Brincos de Ouro e Sentimentos Pingentes – Luiz Antonio Aguiar

Nessa obra de Luiz Antonio Aguiar conhecemos o primeiro amor sob a perspectiva da protagonista Manuela, que atualmente tem dezesseis anos, mas que conheceu o sentimento, pelo mesmo cara, quando ainda tinha onze anos.
A história, narrada em primeira pessoa, começa com Manuela no dia de seu aniversário de dezesseis anos, se arrumando para sua festa e pegando em suas mãos um brinco que trás muitas memórias a respeito do dono de seu coração há anos.
Logo em seguida somos levados a uma viagem ao passado da protagonista, aos onze anos, mostrando como esse sentimento começou a surgir quando ela estava se preparando para uma apresentação de dança e, por causa do destino (e do brinco), acabou conhecendo Pedro Cláudio, oito anos mais velho do que ela.
A partir desses acontecimentos, essa história de amor é desenrolada através de uma narrativa intercalada entre várias idades (11, 12, 13, 14, 15 e 16), sem estar na ordem certa, mudando de passado para presente e para passado de novo, constantemente.
A narrativa do autor é bem construída e diferente do que estou acostumada a ler, mas ainda assim gostei da experiência. Se você gosta de algo bem poético, inclusive partes em prosa e poesia sendo intercalados para representar a história, então acho que também vai gostar de conhecer o trabalho do autor.
Só que a história não pôde me conquistar totalmente por causa de um detalhe muito importante: a idade da protagonista. A intensidade de seus sentimentos, o amadurecimento precoce dela e o fato de Pedro Cláudio demonstrar interesse por ela com apenas onze anos de idade quando ele tinha dezenove, me incomodou profundamente.
E isso foi, sem sombra de dúvidas, o que mais me perturbou na história: a pedofilia que foi subentendida, já que parece que um cara maior de idade se interessou por uma menina tão novinha (nessa idade eu ainda brincava!). Sim, eu tenho nojo desse tipo de coisa e isso não me saiu da cabeça, mesmo que não tenha de fato acontecido nada entre eles nessa época, e tenha sido um tipo de amor platônico por parte dela, mas somente a ideia, a corda que ele dava através da troca de olhares e toques, já é bem desconcertante. Depois desse ano, mesmo que ela ainda sendo menor de idade, aquilo deixou de ser platônico e virou algo real e eles ficaram juntos, e ainda assim senti algo esquisito lendo aquilo, talvez pela forma como tudo tenha começado.
Mas tenho que admitir que (tirando a idade, em minha opinião) a trama transborda realidade e as angústias do primeiro amor não exatamente correspondido, dá para sentir junto com a protagonista, tudo o que ela sente, é lindo e angustiante.
Eu acho tão bonito ser criança, brincar e aproveitar aquele tempo sem preocupações, então ver esse abandono da infância é meio triste. Até porque, na verdade Manuela é muito madura e não conseguimos ver nenhum tipo de imagem infantil nela, nem mesmo nas partes narradas com onze anos.
Não gostei da protagonista, apesar do autor ter conseguido dar o tom certo a personagem (de novo, se esquecermos de quantos anos tinha), além dela ser bem avançada para sua idade (quando tinha apenas 11 anos já tinha namorado com váááários garotos, alguns mais velhos), a achei meio irritante e mimada, daquelas que não se importam com os outros (além dela mesmo e dele) contanto que ela se dê bem naquela situação.
O par romântico, Pedro Cláudio, também não encheu meus olhos (mesmo se fosse considerar que ele – ou ela – tivesse outra idade), primeiro porque ficou interessado em uma menininha, segundo porque é um ‘banana’ e teve atitudes bem medrosas, fugindo para não ter que lutar pelo que queria.
Podemos conhecer mais do interior de Manuela, seus sentimentos mais profundos, através das conversas que tem com ela mesma, inclusive muitas vezes ela expressa seus sentimentos através de poemas lindos.
Com certeza vai haver algum tipo de identificação de alguns leitores que lerem essa história, principalmente na parte do que é gostar de alguém pela primeira vez, os medos e anseios a respeito disso, e o amor inicialmente platônico, afinal quem nunca passou por isso?
Gostei do final, talvez porque dá para supor um tipo de amadurecimento por parte de Manuela, se a história continuasse, eu iria torcer para que aquilo se desenvolvesse e ela passasse a pensar mais nela do que nele, buscando sua própria felicidade, mas sem magoar outras pessoas.
Como eu disse antes, não é que eu tenha desgostado do escritor, de sua forma de narrativa ou não vá ler nenhuma de suas outras obras futuramente, mas o fato da protagonista ser tão jovem me incomodou bastante. Para vocês entenderem melhor, não foi a diferença de idade entre eles que me aborreceu, nem foi ela se interessar por um carinha bem mais velho, se fosse essa mesma história, mas com uma personagem mais velha (tipo ela com 16, ele poderia até ter 26), tenho certeza que minha visão a respeito seria outra e com certeza o livro teria me agradado muito mais.
Apesar de ter 140 páginas a leitura é muito rápida, primeiro porque a fonte utilizada é grande e o espaçamento está ótimo, segundo porque, pelo tipo de narrativa, há páginas com apenas um pequeno trecho, e terceiro porque, graças a esse lindo trabalho gráfico da editora Biruta (eles são perfeitos nesse quesito sempre!), algumas páginas não apresentam nenhum tipo de texto, somente uma página colorida ou com alguma ilustração.
O livro é lindo e foi todo foi feito a partir de um jogo de três cores: rosa, preto e branco, então as páginas e a fonte são intercaladas com elas, além de serem recheadas de ilustrações de folhas. Todo início de capítulo começa com a idade do momento em um tamanho bem grande e rosa.
Essa não é uma leitura que eu recomendo para as crianças, prefiro indicar para os leitores mais velhos que gostem de uma narrativa com linguagem mais jovem. Além disso, se você não se importa com a questão da idade, talvez possa gostar muito da obra.
Avaliação



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4 comentários:

  1. Definitivamente não é meu estilo de leitura. Tenho certeza que se eu lesse esse livro minha resenha não seria tão bonita qto a sua! rrsrsrsrsrs

    Mesmo assim valeu a intenção, mas eu não leria!

    bjo^^

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  2. Livro polêmico esse não? A capa já não me agradou, você foi contando mais sobre e realmente vi que não tem nada a ver comigo. Não gosto de livros que me deixem desconfortável!

    Em todo caso boa resenha!

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  3. Não me importo com diferenças de idade mas uma menina de 11 anos realmente é uma criança ainda!!
    Não me interessei!! =/
    A capa é bem bonita mas o enredo parece que não vai me agradar muito!!
    Beijos

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  4. Esse não conhecia e pelo visto não faz muita falta...
    Sei não, não fez minha cabeça.

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