O Destino da Número Dez - Os Legados de Lorien #06 - Pittacus Lore

Desde o primeiro volume desta série, intitulado “Eu sou o Número Quatro”, virei uma louca fã destes livros, devorando cada um deles com tal velocidade que chegava a ser triste quando eu alcançava o fim, já que teria que esperar pelas continuações. Lógico que a cada exemplar a história vai ganhando ainda mais ação e me deixando desesperada para saber o que vai acontecer. Então, no segundo em que tive este em mãos, comecei a lê-lo, e agora venho dividir com vocês tudo que achei desta história incrível.
Como este é o sexto volume da série, é muito difícil fazer uma resenha sem ter spoilers dos anteriores, por este motivo recomendo que você leia antes a resenha do primeiro volume, e deixe esta para quando estiver mais avançado na história, ou pule os próximos dois parágrafos, que é quando eu falo um pouco sobre o enredo.
Já falei dos cinco antecessores aqui no blog, leiam as resenhas para saberem o que achei de cada um deles: "Eu sou o Número Quatro", "O Poder dos Seis", "A Ascensão dos Nove", "A Queda dos Cinco" e "A Vingança dos Sete". (clique nos títulos para conferi-las individualmente).
“O Destino da Número Dez” continua onde a obra anterior nos deixou, que foi na invasão dos Mogs em Nova York. Nesta invasão, vimos que nossos Gardes acabaram se separando, já que o número nove entrou em uma batalha quase que desenfreada com o número cinco, se afastando de John e Sam, que continuaram tentado salvar o maior número de pessoas possíveis, pois os Mogs estão causando destruição em todos os lugares.
Em contrapartida, temos a número seis junto com Marina e Adam, que foram para o México, para o local onde fica o santuário deles, a fim de descobrirem como isso pode ajudá-los a vencer esta guerra. A entidade então é despertada e vemos que isso acaba tendo um impacto bem grande, já que, agora, humanos começam a ter poder que antes só as pessoas da Garde possuíam. O que eles não contavam é que acabariam ficando presos no lugar, fazendo com que uma grande guerra aconteça lá mesmo, onde, para eles, é um local sagrado.
Acompanhamos esses dois panos de fundo, com bastante guerra e ação, tendo muitos acontecimentos, e em todo momento encontramos algo que não deixa a trama ficar parada nem por um minuto. Há várias situações decisivas, onde ficamos com os olhos grudados e querendo entrar nas páginas do livro para poder ajudar nossos protagonistas. Também vemos Ella, que cada vez mais está ganhando espaço nesta trama, sendo uma peça fundamental para o desenrolar da história.
Este é um volume cheio de movimentação, que consegue nos prender do início ao fim com uma narrativa rápida e fluida, além e personagens maravilhosos e cativantes, que nos surpreendem em todos os momentos. Em “O Destino da Número Dez”, diferente dos demais, bastante coisas nos foram reveladas, principalmente a respeito do grande vilão que é o Setrákus Rá, nos fazendo entender melhor a história de como começou esta guerra, e dos seus motivos para ter destruído Lorien.
Provavelmente já comentei aqui antes, mas adoro mesmo as capas desta série e desta vez não foi diferente. Todas seguem um estilo parecido entre elas, o que acho ótimo porque dá para notar que pertencem a um mesmo universo. A diagramação interna segue o padrão dos antecessores também, e a fonte e os espaçamentos são bastante confortáveis para leitura, além de contar com páginas amarelas.
A série “Os Legados de Lorien” provavelmente vai ser finalizada no próximo exemplar, o sétimo, que lá fora terá o título “United as One”, ainda sem tradução oficial nacional, que será publicado em junho deste ano lá fora e é provável que ainda no final de 2016 aqui no Brasil. Digo isso porque o autor revelou que este será o desfecho, mas a gente sempre pode esperar que mude de ideia, pois já aconteceu antes, apesar de eu acreditar que desta vez será mesmo o último.
Mas, além dos livros físicos, também há uma série de contos denominada “Os Arquivos Perdidos”, que no Brasil infelizmente só foram lançados em e-books (e provavelmente continuará assim), mas pelo menos fico contente de que ganharam traduções oficiais da própria Intrínseca. Não li nenhum, mas aqui já chegaram doze deles, que você pode comprar individualmente ou em um arquivo com todos juntos nos principais sites nacionais que vendem e-books. No exterior já foram publicados quatorze volumes e o quinze está previsto para maio deste ano, só que eles também ganharam edições físicas com três contos em cada, ou seja, só falta a publicação do último. Mas estes três também devem ganhar suas edições digitais nacionais antes do lançamento do último livro da série. Também há alguns outros textos extras, que são bem curtos, mas só um deles, "A Origem do Número Oito", ganhou tradução da Intrínseca e vocês podem baixá-lo gratuitamente no hotsite oficial da série AQUI.
“O Destino da Número Dez” é uma obra cheia de ação e adrenalina, que consegue nos prender com uma história deliciosa, um plano de fundo bem elaborado, personagens incríveis e muita aventura. Gosto bastante de livros que conseguem trazer para a gente uma história espetacular, que mesmo estando em seu sexto livro, não deixa cair nem um pouco o ritmo da trama, que consegue até mesmo ficar melhor em cada volume. Se você ainda não leu nenhum exemplar desta série, por favor, dê uma chance, pois ela realmente merece. E se você leu, mas ainda não leu este sexto, vá correndo garantir o seu, pois este volume está maravilhoso.
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Os Crimes do Dançarino da Sé - Sereia de Vidro #02 - Marcelo Antinori

Praça da Sé, madrugada, um carrinho de compras deixado a esmo com uma obra macabra, um corpo em pedaços com acessórios a lhe enfeitar, uma xícara, uma garrafa de pinho vazia, e uma pergunta que fica no ar, quem seria capaz de tamanho atrocidade? Eis o mistério que ronda mais um pequeno notável, Os crimes do Dançarino da Sé, do autor brasileiro Marcelo Antinori, publicado pela Bússola Pocket.

Um crime idealizado por uma mente doentia que monta em um dos maiores cartões postais da cidade um altar com uma mensagem implícita, ou ainda simplesmente uma obra de arte bizarra. Nosso escritor continua a narrar em primeira pessoa sua vida na nada pacata cidade de São Paulo entre suas ruas com um toque de crônica. Quando o crime acontece seu interesse é superficial, nada o liga diretamente a ele, além de sua relação com Ana Pérsia.

Mas sua mulher esconde algum segredo, e as cartas do tarot mais uma vez jogam luz onde as sombras dominavam, e de repente ele se vê mais uma vez de cabeça na política do crime organizado. É muito explícita a mensagem do autor ao tocar neste assunto que liga traficantes, a policiais, e até manifestantes. O escritor depois do episódio do livro anterior tem sua parcela de ação nesse esquema através de propina em construções, mas mais que isso ele acaba por ter um contato próximo com Coutinho o líder dos criminosos. Para ele assumir esse lado corrupto parece alimentar sua relação com Ana Pérsia, além de dar sentido e razão para os seus dias.

Como no livro anterior a história é breve, mas repleta de reflexão. Ao primeiro olhar podemos dizer que matar alguém e deixar suas partes em uma praça trata-se de loucura, mas lhe pergunto ser um indivíduo que financia o tráfico também não se assemelha a essa loucura? Só porque o sangue não passa diretamente pelas suas mãos não trata-se também de um crime que tira vidas? Ou então ser passível de ir contra a moral e a lei para manter seu conforto e evitando o desprazer também não é uma loucura? O personagem é esse paradoxo lidando diretamente com crimes e criminosos, e questionando aqueles que são tidos como loucos da maneira comum.

O realismo da narrativa é muito tátil, você consegue ler e imaginar a estória sendo feita em um noticiário sensacionalista, tanto no que tange o crime quanto aos esquemas criminosos da polícia e empresários. A história não vai aos extremos, não nos faz questionar sua veracidade tamanho o senso de real que as palavras de Antinori trás, seja através da palavras dos personagens, seja na praticidade de suas cenas.

A familiaridade com os personagens que se repetem do livro anterior cria uma continuidade e aumenta a empatia com estes. Carmen que é tia de Ana Pérsia por exemplo, é uma personagem bem explorada e muito rica. Prática ela sabe o que quer e como conseguir o que quer sem frescuras. Ana Pérsia é a cola que gruda o escritor ao submundo, mas neste livro surge mais como narradora do que acontece, do que como personagem de ação.

Quanto ao desfecho do livro, e a descoberta do culpado é bastante satisfatória. Eu gostaria de ter ouvido um pouco mais sobre o culpado do crime. A loucura da rotina e dos interesses do escritor é bem explorada, mas a loucura de quem cometeu o crime passou um pouco no superficial.

Os Crimes do Dançarino da Sé fala sobre a alienação pessoal, o desatino em massa e ânsia por  um significado maior, porque seja matando, tendo uma amante ou pagando propinas, todos os personagens deste livro e de nosso mundo querem apenas uma coisa, a promessa da falsa felicidade a qualquer custo!

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Mitos Gregos – Eric A. Kimmel

Sou uma pessoa que adora conferir os catálogos das editoras atrás de obras mais “antigas” que muita gente não conhece e que eu mesma nunca tinha ouvido falar, aumentando, assim, minha lista de desejados com facilidade. Em uma destas excursões, me deparei com este exemplar interessantíssimo publicado pela WMF Martins Fontes, que fala sobre alguns dos mitos gregos mais famosos com uma linguagem mais acessível e diversas ilustrações maravilhosas, voltado para o público juvenil. Não deu outra, fiquei encantada naquele instante e sabia que precisava tê-lo em minhas mãos. E é justamente sobre ele que vou falar agora.
Esta obra é composta de doze mitos gregos, e são eles: Prometeu, A Caixa de Pandora, Perséfone e Hades, Eco e Narciso, Aracne, Pigmalião e Galateia, Rei Midas e o Toque de Ouro, Orfeu e Eurídice, Jasão e o Velocino de Ouro, Dédalo e Ícaro, Teseu e o Minotauro, Perseu e Medusa. Destes todos, alguns eu já conhecia, outros, não. Sendo que alguns me recordo bastante, outros tenho uma vaga lembrança e ainda há aqueles que eu posso ter lido algum dia, mas os detalhes já foram apagados da minha memória.

A maior parte das histórias contidas neste livro tem alguma questão trágica, geralmente o final, mas todas possuem alguma lição ou reflexão para nossa vida ou sobre algo com o qual vivemos diariamente. Não vou dizer que amei todas, porque isso não seria verdade, mas gostei de conhecer ou reler cada uma delas, e tenho certeza de que minha reação agora foi bem diferente de quando eu era mais nova.

Algumas das histórias são mais leves, outras mais tristes, tem aquelas com uma pitada de comédia, e ainda as melancólicas. Então poderia dizer que há opções para todos os gostos. As que eu mais gostei são “A Caixa de Pandora”, “Perséfone e Hades”, “Pigmalião e Galateia” (no princípio fiquei em dúvida, mas depois gostei desta), “Rei Midas e o Toque de Ouro” e “Perseu e Medusa”. E não gostei de “Eco e Narciso” e “Orfeu e Eurídice”. As demais ficaram entre um sentimento e outro.

Mas não vou comentar sobre cada uma delas individualmente por dois motivos. O primeiro é que provavelmente algumas pessoas já as conhecem, então seria mais bacana ler esta obra para poder encontrar uma nova forma de serem apresentadas ao público jovem. O segundo motivo é que, quem não conhece, deve lê-las por si próprio, visto que são tão curtas que se eu tentasse explicar, alguma parte importante acabaria sendo revelada e eu estaria soltando spoilers, o que fariam com que elas perdessem totalmente a graça.

Mas tenham certeza de que, até mesmo quem nunca as leu, vai entender referências e detalhes que encontramos na nossa cultura até hoje! Como o rei que toca qualquer coisa e a transforma em ouro, ou a existência das aranhas, a tão famosa caixa de Pandora, a origem do eco e o motivo de algumas pessoas serem chamadas de narcisas, entre outros. E quem nunca ouviu falar de Medusa e seus poderes peculiares?

Além de outras essências bem menos evidentes, mas que rondam nossas vidas e nossas rotinas, e até mesmo encontramos em livros, séries, filmes, peças, músicas, etc. Tudo nos fazendo refletir, algumas vezes, inclusive, nos ajudando a seguir em frente para enfrentar algo, aprender com algum erro passado, ou até mesmo a nos precavermos em certa situação que precisamos vivenciar, etc.

Este livro é, na verdade, voltado para o público mais jovem ou para aqueles que querem conhecer os mitos gregos sem se aprofundar muito em detalhes, visto que cada um tem apenas poucas páginas e a linguagem mais simples e direta, apresentando as partes importantes de cada história, nos fazendo conhecê-las de forma rápida e interessante.

A parte gráfica está completamente espetacular, principalmente graças às ilustrações de Pep Montserrat, que reinventou imagens da época e com traços semelhantes a outros trabalhos gregos, remetendo, inclusive, às estátuas, mas com um estilo mais moderno e bem colorido, chamando atenção facilmente e complementando o texto, dando ainda mais sentido e beleza ao exemplar. Fiquei completamente apaixonada por seu trabalho e com certeza vou procurar outras versões clássicas ilustradas por ele. 
A edição é grande e tem 26,50 cm x 24,00 cm, o material é de ótima qualidade, as impressões das ilustrações estão perfeitas e muito coloridas, as páginas do miolo são em papel couché, com uma gramatura mais grossa, o texto é bem espaçado e a fonte é grande.


“Mitos Gregos”, este exemplar com doze histórias recontadas por Eric A. Kimmel, é incrível e merece um lugar na estante de todos os leitores, principalmente os que ainda não são tão familiarizados com estas narrativas importantes e interessantes, que foram a base de muitas outras da nossa cultura e também da nossa forma de agir e enfrentar as circunstâncias. Afinal, ao ler, você vai reparar que com certeza já enfrentou ou conhece alguém que passou por uma situação semelhante às de nossos personagens, e até mesmo poderá ser auxiliado por eles. E, o melhor de tudo é que, quanto mais pessoas as leem, maior a propagação destas histórias eternas.
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Divulgação - O Último Gargalo de Gaia - Antologia de Ficção Científica

Suilad!!

Novo ano, novas parcerias! Nossa nova parceira é a editora Lendari, lançada em 2014 pelo escritor Mário Bentes pouco depois de sua participação na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, a Lendari é uma editora segmentada e que vem com a proposta de apresentar novos autores no mercado editorial. 

Após lançar com sucesso, em dezembro de 2015, a antologia Quando a selva sussurra: contos amazônicos, a editora Lendari agora prepara seu mais novo título. A obra O último Gargalo de Gaia: distopias, steampunk e dias finais pretende seguir a linha de filmes como Interestellar(2014), de Christopher Nolan, Melancholia (2011), de Lars von Trier, e o clássico Contato (1997), filme de Robert Zemeckis baseado no livro homônimo de Carl Sagan.

A proposta, de acordo com o escritor Mário Bentes, responsável pela análise e seleção dos originais que virão a compor o livro, é usar a ficção científica apenas como pano de fundo para narrativas dramáticas ou de cunho filosófico e existencial. A ideia é que a obra reúna contos que tratem de extinção em massa no planeta ao mesmo tempo em que questionem o papel do ser humano sobre o mistério da vida no Universo.

Bentes afirma, ainda, que o novo título da editora – que será lançado inicialmente apenas na versão digital (e-book) – evoca um dos sentidos metafóricos possíveis na canção ‘Starman’, de David Bowie (1947-2016), lançada em 1972 no single ‘The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars’. A música chegou a ter uma versão nacional escrita e gravada pela banda Nenhum de Nós, com o título ‘O astronauta de mármore’, de 1989.

“Um marciano que deseja mudar a humanidade através da música, do amor e de mensagens de paz. Mas até que ponto nós, os humanos, estamos prontos para isso? A própria canção original diz, em certa altura, que o marciano adoraria vir nos encontrar, mas acredita que o encontro poderia ‘confundir’ nossas ideias. Talvez não estejamos prontos nem para zelar pelo próprio planeta que nos abriga, imagine lidar com a vastidão do Universo”, avalia Bentes.

Inscrições até 31 de maio

A editora abriu inscrições no dia 15 de fevereiro, por meio de seu site (http://www.lendari.com.br/o-ultimo-gargalo-de-gaia/), e seguirá recebendo originais até 31 de maio. Podem participar autores brasileiros, natos ou naturalizados, maiores de 18 anos. Cada autor interessado poderá submeter até três contos, todos com tamanho mínimo de cinco e máximo de dez páginas. “O material submetido precisa ser inédito e estar de acordo com a proposta da antologia. Temas com temática sobrenatural, terror e similares, por exemplo, não serão aceitas”, diz Bentes.

Os autores também vão precisar pagar uma taxa de R$ 20 para cada original enviado, valores que, de acordo com a editora, vão arcar com os custos de leitura crítica e posterior edição e revisão do material eventualmente aprovado. “Acredito que o tema vá despertar interesse de muitos autores, principalmente pelos segmentos e estilos narrativos que a obra vai abraçar”, explica o organizador, referindo-se às distopias e ao conhecido gênero steampunk.

Futuros e passados alternativos

Atual “queridinha” da literatura fantástica, o gênero de distopia trata de futuros alternativos sombrios, envolvendo cataclismos sociais, ambientais e geralmente com sociedades mergulhadas no caos ou totalitarismo. “Como uma das temáticas principais da obra é justamente eventos relacionados quaisquer etapas de extinção da vida no planeta Terra, as distopias são quase que fundamentais para o livro”, diz o organizador.

Já o steampunk é o que Mário Bentes chama de “coadjuvante de luxo”. “Para sair das narrativas tradicionais, ampliamos a proposta da antologia para conter contos sobre passados alternativos, em que conhecimentos científicos ou tecnologias tradicionais são removidas de seus contextos históricos conhecidos e transpassadas para realidades paralelas, em uma espécie de futuro-do-pretérito hightech”, explica o escritor.

O resultado da fase de seleção, com a lista oficial de autores aprovados, será anunciado no dia 15 de junho de 2016, no próprio site da editora Lendari. A previsão de lançamento do e-book, segundo Mário Bentes, é outubro de 2016. “Acredito que será uma obra diferenciada, que pode emocionar, impressionar e apresentar ao leitor importantes questões sobre a vida na Terra. Não sabemos como ela vai acabar, mas sabemos que vai”, reflete Bentes.


A capa do Livro ficou linda né? Agora estou curiosa para ver como tudo vai ficar!!
 




A Queda de Artur - J. R. R. Tolkien

Posso afirmar que sou uma maníaca por Tolkien, ou seja, amo suas histórias e sua forma de escrita, e fico desejando ter todas as suas obras na minha estante. Então, sempre que possível, começo a leitura de um de seus livros. Sendo assim, desta vez escolhi “A Queda de Artur”, que entra nas Lendas do Rei Artur, sendo uma releitura surpreendente.  
O livro contém um grande poema que nos conta um pouco sobre a história do Rei Artur, sobre suas aventuras, suas batalhas, seus conflitos com Modred, chegando até mesmo a citar Lancelot. Mas este é um poema inacabado de pouco mais de quarenta páginas, que nos apresenta esta lenda incrível de uma forma mais pesada. Não é um livro rápido de ser lido, já que o poema pode até mesmo ser considerado maçante para algumas pessoas, e a linguagem é antiga, ou seja, não é das mais fáceis.
O que achei bacana é que na versão brasileira, publicada pela WMF Martins Fontes, que é a que li, não encontramos apenas o poema em português, mas também a sua versão em inglês, para quem quiser se aventurar nas palavras do Tolkien tal como foram escritas, porém, por ser um poema mais antigo, esta leitura é ainda mais difícil, só que achei muito interessante e bem importante ter esta oportunidade de poder comparar a tradução com o original.

Vocês devem estar se perguntando: se você falou que o conto era de umas quarenta páginas, como o livro tem mais de duzentas folhas? Acontece que, além de trazer o poema em duas línguas, após o término dele encontramos as partes escritas por Christopher Tolkien, que são comentários sobre as fontes literárias que seu pai utilizou para escrever seu poema, outras notas, e ainda detalhes relacionados a trabalhos de Tolkien, como Silmarillion.


Ou seja, há bastante conteúdo extra, trazendo informações super importantes e bem interessantes para quem é fã do autor. Gostei bastante desses capítulos, pois eles acabaram completando o livro e nos fazendo entender um pouco mais sobre o que este grande escritor, que foi o seu pai, pensava.


Apesar de curto e inacabado, o poema consegue arrebatar o leitor com as particularidades e todo o cuidado que Tolkien teve para escrevê-lo, construindo esta história de forma incrível, o que com certeza não foi nem um pouco fácil. Gostei muito também da maneira com que o Christopher trouxe vários fragmentos e explicações, nos ajudando a montar um final na nossa cabeça.


A capa é realmente muito bonita e condiz com o conteúdo, o que a torna ainda melhor. A edição é um pouco menor do que o padrão nacional com seus 20,50 cm x 13,00 cm, mas é do mesmo tamanho de algumas outras obras de Tolkien no Brasil. O texto é bem diagramado e o tamanho da fonte e espaçamentos são confortáveis para uma leitura mais prazerosa, além de contar com páginas amarelas. No início de capa capítulo há uma ilustração igual ao detalhe da capa.


“A Queda de Artur” não traz uma história convencional, com início, meio e fim, mas, sim, uma trama que nos prende e nos agrada em uma releitura maravilhosa de uma lenda muito conhecida por todos. Além disso, Tolkien é um gênio, e tudo o que ele cria leva um toque especial, que nos conquista, e nos agrada, deixando a história mais surpreendente. O final fica por nossa conta, mas, com a ajuda de Christopher, conseguimos imaginar um pouco sobre como este poderia ser. Gostei bastante deste livro e o recomendo para todos, ele pode não ser uma leitura leve e fluida, mas com certeza é uma obra prazerosa, que vale a pena ser lida e apreciada.


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Nova Parceria: Editora Empíreo

Oii, gente! Como vocês estão? Hoje trouxemos uma novidade incrível: o House of Chick agora é parceiro da Editora Empíreo! Estamos muito empolgadas, porque o catálogo deles e maravilhoso e já estamos ansiosas para ler as obras! <3 Vem conferir um pouco sobre a editora e alguns dos títulos já publicados!
SOBRE A EDITORA
A partir do latim Empyreus, uma adaptação do grego antigo, “dentro ou sobre o fogo (pyr)”, Empíreo é o mais alto dos céus, o local reservado para as divindades e para a perfeição.
A Editora Empíreo tem como missão publicar literatura de qualidade e rica em cultura que edifique seus leitores usando os mais variados temas e formatos. E levam leitores ao prazer da leitura fazendo o que são apaixonados: editar literatura, quadrinhos, música, fantasia, biografia e quaisquer obras de qualidade.
ALGUMAS OBRAS DO CATÁLOGO

O Corvo: Edição Trilíngue - Edgar Allan Poe (Skoob)
Ilustrada por Lupe Vasconcelos
Em 2015, o Corvo de Edgar Allan Poe comemora 170 anos de publicação.
Para comemorar, a editora Empíreo está lançando ainda este ano a primeira versão trilingue do poema de Poe - em inglês, português (Machado de Assis e Fernando Pessoa) e francês (Charles Baudelaire). Desta vez a obra vem ilustrada pela artista Lupe Vasconcelos.
A edição foi impressa em capa dura e com as bordas pintadas de preto.

Eu Vejo Kate - Cláudia Lemes (Skoob)
O despertar de um serial killer
A HISTÓRIA RECOMEÇA
Há um ano, Blessfield, uma pacata cidade do interior da Flórida, enterrou 12 mulheres vítimas do violento e cruel serial killer Nathan Bardel. Ele foi julgado, condenado e morto. Mas antes que as feridas da cidade pudessem cicatrizar, um novo assassino em série surgiu. Mais violento. Mais cruel. Usando o mesmo método que seu antecessor. E ele tem uma obsessão: ela
ALVO NA MIRA
Kate é uma escritora imersa na produção da biografia do assassino em série Nathan Bardel. Enquanto ela mergulha de cabeça na sombria vida do serial killer, ele próprio passa a acompanhá-la vivenciando as experiências conturbadas de sua biógrafa. À medida que se aprofunda nos mistérios de Bardel, Kate desperta outro assassino. Ela não sabe, mas sua vida corre perigo.
SERIAL KILLER X SERIAL KILLER
Desde que Kate decidiu escrever a história de sua vida e de seus assassinatos, Nathan Bardel percebeu que mesmo depois de morto, poderia acompanhá-la. Ele vê Kate. Ele lê Kate. Ele a decifra enquanto ela o investiga. Quando Nathan descobre que um novo assassino está imitando seu método e assassinatos, fica furioso. Aquilo tudo lhe pertencia, foi sua criança e ninguém estava a altura de copiá-lo. Agora ele tem uma nova meta: encontrar o imitador.
CAÇADOR DE MONSTROS
Um agente especial do FBI que tem a capacidade de observar a cena de um crime e definir o perfil do criminoso, Ryan é um dos melhores profilers do país. Mas toda sua experiência será colocada à prova na busca pelo serial killer que não deixa pistas. Expert em Bardel, e envolvido com Kate, o detetive com um passado sombrio se vê mais uma vez numa investigação que pode terminar de forma trágica.
A Cidade Flutuante - Daniel Dias (Skoob)
Seu mundo nunca mais será o mesmo.
Em 'A cidade flutuante', os leitores conhecerão Dominó, uma jovem e famosa bailarina do reino de Urjuwani, a capital do Império. Por força do magnetismo, a cidade consegue flutuar acima das outras cidades, que são exploradas para abastecer a capital de suas principais necessidades.
Porém tudo muda quando três surpreendentes acontecimentos perturbam a tranquilidade em Urjuwani: um atentado à vida do Imperador, uma misteriosa fenda no céu da cidade e um violento ataque pirata.
Filha de uma influente integrante do governo, Dominó começa a descobrir que os desastres que atingiram sua cidade guardam estranhas relações entre si. Em meio às revelações, a bailarina sofre um acidente e cai da cidade flutuante. Enquanto tenta voltar para casa, Dominó trava novas e improváveis amizades, e com ajuda delas vai descobrir que lendas podem ser verdades e sua vida, uma grande mentira.
Quem estaria por trás dessa trama? Conseguirá Dominó salvar o seu mundo de um desastre maior? 'A cidade flutuante' apresenta aos leitores um mundo fascinante, onde o fantástico e o real se misturam.


A Ilha Misteriosa – Jules Verne

Os livros da Editora Zahar conseguem nos surpreender pela grandiosa qualidade das obras no geral, já que eles trazem títulos incríveis com um trabalho gráfico perfeito, além de traduções maravilhosas. Claro que eu sempre fico morrendo de vontade de ter todos os livros de seu catálogo na minha estante, e ir ao estande deles na Bienal é sempre quase doloroso para mim, visto que não posso voltar com um exemplar de cada. Mas, aos pouquinhos, minha estante ganha um novo morador, que a deixa ainda mais bela visualmente falando e também em questão de conteúdo. Bom, vou parar de ficar divagando por aqui e vou falar para vocês sobre esta obra memorável denominada “A Ilha Misteriosa”, um dos clássicos Zahar que despertou muito meu interesse, e que amei a leitura, então venho explicar o motivo de eu ter gostado tanto.
Neste volume conhecemos a história de cinco prisioneiros da Guerra Civil Americana e um cachorro, que, para fugir da prisão Richmond, a qual estava totalmente protegida por tropas armadas, resolveram seguir pelo único jeito possível: fugir pelos ares. Assim, eles embarcam em um balão, mas o que eles não esperavam é que um terrível furacão ia acabar fazendo com que fossem arrastados para uma ilha deserta do Pacífico Sul, contando somente com a roupa do corpo, já que tiveram que se livrar de todo peso extra como armas, munições e mantimentos, para conseguirem continuar no ar.

Agora, este pequeno grupo que, com sucesso, chegou a terra, indo parar na ilha Lincoln, tem uma longa trajetória para conseguir sobreviver, e, por conta disso, vivem grandes aventuras. Liderados pelo engenheiro Cyrus Smith, o grupo enfrentou um grande problema quando ele e seu cachorro desapareceram antes de chegar à ilha, tendo ambos caído no mar.


Em terra firme e desbravando o local, acabam achando uma caixa com mantimentos, armas, pilhas, etc., e depois de um tempo eles encontram uma garrafa com um pedido de socorro da ilha vizinha. Além disso, conseguem criar uma casa na rocha, fazem mobílias com que encontram por lá, e ainda roupas, plantações, etc. Juntos, eles conseguem se virar bem e criam coisas incríveis, refazendo toda a longa trajetória da civilização.

Não pensem que esta é somente uma história de sobrevivência e sobre o desenvolvimento e progresso da civilização, ela é muito mais do que isso, visto que nesta ilha há uma presença misteriosa que sempre acaba participando de um jeito ou de outro de momentos decisivos, além de grandes aventuras envolvendo até mesmo piratas.

A narrativa é rápida e bastante fluida, nos prendendo o tempo todo com suspense e mistérios. Gostei muito de como o autor conseguiu escrever esta história, que possui pouco mais de quinhentas páginas, sem deixá-la nem um pouco cansativa. Em vários momentos, inclusive, me peguei pensando no que eu faria no lugar desses personagens incríveis que construíram tanto com tão pouco.

O livro contém muitas ilustrações originais em preto e branco, que por sinal são incríveis (tirei fotos de algumas para vocês verem), que nos ajudam a entender um pouco mais sobre a visão do autor na história, enriquecendo ainda mais a trama. A capa, dura, é total e completamente apaixonante, assim como a folha de guarda, repleta de elementos relevantes ilustrados, mais um trabalho fantástico da Babilônia Cultural, que eu não me canso de admirar e elogiar. O texto é bem diagramado e as páginas são amarelas, facilitando a leitura.


Mil Pedaços de Você - Firebird #01 - Claudia Gray

Marguerite Caine sempre viveu rodeada de pessoas muito inteligentes, que sempre discutiam teorias científicas revolucionárias, afinal seus pais são físicos renomados, que possuem programas voltados para estudos de sua área, e nossa protagonista, apesar de não fazer parte deste meio, nem entender muito do que eles falam, sempre esteve por perto.
Uma das teorias de sua mãe finalmente se torna realidade e o Firebird é criado, mas ele não é um dispositivo qualquer, e, sim, faz com que seu portador tenha a capacidade de viajar através de dimensões paralelas, usando versões de si mesmas nos outros mundos. É uma revolução para o universo, que pode ser utilizada para muito mais do que eles gostariam que ela fosse, e, nas mãos erradas, pode acontecer o pior.
E algo muito ruim realmente acontece: o pai de Marguerite é assassinado e todas as evidências apontam para a mesma pessoa, Paul, um enigmático e inteligentíssimo estudante, que acaba fugindo com o Firebird para outra dimensão, onde ele não poderá ser encontrado, o que seria o crime perfeito.
Só que as coisas não vão ser assim tão fáceis. Theo, outro dos estudantes de seus pais, consegue finalizar dois protótipos anteriores do Firebird, permitindo que ele e Marguerite pulem de universo em universo atrás de Paul. Mesmo contra a vontade do rapaz, nossa protagonista decide ir, afinal deseja vingar a morte do pai matando o responsável.
Através destes múltiplos universos paralelos, os dois jovens encontram novas realidades e versões diferentes de suas vidas e também de Paul, fazendo com que ela comece a questionar se tudo o que descobriu é realmente verdade ou se existe muito mais por trás 1das aparências. Mas, talvez, antes que ela perceba, já pode ser tarde demais.
A primeira coisa que realmente me chamou a atenção para esta leitura foi a capa, porque vamos combinar, ela é tão linda que eu não poderia resistir nem que eu quisesse. Depois, quando li a sinopse, eu já fiquei desejando tê-lo em mãos o quanto antes, afinal, fala de viagens por dimensões paralelas, um assunto que me interessa bastante e me empolga muito. Então, assim que consegui, comecei essa leitura e posso dizer que adorei!
Gostei da mitologia criada pela autora, que soube explicar tudo sobre viagens por dimensões paralelas muito bem, de uma forma gostosa e leve, dando-nos as explicações necessárias para entendermos a trama de modo geral, mas sem pesar nos detalhes científicos, afinal este é um livro de entretenimento voltado para o público jovem, se fosse diferente soaria meio chato para grande parte do público a que se destina.
E ela soube “sair pela tangente” destas explicações de forma convincente, afinal, quem narra a história é a protagonista, Marguerite, em primeira pessoa, e ela não é cientista nem nada semelhante, mas, sim, uma artista. E, inclusive, sempre comenta que não sabe muito sobre estes detalhes de maneira mais aprofundada, visto que não é a sua área e é tudo muito difícil para ela compreender. Então ela nos conta o que lhe foi explicado e que ela entendeu, nos deixando a par dos acontecimentos e sem ficar ruim por não ter sido mais explorado.
Ao mesmo tempo em que acompanhamos a jornada de Marguerite no presente, há diversos trechos que ela relembra acontecimentos importantes, nos fazendo entender mais o que está acontecendo em sua vida naquele momento e nos apresentando melhor os demais personagens que não estão acompanhando-a naquelas viagens, e também os que estão, e suas relações com a protagonista.
Os personagens me conquistaram! Marguerite é uma garota fantástica, que não se deixa abalar pelas coisas quando precisa seguir em frente, tem força de vontade, coragem e um coração bom. Só que algumas de suas atitudes me incomodaram bastante em um dado momento, infelizmente. Paul é completamente encantador e conquistou meu coração, não posso comentar muito sobre ele, mas vocês precisam conhecê-lo. Theo não é alguém que eu tenha adorado, mas não sei se posso dizer que o conheci realmente para afirmar algo do tipo, então preciso das continuações para saber o que vai ser do meu sentimento por ele. Também curti muito a família da protagonista, apesar de eles terem muito menos participações, e alguns outros personagens que foram surgindo pelo caminho.
Neste primeiro volume, viajamos junto com Marguerite por alguns universos, e achei bacana porque cada um deles foi bem diferente do anterior, tem aquele bem avançado, outro mais retrógrado, um muito diferente e um bastante semelhante ao nosso.
Gostei do ritmo da leitura, já que nada fica parado, e a protagonista está sempre em movimento, viajando por dimensões, correndo atrás do assassino e de respostas, também há fuga, etc. Curti as cenas de ação e tensão, que foram bem escritas e trabalhadas, nos deixando aflitos. E dos momentos românticos, que deram uma aliviada nos outros, repletos de adrenalina, além de serem fofos.
Mas preciso alertá-los de que o romance tem bastante destaque nesta trama. Algumas pessoas podem acabar se incomodando com isso, principalmente por conta de tantas divagações da protagonista sobre os mocinhos que formam um quase triângulo amoroso. Até que ela meio que decide por uma das partes (confesso que a minha preferida e também quem eu já imaginava que ela iria ficar), o que é ótimo, porque não aguento mais triângulos.
A autora soube ligar as pontas soltas muito bem, algumas com mais importância e outras com menos, fechando-as no momento certo, e ainda deixando algumas abertas para as continuações, e formando uma teia bem amarrada de acontecimentos e detalhes.
Confesso que algumas particularidades do enredo eu já havia desvendado antes mesmo de ter começado a minha leitura, talvez por terem sido meio óbvios, ou por eu ter lido diversas obras com algo semelhante, então quando estas revelações foram feitas acabei não sendo surpreendida. Porém, ainda assim a autora conseguiu encaixar outras surpresas no enredo, que me pegaram totalmente desprevenida, o que me fez gostar ainda mais da leitura.
Apesar de ser sobre viagens através de multiversos, a trama é mais do que isso, nos fazendo questionar e refletir sobre diversos temas, incluindo sobre a individualidade do ser humano e o que o faz ser único, afinal, mesmo com o DNA igual, a personalidade pode ser diferente e até mesmo oposta? E o destino, existe, ou tudo o que vivemos não passa de coincidências?
Lá fora a trilogia já teve todas as capas divulgadas, porém somente os dois primeiros volumes foram publicados, o terceiro, “A Million Worlds with You”, tem previsão de lançamento para novembro deste ano ainda. Aqui no Brasil somente o primeiro foi publicado, mas a ótima notícia é que a previsão para a continuação, "Ten Thousand Skies Above You" (ainda sem título nacional), é julho. Então já dá para fazermos contagem regressiva.
A editora Agir Now fez uma votação para a escolha do título e fico realmente muito feliz por a tradução literal ter ganhado, afinal ela faz todo o sentido com a trama, sem ficar tão evidente, principalmente porque títulos muito diretos geralmente não são os que mais me agradam.
Sobre a parte gráfica, a primeira coisa que eu preciso dizer é: pare e olhe essa capa, tem como não achá-la simplesmente fantástica? Achei-a linda desde o primeiro momento em que coloquei meus olhos nela e não canso de admirá-la toda hora. As continuações também são incríveis (vou colocar uma foto com todas no final do post), mas esta ganhou neste quesito. Todo início de capítulo tem uma das duas imagens da capa, o que eu adorei, a fonte do texto, assim como seus espaçamentos, estão bem confortáveis para uma leitura fácil, além de contar com folhas amarelas.
A história escrita por Claudia Gray possui elementos que agradam diversos tipos de leitores: pitadas de ação, aventura, romance e ficção científica. Repleto de reviravoltas, momentos de tensão, alguns muito tristes, outros de felicidade, esperança, e ainda aqueles de revoltas e conformação, entre muitos outros detalhes que permeiam as páginas, com personagens carismáticos e uma trama envolvente, “Mil Pedaços de Você” definitivamente vale a pena ser lido!

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Fahrenheit 451 - Ray Bradbury



"...Entende agora porque os livros são odiados e temidos? Eles mostram os poros no rosto da vida. Os que vivem no conforto querem apenas rostos com caras de lua de cera, sem poros nem pêlos, inexpressivos..." (pg. 121)

A moda das distopias ainda continua, e embora eu compreenda o interesse das pessoas pelo tema em geral elas não me cativam, pelo menos não estas voltadas para os jovens adultos. Entretanto, todavia, rs eu não posso dizer o mesmo quando o assunto se volta para as antigas distopias, pelo menos não quando se trata de Fahrenheit 451, do autor Ray Bradbury publicado pela Globo de Bolso.

Em uma sociedade futura controlada por meios de comunicação, os livros foram proibidos, e mais do que isso foram queimados, e os bombeiros passam a ser responsáveis por esta tarefa, deixando de ser responsáveis por apagar o fogo. Uma noite o bombeiro Guy Montag esbarra em sua nova vizinha, e com ela uma nova consciência toma forma, ele passa a refletir sobre o que está acontecendo ao seu redor. Invés de queimar livros, ele passa a guardá-los e com isso torna-se rebelde, e a ter que viver assim, será que possível nesta sociedade?

Embora a trama passe em um futuro ela soa muito atual, ainda quenão tenhamos chegado a alienação social que o livro mostra, eu honestamente acredito que estejamos a caminho. No livro sua esposa, Mildred, interage apenas com as telas (televisões) que em sua casa chegam a três simultâneas, ela chama estes de sua família, e não consegue ter um diálogo sem que suas palavras se repitam ou se percam, ela nem sequer consegue se lembrar onde conheceu o marido.

Guy é bombeiro por herança familiar, e não acreditava que poderia fazer outra coisa. As conversas breves que teve com sua jovem vizinha balançou sua segurança e mais que isso abriu seus olhos para a verdade. As falas desta vizinha são muito interessantes! E ela com sua lucidez é tida como maluca entre a população.

Beatty é o bombeiro chefe, que mais do que controlar os passos da população tenho um passado obscuro. Com uma fala enigmática ele parece ter prazer em ameaçar Montag, ao mesmo tempo em que seu desfecho desperta outras interpretações.

Faber é um professor que ajuda Guy em sua fase de revolta. É um acadêmico que perdeu a serventia, mas que guarda dentro de si a vontade da mudança. É fundamental para a sobrevivência de Montag depois que ele passa a ser perseguido.

Existem foragidos que existem a margem deste regime, e a existência deles é linda, a forma como eles se descrevem é poética! Não posso entrar em detalhes para não perder o encanto da fala destes, mas o modo como eles encaram os livros e seu conteúdo é de um respeito ímpar.

O livro é breve, mas a história é profunda porque apresenta as várias facetas do que a tecnologia sem profundidade pode fazer com as pessoas, e mais que isso quando o conhecimento contido nos livros é tido como inimigo, já que a lei nesta sociedade é evitar o desprazer.  Olhe ao seu redor veja quanto as pessoas querem tudo de forma breve, resumida e superficial, e acima de tudo querem apenas o prazer. Cada dia mais a educação, informação e conhecimento tem se perdido, embora o acesso a eles seja cada vez mais fácil. O esquecimento do que é ser humano está se espalhando, apesar de apenas as doença infectocontagiosas chamem atenção, a pior coisa que pode acontecer ao ser é deixar de ser humano, e é isso que o livro mostra com perfeição.

A narrativa de Bradbury é feita em terceira pessoa, de maneira dinâmica e reflexiva. Todas as cenas, detalhes e personagens compartilham uma crítica que o autor quis fazer a sociedade do espetáculo. Nesta edição do livro que tenho as páginas finais tem um Coda, que são dois textos de autoria do autor falando sobre seu livro, e nestes breves textos podemos perceber sua personalidade marcante, além de um suplemento de leitura que trabalha as principais questões do livro, além de oferecer indicações de leituras e filmes relacionados.

Fahrenheit 451 é uma distopia que acrescenta e nos faz pensar. Ler livros não é só acumular histórias é adquirir conhecimento e lidar com o que o conhecimento acarreta, porque depois que você levanta este véu não pode ser mais ignorante, não pode mais aceitar o que é imposto, não pode ser mais um robô, vai ter que ser humano, e tocar outros com o que aprendeu. Leia, por favor leia, porque esse sim é um livro perigoso rs!

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