Vida e Morte - Stephenie Meyer

Essa resenha vai começar um pouco diferente, já que vou relembrar de uma série que me viciou muito há aproximadamente sete anos. Eu confesso que não li “Crepúsculo” assim que o livro foi lançado, mas, sim, na época do lançamento do filme “Twilight”. E, após ler a primeira obra literária, engatei no segundo e terceiro volumes de uma vez só (o quarto ainda não havia sido lançado). Foi um vicio tão grande, que nem mesmo consegui esperar o lançamento do último volume, “Amanhecer”, me antecipei e li no computador antes do lançamento brasileiro (e olha que acho isso extremamente incômodo, principalmente por conta da vista, e porque a internet sempre atrapalha, me distraindo, mas o vício era tão grande que todos estes “empecilhos” pareceram pequenos demais e eu não aguentei esperar e li correndo). Então, posso me considerar uma fã de carteirinha.
Agora, para comemorar o aniversário de dez anos da publicação do primeiro volume de “Crepúsculo”, desta saga tão amada mundialmente, Stephenie Meyer resolveu reescrever a história, só que invertendo o gênero dos personagens principais, e trazendo para a gente uma nova versão para nos relembrar desta tão adorada história.
Aqui no Brasil, a Intrínseca publicou uma edição especial contendo os livros “Crepúsculo” e “Vida e Morte” num mesmo exemplar físico no formato vira-vira, ou seja, cada lado tem um livro, e foi este que li. Logo no início deste volume, temos uma carta da autora que explica o motivo de ter escrito este livro e é sempre bem interessante saber sobre tudo o que se passou na cabeça dela ao reinventar esta história.
Em “Vida e Morte” conhecemos a história de Beau, um jovem de apenas dezessete anos que acabou amadurecendo cedo, já que ficou com muitas responsabilidades, uma vez que sua mãe Reneé sempre foi meio atrapalhada. Como Reneé se casou de novo, Beau quis dar um pouco de espaço para a mãe, e foi morar com o seu pai Charlie em Forks, e é aí que sua vida muda completamente.
Ele nunca gostou muito de Forks e também nunca foi muito ligado a Charles, mas para sua surpresa, a cidade estava sendo legal para o garoto, já que seu pai lhe deu um carro como presente de boas-vindas e ele também acabou fazendo amizades no colégio e até mesmo havia meninas interessadas nele. Mas o que realmente mudou a sua vida foi quando Beau viu a bela Edythe pela primeira vez.
Beau é um menino alto e desengonçado, que tem um grande coração e que é muito fofo, adorei acompanhá-lo nesta aventura e conhecer mais sobre ele. E me diverti bastante em ver como a autora adaptou as cenas para a mudança de sexo.
Edythe é uma vampira linda e de traços finos que conseguiu arrebatar o coração de nosso protagonista e fazê-lo ficar obcecado por ela. Claro que ela também se apaixona por ele e o salva de vários perigos. No início, achei que algumas de suas atitudes e falas estavam um pouco forçadas, mas depois fui me apaixonando por esse casal como pelo original e vi que esta foi a melhor forma que a autora poderia ter escrito este especial, nos trazendo um livro incrível.
O final é diferente do original, fazendo com que a gente sinta quase como se fosse um final alternativo. Ele não abre brechas nem espaços para um segundo volume, então não devemos esperar por uma continuação. Mas a história em si é uma releitura, então, se você está esperando algo muito inédito, não vai curtir tanto.
Achei bem legal Stephenie mudar o gênero dos personagens, não apenas dos protagonistas, mas, sim, da maioria deles (salvo algumas exceções que ela explica no começo do exemplar, no prefácio) isso acabou abrindo nossa cabeça para uma história igual, mas diferente ao mesmo tempo. Foi realmente encantador ver como Beau passou a viver em Forks, assim como Edythe e os outros personagens.
Acabei sentindo falta de alguns traços dos personagens originais, mas acho que é porque sou bem apegada a eles. Gostei bastante da versão masculina da Alice, que me agradou muito, assim como a original. Para quem achava que Bella era uma típica donzela em perigo, vai perceber que isso estava mais na cabeça do que realmente no personagem em si, como Stephenie explicou no início do livro.
A narrativa é rápida, fluida e envolvente e nos faz relembrar de uma história tão amada por muitos. Gostei imensamente de como a autora conduziu o enredo e fez essas mudanças. O livro foi narrado em primeira pessoa pelo ponto de vista de Beau, o que foi bem legal, já que assim nós conseguimos entender melhor os seus sentimentos e tudo pelo que ele estava passando.
Para quem, assim como eu, estava torcendo para Stephenie escrever “Midnight Sun”, versão da história narrada por Edward, para comemorar o aniversário, ainda não foi desta vez. A autora sabe que os fãs querem e torcem por isso (sua mãe é a maior entusiasta), só que ainda não há previsão de que ela vai fazê-la, porém também não houve nenhuma informação de que ela não vai escrevê-la, então nos resta ficar torcendo mais um pouco.
Como comentei mais acima, a versão que tenho em mãos é a Edição Especial de Aniversário de 10 Anos, ou seja, de um lado há a capa original de “Crepúsculo” e do outro lado a de “Vida e Morte”, que segue o padrão da anterior e também de toda a série, e eu absolutamente a adorei! A diagramação é a mesma nos dois volumes, com a fonte do texto não muito grande, mas muito bem espaçada, além de contar com folhas amarelas.
Se você, assim como eu, é fã de Crepúsculo, não pode deixar de ler esta obra que foi como um presente para nós, leitores, pelos seus dez anos. Foi muito bom me apaixonar por este novo casal e poder ficar torcendo por ele, assim como relembrar de Forks, que já me trouxe tantas boas memórias. Recomendo demais este livro! E, caso você ainda não tenha lido nem a versão original, não perca tempo e faça logo esta leitura.
Avaliação



Lançamentos de Dezembro da Harlequin


Oii, gente! Como vocês estão? Fim de ano se aproxima e a Harlequin está lançando vários romances lindos que estou ansiosa para conferir. E vocês, o que acharam? :D

Um Lugar Para o Desejo - Irmãos Devaney #05 - Sherryl Woods
Dessa vez, é para sempre!
Quando uma adolescente fugitiva surge na taverna de Molly Creighton, o advogado Daniel Devaney precisa investigar o caso… E, ao mesmo tempo, confrontar seu passado mal resolvido com Molly. Anos atrás, uma perda trágica pôs um fim ao relacionamento entre os dois. Porém, Daniel está pronto para recomeçar do zero. Afinal, a atração intensa não fora soterrada pelo tempo. Ainda que Molly tenha receio de arriscar seu coração novamente, Daniel não só provará que é o homem certo para ela, como também realizará um de seus maiores desejos: formar uma família.
Cativa do Guerreiro - Denise Lynn
Um casamento forjado na vingança e no desejo!
Isabella de Warehaven é perfeita para a vingança que Richard de Dunstan planeja. E agora que ele a tem sob seu domínio nada poderá impedi-lo de realizar seu ardil. Usando Isabella como isca, ele pretende atrair o prometido dela – o assassino Glenforde – de volta à cena do crime. Quando o rigoroso inverno aprisiona Isabella na fortaleza de Richard, ela não tem escolha a não ser aceitar se tornar a esposa dele. Incapaz de negar a perigosa atração que sente por Richard, Isabella conseguirá salvar a alma atormentada de um guerreiro implacável?

Desafio - Lori Foster
Ela pensava em uma boa causa. Ele, em uma boa conquista.
Amanda Barker precisava convencer Josh Marshall a posar para seu calendário. Dono de um corpo perfeito e com reputação de conquistador, ele seria um sucesso de vendas. Contudo, Josh não parecia convencido a participar do projeto beneficente… E ele não jogava limpo! Como bombeiro, Josh conhecia muito bem o ditado “onde há fumaça, há fogo”, e o jeito ousado de Amanda era indício de um incêndio incontrolável! Ela não aceitaria outra resposta além de “sim”. Para sua surpresa, Josh estava totalmente disposto a cooperar, desde que Amanda aceitasse seu desafio…
Corações Entrelaçados - Scarlet Wilson
A vida pode dar uma guinada em um piscar de olhos...
Um Presente Inesquecível
Depois um ano difícil, as luzes de Manhattan ficam ainda mais irresistíveis para a britânica Carrie McKenzie. Contudo, por mais que tentasse, não conseguia tirar um sorriso sequer de seu atraente vizinho… Até um bebê ser abandonado à sua porta! O policial Dan Cooper tem a obrigação de proteger os indefesos. E com Carrie passando por uma situação tão inusitada, ele sabe que precisa resgatá-la. Porém, ela logo se transforma em uma deliciosa distração. Não apenas por sua beleza, mas também pela dor que transparece quando olha para a criança.
A Herdeira do Castelo
Quando o homem que considerava um pai falece, é obrigação de Callan McGregor organizar a herança. Para ajudá-lo, ele contrata a advogada supercompetente Laurie Jenkins. Mesmo ela fazendo a pulsação do controlado Callan acelerar, este relacionamento não poderia ser nada além de negócios. Contudo, a personalidade enérgica de Laurie abala as estruturas do implacável magnata. E, desta vez, ele está determinado a não virar as costas para a felicidade.


A Filha do Sangue - Joias Negras #01 - Anne Bishop

Pegue seu coração, suas aflições e seu conforto jogue pela janela quando ler A Filha do Sangue (primeiro volume da trilogia das joias negras), da autora Anne Bishop, publicado pela Saída de Emergência. Neste livro Bishop nos apresenta a história de Jaenelle, uma jovem que desperta em quem a conhece a esperança de ter encontrado a Feiticeira que tem mais poder do que todos ao seu redor e que é aguardada como rainha.

Entretanto ela é muito jovem e tem muito a aprender antes de revindicar seu lugar. Com tanto poder e pouco preparo ela torna-se vulnerável aos inimigos, mas três homens ligados pelo sangue irão vencer suas diferenças para proteger sua rainha. Quem vencerá esse jogo de política e magia? Os mais fortes ou mais espertos?

Anne conseguiu criar uma mitologia única, embora ela use demônios e feiticeiras, estas criaturas não aparecem como nas demais obras onde são personagens, aqui eles têm história, estrutura e políticas próprias. Tanto é diferente do normal que o tempo para compreender a estrutura deste universo é muito demorado. Durante todo o livro nos é apresentado dados novos sobre como tudo funciona. Basicamente podemos dizer que temos dois universos, o dos vivos onde Jaenelle mora, e o dos mortos chefiado pelo Senhor Supremo do Inferno, Saetan, e entre estes uma diversidade de possibilidades de dimensões.


 A narrativa tem seu início já na ação, não há uma apresentação, e em nenhum momento uma parada para maiores explicações. É sentar no trem, e aos poucos ir juntando os pedaços para compreender a trama. A empatia com os personagens e universo é bem rápida, e logo você se vê torcendo por essa jovem feiticeira.

Jaenelle é uma alma antiga, mas sua memória quanto a quem é e o que veio fazer não é desperta, ao contrário ela acha que é bem ruim na arte. Consegue executar tarefas quase impossíveis para praticantes da arte treinados, ao mesmo tempo em que não faz as primeiras lições aprendidas. É muito única e peculiar, o que dificulta a ajuda dos que a cercam, e também cria de uma solidão de não ser compreendida pela família. Embora sofra muito com as pessoas que a cercam ela é uma garota doce e que gosta de fazer muitos amigos, sem preconceito, e sem se dar conta do perigo que se coloca.

Saetan é o chefe do inferno, mas honestamente o achei um fofo! A garota consegue despertar nele todo seu lado emocional, e ele se vê fazendo coisas que desconhecia. Ciumento e possessivo tem que aprender a dividir as atenções de Jaenelle com todos que o cercam, e esse é um dos seus muitos desafios com ela. Ele também tem que treiná-la, mas esta tarefa não parece ser das mais fáceis.

Daemon é um escravo do prazer, serve as feiticeiras, mas ao contrário do que se imagina é dono de uma personalidade explosiva e profunda. Sente dentro de si que sua consorte está próxima, e quando a descobre não mede esforços para protegê-la. É conhecido como sádico, e de fato é muito quando está com as mulheres que se aproveitam dele, mas quando o assunto é Jaenelle, ele consegue vencer a frieza e as amarguras que guarda dentro de si. É filho de Saetan, mas vai descobrir sua relação com este aos poucos.

Lucivar é  meio irmão de Daemon, é chamado de mestiço, possui asas e também é um escravo. Dono de muita rebeldia e raiva não surge tanto na história quanto seu irmão, e embora estes se tratem com palavras rudes na hora do aperto se ajudam.

Ao mesmo tempo que explora universos paralelos, criaturas míticas, e o inferno, a autora trabalha com a trama política dos feiticeiros e suas pedras. É um sistema bastante complexo que não ouso explorar. Mas soa engraçado que dentro de um universo fantástico entre os vivos eles encarem com ceticismo tudo que no inferno se esconde.


A trama trabalha ainda cenas fortes, primeiro do que acontece quando um escravo é raspado, e depois detalhes da descoberta da história de vida de Jaenelle. Estômagos fracos podem sofrer, a cada página nestes trechos eu me via pensando- não ela não está escrevendo isso!. A frieza impera entre os feiticeiros, logo os atos são feitos de forma prática, suas emoções são direcionados ao sexo que é fator muito importante entres eles (já que eles tem diversos homens trabalhando como escravos, e casas da lua vermelha com prostitutas).

A Filha do Sangue é, sem ironia, sangue nos olhos. Uma história tão sombria que o inferno parece mais agradável de se estar do que entre os vivos de Terreille. Pegue seu acento, afivele seu cinto e prepare seu baldinho, porque aqui a verdade é dolorida e sangrenta!

Avaliação






Troca de Mensagens Entre Sherlock e Watson - Mallory Ortberg

Imagina se seus personagens favoritos pudessem trocar mensagens de texto e você arrumasse um jeitinho de dar uma espiadinha nelas? Ver o que falam sobre as situações que viveram ou o que estão sentindo no âmago de seus seres? Seria para lá de divertido, não é mesmo? E se eu te dissesse que agora você realmente pode fazer isso?
É essa a proposta do livro “Troca de Mensagens Entre Sherlock e Watson e Outras Conversas dos Nossos Personagens Favoritos da Literatura”. A autora consegue adentrar na mente dos personagens mais icônicos de todos os tempos, indo de “Dom Quixote” e “Rei Lear”, passando por “Orgulho e Preconceito”, “Moby Dick”, “O Morro dos Ventos Uivantes”, Agatha Christie, “O Grande Gatsby”, “O Pequeno Príncipe” e chegando até os dias atuais com “Jogos Vorazes”, “Harry Potter”, e nos mostra os diálogos entre eles.
A primeira vez que descobri a existência deste livro foi quando o Grupo Editorial Record mostrou sua edição impressa pelo Snapchat, pois a mesma tinha acabado de chegar da gráfica. Uma obra com este título logo me chamou a atenção, somado a esta capa mega fofa e ainda a proposta do enredo, eu sabia que precisava tê-lo em mãos o quanto antes. É claro que dentre as opções do mês para resenha em que ele estava, eu não poderia ter escolhido outro. E, assim que tive meu exemplar em mãos, não aguentei e peguei para ler no mesmo dia.
Mas, às vezes, a gente vai com tanta sede ao pote que acabamos nos decepcionando com o conteúdo do mesmo, e foi isso o que aconteceu aqui. A ideia de podermos ler mensagens de texto de personagens icônicos da literatura é ótima e atraente, mas a autora não foi feliz no desenvolvimento do mesmo.
Neste exemplar encontramos, em sua maioria, histórias clássicas, mas também algumas mais recentes que fizeram muito sucesso, e se divide em quatro partes, sendo que em cada uma dela as obras citadas são de uma época diferente, então você segue os diálogos conforme a cronologia de publicação.
Só que você precisa ter lido elas e conhecê-las bem para poder entender as conversas, as piadas, as brincadeiras e referências encontradas em cada bate-papo. Como eu não li a maior parte das obras citadas, fiquei boiando no que estava lendo, e admito que até várias nas que eu já li ou já conhecia por algum outro motivo, não foram tão explicativas assim e eu fiquei sem entender.
O que eu considero ser o erro deste volume é que não há explicações de nada, nem um resumo do livro em questão que está sendo apresentado naquele momento, nem mesmo uma explicação sobre os personagens que estão trocando mensagens ou sobre o que os conteúdos das mesmas. Para fazer sentido, pelo menos uma destas coisas deveriam ter sido feitas, mesmo que de maneira breve. Quem não tivesse a necessidade de buscar um background para elas, podia simplesmente pular as explicações, mas pelo menos todos os leitores que não têm bases para entendimento poderiam compreender o sentido do que estava sendo dito.
O pior é que, mesmo sem conseguir captar a maioria das mensagens, eu continuava lendo para ver se encontraria algo do qual eu conseguisse associar com mais facilidade e li o exemplar inteirinho! Hahaha Isso aconteceu porque a linguagem da autora é bem leve, direta e informal, como sms geralmente são, e porque a quantidade de texto é bem pequena, então a gente termina a última página pouquíssimo tempo depois de iniciada a primeira.
Não vou dizer que este é um livro totalmente ruim, porque tenho certeza de que as pessoas que leram as obras citadas podem acabar se divertindo bastante com tudo o que vão encontrar no caminho, mas não funcionou para mim de maneira nenhuma e com certeza não vai ser útil para grande parte das pessoas que eu conheço também.
Acredito que talvez o público em geral que mais vai ter sucesso seja o lá de fora, que utiliza a grande maioria destes clássicos para estudar literatura em colégios ou faculdades, o que não ocorre com a mesma frequência no Brasil. Claro que muitos leitores nacionais têm o hábito e até gostam deste tipo de literatura e com certeza vão entender tudo o que forem ler e podem adorar também, só estou dizendo que acho que o público é mais reduzido.
Uma curiosidade que achei interessante citar é que no exterior o título do livro é “Texts from Jane Eyre and Other Conversations with your Favorite Literary Characters”, mas talvez a personagem aqui no Brasil seja menos reconhecida do que Sherlock e Watson e, por isso, a editora optou por colocá-los como destaque.
O que posso dizer de mais positivo sobre esta edição é que a versão impressa é simplesmente maravilhosa! A capa é um verdadeiro primor e fiquei apaixonada desde o primeiro momento em que pus meus olhos nela, já que além do iPhone ali com o título, também há diversos títulos de obras que encontramos nas páginas, além de pequenas ilustrações com referências a várias delas. Na contracapa da frente aparece o Sherlock, enquanto na de trás o Watson, em silhuetas ilustradas com o fundo na cor verde. O único ponto negativo é que não possui orelhas.
O miolo também é cheio de particularidades lindas. Como este é um livro de mensagens de texto, todas as páginas possuem aqueles quadrinhos tão famosos nos nossos smartphones, e ainda há muitas ilustrações espalhadas pelo caminho, algumas pequeninas outras ocupando folhas inteiras e também detalhes gráficos, todos combinando com a obra citada no momento. E as folhas são brancas e com boa qualidade de impressão.
“Troca de Mensagens Entre Sherlock e Watson e Outras Conversas dos Nossos Personagens Favoritos da Literatura” é um livro interessante para quem tem intimidade com as obras citadas aqui, já que o leitor poderá compreender os diálogos entre os personagens e se divertir no processo. Aos que não conhecem, não leram ou não possuem familiaridade com as minúcias do enredo, não acho que seja uma boa indicação, pois, como eu, não vão entender boa parte do que vão encontrar por estas páginas.


Os Bons Segredos – Sarah Dessen

Sydney nunca foi a filha preferida ou a que ganhou mais destaque na família, este papel era de seu irmão mais velho, Peyton. Crescendo à sombra dele, ela sempre se sentiu meio invisível, levando uma vida certinha, sem fugir às regras e sem fazer qualquer coisa que seus pais pudessem recriminar, ela era a filha perfeita, vivendo no mundo perfeito.
Até que tudo muda, Peyton sempre se envolveu com problemas e até bebidas, e um dia, em um acidente estando bêbado ao volante, ele atropela um garoto, que fica paraplégico. Toda a vida da família muda neste instante e o rapaz vai preso. Mesmo sendo o grande responsável por provocar aquilo, seus pais sempre o consideraram como a vítima, principalmente a mãe, que fazia de tudo por ele, para que se sentisse bem, já que não se conformava com o destino terrível do filho.
A filha mais nova, não aguentando mais viver sob os holofotes do que seu irmão fez e querendo mudar um pouco sua vida, decide trocar de colégio. No começo as coisas não são muito favoráveis, afinal é difícil começar do nada em um local novo sozinha, mas tudo está prestes a mudar. Sydney um dia vai a uma pizzaria depois das aulas para evitar voltar para casa e para sua realidade. E é lá que conhece a extrovertida e simpática Layla, filha do dono do restaurante. A amizade entre as duas começa e se fortalece rapidamente, fazendo com que nossa protagonista se sinta confiante para lhe contar todos os seus segredos, aqueles que mais ninguém jamais soube antes, pois nunca saíram de sua cabeça e se transformaram em palavras faladas.
Layla logo leva sua nova melhor amiga para conhecer sua família, que a aceitam como se tivesse feito parte daquilo a sua vida inteira. É lá que ela vai se sentir acolhida e amada, diferente de tudo o que vivenciou até então, onde começa a entregar pizzas, uma atividade da qual percebe que gosta muito, e também onde conhece o único que a enxergou verdadeiramente, Mac. Agora a garota passa a notar que finalmente pôde tomar as rédeas de sua própria vida.
“Mas não foi só a companhia de Mac que me fez gostar das entregas. [...] fiquei intrigada com aquilo. Havia algo que me fascinava na ideia de ir na casa de gente estranha, de espiar outros lugares e as pessoas que moravam ali. Talvez porque sentia que minha família era observada o tempo todo por pessoas de fora. Era legal poder estar do outro lado.”
Eu amo Sarah Dessen, que já se tornou uma das minhas autoras preferidas da vida, todas as suas obras que li me encantaram e me tocaram de alguma forma e com esta não foi diferente. Inclusive ela é considerada uma das melhores escritoras de livros do gênero jovem adulto existentes no mundo e, para mim, sua fama faz jus ao seu talento.
A autora sabe como apresentar problemas mais sérios de uma forma bem leve, e acho isso fantástico, pois os leitores mais jovens podem se identificar e ainda encontrar uma forma de sair da escuridão, sem ficar totalmente depressivos ou algo tão ruim quanto. É como se ela estivesse aconselhando-os de uma maneira sutil, fazendo com que não se sintam os únicos a terem problemas semelhantes. Considero esta a melhor forma de conversar com os jovens, porque não choca, mas mostra que todos temos problemas e podemos sair deles sem que nossos mundos desabem completamente.
“– Sim, mas também é um lembrete. [...]
[...] – Agora continuo a usar para não esquecer o que perdi.
Era estranho ouvir isso. Estava acostumada ao contrário: ausência como sinônimo de dor.”
Sydney é uma protagonista carismática, que enfrenta várias situações de cabeça erguida, apesar de não revelar a ninguém de fora o que realmente passa dentro de si. Mas nós, como leitores, podemos conhecê-la a fundo devido a narrativa ser em primeira pessoa, o que nos aproxima ainda mais dela e nos faz desejar que tenha um final mais do que feliz, porque ela realmente merece depois de tudo que teve que enfrentar ao longo do caminho.
Também gostei bastante de conhecer sua nova melhor amiga, Layla, que a acolheu e a apoiou de uma maneira incrível. Foi muito bonito ver a amizade das duas nascendo e se fortalecendo, e gostei de como a mesma foi explorada. Todos os personagens criados pela autora possuem suas personalidades bem definidas, com qualidades e defeitos bem trabalhados, como um ser humano de verdade, e isso é o mais bacana em suas histórias.
Eu gosto muito de romances e considero que o deste livro acabou sendo deixado muito de lado. Não estou dizendo que algum dos livros de Dessen foque mais o relacionamento amoroso da protagonista (pelo menos isso não aconteceu em nenhum dos cinco que li), mas acho que este ficou tão sutil que não consegui sentir muito pelo casal, não deu tempo de torcer de verdade ou de me envolver com o que eles estavam vivenciando, infelizmente. Para quem gosta de livros que tenha o romance como segundo plano, esta é uma ótima opção.
Acima de tudo o livro fala sobre relacionamentos e confiança e gostei muito de como ambas as coisas foram trabalhadas e muito bem desenvolvidas. Há todo um contraste com relação a família de Sydney e a de Layla. As duas têm bases familiares bem diversificadas, de um lado uma mãe totalmente preocupada com um filho, fazendo de tudo por ele mesmo quando o mesmo deseja distância e deixando de lado a outra filha, como se ela fosse um nada, sem problemas, sem preocupações e só com o objetivo de estudar e ser perfeita. Sobre o pai nem há muito o que comentar, já que ele e nada são exatamente a mesma coisa, ele não se impõe, não ajuda a filha, não levanta a voz, não presta atenção ao seu redor, etc. Enquanto no outro lado, há uma família unida, divertida, que não deixa os problemas suplantarem os bons momentos, onde os filhos são igualmente tratados e também cuidam de sua mãe com muito amor e carinho, eles vivem em um ambiente menor e com menos condições monetárias, mas muito mais acolhedor, preocupado com o bem estar do próximo, incluindo gente de fora, como a própria Sydney.
“Dá para ver todas essas pessoas em lugares diferentes. São como pequenos retratos em tempo real do mundo inteiro.”
Uma coisa que me incomodou muito na Sydney é que ela era passiva demais. A menina ficava chateada com algumas situações, queria se rebelar ou mostrar que era diferente do irmão, que merecia mais confiança, etc., mas chegava na hora ideal e sempre voltava atrás, deixava de se impor, aceitava tudo de cabeça baixa. Não teria me irritado tanto se por acaso além de termos visto seu amadurecimento ao longo das páginas, no final ela se rebelasse e dissesse o que realmente sentia e pensava, mas nada disso aconteceu. O máximo de ação que teve neste sentido foi quando o livro estava se aproximando do fim e ela agiu de uma maneira mais interessante, mas só depois de algo terrível quase ter acontecido a ela e numa situação de extrema importância e, mesmo assim, só foi uma ação bem fraca de sua parte, que ainda teve uma justificativa sensata, e nada de grandes revelações sobre tudo o que estava sentindo.
Até teve uma cena, próxima a este acontecimento, que poderia ter sido desenvolvida mostrando uma conversa entre mãe e filha, já que a gente, como leitores, acabamos esperando que isso aconteça o livro inteiro. Mas Sarah optou por não escrever este papo, somente citar que ele aconteceu, e isso me incomodou muito porque eu queria ver a exploração desta liberdade e expressão de sentimentos e isso não ocorreu de fato.
Eu senti como se ela tivesse moldando a personagem e seu amadurecimento em todas aquelas páginas e situações que vivenciou até então, bem devagar, bem detalhado, para chegar na hora e simplesmente desistir de ir por este caminho de exploração da cena porque a obra já estava longa demais e não daria tempo de expor tudo em poucas palavras. Ou seja, vários ganchos foram sendo deixados pelo caminho, mas na hora de juntar todos para serem transformados num desfecho arrebatador, ela desistiu. E eu realmente queria que pelo menos tivesse uma tentativa.
“Pelo que eu estava aprendendo, ninguém era cem por cento ruim. Mesmo a pior das pessoas em algum momento teve alguém que a amasse.”
A escrita de Sarah é muito, muito gostosa, e ela sabe nos inserir no mundo que criou de uma maneira bem feita e envolvente. Além disso, a forma como ela consegue trazer assuntos pertinentes e reais para as páginas faz com que tudo seja mais crível, como se conhecêssemos os personagens de verdade, e eles fossem de carne e osso, afinal. A gente conhece pessoas (mesmo que não tão próximas a nós) que passam por problemas semelhantes aos abordados na obra, ainda que todos os detalhes não sejam exatamente iguais, mas a forma como lidam com eles ou até os pontos secundários, e não a trama principal. Por exemplo, não necessariamente você vai conhecer alguém cujo irmão foi preso por algum crime, mas pode conhecer alguém cujos pais o comparam com outra pessoa e não o deixam fazer nada por conta desta comparação.
Este não foi o meu exemplar preferido escrito por Sarah, esta posição ainda é de “A Caminho do Verão”, mas eu gostei muito deste seu novo livro, que inclusive foi o último escrito pela autora, publicado lá fora em 2015 também. Amo suas obras, que são todas individuais, ou seja, sem continuações, apesar de ela gostar de fazer brincadeirinhas, e alguns personagens ou lugares fazem pequeninas participações em outros exemplares. E estou esperançosa de que, com o sucesso que esta está fazendo no Brasil, outras de suas histórias também sejam publicadas aqui.
Dessen é considerada a rainha dos YA contemporâneos e já escreveu doze romances mais alguns contos que saíram em antologias com outros autores, mas apenas cinco de seus livros foram publicados no Brasil (na ordem que foram escritos: "Aquele Verão", "Just Listen", "A Caminho do Verão" e "O que aconteceu com o Adeus?" – clique nos títulos para ler as resenhas), então, como comentei acima, estou na torcida para que a Editora Seguinte resolva trazer os demais sete títulos, não importa a ordem, e ainda uma edição com seus três contos (sonhar nunca é demais, né?! Hahaha).
 “Ninguém era capaz de saber o que viria adiante; o futuro era a única coisa que jamais poderia ser destruída, porque ainda não tivera a chance de existir.”
Não gostei do final, chegando a sentir raiva do mesmo. Toda a trama gira em torno de uma questão, ou seja, ela é a mais importante de todo o livro e é a responsável por fazer todo o resto acontecer, direta ou indiretamente. Só que ela não é resolvida. Eu poderia ter ficado satisfeita com o desfecho caso a autora tivesse optado por outro tipo de resolução em relação a ela, mas, não. Dessen decidiu colocar uma cena em andamento que tinha totalmente a ver com isso, nos enchendo completamente de expectativas para chegar na hora exata e... finalizar a história. Ou seja, deixou aquilo completamente em aberto. Esse tipo de final aberto para algo tão importante me irrita profundamente e fiquei com vontade de tacar o livro na parede. Eu realmente precisava saber o que ia acontecer depois daquela última frase, mas agora nunca vou saber, o que é muito chato e também triste.
Adoro esta capa, que representa uma parte bem importante da trama, e é extremamente mais bonita do que a original. A edição impressa conta com acabamento soft touch (aveludado), páginas amarelas e um marcador lindo preso na orelha de trás, que o leitor pode recortar para guardar. A diagramação é simples e muito confortável com uma fonte em tamanho grande e bons espaçamentos entre palavras e linhas.
Para aqueles leitores que curtem uma boa leitura do gênero jovem adulto que fala de assuntos mais complicados e intensos de uma forma leve sem perder a essência, com personagens carismáticos e muito bem desenvolvidos, uma pitada de romance e uma trama comovente, Sarah Dessen é uma opção mais do que certeira. E este livro, “Os Bons Segredos”, é uma graça e merece ser lido.
Avaliação



Manhã de Núpcias - Os Hathaways #04 - Lisa Kleypas

A família Hathaway estava passando por muitos problemas, pois o único filho homem, Leo, poderia perder o título de visconde de Ramsay, que foi herdado de um parente distante, e a propriedade na qual todos viviam há gerações, caso não se casasse e gerasse um herdeiro dentro de um ano. Como ele não tinha intenção alguma de casar até então, pois vivenciou uma situação muito terrível em seu passado com sua noiva, não sabia nem qual pretendente escolher num prazo tão curto. Mas, para não decepcionar sua família e deixá-los sem teto, ele resolve que vai se casar.
Catherine Marks é uma jovem de vinte e poucos anos, governanta da família Hathaway, muito bonita, inteligente, de personalidade forte, mas também totalmente rígida, reservada e com a aparência impecável, assim como seu modo de agir. E esconde um grande segredo.
Leo não gosta dela e a acha irritante e taciturna, a personificação de uma solteirona seca. E a recíproca é verdadeira, já que Cat gosta dele tanto quanto ele dela. Até que algumas coisas mudam e Leo começa a se interessar pela moça, passando a observá-la, ficando intrigado e buscando saber mais sobre ela e conhecê-la mais a fundo. De inimiga mortal passou a ser uma bela mulher a seus olhos. Depois, a ideia de se casar começa a ficar mais atraente.
Enquanto Cat, depois de ajudá-lo em uma situação, passa a se interessar mais pelo rapaz também. Em meio a brigas e discussões, uma centelha de atração bem forte surge entre eles. E onde há faísca há fogo, basta algo para fazer a combustão estourar. Com tantas brigas e opiniões diversas, será que os dois vão sucumbir à paixão que surge ou vão apagá-la para nunca mais ser acesa?
Este é o quarto volume da série “Os Hathaways”, mas eu não tinha lido nenhum dos anteriores. Como já tinha resenha deles aqui no blog: "Desejo à Meia-Noite", "Sedução ao Amanhecer" e "Tentação ao Pôr do Sol" (clique para conferi-las), resolvi começar por este, porque a história é independente e conhecemos Leo, um os irmãos, mais a fundo. E eu fiquei completamente apaixonada pela escrita de Lisa Kleypas e desejando ler tudo o que ela escreveu.
A narrativa é em terceira pessoa e acompanha os dois protagonistas, então vamos ter uma visão bem ampla de todos os acontecimentos, ao mesmo tempo em que conhecemos ambos mais a fundo. Os personagens são cativantes e carismáticos, e adorei poder acompanhá-los nestas quase trezentas páginas.
Leo é incrivelmente divertido, um romântico, espirituoso, brincalhão, sexy e determinado. Gostei muito dele, sua personalidade é cativante e envolvente. E seu romance com Catherine é perfeito, mesmo que os dois sejam totalmente opostos no jeito de ser.
A escrita de Kleypas é leve, envolvente, espirituosa, fluida e dinâmica, fazendo com que a leitura não seja nem um pouco cansativa, e isso é ótimo. Principalmente porque há cenas bem dramáticas, que precisam ser bem desenvolvidas para me conquistarem. E eu curti o equilíbrio que a autora tem na hora de colocar estas cenas com outras mais suaves.
Eu realmente amo romances históricos bem escritos, destes que são divertidos e leves, que nos encantam a todo momento, sejam novelas, séries, filmes ou livros. Então uma história do gênero tem que ser bem gostosa mesmo para eu poder adorá-la, o que aconteceu com este volume.
Como este exemplar tem começo, meio e fim, a autora soube fechar muito bem todas as pontas, então vamos descobrir o grande segredo de Cat junto com o Leo, o que a fez ser como é, tão rígida e fechada, vamos encontrar a resolução da problemática do casamento e da possível perda do título e da propriedade da família, que claro, vocês também precisam ler para saber o que aconteceu, e vamos saber mais sobre o passado sombrio dele, que o fez se tornar um libertino que fechou seu coração para o amor.
Pelo dinamismo da leitura, a gente se diverte e se emociona, mas as páginas logo têm fim, nos deixando com um gostinho de quero mais. Sorte que a série tem cinco livros, então ainda tem o quinto volume, “Paixão ao Entardecer”, para sabermos mais desta família tão amada. E o melhor é que ele também já foi publicado no Brasil.
A capa é linda e segue o padrão das anteriores, mas acho que acabou sendo minha preferida da série devido ao tom de roxo na mesma e ao vestido da moça, que é o mais bonito. A diagramação também é a mesma dos livros da Arqueiro, com fonte e espaçamentos confortáveis, mas os capítulos terminam e o próximo já começa na mesma página. As folhas são amarelas.
Convido todos vocês a lerem “Manhã de Núpcias” para também mergulharem neste incrível romance, com pitadas de humor, cenas mais intensas e comoventes, que nos levam da lágrima ao sorriso em alguns momentos, e muito amor! Recomendo muito, muito, muito!
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Vingança - Blood for Blood #01 - Catherine Doyle

Sophie vive na pequena Cedar Hill, onde quase nada diferente acontece, e trabalha no restaurante de sua família com sua melhor amiga, Millie, que por acaso é a única que se manteve ao seu lado depois que seu pai cometeu um crime terrível, pelo qual foi preso. Além disso, ele ainda mudou completamente a vida de sua filha, que começou a ser vista como uma pária, e tinha que aguentar viver sob as fofocas, acusações e olhares enviesados em sua direção.
Mas sua certeza de que o verão seria mais uma vez monótono e chato, acaba de ir por água abaixo, afinal uma família de italianos se muda para um casarão abandonado nas redondezas, e os cinco filhos são incrivelmente lindos. Um deles, Nic, começa a se interessar por Sophie, que logo retribui os sentimentos.
Só que esta família é muito mais misteriosa do que as aparências revelam e seus objetivos são cruéis e envolvem a família da própria Sophie, colocando a mesma e seus entes queridos em um grande perigo iminente. Em meio a perguntas sem respostas, segredos revelados, e dolorosas verdades sobre pessoas próximas a ela, Sophie precisará decidir onde está sua lealdade antes que seja tarde demais.
“– A vida é tão complexa que mal conseguimos ser a pessoa que deveríamos. Em vez disso, usamos máscaras e criamos barreiras para lidar com o medo e a rejeição, o arrependimento, a ideia de que alguém talvez não nos ame como somos em nossa essência, que alguém talvez não entenda nossas motivações. Quero estudar a verdade da vida, não a superfície.”
Achei a proposta desta trama muito diferente do que eu costumo ler em livros do gênero jovem adulto e isso foi uma das coisas que mais me chamou a atenção para a leitura. A capa linda e o título (adoro histórias de vingança! Hahaha) também contribuíram para isso, claro. E fico feliz de tê-lo feito, porque adorei a obra de Catherine Doyle!
Gostei bastante da narrativa da autora, que mistura pitadas de comédia, sarcasmo através dos comentários ácidos da protagonista, mistérios, intrigas, família, paixão, ação, suspense e, claro, vingança. Nos primeiros capítulos o ritmo é mais lento e as coisas demoram para acontecer, mas sempre paira aquele ar misterioso que nos faz querer continuar a leitura, esperando por mais.
Sua escrita é rápida e fluida, e consegue nos envolver de uma maneira tão boa que a gente não consegue largar o livro até encontrar algumas respostas. E, apesar de se tratar de uma trilogia, já neste primeiro volume descobrimos vários detalhes através de revelações surpreendentes, o que é muito bom, já que não nos sentimos enrolados, pois em vários livros de séries a gente só tem um conhecimento muito superficial das coisas no primeiro exemplar, que só serão desenvolvidas nas continuações, o que não aconteceu aqui. Claro que muita água ainda vai passar por baixo desta ponte e eu não vejo a hora de mergulhar nos próximos volumes para saber o desfecho disto tudo, o que eu espero poder fazer logo!
Sophie é uma personagem carismática, que gostei de conhecer. Acompanhar a história através de sua visão em primeira pessoa foi ótimo, pois nos deixou bem conectados a ela e a tudo o que estava vivenciando e também o seu amadurecimento e, para mim, este é um ponto bem positivo.
Só que ela era lenta em grande parte das vezes e, mesmo quando a gente já tinha entendido muita coisa que ainda não havia sido de fato revelada, a garota ainda não tinha compreendido o que estava bem de baixo do seu nariz. Claro que sabermos que este enredo tem a ver com máfia pode ter me aberto os olhos antes do tempo, mas mesmo assim acho que ela poderia ter tido um pouco mais de malícia. Mas tenho que admitir que algumas coisas ainda conseguiram me surpreender e eu não estava esperando por elas mesmo, o que foi ainda melhor.
“Tento encontrar as características que nem sempre se mostram à primeira vista – explicou ele. – As características que definem quem somos e como nos sentimos de verdade. Tento olhar sob a superfície.”
Uma coisa que me incomodou foi que, logo no começo do livro, quando Sophie passa a se interessar pelo belo e misterioso Nic, mesmo que todo mundo a mande ficar longe dele porque é perigoso, ela não escuta e fica indo atrás do garoto, de sua família e de respostas. A imprudência dela me irrita porque nem conhecia muito do rapaz, não podia sair confiando nele assim e muito menos deveria ficar perto mesmo com tantos avisos para manter distância.
Nic é fofo e faz um casal com ela adorável, mas acho muito pouco provável que seja com ele que ela fique até o final. Não posso comentar sobre a outra pessoa que faz parte deste quase triângulo amoroso porque seria um grande spoiler, mas sinto que a personagem tem uma tendência maior a ficar com ele, porque parece ter gostado mais deste ao meu ponto de vista. Só vou saber a resposta nas sequências, claro, mas eu prefiro que ela escolha este segundo também, tenho que confessar.
“Há beleza em toda parte; mesmo na escuridão há luz, e é a forma mais rara.”
Quando a trama se encaminha para o final deste volume, as coisas ficam bem agitadas e intensas, prendendo nosso fôlego e fazendo nosso coração palpitar com momentos de tensão bem aflorados, revelações surpreendentes e um ritmo frenético, não permitindo que nossos olhos desgrudem das páginas até terminar a última linha.
Eu simplesmente amo a capa que a Agir Now produziu para este exemplar! Assim que a vi, fiquei apaixonada e desejando ter o livro na minha coleção. A versão impressa conta com verniz localizado no título e no alvo apontando para o casal e páginas amarelas. A diagramação interna tem fonte e espaçamentos em tamanhos bastante confortáveis para uma leitura prazerosa, e em todo início de capítulo há um coração ilustrado, bem fofo.
“Vingança” é um livro ótimo, que com certeza merece ser lido por todos os leitores que gostem de obras do gênero jovem adulto, pois apresenta uma trama bem desenvolvida, com uma pitada de originalidade, romance, intrigas, muitas reviravoltas, tensão, mistério e máfia.
“– Deve ser difícil olhar por baixo da máscara – falei, sentindo o peito de repente apertado.
[...]
– É tão difícil quanto usar uma.
[...]
– Você acha que usa máscaras?
– Estou usando uma agora mesmo. – Valentino sorriu gentilmente. – Nós dois estamos.
– É um pensamento triste.
– Sim. Mas às vezes me pergunto qual seria a alternativa. Imagine se não tivéssemos segredos, nada a esconder da verdade. E se tudo fosse dito na hora que conhecêssemos uns aos outros?
[...]
– Seria terrível – concordei.”

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Momo e o Senhor do Tempo - Michael Ende

Eu sempre fui viciada em “A História sem Fim”, já que este foi um dos filmes preferidos da minha infância, e amava cada segundo dele, assistindo-o na fita cassete e pela TV inúmeras vezes. Então, quando vi que “Momo e o Senhor do Tempo” era escrito por Michael Ende, o mesmo autor de “A História sem Fim”, precisei desesperadamente começar a leitura. Agora venho compartilhar com vocês tudo o que achei deste livro publicado aqui no Brasil pela WMF Martins Fontes.
Neste volume conhecemos Momo, uma menina que mora em uma periferia de uma pequena vila e que é bem pobre, mas tem vários amigos que sempre cuidam dela, até porque ela é uma excelente ouvinte e ajuda as pessoas a descobrirem os seus problemas, pois escuta todo mundo tão bem, que todos acabam se abrindo e descobrindo soluções ao olharem para o seu interior.
Tudo estava indo bem na vida de Momo, até que os homens cinzentos surgiram, e eles fazem com que as pessoas não tenham mais tempo para nada, roubando o tempo dos outros e distraindo os indivíduos de olharem para dentro de si e ver o que realmente importa, fazendo com que todos os moradores da vila passem a não ter mais tempo para nada, e, assim, mudando a vida de todos. Momo agora tem a difícil tarefa de mostrar para todos os seus amigos e moradores da vila, que o tempo é precioso, e também relembra aos mesmos os valores importantes da vida.
Este é um livro ótimo e muito fofo, que nos faz refletir, criticando nosso cotidiano já que muitas vezes esquecemo-nos das coisas importantes, pois estamos envolvidos demais na correria do dia a dia, e inclusive nos tornamos pessoas mais irritadas pela falta de tempo.
A narrativa do autor é rápida, fluida e bastante gostosa, nos prendendo do início ao fim com uma história leve e descontraída, que nos faz refletir e pensar em nossas próprias atitudes. Este é um livro voltado para o público mais jovem, porém ele consegue agradar pessoas de todas as idades, sendo bem atemporal, já que este é um problema que existe até hoje e vai ainda continuar no futuro.
A capa da minha edição é esta do início do post, mas no Brasil alguns outros modelos também foram publicados. Eu gosto bastante dela e acho que combina perfeitamente com a história. A diagramação conta com bons espaçamentos, só que a fonte não é tão grande, mas até que não incomodou minha leitura. A parte de trás da capa é azul e tem ilustrações lindas com relógios, e as páginas são amarelas.
“...todos nós sabemos que uma hora às vezes parece uma eternidade e, outras vezes, passa como um relâmpago, dependendo do que acontece nessa hora. Tempo é vida. E a vida mora no coração.”
Recomendo este volume para todos os leitores que gostem de uma boa história, que nos mostra como uma menina bem simples e de roupas largas consegue mostrar a verdadeira importância da vida, abrindo o seu coração e escutando o seu eu interior, nos trazendo uma bela e bonita mensagem. “Momo e o Senhor do Tempo” com certeza vai agradar as pessoas de todas as idades, sendo uma leitura fofa e deliciosa, além de ter uma narrativa rápida, fluida e bastante envolvente. Estou apaixonada!
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O Visconde Que Me Amava - Os Bridgertons #02 - Julia Quinn

A família Sheffield não possui ótimas condições financeiras e não poderia arcar com as despesas de duas temporadas em Londres para as duas filhas debutarem. Portanto, elas juntaram dinheiro para que ambas aproveitassem a primeira temporada na mesma época. Decidiram que o ano em que iriam debutar seria 1814, quando a mais velha, Kate, estivesse com quase vinte e um anos e a mais nova, Edwina, com dezessete. Kate sabia que não teria grandes chances de conseguir um casamento, muito menos um bom, já que não era tão bonita quanto sua irmã, além de não ter dotes, e não saber se comportar exatamente como a alta sociedade gostava, com sorrisos falsos, delicadeza ou passos suaves. Já Edwina, que sempre chamava a atenção aonde fosse, era perfeita em todos estes aspectos, além de ser uma menina muito doce. Então seria bem fácil arrumar um casamento ótimo para ela, que tinha tantos pretendentes que poderia escolher seu preferido. Mas, para isso, ela decide que o rapaz precisará ser aprovado pela irmã mais velha, já que ela saberia encontrar alguém que valesse a pena e que lhe trataria bem.
Enquanto isso, um dos mais libertinos solteirões do pedaço resolve que este é o ano ideal para se casar. Anthony Bridgerton é um visconde e líder de uma família grande e unida, charmoso, extremamente bonito e, claro, muito rico. É o partido mais cobiçado por todas as moças e suas mães ambiciosas. Mas ele não vai se deixar impressionar, pois já tem um plano traçado em sua mente e já escolheu a candidata perfeita para formar uma família sem que corra o risco de se apaixonar, porque isso ele não vai admitir que aconteça de jeito nenhum.
Conforme descobre por seus irmãos, a candidata ideal para seus planos é justamente Edwina, a moça mais cobiçada da temporada. Para levá-la ao altar, ele precisará convencer Kate de que é o homem certo para sua irmã, mas isto não será nada fácil, visto que a mais velha das Sheffield não gosta dele por conta de sua fama de devasso, e tem certeza de que não seria um bom marido para Edwina.
“– Se o senhor está tentando conquistar a simpatia de minha irmã através de mim – respondeu Kate com frieza –, não está fazendo um bom trabalho.
– Sei disso – retrucou ele. – De fato, eu não deveria provocá-la. Não é muito inteligente de minha parte, não é? O problema, porém, é que simplesmente não consigo evitar. – Ele sorriu com um ar lascivo e fez um gesto de impotência com as mãos. – O que posso dizer? A senhorita desperta algo em mim, Srta. Sheffield.”
Mas, no meio do caminho, ao conhecer um pouco mais o visconde e passar um tempo maior com ele, Kate percebe que por trás de toda aquela fama há um homem honesto, gentil, que ama sua família, e que possui um grande caráter. Saber disso tudo faz com que ele acabe mexendo com a moça de uma forma que ela não pode controlar, mesmo que continue tentando, pois nunca teria chances contra a linda e maravilhosa Edwina.
O que Kate nunca poderia imaginar é que na verdade não é Edwina quem faz Anthony sonhar acordado e suar frio. Ela pode ser irritante, tirá-lo do sério e ser intrometida, mas a atração que cresce a cada dia o faz duvidar de seus princípios e de sua segurança. Agora, o visconde precisa decidir entre a razão e a emoção, mas não será nada fácil, principalmente levando em consideração que ele tem certeza de que não viverá por muito tempo e, portanto, não poderá amá-la o suficiente e a deixará desolada quando chegar sua hora.  
Tinha me esquecido de quão completamente fantástica é a escrita de Julia Quinn e agora fico me perguntando por que raios demorei tanto tempo para ler este livro?! Sério, que arrependimento! Eu amei, amei, amei este exemplar, tanto quanto amei o primeiro da série e não vejo a hora de ler os demais, o que, para minha sorte, não vai demorar a ocorrer, visto que no Brasil já foi lançado até o sexto volume e o sétimo tem previsão para o início do ano que vem.
A narrativa é em terceira pessoa e acompanha ora Anthony e ora Kate, de uma maneira bem próxima a eles, então vamos conhecê-los a fundo, com todos seus sentimentos, pensamentos e personalidades bem definidas. Os pontos de vista não são intercalados por capítulos, mas, sim, dentro de um mesmo capítulo, e a autora modifica quem é o foco o tempo inteiro. É uma forma bem bacana de contar uma história, além de muito dinâmica.
Ambos os protagonistas e também os demais personagens são muito espirituosos e divertidos, me peguei rindo em diversas ocasiões, e olha que é bem difícil eu rir com livros. As provocações, brincadeiras, fofocas, ameaças amigáveis, são ótimas e os diálogos bem construídos. Mas não é só de diversão que este exemplar é escrito e até as cenas mais sérias conseguem despertar sentimentos em nós, leitores, nos comovendo e nos deixando apaixonados.
Anthony não é aquele tipo de homem que eu já começo adorando, principalmente porque ele era libertino demais para o meu gosto, e também tinha um ego grande, mas ele foi me conquistando aos poucos e no final terminei adorando-o. Já Kate é uma pessoa que me agradou desde o primeiro instante, e adorei ver todo o seu cuidado e amor pela sua irmã mais nova, Edwina, porque eu me identifiquei bastante com a personagem neste quesito, visto que faria qualquer coisa pela minha irmã e a protegeria do que eu pudesse. A única coisa que me incomodou nela foi a quantidade de vezes que se sentia inferior à irmã e a sua beleza, porque sua autoestima era bem baixa e de vez em quando soava meio deprimente. E confesso que queria um livro protagonizado por Edwina, porque ela era uma parte importante deste volume, então queria vê-la se apaixonando e gostaria de conhecer o seu pretendente diretamente e não apenas por poucos segundos através de coisas que ela ou outra pessoa comentou brevemente neste.
A minha parte preferida foi o romance, porque a autora consegue construí-lo muito bem. Os personagens se conhecem e há uma atração, mas ela vai sendo desenvolvida, os sentimentos vão nascendo e depois se fortalecendo a cada momento, a cada virada de página, para ir se transformando em algo maior e mais intenso. E a melhor parte é que a gente sente junto com eles, nada ocorre de uma hora para a outra, e, enquanto ainda não aconteceu algo a mais, a gente torce para que fiquem juntos logo, mas gosta da sensação de expectativa para que tudo ocorra no momento certo, o que realmente acontece. É uma delícia poder acompanhar tudo isso, esses sentimentos, eles se conhecendo melhor e gostando de cada particularidade do outro, inclusive as partes ruins, e Julia sabe como nos manter envolvidos com o que estamos lendo de uma forma muito boa mesmo.
“Seria possível apaixonar-se pela mesma pessoa sempre, todos os dias?”
Eu não conseguia parar de ler! É sério, sempre que eu tinha um tempinho sobrando (ou não!) logo pegava o livro e voltava a mergulhar em suas páginas, sempre com um sorriso no rosto e aquela sensação muito agradável que sentimos quando estamos com uma obra da qual estamos amando tanto em mãos. Na resenha de "O Duque e Eu", já tinha comentado que tinha me tornado uma fã de Quinn, e agora este sentimento está muito mais enraizado. E, mesmo só tendo lido duas de suas obras, já a considero uma das minhas autoras preferidas, pois tenho certeza absoluta que ela não vai me decepcionar com seus demais exemplares.
O que eu mais gosto nas histórias da autora é que, apesar de não terem nada tão diferente do que podemos encontrar por aí, Julia mesmo assim consegue se destacar, fazendo com que sua trama seja única, especial, encantadora e envolvente, e entre para o coração de suas leitoras com uma facilidade incrível.
A série é composta por nove livros, sendo que os oito primeiros são sequenciais, mas com protagonistas próprios. Como todos são da mesma família e irmãos, vamos acompanhar e conhecer um pouco mais de cada um em todos os livros, mesmo nos que a pessoa em questão não é o foco, e ainda vamos saber um pouco do que aconteceu com aquele casal depois do término do livro dele, afinal os dois vão aparecer nos demais também. O último livro trata-se de um compilado de contos, com os epílogos estendidos de cada um dos oito volumes, ou seja, vamos saber ainda mais sobre o futuro dos casais e suas respectivas novas famílias (eba!) além de um conto sobre a história de amor de Violet e Edmund, os pais. E estou muito empolgada para ler sobre o romance deles, que parece ter sido simplesmente lindo demais!
Como as histórias são independentes, cada qual com seu começo, meio e fim, você não precisa ler na ordem e nem todos os volumes, mas pode ocorrer de encontrar algum tipo de spoiler das obras anteriores, só nada tão grave a ponto de estragar sua experiência, caso decida ler ele depois. Porém, caso haja interesse (se você gosta de romances históricos, espero que haja, porque vale MUITO a pena!), é sempre mais legal ler na ordem.
A parte gráfica segue o padrão do primeiro volume e também dos demais da série, incluindo a capa, que é bonita. A diagramação é simples, com uma fonte confortável para a leitura e bons espaçamentos, os capítulos se iniciam na mesma página que o anterior finaliza e as folhas são amarelas. Há uma árvore genealógica logo no início, com os títulos dos livros protagonizados por cada um dos oito filhos.
“O Visconde Que Me Amava” é uma obra essencial para todas os amantes do gênero romance histórico com pitadas de diversão, devido a seus personagens agradáveis e espirituosos, algumas cenas que são totalmente hilárias, ao romance lindo, com um toque de sensual e totalmente apaixonante. E se você ainda não conhece a autora, faça isso o mais breve possível, porque tenho certeza de que vai amá-la também.
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Os Antiquários - Pablo De Santis

Sem querer querendo eu acabei descobrindo através das minhas leituras que dentro do gênero fantástico o que mais tem me agradado é o realismo fantástico, ou seja, livros que têm a fantasia de forma tão realista que acabamos olhando para os lados e procurando por aquelas criaturas e situações descritas. Os Antiquários, do argentino Pablo De Santis, publicado pela Alfaguarda é um exemplar deste gênero.

Santiago Lebrón é um jovem que saiu de sua cidade do interior para morar em Buenos Aires na década de 50, e em uma sucessão de oportunidades estranhas acaba por trabalhar em um jornal da cidade fazendo palavras cruzadas e posteriormente como informante do ministério do oculto.

Era mais uma missão, ir a uma encontro de especialistas em superstições presidida pela Professor Balacco prometia apresentar evidências da presença dos antiquários, e Lebrón deveria ir, assistir e relatar ao seu chefe o que ouviu, mas quando se deu conta sua vida nunca mais seria a mesma depois do que presenciou no hotel do evento.

De Santis tem uma narrativa deliciosa em primeira pessoa sob o olhar de Santiago, narrativa esta que é tão real que cria uma atmosfera nebulosa única entre as ruas de Buenos Aires. Ele consegue transmitir detalhes, carregar suas palavras de sentido sem que para isso sua história se demore ou se enrosque. 


Os vampiros são seres muito explorados em livros, e já li um bocado deles por ai, mas os antiquários são criaturas vampíricas criadas com muita autenticidade! O fato do autor explorar a imortalidade aliada ao trabalho com antiguidades é bastante inteligente, já que ele explica que estes por terem muitos anos de vida são seres que acabam por viver no passado, parados no tempo, e não precisamos nem ser antiquários para compreender tal verdade não é?

"As palavras são feitas para o erro, tudo o que dizemos com palavras sempre estará equivocado" (pg.22)

Santiago é um personagem bastante ingênuo, mesmo depois da grande virada de seu personagem ele continua com um grande flerte com essa simplicidade. Prático ele lida bem com a sucessão de eventos que o atravessam tentando tirar melhor proveito do que pode, pelo simples fato de querer sobreviver e ponto final.

Calisser que acaba por ser tutor de Santiago é um homem de poucas palavras, mas é o que não diz que acaba transmitindo as maiores lições. Carregado de história é um personagem que deveria ganhar um livro só dele! Balacco, o professor que acaba sendo o médico e o monstro na trama é tão obcecado com sua busca que não consegue ver a verdade nem que ela esteja grudada na sua frente.

Os demais antiquários que vão surgindo nas páginas tem peculiaridades bastante bizarras, desde ser um padre até  colecionar bonecas, e todos são muito reais, você não consegue enxergar o impossível neles, mesmo que muita coisa soe estranho. Mesmo os personagens humanos tem um toque de bizarro, com costumes e interesses muito diferentes do que corriqueiro.

Um destaque é que o autor explora muito os livros, já que Calisser e Santiago trabalham com livros em um sebo, e eles são bastante utilizados na narrativa. Livros que falam de livros já ganham estrelas não? Sim, mas aqui eles dão um toque especial a aura de mistério do livro que conta inclusive com um livro especial que acaba por ser uma obsessão de Santiago mais tarde juntamente com sua paixão por Luisa, filha do professor Balacco.

Os Antiquários é uma pérola, repleta de toda a densidade que a imortalidade causa sem deixar de colocar algumas das questões que esta coloca. A névoa, a melancolia, o êxtase e profundidade do vampiro vistos sob o ângulo não do predador, mas da vítima que luta para continuar entre as sombras. Leiam e apreciem o que pode ser tornar um clássico!




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