Kate Daltry
não é a mulher mais bela da região e nem possui qualquer atrativo financeiro
para conseguir arranjar um bom casamento no auge dos seus vinte e três anos,
afinal não tem mãe desde pequena e seu pai se foi há sete anos. E, mesmo com
uma vontade louca de sair da casa em que vive com sua madrasta, Mariana, e Victoria,
sua irmã postiça, ela não consegue fazer isso porque não pode deixar todos os
empregados a mercê dessa megera que virou a responsável por tudo. Então Kate
vive no local, mesmo tendo que ficar atendendo os péssimos caprichos de
Mariana.
Com um
grandioso plano de casar Victoria o quanto antes, Mariana precisa que a ingênua
e boba filha vá conhecer o príncipe Gabriel para que ele lhe dê a bênção do
casamento por ser parte da família do noivo. Só que a garota está passando por
um terrível contratempo na pele e é Kate que precisará substituí-la numa breve
temporada no castelo fingindo ser Victoria para conseguir essa aprovação. É
claro que ela não fica nada feliz com essa missão, porém Mariana vem com uma
revelação de suma importância que vai fazer com que Kate mude de ideia e
resolva cumprir o plano.
E é lá que
conhece o sedutor Gabriel, o príncipe em questão. Os dois logo sentem uma forte
atração um pelo outro e começam a passar mais tempo juntos, mesmo que isso seja
totalmente inapropriado, afinal ela está lá representando sua irmã Victoria e
ninguém deveria saber sua verdadeira identidade. Além do mais, Gabriel está
indo à falência e, para manter seu castelo e todas as pessoas e animais que ali
vivem com suas vidas normais, ele precisa de dinheiro. E rápido. Para isso, não
existe nada mais fácil e certeiro do que um casamento.
Por conta
disso, Gabriel está prometido para uma princesa que possui um grandioso dote e
chegará ao castelo em poucos dias para conhecer o noivo e ir em frente com o
acordo. E, mais do que nunca, ele não pode arriscar perder tudo por conta de
algum sentimento mais forte que venha a ter por Kate. Mas será que ele
conseguirá sacrificar seu amor em prol do bem-estar de todos ali ou vai
preferir seguir com seus fortes sentimentos pela moça e desistirá de sustentar todos,
buscando apenas sua felicidade? Essa é uma grande decisão, mas como uma pessoa
altruísta ele sabe como deve agir...
Como uma
apaixonada por romances de época, sempre fico empolgada quando um novo título
do gênero é publicado no Brasil e já corro para ler assim que o tenho em mãos.
Algumas autoras têm um carinho especial no meu coração (como Julia Quinn) e
quando elas indicam outra escritora, como Eloisa James, sei que preciso
conferir suas obras logo, afinal as chances de eu me apaixonar são grandes. Com
isso, o livro escolhido da vez foi “Um Beijo à Meia-Noite”, o segundo desta
série que reconta Conto de Fadas famosos, com personagens vivendo um belo
romance no século XIX.
Confesso que
mesmo muito empolgada para o primeiro volume da série, “Quando a Bela Domou a
Fera” (clique no título para conferir a resenha com minhas opiniões), ele
acabou não alcançando tudo aquilo que eu esperava, apesar de ter gostado. Por
causa da grande indicação de Quinn, eu sabia que precisava dar uma nova chance
a Eloisa e por isso peguei esta “continuação”, mas minhas expectativas estavam
um pouco mais baixas, o que foi ótimo, já que desta vez ela conseguiu
superá-las!
Pelo título
e pela capa, já dá para notar que o Conto de Fadas que serviu de inspiração
para este volume foi Cinderela. Porém, a autora consegue ser bastante autêntica
e o usa apenas como base mesmo, levando sua trama para um rumo bem diferente e
com detalhes também diferenciados. Tanto que se cortarmos pequenos detalhes nem
parece que foi uma adaptação. E eu acho isso algo muito legal, já que Eloisa
encontrou sua própria voz para nos apresentar uma história bem original, ainda
que traga algo de reconfortante e nostálgico por conhecermos suas “origens”. E
ela trouxe alguns ícones importantes para cá e também fez suas ótimas remodelações,
entre eles a fada madrinha, a madrasta má, o sapatinho de cristal e, os
melhores, os “ratinhos”.
Adorei como
os protagonistas foram construídos e apresentados ao leitor e também a forma
como se envolveram. Nada aconteceu de maneira rápida ou forçada, pelo
contrário, foi de um jeitinho gostoso, daquele tipo que nos prende e nos deixa ansiosos
por mais, por cada momento a sós, por cada toque, pelos beijos e carinhos. E,
claro, faz com que a gente possa sentir junto com os personagens e torcer para
que tenham um lindo final feliz.
A narrativa
é em terceira pessoa e intercala as perspectivas dos dois protagonistas, Kate e
Gabriel. Por conta disso, temos a oportunidade de conhecer melhor cada um deles
e também pessoas importantes na vida de cada um, como agem sozinhos ou na
companhia um do outro, tudo o que sentem e que desejam, assim como suas
tristezas e angústias. E ainda temos uma visão bem ampla de cenários e
acontecimentos. Ademais, além dos personagens principais, alguns secundários
ganharam muito destaque e fizeram toda a diferença na trama, seja por
comentários espirituosos, momentos de tensão ou diversão. Uma das melhores foi
a “fada madrinha” de Kate, Henry, uma mulher espirituosa, engraçada e dona de
ótimas tiradas.
Mas nem tudo
são flores e a gente fica a leitura toda com uma dúvida martelando nossa cabeça
(mesmo acreditando saber como termina, queremos ver a autora chegando lá): como
será que eles vão conseguir enfrentar a barreira do dinheiro e das
responsabilidades de Gabriel para ficarem juntos? Será que isso será possível
na vida destes dois ou eles terão que se contentar com apenas poucos momentos
curtindo um ao outro, já que ele precisa seguir o destino para o qual nasceu?
O
relacionamento do casal é bem sincero, maduro e resignado. Ambos sabem que não
podem ficar juntos, já que ele é um príncipe falido e depende de um grande dote
da esposa para manter todos bem e não pode (e não quer) das as costas para
ninguém, e aceitam isso. Afinal, a vida é como é.
Mesmo
fazendo parte de uma série, cada obra é completamente independente das demais,
sendo que a única coisa que os livros da mesma têm em comum é que são baseados
em diferentes Contos de Fadas. Os personagens são diferentes, assim como as
tramas, cada qual conta com seu próprio começo, meio e fim, e as histórias de
amor. Por isso, não há necessidade de ler na ordem ou ler todos os volumes,
você pode escolher apenas o que te interessar e ler na sequência que preferir.
Devo dizer
que não sou tão fã assim das capas dessa série, mas o bacana delas é que são
originais, bem diferentes das capas dos romances de época publicados no Brasil,
então pode acabar ganhando destaque na livraria, apesar de eu ainda preferir as
fotos de pessoas com roupas de época, porém isso é um gosto pessoal. O texto
está bem diagramado com fonte e espaçamentos em tamanhos confortáveis para a
leitura, além do mais a edição impressa conta com páginas amarelas.
Para aqueles
que curtem um delicioso romance de época e também adoram contos de fadas, por
que não escolher uma junção dos dois? Eloisa James adaptou “Cinderela” de um
jeito bem diferente, mas não menos encantador, e eu recomendo bastante!
Avaliação
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