Um Vento à Porta - Uma Dobra no tempo #02- Madeleine L’Engle


Que coisa estranha é essa que os autores têm de estragar suas sagas com os seus segundos volumes?! É muito frequente, e eu já me cansei de ler livros que me fazem querer parar com série! Um Vento à Porta, é o segundo volume da série Uma dobra no Tempo, da autora Madeleine L’Engle, publicado pela Harper Collins Brasil, e sofreu essa estranha maldição do segundo livro!

Já faz algum tempo que os irmãos Meg e Charles Wallace viveram sua primeira aventura. Agora Charles já frequenta a escola, mas não está conseguindo se adaptar, seus colegas o acham estranho, e ele não compreende como deve mudar para esconder sua inteligência. Como se isso não fosse problema suficiente ele ainda está doente. Com a ajuda de Calvin e novos amigos inesperados, Meg partirá em uma viagem dentro do próprio irmão!

Em seu primeiro livro L'Engle já tinha uma escrita rebuscada para um livro infanto-juvenil, mas neste livro ela piora, não usando termos técnicos como no anterior com a física, mas aqui no seu modo de desenrolar e explicar a trama. As vezes alguns trechos não faziam sentido, e tornavam-se cansativos. A escrita até andava, mas não despertava o menor interesse ou empatia pelos acontecimentos.

A premissa do livro é muito interessante, afinal uma viagem dentro do corpo humano soa interessante. Mas a ação é tão psicodélica que nem parece acontecer dentro do corpo de uma criança de seis anos. Isso porque eles vão até uma célula convencer as  farândolas dentro das mitocôndrias a lutar contra os que tiram os nomes. Então não temos partes do corpo, ou uma jornada através de algum lugar. Eles se transportam direto para a mitocôndria, e um embate mais mental do que qualquer outra coisa acontece.

Charles Wallace o personagem mais legal da série aparece no começo e no fim do livro, assim ficamos privados de suas falas inteligentes e reflexivas. Cabe a Calvin ser o personagem mais interessante e lógico, já que Meg continua chata demais, eu diria que ela melhorou um pouco, mais bem pouco. Ela continua ansiosa e histérica, pensando depois de agir.

Algumas criaturas diferentes surgem ao longo da estória, como um querubim e um professor, mas nada se liga. A autora parece apresentar pedaços de uma mitologia que não se mostra clara ou que se ligue muito bem ao livro anterior. É tudo muito subjetivo e vago, e embora fique claro que uma força negativa visa destruir mundos, não fica clara a estrutura de seres e regras que Madeleine pretende sustentar.

E o que mais senti falta neste volume foram a ausência das reflexões geradas nos diálogos, enquanto no volume anterior algumas cenas e diálogos nos faziam pensar, neste segundo volume não existe muito o que desdobrar. E com a falta de recursos para criar a estrutura de mundo eu me senti perdida no espaço.

Um aspecto que gostei muito na estória foi a importância de dar nome as coisas têm. Tanto que para se salvar é necessário fugir daqueles que tiram seu nome, ou seja, tiram seu reconhecimento, e dar nome aqueles que estão sem rumo.

Um vento à Porta entretém mais longe de ter a qualidade de seu anterior. É um convite a uma jornada grandiosa que ao longo do tempo se torna tediosa e nos priva de desenvolvimento. Espero que sua sequência Um Planeta em seu Giro Veloz volte a ser interessante.

Avaliação








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