Cenas Londrinas - Virginia Woolf

Já faz alguns anos que gostaria de ler alguma obra da autora Virginia Woolf, não pelo motivo que a maioria das mulheres lê, simplesmente porque acho relevante conhecer autores que são reconhecidos como bons. E desde então eu nunca soube por onde começar até que soube da existência de Cenas Londrinas, publicado por aqui pela Editora José Olympio. Depois da minha visita a Londres virou uma obsessão ler coisas sobre o lugar, então quando a Saraiva fez a promoção do dia das mulheres não dúvida quanto a sua compra!

O livro é composto por seis crônicas, sendo que todas elas foram publicadas originalmente a cada dois meses na revista Good Housekeeping a partir de dezembro de 1931 e durante o ano de 1932. Encomendadas pela revista todos os textos têm como proposta falar sobre Londres, sendo Woolf uma londrina amante da cidade não poderiam ter encontrado melhor autora para tanto.

Os cinco primeiros textos não são ficcionais, narrados em primeira pessoa narram diversos aspectos do dia a dia da cidade de Londres da época, enquanto que o último texto adicionado é uma ficção que mesmo assim soa muito realista sobre como a cidade funciona, este já narrado em terceira pessoa. O livro conta ainda com uma breve introdução feita por Ivo Barroso que fala brevemente sobre a vida da autora, além de alguns detalhes sobre cada crônica.

Segundo Barroso este livro apresenta um aspecto diferenciado da escrita da autora, que muito se diferencia de suas demais obras. Como não li outra obra da autora não posso fazer este paralelo, o que posso dizer é que em seus escritos Virginia é bastante descritiva ao mesmo tempo em que se utiliza de metáforas e visões poéticas do que vê. Esta junção de aspectos nos permite ter uma noção bastante precisa de como era a Londres da época não só do ponto de vista físico mas comportamental.

A Inglaterra do início do século XX é marcada pela presença da aristocracia,  em um local que foi por séculos dominado pela monarquia e todas as camadas de títulos que ela distribuía, acabou por sofrer com a vinda de empresários que mais se focavam em comércio e menos em tradição.  As palavras de Woolf nos permitem ter uma pouco desta visão.

Quanto a cada cena em si nenhuma delas chega a ser muito longa (a maior têm 14 páginas), o livro em si tem apenas 94 páginas. Mesmo assim nenhum deles se perde ao que propõe, ela é bastante objetiva em sua narrativa. A primeira cena é focada nas docas, como todo o trabalho se desenvolve ao longo do rio Tâmisa, desde o que é transportado e vendido, até como são as pessoas que por lá circulam. A autora criou este texto em cima de uma viagem de barco que realizou no rio.

A segunda cena é a Maré de Oxford Street, uma das mais interessantes, especialmente para quem já esteve lá, já que ela descreve como o local era na época, o que mudou em todos estes anos é a tecnologia, mas a rua continua sendo um local não chique de compras. Não consigo pensar em um lugar paralelo aqui no Brasil, já que esta rua é larga e têm lojas grandes e de diversos segmentos. Woolf nos relata quanto era um local mal visto pelos ricos que preferiam os arredores da Bond Street.

Casas de Grandes Homens é a terceira cena, e se foca em detalhar como era uma casa no século XVIII, como exempo se foca na casa do autor Thomas Carlyle e sua esposa, dando grande ênfase ao fato de não haver água encanada e quanto isto acabou por influenciar Carlyle. Hampstead também é um bairro citado. Tive oportunidade de estar nesta bairro, pois é onde está o Museu de Freud, local onde ele morou e faleceu, e posso afirmar que é um bairro muito simpático da cidade!


Outlander #01: A Viajante do Tempo - Diana Gabaldon

Desde que este livro inspirou uma série de televisão homônima, produzida pelo canal Starz (e que atualmente está disponível no catálogo da Netflix), venho assistindo a todos os capítulos e me apaixonado perdidamente por Jamie Fraser. Sendo tão viciada na série de televisão, resolvi começar a ler o livro para tirar um pouco desta angústia que eu me encontrava para saber cada vez mais sobre a trama. Claro que me peguei devorando as páginas e acabei esta leitura ainda mais rápido do que eu imaginava. Agora, venho compartilhar com vocês as minhas opiniões a respeito desta obra escrita por Diana Gabaldon.
Em “Outlander #01: A Viajante do Tempo”, conhecemos Claire Beauchamp Randall, uma mulher forte e destemida, que serviu por anos como enfermeira na 2ª Guerra Mundial e, por isso, ficou afastada de seu marido. Agora que a guerra acabou, eles se reencontraram para seguir com a vida e, com isso, resolvem fazer uma segunda viagem de lua de mel. Decidem, então, viajar para Inverness, na Escócia, já que Frank, seu marido, queria procurar mais sobre os seus antepassados. Em um dos seus passeios, Frank e Claire testemunham uma cerimônia druida que estava ocorrendo em um círculo de pedras.
Mais tarde, Claire resolve voltar a este local e, ao tocar na pedra, acaba sendo transportada para outra época, ou seja, ela volta no tempo por 200 anos e vai parar na Escócia de 1743. Nossa protagonista é encontrada por um grupo de homens que não sabe ao certo quem ela é, mas eles resolvem que é uma hóspede do clã escocês. Só que na verdade a moça vira um tipo de refém, já que não pode seguir com sua vontade própria de tentar ir embora.
Acompanhamos, portanto, Claire neste século, e vemos como, aos poucos, ela consegue se adaptar e até mesmo começa a sentir certa atração pelo escocês muito lindo Jamie. Junto com ela, passamos por diversas aventuras e vemos que voltar no tempo pode não ter sido tão ruim assim.
O livro é narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de nossa protagonista, o que foi bem legal e muito interessante, já que assim conseguimos acompanhar seus sentimentos conflitantes e confusos, o que dá uma certa visão mais ampla de tudo o que está ocorrendo.
A narrativa conta com uma grande riqueza de detalhes, que consegue nos prender desde o primeiro momento até o fim. Toda hora encontramos bastante ação, o que não deixa a trama ficar parada nem por um segundo, e ainda podemos acompanhar traições, romance e aventura, em uma história envolvente e com personagens incríveis, que conseguem nos cativar e fazer com que a gente torça por uns e odeie outros.
A série televisiva está seguindo bem fiel aos livros e a produção é simplesmente magnífica! Estou completamente encantada com todo o cenário e a fotografia, além do roteiro, só que este é um assunto para outro post e futuramente escrevo uma indicação sobre a série aqui no blog. Mas, como sempre, livros são bem mais detalhados do que assistir as adaptações, então eu recomendo que todos façam esta leitura. Eu não consegui parar de ler este volume simplesmente fantástico, que com certeza absoluta entrou para minha lista de livros amados e preferidos de todos os tempos.
A editora Arqueiro está relançando as obras com capas inspiradas na série e fiquei bastante empolgada porque é imensamente bonita, até mais do que a inicialmente publicada em território nacional, e eu gostei dela desde o primeiro momento em que a vi. Adoro a fotografia, os tons de cores e a tipografia. A diagramação também está ótima, com fonte e espaçamento bem confortáveis para uma leitura agradável por um período maior de tempo, além de contar com páginas amarelas, o que é sempre um ponto positivo a mais.


O Homem Invisível - H. G. Wells


Os habitantes da pequena cidade pacata de Iping não imaginavam que seus dias estavam prestes a ser bem agitados e até mesmo aterrorizantes. Isso porque eles não sabiam que um certo cientista, que havia se hospedado na pensão local, Coach and Horses, iria se revelar nada mais, nada menos do que um homem invisível.
Mas, voltando no começo, esse homem bem misterioso, vestido com um casaco grande, chapéu, óculos escuros e bandagens cobrindo o rosto chegou no local com intuito de continuar com suas pesquisas, que o fariam ganhar muita fama e notoriedade rapidamente, afinal ele tinha uma descoberta brilhante para relevar ao mundo.
Mesmo com seu temperamento difícil e arrogância desmedida, algumas pessoas se interessaram em ajudá-lo e lhe trataram tão bem quanto podiam. Porém, quanto mais tempo vai passando sem que ele se revele direito – ninguém nunca tem a possibilidade de ver seu rosto ou sua pele –, mais a curiosidade da população local aflora, fazendo com que muitos comecem a se questionar quem é aquele homem, o que ele pretende e se o que está fazendo pode acarretar algo de negativo ou ruim para alguém. Seria ele uma vítima de um acidente que lhe deixou desfigurado, um fugitivo da polícia ou algo mais sombrio?
As coisas vão começando a sair do controle, alguns acontecimentos inesperados surgem e até mesmo crimes, e há a descoberta de que aquele homem nada mais é do que invisível. Mas como isso é possível?! Ameaças e ações vão surgindo e agora o medo começa a ser propagado na hospedaria e nas redondezas. Afinal, se você não pode enxergar o inimigo, quantas possibilidades ele tem de fazer tudo o que quiser contigo?
Já fazia um tempo que eu estava curiosa para ler alguma das obras de H. G. Wells, que é um autor renomado de ficção científica clássica. Então, quando surgiu a oportunidade de ler “O Homem Invisível”, me agarrei a ela e comecei rapidamente a leitura.
Algo que acho válido comentar nesta resenha é que a obra é bem diferente de como eu imaginei que seria, e isso a fez ser bem intrigante e até mesmo mais fascinante. Assim como a população local de Iping, o leitor não tem muitas informações acerca deste curioso novo hóspede, que escolheu uma cidade sem muita coisa acontecendo para terminar suas tão importantes pesquisas. Mas, por que motivo ele escolheu esse lugar?
Conforme as páginas vão sendo avançadas, temos a possibilidade de entendê-lo melhor e também as suas motivações. Afinal de contas, ele conseguiu se transformar num homem invisível e esta é uma grandiosíssima descoberta, que vai mudar a vida do ser humano como conhecemos, já que existem inúmeras possibilidades de uso de tal invenção para o mundo – para o bem e para o mal. E isso faz com que ele comece a desejar, ou até mesmo ansiar fortemente por poder e fama. E tem certeza de que vai conseguir tudo isso e muita notoriedade.

Um dos pontos mais interessantes nessa trama é o fato de o autor focar no comportamento humano de uma maneira bem real e reflexiva, tanto que acaba ganhando até mais destaque do que a parte de ficção científica da mesma, fazendo com que não haja explicações mais aprofundadas sobre os assuntos ou métodos abordados na leitura, assim como termos científicos ou mais difíceis, permitindo que fique mais fácil de o leitor entender cada nuance do enredo, mesmo que não se interesse por esse assunto ou não tenha conhecimento grande da área.
Ou seja, como destaque há uma grande crítica social, do comportamento do indivíduo como um todo e também como um ser único, sozinho contra todos os outros. Nos mostra também como a solidão pode ser difícil ou prejudicial em determinados casos e em como um ser humano pode se transformar em algo mais próximo de um monstro quando é privado de determinadas coisas, com a possibilidade de perder, inclusive, sua humanidade. E também como o pensamento de diversas pessoas unidas como um todo pode ser prejudicial para o indivíduo solitário. Entre diversos outros pequenos pontos reflexivos, que cada leitor pode encontrar na sua própria experiência de leitura. Achei extremamente interessante que o autor tenha escolhido explorar todos esses lados.




A Estrangeira - O Quarteto do Norte #01 - Chirlei Wandekoken


Sendo uma verdadeira fã de romances históricos e de época como sou, amo ler livros desses gêneros e conhecer histórias que me levam para o passado e me fazem conhecer um pouco mais sobre determinada época. Já tinha escutado vários comentários positivos sobre Chirlei Wandekoken e como suas obras são deliciosas e muito bem escritas. Porém, ainda não havia tido a oportunidade de ler nenhuma delas, até ter em mãos “A Estrangeira”, primeiro volume da série O Quarteto do Norte, publicado pela Pedrazul Editora.
Nesse volume, a trama é dividida em duas partes, uma se passa no século XIX e outra há mais de 400 anos, misturando o presente e o passado para nos explicar melhor a história e nos fazer entender os acontecimentos. Na parte do presente, que se passa no século XIX, acompanhamos Edward, o nono Conde de Northumberland, também conhecido como como Lorde Hotspur, um homem que terá que se casar com a sua prima para seguir a tradição da família, mas que não sente nada por ela, o que o incomoda bastante. Muito destemido, sendo um grande guerreiro com diversas vitórias ao longo de sua vida, e possuindo uma fama de sedutor, nosso protagonista perdeu os pais e por conta disso resolveu ir para Londres para poder respirar novos ares.
Também conhecemos Eliza, uma estrangeira que fugiu de Leipzig para a Inglaterra. Sua história é bem misteriosa e o seu passado é contato aos poucos através de cartas trocadas com a sua tia. Ela foi para Inglaterra em busca de sua tia Elizabeth, porém, ao chegar lá, descobriu que a mesma estava desaparecida há muitos anos e que o marido de Elizabeth, John Baker, havia acabado de falecer. E, para piorar as coisas, eles não tiveram nenhum filho para quem ela pudesse recorrer. Então a moça se viu sozinha em uma terra desconhecida e sem parentes. Como os tios que Eliza foi procurar residiam no domínio do nono conde de Northumberland, ele foi chamado para resolver a situação, e, chegando lá e conhecendo a nossa protagonista, resolve resguardá-la por uma questão de fidelidade, já que John Baker, o tio de Eliza, era amigo de seu falecido pai.
O que ele não esperava é que essa estrangeira fosse mexer com os seus sentimentos. O amor entre os dois vai surgindo aos poucos e é bem bonito de se ver. Achei incrível a forma como a autora foi nos apresentando a esse sentimento, e como eles são capazes de tomar certas atitudes em nome do mesmo. Acompanhamos o relacionamento de Eliza com o Lorde Hotspur e ficamos torcendo para que os dois consigam ficar juntos. E, mesmo ambos sendo de classes diferentes, são os segredos e as histórias do passado com os quais o casal mais deve se preocupar para conseguir ficar juntos.
A outra parte da trama, que narra os acontecimentos do passado, e nos é apresentada em capítulos alternados com a do século XIX, é sobre os antepassados do conde Hotspur. Conhecemos um amor impossível e testemunhamos a rivalidade de duas famílias que resiste ao tempo. Acompanhamos esse amor proibido e como ele influencia na história principal.
Esse volume é narrado em terceira pessoa, o que achei ótimo, já que assim conseguimos ter uma visão mais ampla de todos os acontecimentos, nos deixando mais a par de tudo. Os personagens são ótimos e muito bem construídos, nos conquistando em todos os momentos. Até mesmo os secundários foram muito bem elaborados e tiveram os seus desfechos bem direcionados.
Com uma escrita envolvente, rica em detalhes e com muitas reviravoltas, esse exemplar nos traz uma história deliciosa, instigante, cheia de conflitos e mistérios, tudo isso em um enredo muito bem desenvolvido. É um belo romance, com uma narrativa objetiva e bem coerente, e não conseguimos parar de ler até chegar a última página. O final está incrível e fecha muito bem esse volume.


Simon Vs. A Agenda Homo Sapiens - Becky Albertalli

Sempre vejo muitos leitores indicarem com ardor a leitura de Simon Vs A Agenda Homo Sapiens, da autora Becky Albertalli, publicado pela editora Intrínseca. Agora que o filme vai sair nos cinemas resolvi ver como ele funcionaria para mim já que os livros com adolescente americanos não tem me agradado.

Simon é um jovem com amigos, sem problemas em conseguir namoradas ou até em se relacionar com sua família, tudo estaria perfeito se não fosse o fato de Simon ser gay e nunca ter contado a ninguém até o dia em que conhece Blue na internet. Sua interação com este desconhecido é descoberta por um colega de escola que passa a chantageá-lo. Agora ele está em uma corda bamba onde cada passo pode revelar sua verdade, e arriscar sua relação com Blue, além de sua relação com todos.

Eu vivo tentando, dando chances e vocês que acompanham o blog devem ter lido minhas resenhas de livros adolescentes ( Tartarugas até Lá Embaixo, por exemplo), mas eles não têm funcionado para mim, ainda mais os que têm forte conteúdo psicológico, onde eu consigo captar aspectos que eu não concordo.

Albertalli assim como eu é psicóloga, e a partir desta informação e o fato dela atender o publico LGBT me fez acreditar que ela adensaria mais como é descoberta de um jovem por uma orientação sexual que não é a mais aceita no momento. Simon na verdade não tem sofrimento por ser gay, ele aceita isso bem, e também não morre de medo de contar aos outros, ele simplesmente quer se poupar de explicar isso. Não há tentativas de ser hetero, ele na verdade também lida bem com o fato de ter tido três namoradas.

Então talvez a grande questão seja qual? A chantagem em si?, mas que acabou forçada já que ele podia e deveria ter contado aos envolvidos a verdade a cerca do que ocorreu. Ele tem uma postura imatura quanto a suas atitudes para com seus amigos, foi um erro seguido do outro, sua sorte é que seus amigos são pessoas boas que o perdoaram.

Com tudo isso o que eu quero dizer é o livro tem uma narrativa em primeira pessoa narrada por Simon e que tem muita enrolação. Muitas páginas e palavras para dizer pouco. A cada página tudo que eu pensava: vai lá Simon se você está resolvido se assuma, se declare a Blue e continue sua vida!

Verdade seja dita Simon é um menino fofo, é simpático, engraçadinho, que interage com todo mundo e parece ser um bom amigo. Mas é muito enrolado, cheguei até a pensar que ele achava que era gay e não era, tamanha interação dele com as meninas.

Suas amigas Abby e Leah são interessantes, Abby é a bonita que todos desejam, mas que não se acha por isso, sempre procura conversar com Simon, e é muito próxima a ele. Leah já é sua amiga a mais tempo, com isso ela vive com ciúmes de Abby, logo se torna a chata da turma que as pessoas começam a evitar. Nick é o jogador de futebol, amigo desde a infância de Simon, não é apresentado com uma personalidade muito profunda, tem poucas falas na verdade.

Martin, o chantageador é muito chato! Ele diz que não vai dizer a verdade aos demais, mas todo tempo encurrala Simon querendo ajuda para conquistar Abby. É um sem noção que só não muito visado porque é engraçado. No fim é o carente que tentar ganhar amigos pelos meios errados.


A Caixa-Preta - Harry Bosch #18 - Michael Connelly

Gosto bastante dos livros de Michael Connelly, que sempre conseguem me prender com uma história instigante e uma narrativa bem gostosa. Por esse motivo, sempre que que surge a oportunidade começo a leitura de um dos seus títulos (que graças a Deus são muitos) e mergulho num novo suspense para solucionar os acontecimentos. Lembrando que essa série não precisa ser lida em sua ordem de lançamento, já que os livros são independentes, mas todos sempre trazem alguma coisa a mais, como o amadurecimento de nosso protagonista e algumas coisas da sua vida pessoal.
Nesse volume vemos que nosso famoso detetive Harry Bosch vai investigar o caso da fotojornalista dinamarquesa Anneke Jespersen, que foi assassinada a queima roupa em um beco durante os protestos que estavam assolando as ruas de Los Angeles em 1992. O caso dela nunca foi solucionado e com isso acabou sendo arquivado. Agora, vinte anos depois, Bosch tem a chance de investigar o que aconteceu no passado e tentar entender o motivo de ela ter sido morta, sendo que a única pista que ele tem para desvendar todo o crime é a bala que foi retirada do corpo da jornalista na época, uma cápsula de uma 9mm, e com isso ele começa a fazer uma pesquisa sobre essa arma e descobre que, ao longo dos anos, ela já foi utilizada em outros crimes.
Muito determinado, Bosch não se dá por vencido e enfrenta várias barreiras para conseguir solucionar todos os mistérios, mesmo com diversos contratempos como falta de evidências, informações perdidas e toda a questão de ser um crime com vinte anos. E com isso temos uma história eletrizante, cheia de diálogos inteligentes, além de personagens cativantes e um pano de fundo maravilhoso.
Acompanhamos então nosso protagonista nessa caminhada em busca da verdade, enquanto conhecemos cada vez mais um pouquinho da sua vida pessoal e de como ele se sente ao não ser capaz de conseguir ser tão presente na criação de sua filha, que já é uma adolescente de quinze anos, muito inteligente e que sonha em seguir os passos do pai.
O livro é narrado em terceira pessoa, o que gosto bastante, já que assim conseguimos ter uma visão mais ampla de tudo o que está acontecendo na trama, nos dando pistas de uma maneira geral para que a gente também consiga desvendar todos os mistérios junto com Bosch.
Essa obra é daquele tipo que pensamos que encontramos quem é o culpado, até que uma nova pista muda o sentido de tudo e faz com que a gente tenha que rever os nossos palpites e mudar o nosso foco para outro personagem. Gosto bastante quando uma leitura me proporciona esse tipo de dúvida, pois fica claro que é uma excelente história, que não é óbvia ou clichê.
Com uma narrativa bem gostosa e envolvente, este exemplar vai conseguir te conquistar do início ao fim com personagens cativantes, cada um com o seu jeito de ser, um enredo de tirar o fôlego com uma investigação bem detalhada, cheia de ação, mistérios e pistas, tudo de uma forma bem explicada e bem convincente.


Cheiro de Tempestade - O Mundo de Quatuorian #01 - Cristina Pezel


Se eu pudesse dar uma dica aos autores de fantasia, sejam eles nacionais ou internacionais, seria não cite Tolkien, não deixem que o citem no prefácio, pois isso pode se voltar contra você, já que ele é o mestre, e tudo depois dele tem que ser muito bom, para ser apenas bom rs! Dicas a parte, a fantasia que acabei de terminar foi Cheiro de Tempestade, primeiro volume da série O Mundo de Quatuorian, escrito pela brasileira Cristina Pezel, e publicado pela Editora Mundo Uno.

Teriva nascia enquanto em uma arena de batalha seu pai morria, a morte deste marcou o início da ascensão do mal em uma terra onde a paz e o equilíbrio reinava. Aos poucos o menino se torna um adolescente, e seus poderes desabrocham, ao lado de outros jovens, eles parecem fazer parte de uma profecia que vai se realizar em tempo sombrios.

Se eu disser a vocês que o livro não tem uma sinopse em sua edição vocês acreditam? Criei a minha a partir de um ponto da trama que achei principal, mas na sua aba as informações não trazem uma sinopse propriamente dita, menos ainda na parte traseiro do livro. E devo acrescentar que foi um pouco complicado de fazê-la porque o livro é bem confuso.

E quando digo confuso não me refiro a palavras usadas ou quanto ao conteúdo trabalhado (é uma fantasia, e se atem a isso), mas sim a escolha de fatos narrada e sua ordem. Inicialmente eu achava que nosso protagonista seria Teriva de Khor, que desde o início do livro tem sua estória contada a partir da morte do pai. Mas junta-se a ele a estória do vilão, Vorten Mibos que está criando um plano que sabe-se lá qual para algo que deduzimos ser acabar com a paz, já que ele nunca fica muito claro, apenas o que sabemos é que ele é mal e não tem escrúpulos para alcançar o que deseja. Gostaria de saber suas motivações, porque ele é como é ou porque deseja o mal de todos.

Durante dois terços do livro segue-se estes dois pontos da estória, tendo como codjuvante dois amigos de Teriva, Vinich de Gharn e Julenis. Nenhum destes tem suas personalidades aprofundadas. Os capítulos passam os anos de desenvolvimento destes, passando por seus estudos e rituais de transição, mas sem se focar ou aprofundar em nada.

Em determinado momento eles entram em uma escola para aprimorar seus poderes, e aí o livro ganha um ar infanto-juvenil que acaba reforçado pelas ilustrações de personagens que surgem pelo livro (as ilustrações são legais devo dizer). Mas nada de aprofundado, não acompanhamos o dia a dia, é tudo passageiro.

E na reta final do livro 'conhecemos' o plano de Vorten, na verdade mais sabemos do resultado dele, do que de fato o conhecemos. E aí Teriva que passou páginas e mais páginas mostrando sua vida termina onde? No nada! Sim não há um desfecho para o personagem que eu acreditava ser um ponto importante, se eu disser a vocês onde ele termina o livro você não terá spoiler algum!

E depois de tantos parágrafos tentando me fazer clara talvez você me pergunte, afinal o que a estória quer contar? A impressão que eu tenho é que a autora tinha em mente uma estória, mas não um mundo, e inspirada em O Senhor dos Anéis (que é citado no prefácio como obra similar ao que a autora pretende, e por favor esqueçam isso!) quis criar um mundo novo, mas morreu na praia. Porque criar um mundo requer literalmente a criação dele, como se o escritor brincasse e deus, e se esmerasse em todos os detalhes. E quando um mundo é criado e apresentado a outra pessoa você deve se ater a apresentá-lo.


O Jogo - Amores Improváveis #03 - Elle Kennedy

Eu sempre gostei bastante de livros New Adult e, por esse motivo, sempre que é possível estou lendo algum título desse gênero. Como já havia lido os dois volumes anteriores da série e me encantado com a escrita da autora, fiquei bastante curiosa para ler e conhecer melhor o personagem desse terceiro exemplar, Dean, que teve sua cota de participações das obras anteriores. Agora venho compartilhar com vocês as minhas opiniões a respeito desse volume que foi publicado aqui no Brasil pela Editora Paralela.
Em “O Jogo” conhecemos Dean Di Laurentis, um homem rico, lindo, jogador de hóquei, talentoso, inteligente e festeiro. Ele é daquele tipo de homem encantador, que acaba indo para a cama com todas as mulheres, já que ninguém resiste ao seu charme. Ele divide a casa com os seus amigos que também são companheiros do mesmo time, Logan, Tucker e Garrett, protagonistas dos demais livros da série.
Acompanhamos também Allie Hayes, amiga de Hannah (que conhecemos em “O Acordo”), uma jovem atriz muito determinada, que, além de ser fofa, é bem madura e responsável. Ela acabou de terminar o seu relacionamento com Sean, e, como ele está dando investidas para que eles voltem a ficar juntos, ela aceita a sugestão da amiga de passar o final de semana na casa do Garrett (namorado de Hannah) para não cair em tentação e voltar correndo para o seu ex-namorado.
Mesmo com a Hannah deixando bem claro para o Dean não se envolver com a sua amiga, ambos acabam tendo uma noite regada de bebedeira e sexo. Mas, o que seria só um envolvimento sem compromisso, acabou despertando um desejo em Dean de querer mais. Porém, Allie acabou de sair de um relacionamento e não quer entrar em outro, ainda mais com Dean, um tremendo cafajeste e o mais galinha da faculdade.
É nesse cenário que conhecemos a história, sendo Allie a primeira mulher a dizer não para Dean, fazendo com que ele entre em um verdadeiro jogo de sedução, sem medir esforços para conquistar nossa protagonista. E com isso acaba amadurecendo bastante e mostrando o seu outro lado que não conseguimos conhecer nos volumes anteriores.
Com várias cenas dramáticas, sensuais e até mesmo hilárias, esse livro consegue conquistar a gente em todos os momentos com uma narrativa leve e fluida. Gosto bastante de como a autora consegue arrancar suspiros e risadas de nós, leitores, de uma maneira envolvente e descontraída.
E mostra um período bem importante na vida dos protagonistas, já que estão no final da faculdade, e com isso e com grandes escolhas importantes pela frente, como escolher um emprego, decisões, pensar no futuro, etc. Gostei bastante de como o livro é muito mais do que só o relacionamento entre os personagens principais e nos mostra um pouco mais sobre o mundo deles, os caminhos que estão seguindo, e por tudo que eles passam. Assim como nos exemplares antecessores, esse título contém várias cenas de sexo, que, para quem não gosta de ler, pode facilmente ser pulada sem perder nada da história.


Coração de Aço - Executores #01- Brandon Sanderson


Não costumo cair em um livro sem ter noção do que se passa com ele, mas as vezes acontece de eu começar um volume no escuro. Coração de Aço (volume 1 da série Executores), do autor Brandon Sanderson, publicado pela Aleph, foi esse tiro na escuridão, porque eu nem sequer havia me tocado que tratava-se do autor de Mistborn, que eu ainda não li por sinal!

Depois do surgimento de Calamidade, uma estrela no céu, algumas pessoas passaram a possuir poderes e são conhecidas como Épicos, mas ao mesmo tempo em que ganharam poder perderam a humanidade, tomando o que querem de quem quiserem, espalhando morte e destruição. David é uma vítima de um dos épicos mais fortes, Coração de Aço, e por anos passa a construir um plano de vingança que pretende apresentar aos executores, grupo que luta contra os épicos, e finalmente matar Coração de Aço. David terá que sair das páginas de anos de pesquisa e ir ao campo de batalha, sem saber se será capaz de fazer o que é preciso para chegar ao fim de sua vingança.

Sanderson realizou sua narrativa em primeira pessoa através de David. A ideia de atribuir nomes aleatórios aos épicos as vezes confundia, como é o nome da estrela, as vezes parecia uma expressão, mas era o nome de alguém. Embora com alguns termos confusos a narrativa corre rápido e não nos deixa muito tempo aguardando pela ação. Não me cativou tanto quanto eu esperava, mas nem de longe foi entediante, eu sempre queria saber o que aconteceria em seguida.

O que ao meu ver faltou muito na trama e que tirou sua nota foram informações sobre os épicos, sabemos basicamente que algo aconteceu que transformou essas pessoas, sabemos alguns de seus poderes e que isso também as tornaram más, e por fim que todos eles tem alguma fraqueza. Mas o que de fato aconteceu com cada uma delas, porque cada uma é diferente, se trata-se de algo governamental ou da natureza, enfim muitas dúvidas que inclusive são levantadas pelos executores mas que não tem respostas.

Trata-se de um mundo futuro nos EUA, mas não sabemos quanto no futuro, e embora alguns dados sobre como este novo mundo se transformou ainda faltou recursos e dados para organizar a estrutura de mundo do autor. O foco acaba se dando muito na natureza humana, a mensagem principal é que o poder corrompe a natureza humana, e isso fica muito claro no livro, em especial no seu final.

David se criou sozinho pelas ruas, o que fez com que seu caráter se formasse de forma um pouco torta e focada apenas em destruir Coração de Aço. Ele criou um arquivo enorme sobre os épicos, dados estes que nem os executores possuíam. Ele soa repetitivo em sua obsessão com a Megan, porque ela foi a primeira coisa que despertou sua atenção depois de dez anos de obsessão com Coração de Aço.

Os executores é um grupo que combate os épicos, com planos para matar cada um deles. Embora possuam tecnologia avançada conhecem pouco as pessoas que combatem. E pouco sabemos de cada um deles já que a regra entre eles é de pouca informação para o caso de serem sequestrados. Uma pena já que cada um deles parece singular.

Cody é descendente de escoceses, e tem um discurso desconexo, trazendo a tona diversas vezes tradições e lendas de seu povo, que ele chama de terra natal. É muito divertido e leal, trás um pouco de leveza e humor a trama. Já Abraham é canadense, mais sério é um ótimo soldado, é uma pessoa de fé, e luta pela esperança que um dia os épicos se transformem em heróis.

O Professor é o líder do grupo, cheio de mistérios sobre quem é e o que aconteceu no seu passado, é ele quem organiza todas as informações juntamente com Thia uma nerd dos computadores. Por fim temos Megan que salva David e ganha seu coração, mas que nutre um humor estranho sobre as ações do garoto.


Um Beijo à Meia-Noite - Contos de Fadas #02 - Eloisa James

Kate Daltry não é a mulher mais bela da região e nem possui qualquer atrativo financeiro para conseguir arranjar um bom casamento no auge dos seus vinte e três anos, afinal não tem mãe desde pequena e seu pai se foi há sete anos. E, mesmo com uma vontade louca de sair da casa em que vive com sua madrasta, Mariana, e Victoria, sua irmã postiça, ela não consegue fazer isso porque não pode deixar todos os empregados a mercê dessa megera que virou a responsável por tudo. Então Kate vive no local, mesmo tendo que ficar atendendo os péssimos caprichos de Mariana.
Com um grandioso plano de casar Victoria o quanto antes, Mariana precisa que a ingênua e boba filha vá conhecer o príncipe Gabriel para que ele lhe dê a bênção do casamento por ser parte da família do noivo. Só que a garota está passando por um terrível contratempo na pele e é Kate que precisará substituí-la numa breve temporada no castelo fingindo ser Victoria para conseguir essa aprovação. É claro que ela não fica nada feliz com essa missão, porém Mariana vem com uma revelação de suma importância que vai fazer com que Kate mude de ideia e resolva cumprir o plano.
E é lá que conhece o sedutor Gabriel, o príncipe em questão. Os dois logo sentem uma forte atração um pelo outro e começam a passar mais tempo juntos, mesmo que isso seja totalmente inapropriado, afinal ela está lá representando sua irmã Victoria e ninguém deveria saber sua verdadeira identidade. Além do mais, Gabriel está indo à falência e, para manter seu castelo e todas as pessoas e animais que ali vivem com suas vidas normais, ele precisa de dinheiro. E rápido. Para isso, não existe nada mais fácil e certeiro do que um casamento.
Por conta disso, Gabriel está prometido para uma princesa que possui um grandioso dote e chegará ao castelo em poucos dias para conhecer o noivo e ir em frente com o acordo. E, mais do que nunca, ele não pode arriscar perder tudo por conta de algum sentimento mais forte que venha a ter por Kate. Mas será que ele conseguirá sacrificar seu amor em prol do bem-estar de todos ali ou vai preferir seguir com seus fortes sentimentos pela moça e desistirá de sustentar todos, buscando apenas sua felicidade? Essa é uma grande decisão, mas como uma pessoa altruísta ele sabe como deve agir...
Como uma apaixonada por romances de época, sempre fico empolgada quando um novo título do gênero é publicado no Brasil e já corro para ler assim que o tenho em mãos. Algumas autoras têm um carinho especial no meu coração (como Julia Quinn) e quando elas indicam outra escritora, como Eloisa James, sei que preciso conferir suas obras logo, afinal as chances de eu me apaixonar são grandes. Com isso, o livro escolhido da vez foi “Um Beijo à Meia-Noite”, o segundo desta série que reconta Conto de Fadas famosos, com personagens vivendo um belo romance no século XIX.
Confesso que mesmo muito empolgada para o primeiro volume da série, “Quando a Bela Domou a Fera” (clique no título para conferir a resenha com minhas opiniões), ele acabou não alcançando tudo aquilo que eu esperava, apesar de ter gostado. Por causa da grande indicação de Quinn, eu sabia que precisava dar uma nova chance a Eloisa e por isso peguei esta “continuação”, mas minhas expectativas estavam um pouco mais baixas, o que foi ótimo, já que desta vez ela conseguiu superá-las!
Pelo título e pela capa, já dá para notar que o Conto de Fadas que serviu de inspiração para este volume foi Cinderela. Porém, a autora consegue ser bastante autêntica e o usa apenas como base mesmo, levando sua trama para um rumo bem diferente e com detalhes também diferenciados. Tanto que se cortarmos pequenos detalhes nem parece que foi uma adaptação. E eu acho isso algo muito legal, já que Eloisa encontrou sua própria voz para nos apresentar uma história bem original, ainda que traga algo de reconfortante e nostálgico por conhecermos suas “origens”. E ela trouxe alguns ícones importantes para cá e também fez suas ótimas remodelações, entre eles a fada madrinha, a madrasta má, o sapatinho de cristal e, os melhores, os “ratinhos”.
Adorei como os protagonistas foram construídos e apresentados ao leitor e também a forma como se envolveram. Nada aconteceu de maneira rápida ou forçada, pelo contrário, foi de um jeitinho gostoso, daquele tipo que nos prende e nos deixa ansiosos por mais, por cada momento a sós, por cada toque, pelos beijos e carinhos. E, claro, faz com que a gente possa sentir junto com os personagens e torcer para que tenham um lindo final feliz.
A narrativa é em terceira pessoa e intercala as perspectivas dos dois protagonistas, Kate e Gabriel. Por conta disso, temos a oportunidade de conhecer melhor cada um deles e também pessoas importantes na vida de cada um, como agem sozinhos ou na companhia um do outro, tudo o que sentem e que desejam, assim como suas tristezas e angústias. E ainda temos uma visão bem ampla de cenários e acontecimentos. Ademais, além dos personagens principais, alguns secundários ganharam muito destaque e fizeram toda a diferença na trama, seja por comentários espirituosos, momentos de tensão ou diversão. Uma das melhores foi a “fada madrinha” de Kate, Henry, uma mulher espirituosa, engraçada e dona de ótimas tiradas.
Mas nem tudo são flores e a gente fica a leitura toda com uma dúvida martelando nossa cabeça (mesmo acreditando saber como termina, queremos ver a autora chegando lá): como será que eles vão conseguir enfrentar a barreira do dinheiro e das responsabilidades de Gabriel para ficarem juntos? Será que isso será possível na vida destes dois ou eles terão que se contentar com apenas poucos momentos curtindo um ao outro, já que ele precisa seguir o destino para o qual nasceu?


Os Deuses da Culpa - Mickey Haller #05 – Michael Connelly


Sempre gostei bastante dos livros de Connelly, pois suas narrativas são instigantes, envolventes e nos prendem em todos os momentos com personagens incríveis. Também curto muito o Mickey Haller, que no caso é o protagonista dessa história, que já teve cinco volumes publicados aqui no Brasil (contando com este. O sexto ainda não chegou por aqui), e irmão do famoso detetive Harry Bosh (outro dos protagonistas criados por Michael). Sendo assim, sempre que é possível, gosto de me aventurar em seus títulos.
Nesse exemplar, acompanhamos mais uma vez a história de nosso advogado de defesa Mickey Haller, que, por ter essa profissão e ser bom no que faz, acabou causando vários problemas para si mesmo, já que acabou inocentando um homem que foi o responsável por matar 2 pessoas. Isso fez com que sua filha parasse de falar com ele, uma vez que ela conhecia as vítimas e achava que o pai defendia quem deveria ficar na cadeia, e isso também acabou com suas chances de se eleger para o Gabinete da Promotoria do Condado de Los Angeles.
Agora, ele foi chamado para um caso de assassinato, no qual a vítima é uma ex-cliente sua, uma mulher que era garota de programa e que ele ajudou a tirar das ruas. Quando descobriu que era essa sua ex-cliente, nosso protagonista chegou a ficar surpreso, já que ele achava que a moça não tinha voltado para essa vida, uma vez que até mesmo recebeu cartões postais dela sobre esse período em que estava afastada.
Gloria foi encontrada morta em seu apartamento, e Andre La Cosse, um cafetão digital, ou seja, um homem responsável por administrar sites e redes sociais de acompanhantes de luxo que, com isso ele ganha uma comissão por esses programas, foi considerado o assassino.
Nosso protagonista vai atrás de tudo para tentar descobrir o que realmente aconteceu, e então descobre que Gloria sabia de muitas coisas e por isso acabou sendo assassinada. Alguns anos atrás, ela foi testemunha em um caso sobre um cartel de drogas e ajudou a colocar um homem bem perigoso atrás das grades. Foi nessa época que Haller falou para ela ir para outro estado e mudar de vida, então agora ele vai investigar o que realmente aconteceu, o motivo por que ela quis continuar nesse mundo e o porquê de ter mentido para ele durante todos esses anos. Porém, quanto mais investiga, mais perigosas as coisas ficam.
Uma obra cheia de reviravoltas, na qual você não consegue descobrir quem é inocente até chegar ao fim. Uma história eletrizante, que envolve assassinato, corrupção, prostituição e drogas, que faz você ficar tentando desvendar quem é o culpado e que te instiga em todos os momentos a criar teorias. Gosto bastante desse tipo de enredo, e, para quem curte um bom romance policial, não pode deixar de ler essa trama que está super envolvente e bem escrita.


Segredos de Uma Noite de Verão - As Quatro Estações do Amor #01 - Lisa Kleypas

A série The Hathways da autora Lisa Kleypas ganhou meu coração, tanto que comprei a série As Quatro Estações do Amor inteira de olhos fechados sem nem saber do que se tratava além de que era uma série de romance de época. O primeiro volume Segredos de Uma Noite de Verão, publicado pela editora Arqueiro é quem inaugura está saga.

Annabelle Peyton está em sua última temporada e não tem uma reputação boa para atrair um bom pretendente, além de não possuir dote algum. Entretanto ela precisa encontrar uma solução logo para salvar sua família da falência. Para encontrar alguém rápido ela se junta a outras três damas solteiras que pretendem se ajudar a casar, depois de escolher o alvo ela começam a agir, o que nenhuma delas contava é que um certo Senhor Hunt iria cruzar o caminho de Annabelle, e bagunçar com todos os planos, será que agora sua última tentativa ficará perdida?

A trama de Kleypas é ambientada na sociedade inglesa do meio do século XVIII, ou seja, na época onde as pessoas que possuíam títulos eram vistas como poderosas, mas que aos poucos estavam perdendo lugar para o que viria a ser a burguesia, pessoas que acumularam dinheiro através de trabalho e não herança familiar. Esta transição é muito presente na trama, e marca inclusive o personagem Simon Hunt. É engraçado como homens que estão a beira da falência ainda podem ser bons pretendentes pelos títulos que possuem, enquanto um empresário sem título mas com muito dinheiro é visto como um homem de índole duvidosa.

A estória não me empolgou muito no início, parecia um pouco rasa e sem graça, mas a medida que começamos a conhecer mais camadas da protagonista e sua estória de vida começamos a torcer desesperadamente para que ela se case e se livre de seus atuais problemas, que não se limitam apenas ao dinheiro. Entretanto pela falta de uma pitada mística que sua série anterior possuía não gostei tanta deste livro como de qualquer outro dos Hathaways.

Annabelle tem personalidade e arrisco dizer que ficou tanto tempo solteira não só pela falta de dote como pelo modo que age, embora tente ter os predicados que são esperados de uma dama inglesa, ela não guarda para si o que sente e pensa, e é muito agressiva com Hunt mesmo quando ela se mostra disposto a ajudá-la. Demorei um pouco a gostar dela por ela ter a mente da época, preconceituosa e interesseira. Mas aos poucos ela muda, e percebe o que realmente importa. Ela não é uma mulher submissa, ela gosta de ter nas mãos suas decisões, e não tem medo agir.

Simon é um homem interessante, é filho de um açougueiro, mas ficou rico com os negócios. Está decidido em ter Annabelle como amante, e fica desconcertado quando finalmente começa a conhecê-la. Ele sempre fala o que vem a sua mente e também faz tudo que deseja, seja politicamente correto ou não. O casal forma um par de 'entre tapas e beijos' que só alimenta a atração entre ambos.

As amigas solteironas que serão as protagonistas do demais volumes são Lilian e Daisy, duas irmãs americanas que tem problemas para encontrar homens que as queiram por serem vanguardas, e não se portarem como as inglesas, e a tímida Evie que é oprimida fortemente pela tia, mas que vê nas amigas a oportunidade para viver um pouco. Juntas as quatro formam um grupo divertido e disposto a qualquer artimanha para alcançar seus objetivos.

Como já é do estilo da autora temos descrições do casal que soam quase hot, mas foram breve e menos densas que em The Hathaways. E o desfecho teve uma tensão não esperada, mas que não demorou a se desenrolar, característica que eu gosto na autora, nunca nos deixa na angústia por muito tempo.