A família
Sheffield não possui ótimas condições financeiras e não poderia arcar com as
despesas de duas temporadas em Londres para as duas filhas debutarem. Portanto,
elas juntaram dinheiro para que ambas aproveitassem a primeira temporada na
mesma época. Decidiram que o ano em que iriam debutar seria 1814, quando a mais
velha, Kate, estivesse com quase vinte e um anos e a mais nova, Edwina, com
dezessete. Kate sabia que não teria grandes chances de conseguir um casamento,
muito menos um bom, já que não era tão bonita quanto sua irmã, além de não ter
dotes, e não saber se comportar exatamente como a alta sociedade gostava, com
sorrisos falsos, delicadeza ou passos suaves. Já Edwina, que sempre chamava a
atenção aonde fosse, era perfeita em todos estes aspectos, além de ser uma
menina muito doce. Então seria bem fácil arrumar um casamento ótimo para ela,
que tinha tantos pretendentes que poderia escolher seu preferido. Mas, para
isso, ela decide que o rapaz precisará ser aprovado pela irmã mais velha, já
que ela saberia encontrar alguém que valesse a pena e que lhe trataria bem.
Enquanto
isso, um dos mais libertinos solteirões do pedaço resolve que este é o ano
ideal para se casar. Anthony Bridgerton é um visconde e líder de uma família
grande e unida, charmoso, extremamente bonito e, claro, muito rico. É o partido
mais cobiçado por todas as moças e suas mães ambiciosas. Mas ele não vai se
deixar impressionar, pois já tem um plano traçado em sua mente e já escolheu a candidata
perfeita para formar uma família sem que corra o risco de se apaixonar, porque
isso ele não vai admitir que aconteça de jeito nenhum.
Conforme
descobre por seus irmãos, a candidata ideal para seus planos é justamente
Edwina, a moça mais cobiçada da temporada. Para levá-la ao altar, ele precisará
convencer Kate de que é o homem certo para sua irmã, mas isto não será nada
fácil, visto que a mais velha das Sheffield não gosta dele por conta de sua
fama de devasso, e tem certeza de que não seria um bom marido para Edwina.
“– Se o senhor está tentando conquistar a simpatia de minha irmã
através de mim – respondeu Kate com frieza –, não está fazendo um bom trabalho.
– Sei disso – retrucou ele. – De fato, eu
não deveria provocá-la. Não é muito inteligente de minha parte, não é? O
problema, porém, é que simplesmente não consigo evitar. – Ele sorriu com um ar
lascivo e fez um gesto de impotência com as mãos. – O que posso dizer? A
senhorita desperta algo em mim, Srta. Sheffield.”
Mas, no meio
do caminho, ao conhecer um pouco mais o visconde e passar um tempo maior com
ele, Kate percebe que por trás de toda aquela fama há um homem honesto, gentil,
que ama sua família, e que possui um grande caráter. Saber disso tudo faz com
que ele acabe mexendo com a moça de uma forma que ela não pode controlar, mesmo
que continue tentando, pois nunca teria chances contra a linda e maravilhosa
Edwina.
O que Kate
nunca poderia imaginar é que na verdade não é Edwina quem faz Anthony sonhar
acordado e suar frio. Ela pode ser irritante, tirá-lo do sério e ser
intrometida, mas a atração que cresce a cada dia o faz duvidar de seus
princípios e de sua segurança. Agora, o visconde precisa decidir entre a razão
e a emoção, mas não será nada fácil, principalmente levando em consideração que
ele tem certeza de que não viverá por muito tempo e, portanto, não poderá
amá-la o suficiente e a deixará desolada quando chegar sua hora.
Tinha me
esquecido de quão completamente fantástica é a escrita de Julia Quinn e agora
fico me perguntando por que raios demorei tanto tempo para ler este livro?!
Sério, que arrependimento! Eu amei, amei, amei este exemplar, tanto quanto amei
o primeiro da série e não vejo a hora de ler os demais, o que, para minha
sorte, não vai demorar a ocorrer, visto que no Brasil já foi lançado até o
sexto volume e o sétimo tem previsão para o início do ano que vem.
A narrativa
é em terceira pessoa e acompanha ora Anthony e ora Kate, de uma maneira bem
próxima a eles, então vamos conhecê-los a fundo, com todos seus sentimentos,
pensamentos e personalidades bem definidas. Os pontos de vista não são
intercalados por capítulos, mas, sim, dentro de um mesmo capítulo, e a autora
modifica quem é o foco o tempo inteiro. É uma forma bem bacana de contar uma
história, além de muito dinâmica.
Ambos os
protagonistas e também os demais personagens são muito espirituosos e
divertidos, me peguei rindo em diversas ocasiões, e olha que é bem difícil eu
rir com livros. As provocações, brincadeiras, fofocas, ameaças amigáveis, são
ótimas e os diálogos bem construídos. Mas não é só de diversão que este
exemplar é escrito e até as cenas mais sérias conseguem despertar sentimentos
em nós, leitores, nos comovendo e nos deixando apaixonados.
Anthony não
é aquele tipo de homem que eu já começo adorando, principalmente porque ele era
libertino demais para o meu gosto, e também tinha um ego grande, mas ele foi me
conquistando aos poucos e no final terminei adorando-o. Já Kate é uma pessoa
que me agradou desde o primeiro instante, e adorei ver todo o seu cuidado e amor
pela sua irmã mais nova, Edwina, porque eu me identifiquei bastante com a
personagem neste quesito, visto que faria qualquer coisa pela minha irmã e a
protegeria do que eu pudesse. A única coisa que me incomodou nela foi a
quantidade de vezes que se sentia inferior à irmã e a sua beleza, porque sua
autoestima era bem baixa e de vez em quando soava meio deprimente. E confesso
que queria um livro protagonizado por Edwina, porque ela era uma parte
importante deste volume, então queria vê-la se apaixonando e gostaria de
conhecer o seu pretendente diretamente e não apenas por poucos segundos através
de coisas que ela ou outra pessoa comentou brevemente neste.
A minha
parte preferida foi o romance, porque a autora consegue construí-lo muito bem.
Os personagens se conhecem e há uma atração, mas ela vai sendo desenvolvida, os
sentimentos vão nascendo e depois se fortalecendo a cada momento, a cada virada
de página, para ir se transformando em algo maior e mais intenso. E a melhor parte
é que a gente sente junto com eles, nada ocorre de uma hora para a outra, e,
enquanto ainda não aconteceu algo a mais, a gente torce para que fiquem juntos
logo, mas gosta da sensação de expectativa para que tudo ocorra no momento
certo, o que realmente acontece. É uma delícia poder acompanhar tudo isso,
esses sentimentos, eles se conhecendo melhor e gostando de cada particularidade
do outro, inclusive as partes ruins, e Julia sabe como nos manter envolvidos com
o que estamos lendo de uma forma muito boa mesmo.
“Seria
possível apaixonar-se pela mesma pessoa sempre, todos os dias?”
Eu não
conseguia parar de ler! É sério, sempre que eu tinha um tempinho sobrando (ou
não!) logo pegava o livro e voltava a mergulhar em suas páginas, sempre com um
sorriso no rosto e aquela sensação muito agradável que sentimos quando estamos
com uma obra da qual estamos amando tanto em mãos. Na resenha de "O Duque e Eu", já tinha comentado que tinha
me tornado uma fã de Quinn, e agora este sentimento está muito mais enraizado.
E, mesmo só tendo lido duas de suas obras, já a considero uma das minhas
autoras preferidas, pois tenho certeza absoluta que ela não vai me decepcionar
com seus demais exemplares.
O que eu
mais gosto nas histórias da autora é que, apesar de não terem nada tão
diferente do que podemos encontrar por aí, Julia mesmo assim consegue se
destacar, fazendo com que sua trama seja única, especial, encantadora e
envolvente, e entre para o coração de suas leitoras com uma facilidade incrível.
A série é
composta por nove livros, sendo que os oito primeiros são sequenciais, mas com
protagonistas próprios. Como todos são da mesma família e irmãos, vamos
acompanhar e conhecer um pouco mais de cada um em todos os livros, mesmo nos
que a pessoa em questão não é o foco, e ainda vamos saber um pouco do que aconteceu
com aquele casal depois do término do livro dele, afinal os dois vão aparecer
nos demais também. O último livro trata-se de um compilado de contos, com os
epílogos estendidos de cada um dos oito volumes, ou seja, vamos saber ainda
mais sobre o futuro dos casais e suas respectivas novas famílias (eba!) além de
um conto sobre a história de amor de Violet e Edmund, os pais. E estou muito
empolgada para ler sobre o romance deles, que parece ter sido simplesmente
lindo demais!
Como as
histórias são independentes, cada qual com seu começo, meio e fim, você não
precisa ler na ordem e nem todos os volumes, mas pode ocorrer de encontrar
algum tipo de spoiler das obras anteriores, só nada tão grave a ponto de
estragar sua experiência, caso decida ler ele depois. Porém, caso haja
interesse (se você gosta de romances históricos, espero que haja, porque vale
MUITO a pena!), é sempre mais legal ler na ordem.
A parte
gráfica segue o padrão do primeiro volume e também dos demais da série,
incluindo a capa, que é bonita. A diagramação é simples, com uma fonte
confortável para a leitura e bons espaçamentos, os capítulos se iniciam na
mesma página que o anterior finaliza e as folhas são amarelas. Há uma árvore
genealógica logo no início, com os títulos dos livros protagonizados por cada
um dos oito filhos.
“O Visconde
Que Me Amava” é uma obra essencial para todas os amantes do gênero romance
histórico com pitadas de diversão, devido a seus personagens agradáveis e espirituosos,
algumas cenas que são totalmente hilárias, ao romance lindo, com um toque de
sensual e totalmente apaixonante. E se você ainda não conhece a autora, faça
isso o mais breve possível, porque tenho certeza de que vai amá-la também.
Avaliação
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