Todas As Coisas Que Eu Já Fiz – Birthright #01 – Gabrielle Zevin

Em 2083 as coisas não são como hoje em dia, a começar pela proibição de duas coisas maravilhosas que atualmente podemos consumir à vontade: chocolate e café. Além disso, a água e a comida são racionadas e os jovens não podem estar nas ruas depois do toque de recolher. Por outro lado, muitos jovens podem se divertir bastante porque a bebida alcoólica é liberada, até para menores.
Anya Balanchine vive em uma cidade de Nova York acabada, repleta de criminalidade e pobreza, tentando viver uma vida normal e cuidando de seus irmãos mais novos e de sua avó que está muito doente e em uma cama entre a vida e a morte. Só que a vida dela está longe de ser normal, ela nada mais é do que a filha de Leonyd Balanchine, que era chefe do crime organizado e dono da Balanchine Chocolate, responsável pela distribuição ilegal de chocolate e outras coisas, como tráfico de armas e operações no mercado negro. Até que ele foi assassinado na frente de suas duas filhas ainda pequenas, e o comando da empresa ficou nas mãos de sua família.
Com todo o dinheiro deixado pelo pai, Anya consegue sustentar a si própria, seus irmãos e a avó, e quer distância dos negócios da família, mas ela não pode se afastar tanto assim porque afinal eles são sangue de seu sangue e compartilham o mesmo sobrenome mafioso que trouxe a fama à família.
Quando terminou o namoro com Gable Arsley, ele espalhou diversos boatos maldosos sobre Anya. Com um estoque de chocolates em casa, seu ex-namorado, um viciado nessa mercadoria ilegal, pede a ela, à noite e às escondidas, uma barra para saciar seu desejo e ela lhe dá, sem imaginar que sua vida iria mudar totalmente nesse momento.
Logo em seguida, descobriram que ele havia sido envenenado e a origem do envenenamento eram justamente os chocolates Balanchine. Parecendo culpada, Anya logo é acusada e passa a ser o centro das atenções do colégio, da mídia e, pior de tudo, da máfia.
Para piorar sua situação, um novo aluno, Win Delacroix, chega à cidade e ao colégio e parece bem interessado em nossa protagonista, que não pode se permitir apaixonar-se por ele, já que sua vida é complicada demais, sua melhor-amiga-desde-sempre gosta dele e, pior ainda, ele é filho do novo promotor número dois da cidade, ou seja, contra sua família. Mas como resistir a um garoto fofo, bonito e romântico, que se importa com ela de verdade?
No meio de muita confusão, Anya vai precisar de muita força de vontade para ir contra seus princípios e liderar a família mais do que nunca para defendê-los, custe o que custar.
Como vocês sabem (se acompanham minhas resenhas), adoro distopias e esse foi o principal motivo de querer ler esse livro. Eu queria lê-lo desde que soube do lançamento, mas só agora tive a oportunidade. Mas, apesar de parecer, eu não considero esse primeiro volume da trilogia Birthright realmente uma distopia. A única característica do gênero aqui é a proibição de algo que no caso é o chocolate e o café, mas nada mais foi explorado. Na realidade, as relações familiares são o mais importante no livro, e engloba bastante o lado mafioso de sua família. E isso não é uma coisa ruim, pelo contrário, foi o que me ganhou.
A narrativa é em primeira pessoa por Anya, que mesmo com seus apenas dezesseis anos, já sofreu e sofre muito, mas é bem madura, segura, racional, responsável, e carrega todo o peso do mundo nas costas. Adorei de verdade a protagonista que, mesmo enfrentando tantas coisas ruins, continua de cabeça erguida, sem fazer dramas, é corajosa e independente, e faz o que for preciso para defender quem ama. Ela é forte, mas ainda é uma jovem e, portanto, também tem seus problemas relacionados a isso.
É ela quem cuida da família, já que não tem mais os pais, seu irmão mais velho, Leo, sofreu um acidente de carro quando mais novo quando alguém assassinou a mãe, que estava dirigindo o veículo, e o deixou com sequelas no cérebro e agora, apesar da aparência de um homem, ele tem a mentalidade de um menino, então Anya precisa ‘pisar em ovos’ quando se trata de cuidar dele, porque não pode mostrar que está no comando para não magoá-lo, ao mesmo tempo em que precisa controlá-lo para que ele não se meta em encrencas ou se machuque de alguma maneira. Além disso, sua avó, que é a nova chefe da família, está muito doente e de cama, contando com uma enfermeira integral para tomar conta dela e Anya para decisões importantes, já que toda hora ela tem problemas com a memória, e está bem debilitada. E Anya ainda precisa cuidar da irmã mais nova, Natty, que é um prodígio da matemática e só tem doze anos.
Apesar de bem católica e seguir a risca alguns dos ensinamentos da Igreja e amar demais sua família, Anya acaba sendo mais racional e deixa a emoção de lado em diversos momentos. Isso é algo que eu admiro porque sou totalmente o contrário e deixo minhas emoções falarem mais alto do que a razão em diversos momentos da minha vida. Também curti que ela sempre pensava em seu pai como isso, seu pai, com todos os seus conselhos e ensinamentos, que ela seguia com muito afinco nas situações que tinha que enfrentar, e não apenas como o mafioso que ele era.
Dos outros personagens, os que merecem destaque são sua melhor amiga, Scarlet, seu interesse amoroso, Win, seus irmãos, Natty e Leo, sua avó Galina, e sua enfermeira, e o advogado da família, Dr. Kipling com seu ajudante Simon Green. Scarlet é uma fofa e uma amiga muito, muito boa, é diferente de Anya e acho que a amizade delas se completa. Os personagens mais velhos também são ótimos e a ajudaram muito nos momentos de dificuldade e gostei bastante deles. Do Leo eu gostei, mas ele me irritava às vezes porque Anya só queria seu bem, mas ele não via isso nunca, já a Natty é uma fofa e a adorei também.
Até que o relacionamento dela com o Win não foi aquela coisa de se olharem uma vez e já se amarem, apesar de que não demorou muito para seus sentimentos surgirem e ficarem mais fortes, mas mesmo assim gostei dos dois juntos. Win é um fofo, super carinhoso e uma graça.
Acho que nunca tinha lido nenhum livro jovem adulto em que a protagonista tem relação com a máfia, achei legal e diferente e gostei da experiência. Também nunca tinha lido nada da autora, apesar de já ter na estante o livro “Em Outrolugar”, igualmente lançado pela Rocco Jovens leitores. Pretendo ler a sequência desse em breve e também vou tentar encaixar “Em Outrolugar” na minha lista de leituras.
No final uma atitude de Anya me surpreendeu porque ela sempre foi muito racional com tudo o que viveu e deixou as emoções serem mais fortes naquele momento. Curti o término do livro, que não foi desses óbvios, apesar de ter ficado com pena do que aconteceu a Anya. Ô menina para passar/enfrentar tanta coisa ruim.
Ainda não sei o que esperar do próximo livro em relação à distopia, pode ser que ela seja explorada e o leitor entenda tudo o que aconteceu no mundo para a proibição dos chocolates e do café, ou pode ser que a autora realmente deixe isso de lado (e que essa informação tenha sido apenas para vender livros para os fãs de distopia nesse boom que surgiu) e continue focando nos dramas familiares, na protagonista forte e no romance, mas vou logo ler o próximo volume para descobrir e conto para vocês.
Gosto dessa capa apesar de ser simples, mas também não é algo que eu olhe e pense: “Que capa maravilhosa, preciso ler esse livro urgentemente!”. A diagramação é simples, mas bem feita com tamanho de fonte e bom espaçamento. Para quem se incomoda com folhas brancas, uma má notícia, esse livro tem. Os capítulos têm títulos que parecem chamadas de um diário, e que tem relação com o conteúdo do capítulo, pode soar como um tipo de spoiler, mas acho que não está tão explícito assim para que estrague o conteúdo porque você leu o título antes.
A leitura com certeza nos inspira a comer chocolate. Te desafio a lê-lo inteiro e não ficar nem com vontade de comer um pedacinho. Mesmo agora, escrevendo essa resenha, não consegui me conter e precisei comer um. Hahaha
Com uma narrativa maravilhosa e uma escrita que flui muito bem, e uma trama recheada de segredos, traições, mentiras, amizade, amor, companheirismo, máfia e relações interpessoais bem exploradas, narrada por uma protagonista forte e decidida, essa trilogia vale a pena ser lida.
Avaliação



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2 comentários:

  1. Olha, não leria o livro pela capa, pq a achei bem feinha... Mas adorei sua resenha! Nossa, só de imaginar um mundo sem chocolate e café, já me dá desespero! kkkkkk

    bjo bjo^^

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  2. Concordo com a Ana a capa é bem feiinha!! =S
    Mas amei a resenha, um livro futurista cheio de ação, não consigo imaginar uma vida sem chocolate e café!!
    Eu ia enlouquecer =S
    Graças ao House acabei descobrindo mais um ótimo livro para acrescentar a minha lista de desejados!!
    Beijos

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