Eu ainda não sei que mágica que
H.G.Wells faz, mas todos os seus livros me despertam um encanto, mesmo que não
sejam tão bons do ponto de vista técnico, ele consegue através de sua escrita
me levar a cantos variados, como foi no caso da leitura de seu primeiro livro
publicado, A Máquina do Tempo, publicado pela Suma de Letras.
Um cientista faz sua primeira
viagem no tempo, e narra a seus amigos como foi ir parar no ano de 802701. A
Terra é habitada por humanos diferentes, menores e dóceis, mas ao mesmo tempo
sem tecnologia ou conhecimento. Eles entretanto não estão sozinhos, nos
subterrâneos outra evolução dos humanos se emprenha no escuro, e desperta o
medo não só destes humanos da superfície como do viajante do tempo.
Para compreender o livro em
questão é preciso ter a mente muito aberta, tendo como pano de fundo alguns
dados históricos. Este é o primeiro livro publicado pelo autor, mesmo assim ele
já demonstra o que mais tarde veremos em Guerra dos Mundos, uma capacidade
ímpar de narrar estórias variadas e nos despertar curiosidade para seus
desfechos. Segundo, ele foi pioneiro dentro da ficção científica, tanto como um
dos pais do gênero, como também a abrir para a temática de viagem no tempo
através de um aparato físico, tema este que passou a ser muito popular na
ficção científica.
A estória é narrada por um
narrador em primeira pessoa que se encontra na casa do cientista, ele primeiro
nos conta de uma reunião onde o cientista apresenta sua ideia da máquina, e
depois mais tarde também quando está na casa quando ele volta de sua viagem no
tempo. Quando o viajante narra sua experiência, a narrativa se mantêm em
primeira pessoa, mas através agora do cientista.
O livro não se propõe a contar
uma estória tradicional onde se tem um começo, meio e fim, com um conflito. Ele
visa antes de mais nada uma reflexão e crítica a sociedade do momento do autor.
Isso fica muito claro quando ele faz críticas ao comunismo, e ao modo operantis
da sociedade dos elois (os seres humanos que vivem na superfície), esta
civilização é igualitária, todos se vestem igual, são iguais. Naquela época o
comunismo já era uma ameaça a Inglaterra, e assim um vilão ao estilo de vida
tradicional inglês.
O futuro poderia ser considerado
uma distopia já que não deu certo, embora os humanos ainda existam tudo que
conquistou se perdeu. Não existe uma língua, tecnologia, e mesmo os animais
deixaram de existir. A partir destas observações o cientista começa a especular
o que o ser humano fez que culminou neste resultado. Ele chega a pensar sobre
os ricos que se mantiveram na superfície enquanto os pobres se mantiveram
escondidos trabalhando para manter a vida destes burgueses ingleses, e esse
comportamento acabou gerando estas duas raças.
Ao mesmo tempo ele também começa
a desenvolver a semente do que mais tarde também seria largamente explorada, a
quarta dimensão, que é a dimensão do tempo. Trabalhando algumas possibilidades
dentro desta teoria. Inclusive chego a me questionar se de fato nosso
protagonista viajou na linha do tempo, já que diversas existências coexistem ao
mesmo tempo, ou seja, diversas possibilidades de existência, e talvez a viagem
tenha sido para outro modo de evolução da raça humana. Ou ainda quem sabe ele
tenha ido para outro planeta?
Por curto espaço do tempo o viajante vai mais para o futuro, e a narrativa fica um pouco psicodélica, acredito que porque a imaginação acaba limitada pelo que o autor conhece de seu presente. O desfecho da trama é inusitado, e claro não esperado já que na verdade não confirma e não trás mais provas de sua viagem.
A edição atual de capa dura da
Suma está muito bonita, com cores vivas e ilustrações inéditas é um livro para
se ter na estante e revisitar para fazer novas leituras. Ela conta com extras
com um prefácio, um apêndice com o prefácio da edição de 1931 feita pelo
próprio autor, além de notas com breves explicações.
A Máquina do Tempo é um livro
antigo, mas que trás questões muito atuais sobre o comportamento humano. Não a
toa sobreviveu ao tempo porque consegue ser atemporal, e nos questionar sobre o
que o futuro nos espera!
Avaliação
Eu acho a capa desse livro tão bonita :)
ResponderExcluirEu gosto muito hisotiras de viagem no tempo, acho muito interessante e existem milhoes de possibilidades de criar algo relacionado a isso né, tipo um portal, um objetom depende da imaginação e criatividade do autor, mas eu adoro isso, essa expectativa de como vai ser essa viagem.
Esse livro já está na minha lista de desejados.