Um Beijo à Meia-Noite - Contos de Fadas #02 - Eloisa James

Kate Daltry não é a mulher mais bela da região e nem possui qualquer atrativo financeiro para conseguir arranjar um bom casamento no auge dos seus vinte e três anos, afinal não tem mãe desde pequena e seu pai se foi há sete anos. E, mesmo com uma vontade louca de sair da casa em que vive com sua madrasta, Mariana, e Victoria, sua irmã postiça, ela não consegue fazer isso porque não pode deixar todos os empregados a mercê dessa megera que virou a responsável por tudo. Então Kate vive no local, mesmo tendo que ficar atendendo os péssimos caprichos de Mariana.
Com um grandioso plano de casar Victoria o quanto antes, Mariana precisa que a ingênua e boba filha vá conhecer o príncipe Gabriel para que ele lhe dê a bênção do casamento por ser parte da família do noivo. Só que a garota está passando por um terrível contratempo na pele e é Kate que precisará substituí-la numa breve temporada no castelo fingindo ser Victoria para conseguir essa aprovação. É claro que ela não fica nada feliz com essa missão, porém Mariana vem com uma revelação de suma importância que vai fazer com que Kate mude de ideia e resolva cumprir o plano.
E é lá que conhece o sedutor Gabriel, o príncipe em questão. Os dois logo sentem uma forte atração um pelo outro e começam a passar mais tempo juntos, mesmo que isso seja totalmente inapropriado, afinal ela está lá representando sua irmã Victoria e ninguém deveria saber sua verdadeira identidade. Além do mais, Gabriel está indo à falência e, para manter seu castelo e todas as pessoas e animais que ali vivem com suas vidas normais, ele precisa de dinheiro. E rápido. Para isso, não existe nada mais fácil e certeiro do que um casamento.
Por conta disso, Gabriel está prometido para uma princesa que possui um grandioso dote e chegará ao castelo em poucos dias para conhecer o noivo e ir em frente com o acordo. E, mais do que nunca, ele não pode arriscar perder tudo por conta de algum sentimento mais forte que venha a ter por Kate. Mas será que ele conseguirá sacrificar seu amor em prol do bem-estar de todos ali ou vai preferir seguir com seus fortes sentimentos pela moça e desistirá de sustentar todos, buscando apenas sua felicidade? Essa é uma grande decisão, mas como uma pessoa altruísta ele sabe como deve agir...
Como uma apaixonada por romances de época, sempre fico empolgada quando um novo título do gênero é publicado no Brasil e já corro para ler assim que o tenho em mãos. Algumas autoras têm um carinho especial no meu coração (como Julia Quinn) e quando elas indicam outra escritora, como Eloisa James, sei que preciso conferir suas obras logo, afinal as chances de eu me apaixonar são grandes. Com isso, o livro escolhido da vez foi “Um Beijo à Meia-Noite”, o segundo desta série que reconta Conto de Fadas famosos, com personagens vivendo um belo romance no século XIX.
Confesso que mesmo muito empolgada para o primeiro volume da série, “Quando a Bela Domou a Fera” (clique no título para conferir a resenha com minhas opiniões), ele acabou não alcançando tudo aquilo que eu esperava, apesar de ter gostado. Por causa da grande indicação de Quinn, eu sabia que precisava dar uma nova chance a Eloisa e por isso peguei esta “continuação”, mas minhas expectativas estavam um pouco mais baixas, o que foi ótimo, já que desta vez ela conseguiu superá-las!
Pelo título e pela capa, já dá para notar que o Conto de Fadas que serviu de inspiração para este volume foi Cinderela. Porém, a autora consegue ser bastante autêntica e o usa apenas como base mesmo, levando sua trama para um rumo bem diferente e com detalhes também diferenciados. Tanto que se cortarmos pequenos detalhes nem parece que foi uma adaptação. E eu acho isso algo muito legal, já que Eloisa encontrou sua própria voz para nos apresentar uma história bem original, ainda que traga algo de reconfortante e nostálgico por conhecermos suas “origens”. E ela trouxe alguns ícones importantes para cá e também fez suas ótimas remodelações, entre eles a fada madrinha, a madrasta má, o sapatinho de cristal e, os melhores, os “ratinhos”.
Adorei como os protagonistas foram construídos e apresentados ao leitor e também a forma como se envolveram. Nada aconteceu de maneira rápida ou forçada, pelo contrário, foi de um jeitinho gostoso, daquele tipo que nos prende e nos deixa ansiosos por mais, por cada momento a sós, por cada toque, pelos beijos e carinhos. E, claro, faz com que a gente possa sentir junto com os personagens e torcer para que tenham um lindo final feliz.
A narrativa é em terceira pessoa e intercala as perspectivas dos dois protagonistas, Kate e Gabriel. Por conta disso, temos a oportunidade de conhecer melhor cada um deles e também pessoas importantes na vida de cada um, como agem sozinhos ou na companhia um do outro, tudo o que sentem e que desejam, assim como suas tristezas e angústias. E ainda temos uma visão bem ampla de cenários e acontecimentos. Ademais, além dos personagens principais, alguns secundários ganharam muito destaque e fizeram toda a diferença na trama, seja por comentários espirituosos, momentos de tensão ou diversão. Uma das melhores foi a “fada madrinha” de Kate, Henry, uma mulher espirituosa, engraçada e dona de ótimas tiradas.
Mas nem tudo são flores e a gente fica a leitura toda com uma dúvida martelando nossa cabeça (mesmo acreditando saber como termina, queremos ver a autora chegando lá): como será que eles vão conseguir enfrentar a barreira do dinheiro e das responsabilidades de Gabriel para ficarem juntos? Será que isso será possível na vida destes dois ou eles terão que se contentar com apenas poucos momentos curtindo um ao outro, já que ele precisa seguir o destino para o qual nasceu?
O relacionamento do casal é bem sincero, maduro e resignado. Ambos sabem que não podem ficar juntos, já que ele é um príncipe falido e depende de um grande dote da esposa para manter todos bem e não pode (e não quer) das as costas para ninguém, e aceitam isso. Afinal, a vida é como é.
Mesmo fazendo parte de uma série, cada obra é completamente independente das demais, sendo que a única coisa que os livros da mesma têm em comum é que são baseados em diferentes Contos de Fadas. Os personagens são diferentes, assim como as tramas, cada qual conta com seu próprio começo, meio e fim, e as histórias de amor. Por isso, não há necessidade de ler na ordem ou ler todos os volumes, você pode escolher apenas o que te interessar e ler na sequência que preferir.
Devo dizer que não sou tão fã assim das capas dessa série, mas o bacana delas é que são originais, bem diferentes das capas dos romances de época publicados no Brasil, então pode acabar ganhando destaque na livraria, apesar de eu ainda preferir as fotos de pessoas com roupas de época, porém isso é um gosto pessoal. O texto está bem diagramado com fonte e espaçamentos em tamanhos confortáveis para a leitura, além do mais a edição impressa conta com páginas amarelas.
Para aqueles que curtem um delicioso romance de época e também adoram contos de fadas, por que não escolher uma junção dos dois? Eloisa James adaptou “Cinderela” de um jeito bem diferente, mas não menos encantador, e eu recomendo bastante!
Avaliação




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