Mil Pedaços de Você - Firebird #01 - Claudia Gray

Marguerite Caine sempre viveu rodeada de pessoas muito inteligentes, que sempre discutiam teorias científicas revolucionárias, afinal seus pais são físicos renomados, que possuem programas voltados para estudos de sua área, e nossa protagonista, apesar de não fazer parte deste meio, nem entender muito do que eles falam, sempre esteve por perto.
Uma das teorias de sua mãe finalmente se torna realidade e o Firebird é criado, mas ele não é um dispositivo qualquer, e, sim, faz com que seu portador tenha a capacidade de viajar através de dimensões paralelas, usando versões de si mesmas nos outros mundos. É uma revolução para o universo, que pode ser utilizada para muito mais do que eles gostariam que ela fosse, e, nas mãos erradas, pode acontecer o pior.
E algo muito ruim realmente acontece: o pai de Marguerite é assassinado e todas as evidências apontam para a mesma pessoa, Paul, um enigmático e inteligentíssimo estudante, que acaba fugindo com o Firebird para outra dimensão, onde ele não poderá ser encontrado, o que seria o crime perfeito.
Só que as coisas não vão ser assim tão fáceis. Theo, outro dos estudantes de seus pais, consegue finalizar dois protótipos anteriores do Firebird, permitindo que ele e Marguerite pulem de universo em universo atrás de Paul. Mesmo contra a vontade do rapaz, nossa protagonista decide ir, afinal deseja vingar a morte do pai matando o responsável.
Através destes múltiplos universos paralelos, os dois jovens encontram novas realidades e versões diferentes de suas vidas e também de Paul, fazendo com que ela comece a questionar se tudo o que descobriu é realmente verdade ou se existe muito mais por trás 1das aparências. Mas, talvez, antes que ela perceba, já pode ser tarde demais.
A primeira coisa que realmente me chamou a atenção para esta leitura foi a capa, porque vamos combinar, ela é tão linda que eu não poderia resistir nem que eu quisesse. Depois, quando li a sinopse, eu já fiquei desejando tê-lo em mãos o quanto antes, afinal, fala de viagens por dimensões paralelas, um assunto que me interessa bastante e me empolga muito. Então, assim que consegui, comecei essa leitura e posso dizer que adorei!
Gostei da mitologia criada pela autora, que soube explicar tudo sobre viagens por dimensões paralelas muito bem, de uma forma gostosa e leve, dando-nos as explicações necessárias para entendermos a trama de modo geral, mas sem pesar nos detalhes científicos, afinal este é um livro de entretenimento voltado para o público jovem, se fosse diferente soaria meio chato para grande parte do público a que se destina.
E ela soube “sair pela tangente” destas explicações de forma convincente, afinal, quem narra a história é a protagonista, Marguerite, em primeira pessoa, e ela não é cientista nem nada semelhante, mas, sim, uma artista. E, inclusive, sempre comenta que não sabe muito sobre estes detalhes de maneira mais aprofundada, visto que não é a sua área e é tudo muito difícil para ela compreender. Então ela nos conta o que lhe foi explicado e que ela entendeu, nos deixando a par dos acontecimentos e sem ficar ruim por não ter sido mais explorado.
Ao mesmo tempo em que acompanhamos a jornada de Marguerite no presente, há diversos trechos que ela relembra acontecimentos importantes, nos fazendo entender mais o que está acontecendo em sua vida naquele momento e nos apresentando melhor os demais personagens que não estão acompanhando-a naquelas viagens, e também os que estão, e suas relações com a protagonista.
Os personagens me conquistaram! Marguerite é uma garota fantástica, que não se deixa abalar pelas coisas quando precisa seguir em frente, tem força de vontade, coragem e um coração bom. Só que algumas de suas atitudes me incomodaram bastante em um dado momento, infelizmente. Paul é completamente encantador e conquistou meu coração, não posso comentar muito sobre ele, mas vocês precisam conhecê-lo. Theo não é alguém que eu tenha adorado, mas não sei se posso dizer que o conheci realmente para afirmar algo do tipo, então preciso das continuações para saber o que vai ser do meu sentimento por ele. Também curti muito a família da protagonista, apesar de eles terem muito menos participações, e alguns outros personagens que foram surgindo pelo caminho.
Neste primeiro volume, viajamos junto com Marguerite por alguns universos, e achei bacana porque cada um deles foi bem diferente do anterior, tem aquele bem avançado, outro mais retrógrado, um muito diferente e um bastante semelhante ao nosso.
Gostei do ritmo da leitura, já que nada fica parado, e a protagonista está sempre em movimento, viajando por dimensões, correndo atrás do assassino e de respostas, também há fuga, etc. Curti as cenas de ação e tensão, que foram bem escritas e trabalhadas, nos deixando aflitos. E dos momentos românticos, que deram uma aliviada nos outros, repletos de adrenalina, além de serem fofos.
Mas preciso alertá-los de que o romance tem bastante destaque nesta trama. Algumas pessoas podem acabar se incomodando com isso, principalmente por conta de tantas divagações da protagonista sobre os mocinhos que formam um quase triângulo amoroso. Até que ela meio que decide por uma das partes (confesso que a minha preferida e também quem eu já imaginava que ela iria ficar), o que é ótimo, porque não aguento mais triângulos.
A autora soube ligar as pontas soltas muito bem, algumas com mais importância e outras com menos, fechando-as no momento certo, e ainda deixando algumas abertas para as continuações, e formando uma teia bem amarrada de acontecimentos e detalhes.
Confesso que algumas particularidades do enredo eu já havia desvendado antes mesmo de ter começado a minha leitura, talvez por terem sido meio óbvios, ou por eu ter lido diversas obras com algo semelhante, então quando estas revelações foram feitas acabei não sendo surpreendida. Porém, ainda assim a autora conseguiu encaixar outras surpresas no enredo, que me pegaram totalmente desprevenida, o que me fez gostar ainda mais da leitura.
Apesar de ser sobre viagens através de multiversos, a trama é mais do que isso, nos fazendo questionar e refletir sobre diversos temas, incluindo sobre a individualidade do ser humano e o que o faz ser único, afinal, mesmo com o DNA igual, a personalidade pode ser diferente e até mesmo oposta? E o destino, existe, ou tudo o que vivemos não passa de coincidências?
Lá fora a trilogia já teve todas as capas divulgadas, porém somente os dois primeiros volumes foram publicados, o terceiro, “A Million Worlds with You”, tem previsão de lançamento para novembro deste ano ainda. Aqui no Brasil somente o primeiro foi publicado, mas a ótima notícia é que a previsão para a continuação, "Ten Thousand Skies Above You" (ainda sem título nacional), é julho. Então já dá para fazermos contagem regressiva.
A editora Agir Now fez uma votação para a escolha do título e fico realmente muito feliz por a tradução literal ter ganhado, afinal ela faz todo o sentido com a trama, sem ficar tão evidente, principalmente porque títulos muito diretos geralmente não são os que mais me agradam.
Sobre a parte gráfica, a primeira coisa que eu preciso dizer é: pare e olhe essa capa, tem como não achá-la simplesmente fantástica? Achei-a linda desde o primeiro momento em que coloquei meus olhos nela e não canso de admirá-la toda hora. As continuações também são incríveis (vou colocar uma foto com todas no final do post), mas esta ganhou neste quesito. Todo início de capítulo tem uma das duas imagens da capa, o que eu adorei, a fonte do texto, assim como seus espaçamentos, estão bem confortáveis para uma leitura fácil, além de contar com folhas amarelas.
A história escrita por Claudia Gray possui elementos que agradam diversos tipos de leitores: pitadas de ação, aventura, romance e ficção científica. Repleto de reviravoltas, momentos de tensão, alguns muito tristes, outros de felicidade, esperança, e ainda aqueles de revoltas e conformação, entre muitos outros detalhes que permeiam as páginas, com personagens carismáticos e uma trama envolvente, “Mil Pedaços de Você” definitivamente vale a pena ser lido!

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