“Dizem que uma história perde algo cada vez que é
contada. Se assim for, esta nada perdeu, pois a contarei pela primeira vez”.
Narrado em
primeira pessoa pela jovem Tamara Goodwin, cujo significado do sobrenome é
vitória boa, que, com apenas dezesseis anos, sempre se sentia mais velha, como
se tivesse mais idade. Em um determinado dia, encontra seu pai morto no chão do
escritório. Ele havia cometido suicídio. Acreditando que ainda poderia estar
vivo, ela tentou trazê-lo de volta, pressionando seu peito, mas foi em vão. Depois
deste momento, viu seu mundo se ruir: seu pai deixara ela e sua mãe com zilhões
de dívidas e todo luxo a que foram acostumadas se acabou por completo. As duas perderam
tudo, inclusive a mansão de seiscentos e cinquenta metros quadrados em
Killiney, na região de Dublin, na Irlanda, e as viagens especiais que faziam em
família, já que sempre passavam férias ou datas comemorativas (Natal,
aniversários, etc.) em vários locais caros pelo mundo afora.
Esta menina
rica, mimada, grossa e respondona, que sempre achou que era melhor do que tudo
e todos, inclusive do que suas amigas, se vê agora nesta situação complicada. Ela
e sua mãe, Jennifer, recomeçaram nada mais, nada menos do que na casa humilde
de seu tio Arthur, que era irmão de sua mãe e era casado com Rosallen, e
moravam numa antiga guarita reformada que pertencia a um castelo no campo em
Meath, no meio do nada no interior da Irlanda.
Jennifer,
com o tempo, ficara mais triste e deprimida, e Tamara, sem nada para fazer, bem
diferente de antes, como eu já comentei, conhece uma biblioteca itinerante,
cujo dono era Marcus, que tinha em torno de vinte anos, era bem bonito, com
cabelos castanhos escuros, barba por fazer, corpo estilo jogador de rúgbi, um
sorriso branco e perfeito e olhos azul-claros. Portanto, ela logo se interessou
pela “biblioteca”, e, mesmo não sendo tão fã assim de leitura, lia, mas não
ficava muito ligada a isso. Assim, poderia ficar mais próxima de Marcus e ter
alguém por perto para conversar.
No decorrer
desta história, enquanto Tamara frequenta a biblioteca, acaba descobrindo um
livro que estava sem nome de autor e muito bem fechado, e, curiosa, tenta de
tudo para abri-lo. Quando consegue, encontra páginas em branco como um diário
esperando para ser escrito e é isso o que ela decide fazer.
Só que,
quando percebe, ele já havia sido escrito com sua própria caligrafia, mas com a
data do dia posterior, contando coisas que iriam acontecer em seu futuro, como
uma previsão. Porque tudo que lá era descrito acontecia no dia seguinte em que
ela havia lido. Como foi encarar esta? Foi extremamente estranho e confuso,
pois não sabia como proceder. Esta mistura tornou o livro bem distinto, ora
ficção, ora romance, ora suspense, e assim por diante.
A narrativa
de Cecelia é gostosa e fluida, e ela sabe usar muito bem as palavras de modo a
nos prender na história, principalmente por conta de todo o mistério que
permeia as páginas, pois a gente fica tentando entender as situações e querendo
descobrir como tudo aquilo está acontecendo, como vai ser resolvido e o que vai
mudar na vida de Tamara.
Este livro
nos leva a crer que devemos dar valor as coisas quando as temos. Porque, de uma
hora para outra, podemos perder tudo. E, para recuperá-las do mesmo jeito, será
difícil. Acredito que a maioria dos jovens pensa assim, quando tem muito, acham
que suas vidas sempre serão boas, diferente daqueles cujas vidas não lhes sorri
adequadamente, e, alguns, desde cedo procuram melhorar. É lógico que depende
muito da criação dos pais e do ambiente em que vivemos, que interferem muito em
nossos pensamentos, e nossa personalidade vai se moldando. Se não queremos
passar por tantas coisas, nossos pais deveriam nos colocar freios e nos ajudar
a seguir em frente. Pena que não é assim que muitos casos funcionam.
Por incrível
que pareça, a gente acha que a protagonista nunca vai amadurecer, mas não foi
bem assim. De uma menina mimada, respondona e muito mais, passa a ver a vida de
uma forma diferente. A gente acompanha o seu crescimento e o seu amadurecimento
por conta das situações que ela vive. Primeiro porque sua vida mudou
completamente, o que foi um grande baque para ela, depois porque começou a desvendar
o futuro antes mesmo de vivenciá-lo, e posteriormente começou a encarar sua
existência e suas ações de outra forma, o que acabou sendo uma boa lição para
ela, que passou a querer melhorar suas atitudes para ter consequências
melhores. Portanto, suas descobertas a fizeram ser uma pessoa melhor.
“...Aprendi muito,
cresci muito e isso não para nunca.”
Mas história
é muito mais do que a protagonista vivendo seus dramas de adolescente e as
situações do Livro do Amanhã. O diário descreve tudo o que ela vai fazer e, com
isso, a garota poderia resolver seus problemas, só que, muitas vezes, ela acaba
preferindo não virar a página, porque, mesmo sem tentar, poderia modificar o
destino.
Tamara acaba
percebendo que o futuro é mutável, por mais que
ela tivesse a sorte – ou não – de saber o que ia acontecer antes de vivenciar
tais situações, e poder, assim, acabar modificando as coisas, muitas vezes ela
não podia prever exatamente o que iria ocorrer. Porque, por mais que ela
tivesse a chance disto, cada pequena ação que fazia ou deixava de fazer,
poderia transformar algo muito maior, o que deixava sua mente confusa e,
consequentemente, as páginas do diário também. Ou seja, mesmo sabendo por qual
caminho percorrer, no final seu destino era incerto.
Esta obra
busca a verdade de seu relacionamento familiar. Gostei muito do desenvolvimento
da protagonista que, graças a sua curiosidade, desvendou segredos ocultos por
dezessete anos, ou seja, tempo de sua existência até agora. Descobertas às
vezes podem ser boas, mas muitas vezes são ruins, resta saber como ela vai
encará-las.
Vocês querem
saber se há romance? A minha resposta é pouco, bem pouco. Mas não era este o
foco do livro e, sim, a evolução da personagem principal. E esta só pôde
acontecer graças ao diário, que no fim nos deixa dúvidas sobre o motivo de ocorrer
tudo o que ela passou. Às vezes me pergunto se ela também não foi dopada para
pensar ou achar tudo que lia no diário, ou se eram sonhos inexplicáveis. No
fim, ficamos sem saber a resposta sobre o que realmente era este livro do
amanhã.
O desenrolar
do livro é bastante longo, só deixando as descobertas para as últimas páginas. Portanto
eu curti mais a leitura quando estava me aproximando do fim, onde tudo se
esclarece, as histórias passadas são mostradas e muito bem narradas e desvendadas,
fazendo com que os leitores agradeçam como este exemplar foi finalizado.
Este livro,
então, acaba sendo uma lição de vida, passando uma mensagem realmente bonita e sendo
algo para nos inspirar a tentar ser o que mais nos faz felizes. E, se pudermos
viver cada dia da melhor forma possível, melhor ainda, pois não sabemos e nem
podemos controlar nosso futuro, devemos apenas tentar fazer com que ele seja o
mais realizado e completo para cada um de nós individualmente. Recomendo
bastante!
“Me pergunto com
frequência quanto de minha vida eu teria sabido se não fosse pelo diário. Às
vezes, acho que o teria encontrado cedo ou tarde; quase sempre acho que era
este o propósito do diário, pois, com certeza, tinha um propósito. Me conduziu
até aqui. Me ajudou a descobrir os segredos, mas também me tornou uma pessoa
melhor. Sei que isso soa muito sentimentaloide, mas me ajudou a compreender a
existência dos amanhãs. Antes, concentrava-se apenas no agora.”
Avaliação
Foi o primeiro livro que baixei para ler no meu Kobo e não consegui sair do primeiro capítulo. Ainda tenho esperanças de terminar de ler.
ResponderExcluirLivros de autores que são nossos preferidos são um problema viu, me parece ser muito legal essa coisa de Tamara do futuro contando a história da Tamara do passado penso que seria uma coisa que me prenderia ao livro, curiosa , querendo muito ler esse volume ;)
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