Não costumo cair em um livro sem
ter noção do que se passa com ele, mas as vezes acontece de eu começar um
volume no escuro. Coração de Aço (volume 1 da série Executores), do autor
Brandon Sanderson, publicado pela Aleph, foi esse tiro na escuridão, porque eu
nem sequer havia me tocado que tratava-se do autor de Mistborn, que eu ainda
não li por sinal!
Depois do surgimento de
Calamidade, uma estrela no céu, algumas pessoas passaram a possuir poderes e
são conhecidas como Épicos, mas ao mesmo tempo em que ganharam poder perderam a
humanidade, tomando o que querem de quem quiserem, espalhando morte e
destruição. David é uma vítima de um dos épicos mais fortes, Coração de Aço, e
por anos passa a construir um plano de vingança que pretende apresentar aos
executores, grupo que luta contra os épicos, e finalmente matar Coração de Aço.
David terá que sair das páginas de anos de pesquisa e ir ao campo de batalha,
sem saber se será capaz de fazer o que é preciso para chegar ao fim de sua
vingança.
Sanderson realizou sua narrativa
em primeira pessoa através de David. A ideia de atribuir nomes aleatórios aos
épicos as vezes confundia, como é o nome da estrela, as vezes parecia uma
expressão, mas era o nome de alguém. Embora com alguns termos confusos a
narrativa corre rápido e não nos deixa muito tempo aguardando pela ação. Não me
cativou tanto quanto eu esperava, mas nem de longe foi entediante, eu sempre
queria saber o que aconteceria em seguida.
O que ao meu ver faltou muito na
trama e que tirou sua nota foram informações sobre os épicos, sabemos
basicamente que algo aconteceu que transformou essas pessoas, sabemos alguns de
seus poderes e que isso também as tornaram más, e por fim que todos eles tem
alguma fraqueza. Mas o que de fato aconteceu com cada uma delas, porque cada
uma é diferente, se trata-se de algo governamental ou da natureza, enfim muitas
dúvidas que inclusive são levantadas pelos executores mas que não tem
respostas.
Trata-se de um mundo futuro nos
EUA, mas não sabemos quanto no futuro, e embora alguns dados sobre como este
novo mundo se transformou ainda faltou recursos e dados para organizar a
estrutura de mundo do autor. O foco acaba se dando muito na natureza humana, a
mensagem principal é que o poder corrompe a natureza humana, e isso fica muito
claro no livro, em especial no seu final.
David se criou sozinho pelas
ruas, o que fez com que seu caráter se formasse de forma um pouco torta e
focada apenas em destruir Coração de Aço. Ele criou um arquivo enorme sobre os
épicos, dados estes que nem os executores possuíam. Ele soa repetitivo em sua
obsessão com a Megan, porque ela foi a primeira coisa que despertou sua atenção
depois de dez anos de obsessão com Coração de Aço.
Os executores é um grupo que
combate os épicos, com planos para matar cada um deles. Embora possuam
tecnologia avançada conhecem pouco as pessoas que combatem. E pouco sabemos de
cada um deles já que a regra entre eles é de pouca informação para o caso de
serem sequestrados. Uma pena já que cada um deles parece singular.
Cody é descendente de escoceses,
e tem um discurso desconexo, trazendo a tona diversas vezes tradições e lendas
de seu povo, que ele chama de terra natal. É muito divertido e leal, trás um
pouco de leveza e humor a trama. Já Abraham é canadense, mais sério é um ótimo
soldado, é uma pessoa de fé, e luta pela esperança que um dia os épicos se
transformem em heróis.
O Professor é o líder do grupo,
cheio de mistérios sobre quem é e o que aconteceu no seu passado, é ele quem
organiza todas as informações juntamente com Thia uma nerd dos computadores.
Por fim temos Megan que salva David e ganha seu coração, mas que nutre um humor
estranho sobre as ações do garoto.
O final foi satisfatório e é o
momento onde têm as maiores revelações, gostei da fraqueza de Coração de Aço,
foi algo que nunca havia pensado, mas que tem uma boa lógica! Os executores é
uma trilogia que já teve seu segundo volume lançado, Tormenta de Fogo.
Coração de Aço é divulgado como
um livro de super heróis mas não o vejo assim, são pessoas com poderes sim, mas
sem nenhuma moral que forma um herói já que elas lutam apenas por si mesmas, ou
por aqueles que se filiam. Nos faz pensar o que cada um faria com poder,
transformaria o mundo ou o dominaria?
Avaliação
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