Simplesmente Acontece (Cinema X Bookcase)

Como vocês puderam conferir na minha resenha do livro “Simplesmente Acontece” (clique no título para ler), eu não gostei da leitura, por achar cansativa e até sem graça em muitos momentos. Mas queria assistir ao filme para poder comparar as duas versões e ver se as mudanças tinham transformado esta história que eu tinha tantas expectativas, mas não gostei, em algo que eu curtisse mais do que o exemplar. Então esta review não é para dizer exatamente tudo o que acontece no filme, apenas comparar os dois materiais e dizer o que eu gostei e não gostei nas semelhanças e diferenças da história e a minha conclusão a respeito de ter curtido mais o livro, o filme, ou nenhum dos dois.
Quem não assistiu ao filme ou leu o livro e não gosta de spoilers, aconselho que não continue a ler esta resenha, pois, para comparar os dois, eu preciso comentar sobre as cenas de ambos, e algumas delas podem ser importantes para o desenrolar da trama.
Na adaptação cinematográfica houve algumas mudanças que não considero boas nem ruins, acho até que posso considerá-las como neutras, já que não fiquei chateada e nem aliviada com o que foi modificado. Uma delas é a forma como Rosie conhece sua melhor amiga, Ruby, pois no livro elas trabalham juntas em um escritório e há toda aquela dinâmica de troca de mensagens por conta do emprego delas, enquanto no filme elas se conhecem na farmácia e depois trabalham juntas no hotel, e isso nunca acontece no livro – só Rosie arruma empregos em hotéis. Algumas outras cenas menores também foram modificadas, mas os resultados foram semelhantes ou parecidos, então não senti muita diferença com elas.

Eu entendo algumas coisas que ficaram diferentes, já que são duas formas distintas de produzir material e como cada uma delas vai ser apresentada às pessoas. Por exemplo, achei maravilhoso alguns pequenos cortes que eram muito repetitivos na história, já que serviram para enxugar vinte anos do total, o que foi um alívio, pois foi justamente o longo período de tempo transcorrido da primeira página até a última que mais me incomodou no livro, principalmente levando em conta quanto eles demoraram a aceitar seus sentimentos e correr atrás um do outro e de suas respectivas felicidades.

Enquanto outras eu acredito que poderiam ter sido mantidas por conta da essência da história e dos personagens, inclusive porque também ficariam boas no filme. Como, por exemplo, o motivo e quando Alex se mudou de país, a dinâmica do baile de formatura e os acompanhantes (no livro só Rosie foi, com o futuro pai de sua filha), o motivo de Rosie ter ficado grávida, a maneira como Alex soube de Katie, a idade que a filha conhece o pai (criança no filme x pré-adolescente no livro) e o relacionamento que eles dois desenvolvem (no filme este praticamente não existe, visto que o pai é mais babaca). Descaracterizaram as duas esposas de Alex, que no caso do filme só casa com a segunda. Também são bem diferentes: o relacionamento de Alex com Sally, sua primeira esposa, de quem ele realmente gostou e com quem teve um filho (no filme ela o engana e nem fica grávida dele, mas, sim, de outro), o namoro dele com Bethany, inclusive a forma como voltaram a ficar juntos no futuro e o casamento dos dois com um filho, e até a “amizade” de Rosie com ela (não existe de maneira nenhuma no livro, o que eu achei mais do que ridículo no filme!). Também houve cortes de pessoas muito importantes na vida e família de Alex e Rosie.

O roteiro também teve algumas mudanças utilizando personagens para mais de um papel, ou seja, enquanto no livro duas pessoas distintas faziam algumas cenas, no filme uma das pessoas não existe e a outra faz as cenas das duas. Vou exemplificar: o garoto que tirou a virgindade de Rosie e é o pai de Katie no livro é o Brian, que inclusive fez parte da vida dos protagonistas desde novos e nenhum dos dois gosta muito dele, mas futuramente se torna muito importante. Enquanto no filme este personagem simplesmente não existe e Greg, que na obra literária é outro personagem, e é marido de Rosie em ambos, ganhou o papel de pai de Katie e responsável por tirar a virgindade de Rosie na formatura. Acontece isso em outros momentos, como quando Rosie descobre que Greg a trai, no livro é o irmão mais novo quem descobre sem querer, enquanto no filme é Ruby. Não gostei destas junções.

Um dos segredos do livro, revelado mais para a metade, acontece logo no começo do filme, mas até entendo este motivo, já que este começa com eles na adolescência, enquanto na obra eles ainda são crianças.
Apesar de o livro ter sido todo narrado em cartas e outros materiais escritos, no filme nada disto ganha importância, mas para falar a verdade não senti tanta falta assim destas coisas, já que não iriam funcionar na produção cinematográfica tão bem assim.
E eu gostei mais dos personagens de forma geral no filme também, o Alex, por exemplo, é muito melhor e até mais fofo, Katie não faz certas coisas com a mãe, e Rosie conseguiu manter sua essência, gostei dela em ambos.

Um ponto que me incomodou demais foi o uso dos mesmos atores para diversas fases da vida dos personagens. Acredito que teria ficado melhor, mais real, se tivessem pelo menos optado por outras pessoas para fazer os dois na adolescência, porque qualquer ser humano do planeta com mais de trinta anos não tem exatamente a mesma aparência que tinha aos dezessete anos. Não entendi muito bem esta dinâmica de manter os dois em todas as fases da vida dos personagens, acho que ficou feio e dá a impressão de que o tempo não passou para eles, mas foram mais de dez anos de vida acontecendo. Mais para o final, por exemplo, a Rosie tem a aparência de ser a irmã de sua filha pré-adolescente.

Em ambos os formatos, o amadurecimento de todos os personagens é bem evidente, mesmo que a história tenha tido vinte anos a menos do que no livro, provando que dava para a autora ter cortado metade de sua história e, ainda assim, teria ficado bom (para mim, muito melhor!).
O filme pode ser considerado uma comédia romântica (adoro!), o livro, apesar de ter tido seus pontos engraçados, é mais profundo, sensível e até mais dramático. Mas eu preferi a forma gostosa de como a história foi contada para os espectadores do filme, mais do que como foi contada no livro.
Uma modificação que eu achei ótima foi o final. No livro, se passam quase cinquenta anos da vida dos personagens para, enfim, eles admirem algo um para o outro, enquanto no filme isto ocorre bem mais rápido, visto que no final eles ainda estão no começo dos trinta anos. A melhor parte disto é que corta boa parte das cenas, que acabaram sendo desnecessárias, já que eram mais do mesmo, e a busca pela felicidade dos dois também ocorre mais rápido, pois ela é encontrada nesta fase da vida e não apenas vinte anos depois disso, como no livro. E o beijo! Fiquei feliz que pelo menos no filme ele aconteceu, já que no livro fiquei imensamente frustrada com a falta de envolvimento físico deles.

No geral, eu gostei mais do filme do que do livro, e talvez tivesse gostado mais ainda se não tivesse lido a obra literária, porque, ao ler, as comparações são inevitáveis e algumas coisas ficaram melhor desenvolvidas no material escrito, como era de se esperar. Porém, a versão cinematográfica ficou mais interessante exatamente porque enxugou as partes muito lentas e repetitivas da versão original. Se houvessem mais personagens no filme para cumprir as cenas deles mesmos, sem misturar as coisas, acredito que teria ficado maravilhoso, porque gostei do tempo mais ágil e a passagem de tempo menor do filme.
Concluindo, preferi assistir ao filme muito mais do que gostei de ler o livro. Isto é raro, mas simplesmente acontece.

Avaliação






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3 comentários:

  1. Simplesmente Acontece é daqueles filmes que você não se importa de ter sido todo modificado do livro. Acho que se tivessem usado as passagens mais dramáticas eles teriam se perdido um pouco. Mas senti falta da eterna troca de mensagens, cartas e emails entre a Rosie e o Alex e também de cenas com a doidinha da Ruby com o filho nas aulas de dança. hahaha

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  2. Os personagens são muito, muito bem escritos. Extremamente cativantes e completos, ninguém é só o vilão ou só o mocinho, ninguém continua o mesmo com o passar dos anos. simplesmente amei ;)

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  3. Gostei muito do filme, apesar das várias mudanças em relação ao livro, curto muito uma comédia romântica.

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