Uma Dobra no tempo da autora
Madeleine L'Engle, publicado pela Harper Collins Brasil, estava na minha lista
para compras/leitura desde que era da Rocco, e quando me decidi por ler nem ao
menos sabia da importância e polêmica que este livro teve ao longo de sua
estória.
Meg Murry é uma criança
considerada problema, com uma fúria interna que não consegue dar vazão, a única
coisa que ela quer é saber onde seu pai está e quando ele volta. Seu irmão
Charles Wallace tem apenas cinco anos, mas é mais seguro e sábio que a menina.
De forma repentina e inesperada ele a leva para uma aventura em busca do pai,
com suas amigas estranhas eles partem para fora da Terra, e Meg terá que
experenciar sentimentos e sensações que ela não sabia ao certo que tinha dentro
de si!
L'Engle publicou seu livro em
1962 depois de muitas críticas e nãos de editores e editoras. Isso porque sua
estória foge ao padrão da fantasia, assim como ao esperado da ficção
científica. Não é tão acessível as crianças, e não chega a ser para adultos. Verdade
seja dita o que esta senhora fez com certeza está um pouco além do que todos
estas pessoas esperavam e sabiam. Cansada das leituras de sempre ela começou a
ler livros de físicos, e estas leituras refletiram no conteúdo e criação de
mundo de seu livro.
Sua narrativa em terceira pessoa
é de forma geral fluída e descritiva na medida, ao mesmo tempo em que nos
apresenta através dos diálogos conceitos físicos como a dobra no tempo que
podem travar a compreensão de quem nunca leu sobre o assunto. Para compreender
e aceitar algumas das coisas que ela se utiliza é necessário sair da
mentalidade 3D e expandir horizontes. Ao mesmo tempo que ela utiliza de
conceitos de pluralidade de mundos e vidas nestes, ela também se utiliza de
conceitos espiritualistas como a unidade de todas as coisas e o amor.
A estória é grandiosa já que
atravessa galáxias, ao mesmo tempo é muito próxima quando trabalha com um
planeta onde tudo é previsível e controlado, logo as pessoas de lá vivem suas
vidas sem alegria e em um mesmo ritmo, sem emoção ou sentimento. Como a autora
ressalta iguais e idênticos não são a
mesma coisa. Podemos transportar esta ideia para o comunismo soviético, que
estava ativo com as ameaças de bombas nucleares na época que a autora escreveu
o livro.
Quanto aos personagens todo meu
amor vai para o jovem Charles Wallace que pode ter só cinco anos, mas é um
menino super dotado, eu diria que vai até além disso como se ele fosse outra
espécie de humano. É muito protetor e gentil com a irmã, alias é o único que a
entende só de a olhar. É muito vivaz e tranquilo, as vezes até um pouco
prepotente. Mas soa como aquela criança interessante de se ter por perto.
Já sua irmã a protagonista, Meg,
é bem chata. Tudo bem ela está muito tempo sem o pai, sem saber o que aconteceu
a ele, e todos em sua cidade inventaram coisas a esse respeito. Junte a isso o
fato de ela achar a escola um tédio porque tem seus próprios modos de aprender
as coisas. Mas ela passa boa parte do livro gritando e zangada com o mundo.
Junto a isso é muito medrosa e solitária. E sempre acha que são os outros que
resolveram o problema, se acha incapaz de fazer qualquer coisa, não tem
auto-estima!
Calvin o novo amigo dos irmãos
acaba na aventura por acaso e estabelece um bom link entre os irmãos já que é
uma dose de realidade. Embora seja diferente no que diz o padrão de um
adolescente ele consegue disfarçar bem, e é sociável. Essa capacidade é que
ajuda os irmãos a contrabalancear seus mundos estranhos junto aos outros.
Ao longo dos mundos algumas
criaturas surgem, como as tutoras Sr. Quem, Sra. Qual e Sr. a Quequeé, elas são
totalmente fora da casinha, ao mesmo tempo que tem uma sabedoria que não
conseguem colocar em palavras. Meu povo favorito são os do planeta Ixchel, em
especial tia criatura que teve grande dificuldade em assimilar o que é
enxergar, já que "as coisas que são
vistas são temporais. As coisas que não são vistas são eternas".
Destaque para essa linda edição
em capa dura que conta ainda ao final com O Discurso de agradecimento pela
medalha Newbery feito pela autora, e um posfácio narrando brevemente sua
biografia realizado pela sua neta Charlotte que tem algumas fotos.
Uma dobra no Tempo é muitas
coisas e nenhuma delas. Uma luz em um corte temporal, que pode ser uma aventura
de crianças ou um convite a compreensão sobre a natureza humana e do espaço.
Este é o primeiro livro da série de mesmo nome, seus volumes seguintes um Vento
a porta, Um planeta em Giro veloz e Muitas Águas já foram publicados no Brasil.
Um tempo aceitável o último da série ainda não saiu por aqui.
Avaliação
Comprei esse livro e está na minha meta de leituras desse ano, espero conseguir!
ResponderExcluirDito isso, quero dizer que a resenha me ajudou a subir o livro na lista, que tinha caído um pouco devido a entrada de outros. O texto ficou muito rico de informações sem deixar aquela sensação que vai estragar a minha leitura. Parabéns ♥
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