Era uma vez,
num reino distante, uma princesa muito bela chamada Branca de Neve, que não
tinha nada de realeza em sua forma de ser, muito menos de dama, já que ela não
gostava de se comportar como tal, não curtia usar corpetes apertados, montava a
cavalo como homens, com roupa de montaria estilo masculino e pernas abertas,
nadava nua no rio sem se importar com pudor, e vivia enfurnada na floresta com
seus melhores amigos, os anões. Era sua juventude e ela só queria se divertir e
viver como bem preferisse, sendo amada e respeitada por todos no reino por sua
bondade e simpatia, já que tratava a todos iguais, sem ver maldade em ninguém,
por piores que sejam suas intenções.
Mas a nova
rainha, sua madrasta Lilith, uma beleza também estonteante e somente quatro
anos mais velha do que a princesa, e seu total oposto, sendo fria como gelo,
não consegue se conformar com as atitudes da enteada, e quer que ela haja como
uma princesa, irritando-se facilmente quando isto não acontece. Ela é temida
por todos, já que os trata mal como uma forma de poder, para que o povo possa
respeitá-la como deve. Seu casamento não é feliz, pois ela foi obrigada a se casar
com o rei, muito mais velho e alguém por quem não sente o mínimo de atração
física, e nem é uma pessoa que tenha uma personalidade que lhe agrade, mas ela
usa de sua própria beleza para conquistar o que deseja.
Quando o Rei
parte em uma viagem para uma grande batalha, é a rainha quem fica no comando, e
decide que precisa ensinar logo Branca de Neve a se comportar como uma
princesa, mas a jovem não é tão fácil de ser domada, e essa disputa de forças
vai abalar todo o reino. E quando um caçador, um príncipe e os anões se metem
nesta situação, tudo acaba mudando, mas não necessariamente para um final digno
dos “felizes para sempre”.
Como já
comentei antes aqui no blog, gosto bastante de ler livros com contos de fadas,
sejam eles originais ou adaptações. E, desta vez, não foi diferente, assim que
vi que esta trilogia seria publicada pela Única, sabia que precisava lê-la para
conhecer mais esta versão da Branca de Neve. Só que, infelizmente, eu não
gostei da leitura como pensei que iria gostar. A autora até teve boas ideias
para sua versão, só acho que ela teve muitos problemas com o desenvolvimento.
A narrativa
foi feita em terceira pessoa, sendo que acompanhamos a rainha Lilith, a Branca
de Neve, o Caçador, Sonhador e o Príncipe, mas também há partes seguindo outros
personagens. As cenas que a Branca de Neve aparece geralmente são através dos
pontos de vistas destes citados. Teve uma atitude dela, quando encontra o
Caçador pela primeira vez, que me incomodou muito, resultando em uma situação
um tanto ridícula.
No começo, a protagonista da vez é mesmo a Rainha Má, mas depois parece que a autora se perdeu um pouco e não sabia em quem se focar, dando muita atenção a estes outros personagens (como o Caçador, Sonhador e o Príncipe), e o foco mal volta a ser da rainha posteriormente, ou seja, ficamos sem saber o que iria acontecer a ela, e nem a conhecemos como deveríamos. Parece que a autora ia se cansando dos pontos de vistas e mudando a história conforme as páginas iam sendo avançadas, sem tomar uma decisão final.
Inclusive
achei a personalidade de Lilith meio falha e poderia ter sido melhor explorada,
porque primeiro ela sente uma coisa, depois se arrepende, tenta consertar erros
anteriores e, do nada, decide que quer o coração da Branca de Neve, o que vai
contra suas outras decisões, ou seja, a rainha mudava de ideia toda hora, sem
nos explicar os motivos. Apesar disso, gostei de conhecer seu passado e suas
motivações para se transformar no que é hoje.
A autora
modificou partes da história original, muitas delas que eram importantes e
marcantes, mas conservou a essência do conto. Uma coisa que achei muito
interessante nesta versão de Pinborough é que ela fez questão de nos mostrar
que nem todo mundo é totalmente bom ou totalmente malvado, as pessoas têm ambos
os lados, só que em cada uma delas um dos lados aparece mais do que o outro. A
rainha Lilith, por exemplo, fez coisas das quais se arrependeu, enquanto Branca
de Neve não tem nada de pura ou inocente quanto deixa transparecer, nem o
príncipe é tão bondoso e compreensivo quanto parece, o que acaba sendo positivo
porque apresenta uma visão mais realista do ser humano.
Mas,
enquanto suas ideias para a construção de uma nova versão da Branca de Neve
eram ótimas, Sarah teve muitas falhas de continuação e diversos problemas de
enredo, deixando buracos em aberto, por exemplo, e algumas cenas eram rápidas
demais, enquanto outras desnecessariamente longas. Além disso, depois do
término da leitura posso afirmar que não me conectei a nenhum dos personagens,
nem estava torcendo para alguém ter um final feliz, por exemplo.
Outro ponto
positivo que posso citar é que a escrita da autora é envolvente, resultando em
uma leitura rápida e fluida. Se ela tivesse desenvolvido melhor tudo o que
criou, tenho certeza de que o livro teria sido ótimo. E também gostei de ver
outras histórias, como Cinderela, João e Maria, e As Mil e Uma Noites (com
Aladim) citadas aqui, mesmo que tenham sido breves e sem muita relevância.
Para os que
gostam de romances mais quentes, tem uma cena de sexo bem picante neste, que eu
confesso que achei engraçada, mas acho que alguns dos leitores podem apreciar.
Além disso, aconteceu de uma forma inesperada, o que foi surpreendente.
O vilão
acaba se revelando alguém muito diferente da Rainha Má, e quem as pessoas menos
esperavam, mas eu gostei bastante desta escolha porque isto soou bem real, já
que não devemos confiar tanto nas pessoas que nem ao menos conhecemos direito,
certo? Se esta foi uma mensagem da autora, ela foi certeira. Afinal, eu também
nunca me conformei tanto assim com o final original e a confiança depositada em
estranhos.
Não gostei
muito do fechamento deste volume e o motivo não é por não ser um final feliz,
pelo contrário, achei isso interessante e uma ótima reviravolta, da qual não
estava esperando, mas, sim, porque senti falta de um maior desenvolvimento do
que a autora escolheu fazer. Senti como se tivesse acabado no meio da ação, e
curti menos ainda o epílogo. Mas espero que nos próximos livros desta trilogia
estejam as respostas para as perguntas que ficaram no ar.
Apesar de
não ter gostado de “Veneno” tanto assim, não perdi a vontade de ler as duas
continuações, “Feitiço” e “Poder” (ambos já foram publicados aqui no Brasil,
também pela Única), porque são histórias diferentes e quero saber algumas respostas
que ficaram em aberto com o final deste primeiro volume. Além disso, acredito
que eu possa gostar de acompanhar mais as outras personagens, Cinderela e Bela
Adormecida, afinal nunca fui muito fã de Branca de Neve mesmo.
Esta edição
da Editora Única está simplesmente maravilhosa! É, inclusive, a melhor parte,
em disparado, do livro. A começar por esta capa linda e incrível, que tem tudo
a ver com a história, e ainda combina com os outros volumes, já que toda a
trilogia segue um padrão, e também adoro a lombada, seguida pela diagramação interna
que também está extremamente bonita, sendo que todo início de capítulo tem uns
detalhes gráficos com flores em preto e branco divinos, a fonte e o espaçamento
estão com tamanhos grandes e bem confortáveis para a leitura, além de contar
com páginas amarelas, e finalizando com um marcador destacável do próximo
volume na orelha de trás do livro, que é simplesmente belíssimo.
Indico a
leitura para aqueles que desejam conhecer novas facetas de uma história tão
conhecida por todos no mundo inteiro como Branca de Neve, podendo explorar
personalidades novas e entender as pessoas como elas são, nada somente branco
ou preto e, sim, cheias de nuances. Mas preciso alertá-los para não começarem a
leitura com tantas expectativas para não se decepcionarem como eu e, quem sabe,
vocês não possam gostar mais? Afinal, gostos são relativos.
Avaliação
HA! Eu gostei deste livro.... a foco passa para os demais personagens por causa da sequencia, Feitiço, vc vai entender depois que ler. Essa parte onde o Caçador encontra a Branca de Neve, tbm ficou mal explicada pra mim, mas depois, em Poder, vamos entender o pq desse "encontro". rsrsrsrsrrsrs
ResponderExcluirBjo bjo^^
Como eu gosto de livros assim, que contam uma história diferente dos contos de fada, eu vou colocar esse na minha listinha pra ler. Eu normalmente leio os livros do Alex Flinn, que escreve livros inspirados nessas histórias e até agora tenho gostado (já li 'A Fera', 'A Kiss in Time' e 'Towering' - que são: 'A Bela e a Fera', 'A Bela Adormecida' e 'Rapunzel'), mas como você avisou, eu vou ler com calma e sem muita expectativa, pra ver se eu vou gostar desse também.
ResponderExcluirEu comprei essa série em uma promoção do Submarino (estava por R$12) e confesso que estava beeem animada para ler, pois vi muitas pessoas falando que gostou. Mas agora fiquei um pé atrás.
ResponderExcluirDe qualquer forma, por esse valor vai valer a pena.
Eu gostei muito de sua resenha..me mostrou bem o que ocorre no livro...mas, sem deixar de nos instigar a lê-lo..adoro ler as versões dos clássicos, pois os autore sempre tem uma gama de possibilidades pra se abordar... que pena que você não gostou tanto... eu ainda não li esse livro, mas pretendo ler o mais rápido possivel..Espero gostar..bj e parabéns pela resenha.
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