A moda das distopias ainda
continua, e embora eu compreenda o interesse das pessoas pelo tema em geral
elas não me cativam, pelo menos não estas voltadas para os jovens adultos.
Entretanto, todavia, rs eu não posso dizer o mesmo quando o assunto se volta
para as antigas distopias, pelo menos não quando se trata de Fahrenheit 451, do
autor Ray Bradbury publicado pela Globo de Bolso.
Em uma sociedade futura controlada
por meios de comunicação, os livros foram proibidos, e mais do que isso foram
queimados, e os bombeiros passam a ser responsáveis por esta tarefa, deixando
de ser responsáveis por apagar o fogo. Uma noite o bombeiro Guy Montag esbarra
em sua nova vizinha, e com ela uma nova consciência toma forma, ele passa a
refletir sobre o que está acontecendo ao seu redor. Invés de queimar livros,
ele passa a guardá-los e com isso torna-se rebelde, e a ter que viver assim,
será que possível nesta sociedade?
Embora a trama passe em um futuro
ela soa muito atual, ainda quenão tenhamos chegado a alienação social que o
livro mostra, eu honestamente acredito que estejamos a caminho. No livro sua
esposa, Mildred, interage apenas com as telas (televisões) que em sua casa
chegam a três simultâneas, ela chama estes de sua família, e não consegue ter
um diálogo sem que suas palavras se repitam ou se percam, ela nem sequer
consegue se lembrar onde conheceu o marido.
Guy é bombeiro por herança
familiar, e não acreditava que poderia fazer outra coisa. As conversas breves
que teve com sua jovem vizinha balançou sua segurança e mais que isso abriu
seus olhos para a verdade. As falas desta vizinha são muito interessantes! E
ela com sua lucidez é tida como maluca entre a população.
Beatty é o bombeiro chefe, que
mais do que controlar os passos da população tenho um passado obscuro. Com uma
fala enigmática ele parece ter prazer em ameaçar Montag, ao mesmo tempo em que
seu desfecho desperta outras interpretações.
Faber é um professor que ajuda
Guy em sua fase de revolta. É um acadêmico que perdeu a serventia, mas que
guarda dentro de si a vontade da mudança. É fundamental para a sobrevivência de
Montag depois que ele passa a ser perseguido.
Existem foragidos que existem a
margem deste regime, e a existência deles é linda, a forma como eles se
descrevem é poética! Não posso entrar em detalhes para não perder o encanto da
fala destes, mas o modo como eles encaram os livros e seu conteúdo é de um
respeito ímpar.
O livro é breve, mas a história é
profunda porque apresenta as várias facetas do que a tecnologia sem
profundidade pode fazer com as pessoas, e mais que isso quando o conhecimento contido
nos livros é tido como inimigo, já que a lei nesta sociedade é evitar o
desprazer. Olhe ao seu redor veja quanto
as pessoas querem tudo de forma breve, resumida e superficial, e acima de tudo
querem apenas o prazer. Cada dia mais a educação, informação e conhecimento tem
se perdido, embora o acesso a eles seja cada vez mais fácil. O esquecimento do
que é ser humano está se espalhando, apesar de apenas as doença
infectocontagiosas chamem atenção, a pior coisa que pode acontecer ao ser é
deixar de ser humano, e é isso que o livro mostra com perfeição.
A narrativa de Bradbury é feita
em terceira pessoa, de maneira dinâmica e reflexiva. Todas as cenas, detalhes e
personagens compartilham uma crítica que o autor quis fazer a sociedade do
espetáculo. Nesta edição do livro que tenho as páginas finais tem um Coda, que
são dois textos de autoria do autor falando sobre seu livro, e nestes breves
textos podemos perceber sua personalidade marcante, além de um suplemento de
leitura que trabalha as principais questões do livro, além de oferecer
indicações de leituras e filmes relacionados.
Fahrenheit 451 é uma distopia que
acrescenta e nos faz pensar. Ler livros não é só acumular histórias é adquirir
conhecimento e lidar com o que o conhecimento acarreta, porque depois que você
levanta este véu não pode ser mais ignorante, não pode mais aceitar o que é
imposto, não pode ser mais um robô, vai ter que ser humano, e tocar outros com
o que aprendeu. Leia, por favor leia, porque esse sim é um livro perigoso rs!
Avaliação
Nenhum comentário:
Postar um comentário