Vortex – Tempest #02 - Julie Cross

Esse é o segundo livro da trilogia, o primeiro volume, “Tempest”, já foi resenhado aqui no blog e você pode conferir a resenha clicando no título. Quem não leu o primeiro pode continuar a resenha tranquilamente porque não há nenhum spoiler de nenhum dos dois livros.

Em Vortex continuamos acompanhando a eletrizante história da vida de Jackson Meyer, um jovem que descobriu há pouco tempo que pode fazer viagens no tempo. No começo tudo parecia uma brincadeira divertida, já que o que ele fazia no passado ficava lá, ou seja, nada de modificações no presente. Até que, depois que alguns homens invadem do nada o dormitório em que está com Holly, sua namorada, que leva um tiro, Jackson volta ao passado e fica preso por lá. É aí que ele passa a descobrir que existem organizações especializadas em viagem no tempo, e seus motivos para estudá-la e/ou utilizá-la podem ser para algo positivo ou negativo.

Jackson teve que mudar algumas coisas em sua vida para poder proteger aqueles que ama, mesmo que isso tenha custado muito para ele. Mas o que não poderia prever é que até suas tentativas de fazer o certo podem acabar levando um rumo não muito melhor (ou até pior) no final das contas. Agora, Jackson trabalha como agente secreto em uma divisão da CIA para tentar entender, desvendar, enfrentar, e lidar melhor com tudo o que está acontecendo no mundo, e as revelações que acaba descobrindo acabam sendo piores do que imaginara.

Gostei bastante desse segundo volume da trilogia Tempest, acho que a autora conseguiu escrever uma história tão boa quanto à do primeiro livro, e ainda fez com que a trama adquirisse um ritmo ainda mais frenético, recheado com bastante ação e revelações de tirar o fôlego.

E preciso comentar sobre uma questão que melhorou do primeiro para o segundo livro, e que é o que o leitor espera quando lê alguma série: o amadurecimento, tanto da história, quanto dos personagens. No livro anterior, Jackson agia de uma forma mais adolescente em algumas situações, mas agora suas ações estão muito mais condizentes com a idade que tem e acho que esse foi um ponto bem positivo. Os acontecimentos também ficaram mais intensos e as situações mais bem exploradas, mesmo que ainda deixando dúvidas e questionamentos para o leitor, que servem como gancho para continuarmos querendo ler o próximo livro em busca de respostas.

Gosto muito que a obra é narrada em primeira pessoa por Jackson, porque consigo ver seus sentimentos conflitantes e o quanto ele se esforça para fazer o que é certo. Curto ainda mais porque não são muitos os títulos YA narrados por um personagem masculino que eu tenha lido.

Além disso, Jackson acaba descobrindo novas habilidades que pode fazer, mas fica claro que ainda há muito mais para aprender. E isso é uma grande qualidade, já que ele não aprende tudo de um dia para o outro, acontece gradualmente, fazendo com que o leitor entenda tudo junto com o personagem.

Só senti falta do romance, porque apesar de Jackson sempre mostrar que ama a Holly, devido os acontecimentos do livro anterior (que, é claro, não vou comentar aqui para não ter spoilers), não houve quase nenhuma cena romântica nesse. E, como já afirmei antes, essas são as minhas preferidas.

Nesse volume conhecemos novos personagens, e alguns que já conhecíamos ganharam mais destaque, além disso, as personalidades deles (dos novos e de alguns dos antigos) foram mais bem exploradas, fazendo com que o leitor se sinta mais ligado a eles e à trama em si. Entretanto, também senti falta de outros personagens do livro anterior que me encantaram e não tiveram quase nenhuma participação nesse.

Dos novos, a minha preferida é a Kendrick, a parceira de Jackson na CIA, gostei muito dela e de sua personalidade, e se ela fosse real acho que seria alguém legal para ter uma amizade. Dos antigos, o que mais senti falta, definitivamente, foi Adam. Apesar de ele aparecer em algumas cenas, eu gosto tanto do personagem que queria que ele estivesse em muitos outros momentos. Outro que merece destaque, já que eu curto bastante, e também senti falta, foi o pai de Jackson. Adoro a relação dos dois e, apesar de termos visto um pouco dela, queria que fosse mais bem explorada. Um comentário que gostaria de fazer e que não tem a ver com o livro em si, mas com o pai, é que ele me lembra do Jack Bristow da série de TV Alias (exibida de 2001 a 2006), porque ele também faz tudo pela filha e eu adoro a relação entre eles.

Nunca tinha lido algo com um personagem jovem na CIA e adorei essa ideia explorada pela autora, e mais ainda por ser narrado em primeira pessoa. Gosto muito de coisas (séries, filmes, etc.) com agentes secretos e dessa vez não foi diferente.

O tema escolhido pela autora, ficção científica voltada para viagem no tempo, é complicado e não é algo tão usual em livros jovem adulto (pelo menos que eu tenha lido, salvo poucas histórias), e algumas explicações não foram tão bem feitas porque são muitos detalhes e a autora não soube passar isso de uma forma simples para que todos entendam tudo perfeitamente. Acho que grande parte dos leitores vai acabar com algumas dúvidas a respeito do que foi explicado durante a história, mas acredito que isso deva melhorar no último livro, inclusive porque algumas coisas poderemos ver em prática (assim espero), e acho que soa melhor do que na teoria.

Julie até soube nos inserir bem no contexto da história e do que aconteceu no livro anterior, mas demorou bastante para isso acontecer de fato, eu preferia que isso tivesse acontecido logo para não passar um tempo da leitura com dúvidas, já que li Tempest há mais de um ano, e a memória falha.

Sabe uma coisa que eu aprecio lendo um livro (principalmente nesse estilo de Vortex)? Aquela sensação boa de nunca saber em quem confiar, já que gosto de ser surpreendida com coisas não óbvias, e quando um personagem nos engana e se revela algo diferente ou não esperado é estimulante.

Só acho que teve muita morte, não achei que todas eram necessárias (não posso explicar melhor por aquele mesmo motivo: spoilers), e algumas me afetaram bastante (fiquei revoltada!!!), mas vamos ver o que vem por aí já que tudo pode acontecer e espero que isso mude.

Agora, eu preciso perguntar: como pode um livro acabar assim?! Nunca tinha lido nada que terminasse desse jeito. Surpreendeu-me, me deixou apreensiva e ainda ansiosa para ver como a autora vai lidar com isso. Preciso do último livro dessa trilogia para ontem, mas só vai ser lançado lá fora em janeiro, sem previsão aqui no Brasil ainda.

Para quem quer saber o que o nome tem a ver com a trama, há uma explicação sobre isso na leitura. Sobre a diagramação, a Jangada manteve o padrão do primeiro volume da trilogia, o que eu acho correto, e todo capítulo inicia com hora e data e tem um detalhe gráfico – linhas verticais no canto. Além disso, a fonte e espaçamentos estão confortáveis para a leitura, com suas páginas amarelas. Só não curto muito essa capa não, acho ela meio poluída, não pela quantidade de elementos, mas as cores em si, deixando Jackson e Holly “meio apagados”.

Indico esse livro para pessoas de todas as idades, tanto mulheres quanto homens, que gostam de uma deliciosa trama cheia de acontecimentos, ação, suspense, muita reviravolta, com uma certa leveza, uma pitadinha (nesse volume bem pequena mesmo) de romance, personagens bem construídos e com um tema não tão comum, e ótimo de acompanhar.

Avaliação

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