principalmente agora que vão precisar salvar a
Cidade das Esmeraldas do Exército Rebelde só de mulheres, com as suas armas – agulhas
de tricô –, comandado pela general Jinjur, que não querem mais viver de
atividades domésticas e buscam as riquezas do local.
Em sua
jornada, nossos queridos personagens acabam tendo ajuda de alguns seres bem
diferentes, digamos assim, que trazem mais riqueza e diversão à trama. Eles
também acabam encontrando com Glinda, a Bruxa Boa do Sul, que os ajudou a
descobrir o verdadeiro paradeiro de Ozma, a herdeira do trono da Cidade das
Esmeraldas, para assim, o local voltar a ser reinado por quem merece e trazer a
harmonia novamente.
Quando vi a
capa pela primeira vez, por ter Oz no título e por ter lido o nome do autor,
pensei que se tratava de “O Mágico de Oz” com um título diferente, principalmente
por eu não saber que existiam continuações dessa história, ainda mais escritas
pelo mesmo autor. Como vocês puderam perceber pelo breve resumo da obra, eu
definitivamente estava totalmente enganada, além desse e do primeiro, ainda
existem outras doze histórias nesse mesmo universo, contando com aventura,
magia e muita identificação por parte dos leitores, principalmente das crianças
(incluindo os que já deixaram essa idade para trás, mas ainda possuem espírito
infantil).
"Isso é questão de tempo - observou o
Espantalho. - Conhecer a si mesmo é considerado uma façanha e tanto."
Bom, eu
ainda não li “O Mágico de Oz” #shameonme,
mas tem resenha dele no blog (para ler, basta clicar no título), e me
enganei pensando que estaria lendo ele, mas não me arrependo de começado pelo segundo
livro da série, “A Maravilhosa Terra de Oz”, pois de um jeito ou de outro eu já
conhecia a história do primeiro. No entanto, aconselho começar na ordem porque
há spoilers do que aconteceu no livro
anterior, então se você não gosta deles de maneira nenhuma, essa é a dica que
te dou.
Gostei
demais de quase todos os personagens (só não curti muito o Sr. Besouro A.I. – Magnificamente
Aumentado e Altamente Instruído, já que o achei meio arrogante) apresentados
nesse livro, tanto os antigos, quanto os novos, e me diverti bastante com eles,
suas tiradas engraçadas e as situações pelas quais passavam.
Uma parte
que realmente adorei foi como a força da amizade nos é apresentada; já que
todos os personagens vão se conhecendo conforme a história vai evoluindo, e a
amizade entre eles nasce, se desenvolve, e se torna algo grande, e nos é
mostrado o quão valiosa ela é. Principalmente por se tratar de um livro
infantil, acho essa uma importante lição.
Também achei
muito interessante que não há violência, até as ameaças e pessoas contra (como
o Exército Rebelde), são bem pacíficos. Acho isso legal porque os leitores, em
sua maioria, são jovens, ainda na fase de formação de caráter, e buscar outros
meios de resolver problemas, que não de forma violenta, é sempre algo bom e
positivo.
"Eu me sinto um homem novo agora e,
apesar de, à primeira vista, parecer um cofre de banco, peço que lembrem que
meu cérebro ainda é feito do mesmo material de antes. E essa é a riqueza, na
verdade, que me torna alguém com quem vocês podem sempre contar numa
emergência."
A aventura
em si também é super divertida e adorei acompanhá-la, ficava torcendo para os
personagens conseguirem resolver seus dilemas, e para que tudo terminasse em um
final feliz, além de ter soltado boas gargalhadas enquanto lia o que eles viviam
ou falavam. Se você gosta de magia, essa também é uma ótima dica, porque
podemos encontrá-la em diversos momentos da história, sendo muitos deles bem
importantes.
Só teve um
ponto que não me agradou, principalmente porque o achei bem desnecessário, o
machismo encontrado em uma parte do livro. "Certo foi que todas, sem
exceção, correram de volta para as cozinhas de suas casas e, boas esposas que
eram, preparam banquetes para os seus fatigados maridos, restaurando assim a harmonia
em todas as famílias.". Até entendo o pensamento do autor pela época em
que viveu, mas não gostei disso, principalmente por se tratar de um livro
infantil, acabava ensinando algo negativo para as crianças, já que as mulheres
também são boas em outras questões, não apenas em trabalhos domésticos.
Adorei o
final, já que ocorreu uma reviravolta incrível e não esperava por isso de jeito
nenhum. E, como gosto de me surpreender com o que estou lendo, dessa vez não foi
diferente, e achei interessante inclusive porque nunca tinha lido nada nem
mesmo parecido.
"- Vocês ambos são ricos, meus amigos
- disse gentilmente Ozma. - Mas a riqueza que possuem é a única que vale a pena
ter. Uma riqueza interior!"
No começo da
leitura há uma carta de Baum sobre o lançamento dessa obra e o que o motivou a
escrevê-la, e eu adorei lê-la. Para quem não gosta de spoilers, outra dica,
apesar de gostar de capítulos com nome, os desse livro soltavam, através de uma
frase, o que aconteceria no capítulo em questão, e isso é meio chato porque
acaba com algumas surpresas, então, se possível, não os leia.
Também curti
que, no fim do livro há um texto chamado "De volta à Terra Mágica",
onde o tradutor, Luiz Antonio Aguiar (tem resenha do livro dele, “Brincos de Ouro e Sentimentos Pingentes” no blog) fala um pouquinho mais sobre esse
universo criado por L. Frank Baum, começando pelo O Mágico de Oz. Uma
curiosidade é que, como comentei no começo da resenha, ele virou uma série de
14 livros. Ele ainda fala sobre a identificação do leitor, por isso a
multiplicação dos fãs de O Mágico de Oz, pois essa aventura poderia acontecer
com qualquer criança, já que começa em uma cidade normal, no estado do Kansas, EUA.
Há, também,
uma frase no final do texto de Aguiar, que eu preciso comentar aqui, pois a
achei interessante: "No entanto, entre batalhas não sangrentas, inimigos
que ao final são perdoados e prêmios distribuídos aos justos e aos bons, é a
simplicidade dos sentimentos e conflitos em jogo que se destaca. Tudo tão fácil
quanto acreditar que há uma terra mágica do outro lado do arco-íris.".
Sobre a
parte gráfica, está maravilhosa, como é de se esperar da Editora Biruta, e a
fonte está em ótimo tamanho e espaçamento para a leitura, além de o texto vir
inteiramente na cor verde, o que achei sensacional. Também há elementos
gráficos dando um ar mais fofo para o livro, apesar das páginas brancas, e as
ilustrações na capa, contracapa e última capa, feitas por Agata Wojakowska,
estão maravilhosas.
Eu só acho
(melhor, tenho certeza) que todo leitor que goste de aventuras infantis deve
ler essa maravilhosa história criada por Baum, mergulhando nesse adorável
universo, com personagens incríveis e uma narrativa envolvente e gostosa de
acompanhar, que vai nos levar para lugares extraordinários, basta, somente, deixar
a imaginação correr solta.
Avaliação