Cheiro de Tempestade - O Mundo de Quatuorian #01 - Cristina Pezel


Se eu pudesse dar uma dica aos autores de fantasia, sejam eles nacionais ou internacionais, seria não cite Tolkien, não deixem que o citem no prefácio, pois isso pode se voltar contra você, já que ele é o mestre, e tudo depois dele tem que ser muito bom, para ser apenas bom rs! Dicas a parte, a fantasia que acabei de terminar foi Cheiro de Tempestade, primeiro volume da série O Mundo de Quatuorian, escrito pela brasileira Cristina Pezel, e publicado pela Editora Mundo Uno.

Teriva nascia enquanto em uma arena de batalha seu pai morria, a morte deste marcou o início da ascensão do mal em uma terra onde a paz e o equilíbrio reinava. Aos poucos o menino se torna um adolescente, e seus poderes desabrocham, ao lado de outros jovens, eles parecem fazer parte de uma profecia que vai se realizar em tempo sombrios.

Se eu disser a vocês que o livro não tem uma sinopse em sua edição vocês acreditam? Criei a minha a partir de um ponto da trama que achei principal, mas na sua aba as informações não trazem uma sinopse propriamente dita, menos ainda na parte traseiro do livro. E devo acrescentar que foi um pouco complicado de fazê-la porque o livro é bem confuso.

E quando digo confuso não me refiro a palavras usadas ou quanto ao conteúdo trabalhado (é uma fantasia, e se atem a isso), mas sim a escolha de fatos narrada e sua ordem. Inicialmente eu achava que nosso protagonista seria Teriva de Khor, que desde o início do livro tem sua estória contada a partir da morte do pai. Mas junta-se a ele a estória do vilão, Vorten Mibos que está criando um plano que sabe-se lá qual para algo que deduzimos ser acabar com a paz, já que ele nunca fica muito claro, apenas o que sabemos é que ele é mal e não tem escrúpulos para alcançar o que deseja. Gostaria de saber suas motivações, porque ele é como é ou porque deseja o mal de todos.

Durante dois terços do livro segue-se estes dois pontos da estória, tendo como codjuvante dois amigos de Teriva, Vinich de Gharn e Julenis. Nenhum destes tem suas personalidades aprofundadas. Os capítulos passam os anos de desenvolvimento destes, passando por seus estudos e rituais de transição, mas sem se focar ou aprofundar em nada.

Em determinado momento eles entram em uma escola para aprimorar seus poderes, e aí o livro ganha um ar infanto-juvenil que acaba reforçado pelas ilustrações de personagens que surgem pelo livro (as ilustrações são legais devo dizer). Mas nada de aprofundado, não acompanhamos o dia a dia, é tudo passageiro.

E na reta final do livro 'conhecemos' o plano de Vorten, na verdade mais sabemos do resultado dele, do que de fato o conhecemos. E aí Teriva que passou páginas e mais páginas mostrando sua vida termina onde? No nada! Sim não há um desfecho para o personagem que eu acreditava ser um ponto importante, se eu disser a vocês onde ele termina o livro você não terá spoiler algum!

E depois de tantos parágrafos tentando me fazer clara talvez você me pergunte, afinal o que a estória quer contar? A impressão que eu tenho é que a autora tinha em mente uma estória, mas não um mundo, e inspirada em O Senhor dos Anéis (que é citado no prefácio como obra similar ao que a autora pretende, e por favor esqueçam isso!) quis criar um mundo novo, mas morreu na praia. Porque criar um mundo requer literalmente a criação dele, como se o escritor brincasse e deus, e se esmerasse em todos os detalhes. E quando um mundo é criado e apresentado a outra pessoa você deve se ater a apresentá-lo.
A figura de Deus não nos é apresentada, menos ainda como a crença no mesmo se dá. Sabemos que existe uma profecia, mas ela nunca é explicada direito, e apenas migalhas são jogadas ao chão. A estrutura de mundo é apenas dita, existe isso, aquilo e pronto. Não sabemos que classes de seres existem, e assim quem esperar esbarrar. Os poderes que os humanos têm também tem nomes mas não são explorados.

Outro ponto que me incomodou muito é que os personagens tem poderes, alguns deles surgem como novos em determinado ponto, e temos que engolir. Acho que ela poderia ter mostrado estes poderes acontecendo em alguma cena deles sozinhos ou em diálogos como familiares. Eles surgem, eles dizem que foram escondidos por ordem dos pais e pronto, logo não foi bem explorado.

Eu juro que entrei com boa vontade na leitura, mas ao meu ver faltou foco, ou ela se propunha em ter como protagonista este universo sem focar em personagens, ou ela escolhia um como Teriva e detalhava tudo. Talvez o que tenha faltado é amadurecer a estória, e estruturá-la em um diagrama antes escrever de fato. Existem ideias boas e interessantes no livro, e algumas delas até originais, mas infelizmente não gostei da forma como a autora as trabalhou, sem nos dar quase informações sobre o mundo que criou e suas leis.

Cheiro de Tempestade infelizmente é uma colcha de retalhos, e não é com felicidade que digo isso, porque quem me acompanha sabe quanto gosto de boas fantasias, ainda mais as nacionais. Não funcionou para mim, talvez pessoas menos exigentes ou com menos alta fantasia em mente vejam diferente.

Avaliação







Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário