Mesmo
que esta resenha seja de uma continuação, não há qualquer tipo de spoilers
deste, nem do primeiro volume.
Depois de um
final de tirar o fôlego em “Sombra e Ossos” (clique no título para conferir a
resenha), agora acompanhamos Alina e Maly como fugitivos, tentando levar uma
vida normal em uma terra desconhecida, mesmo com a memória aterrorizando-os. Só
que Alina não é uma simples trabalhadora e não poderia viver por muito tempo
como tal, mesmo mantendo sua verdadeira identidade em segredo. E o passado
volta assombrá-la e seu destino fica cada vez mais óbvio.
Alguém, que
eles pensaram ter ficado para trás, retorna das sombras com um aterrorizante
novo poder e um plano ainda pior, que tem Alina como uma das peças principais.
Agora, ela precisa correr contra o tempo e trabalhar para saber ainda mais
sobre seu poder para conseguir escapar deste futuro e ainda salvar a toda
população antes que as sombras voltem a reinar e muitas outras mortes ocorram,
enquanto precisa lidar com sua vida pessoal e sua nova posição de poder.
Desde que li
o começo da trilogia Grisha, estava super ansiosa por “Sol e Tormenta” e, ao
término desta leitura, posso afirmar com certeza que ela me agradou de muitas
formas. Só que minhas expectativas estavam altas demais e nem sempre isso é
bom, porque a gente acaba esperando muito do livro e, mesmo por pouco, ele pode
não ser tudo aquilo que você esperava.
De maneira
geral este é um livro maravilhoso e eu gostei demais da leitura, quase tanto quanto
do primeiro volume, Sombra e Ossos, mas acho que faltou algo para chegar ao
mesmo nível. Talvez isso ocorra porque nesta trilogia só há realmente um vilão
importante, o Darkling, por conta disso, é claro que no segundo livro não íamos
encontrar o desfecho deste embate. Então, no primeiro tivemos a chance de
conhecer este mundo, os personagens, descobrir o que eles pretendiam e o que a
série prometia, mas esta sequência só poderia servir como uma ponte entre o
anterior e o final desta história, que eu acredito que vá arrasar e ser tão boa
ou até melhor do que o começo dela.
Confesso que
Maly me incomodou em alguns trechos neste volume, porque o achei egoísta. Alina
não estava buscando o melhor somente para si, mas, sim, para toda a população,
para se verem livres do poder do Darkling e da escuridão. E Maly queria largar
aquilo tudo porque as coisas não eram mais as mesmas e ele queria que fossem, almejava
ter uma vida mais simples, somente na companhia de Alina, vivendo pelo mundo, ou
seja, estava pensando no melhor para si próprio, e não para os outros.
Só que Maly
também pareceu se incomodar com a evolução do poder de nossa protagonista e a
confiança que ela aparentava estar ganhando, diferente da culpa e vergonha que
sempre sentia antes. Ao meu ver, pareceu como se ele não gostasse de saber que Alina
estava tendo mais importância do que ele, que estava ficando para trás e as
pessoas se focavam mais nela, como sempre tinha sido durante toda a sua vida.
Então o garoto queria voltar a ser o que era antes, a ser mais importante e ter
mais destaque.
Por outro
lado, também dá para aceitar um pouco dos seus sentimentos, porque isso tudo é
igualmente novo para Maly, que tem que lidar com a falta de importância que
agora vivencia, e com uma nova realidade onde sente que não faz muita coisa, já
que ele queria mais, ansiava por sentir mais útil, e sente falta dela da mesma
forma que ela sente dele. Mas o Rastreador não é quem está totalmente errado
nisto tudo, porque Alina também se distancia do garoto, e, mesmo que sinta
saudade, não diz isso, assim como ele não fala, ou seja, são dois orgulhosos
que omitem seus sentimentos um do outro, a pessoa mais importante de todas para
cada um, e não deveriam fazer isso.
Acho que uma
grande parte deste volume teve um ritmo mais monótono, porque estávamos
acompanhando a preparação e a estratégia para a batalha iminente. Começa com
muita ação, nos deixando apreensivos e instigados, depois muda para uma coisa
mais calma, parada, para, posteriormente, voltar com tudo para cenas mais
eletrizantes e terminar o exemplar em um ápice do enredo, mesmo que ainda
cheios de dúvidas, tanto antigas quanto novas, principalmente: O que será que
vai acontecer agora? E como?
Aqui também
encontramos acréscimos de personagens que se tornam muito importantes na
história como um todo, entre eles devem ser citados Tamar, Tolya, e,
principalmente, Nikolai, que muda totalmente os rumos dos personagens
principais e de toda a trama. Gostei muito de conhecer os três, sem exceção, e
de ver seus papéis neste livro.
Esta
sequência nos entregou algumas respostas para nossas dúvidas nascidas no
primeiro volume e também algumas criadas neste segundo livro, mas também molda
muitas novas questões que precisam de soluções.
Este livro ainda trata bastante de política e seus conflitos internos
e até complexos, do mesmo jeito que no primeiro, sem ser chato ou cansativo e,
sim, fazendo parte de algo maior e muito relevante. E, desta vez, além da
questão política também encontramos religião, fé e até fanatismo, transformando
a trama em algo melhor, com pontos bem interligados, e mais intrincados, de uma
maneira bem interessante.
Quando à
retomada da história, a autora soube fazê-la bem por um lado, mas não acho que
tenha sido totalmente feliz nesta área, porque eu não consegui recordar de tudo
o que foi importante no primeiro livro, e eu já li há um bom tempo, o que
acabou sendo algo negativo. Mas alguns trechos ela soube nos fazer lembrar,
então não posso dizer que estou totalmente desapontada nesta área.
A parte
gráfica e diagramação mantém o padrão de “Sombra e Ossos”. A começar por esta
capa magnífica, que é a original e foi adaptada para o português e tem tudo a
ver com o conteúdo do livro, além de ser muito bem trabalhada. Logo quando
abrimos o exemplar encontramos um mapa estendido em relação ao que encontramos
no anterior, até porque este tem a ver com o que acontece neste volume, depois
há uma mesma folha sobre os Grishas, que foi ótima porque eu não me lembrava dos
nomes muito bem. Todo início de capítulo há um elemento gráfico, assim como no
rodapé, próximo à numeração da página. A fonte está em um tamanho bom e os
espaçamentos também estão contribuindo para uma experiência de leitura melhor,
além de contar com páginas amarelas.
Mais para o final do livro fui surpreendida positivamente por uma
atitude de Alina que eu não estava esperando nem por um segundo, o que torna o
ato muito mais agradável e admirável de ser acompanhado. Gostei bastante de sua
decisão e do modo como a conduziu.
Estou muito ansiosa pelo desfecho desta história, que será encontrado
em “Ruin and Rising”, terceiro livro da trilogia, que foi publicado em junho
deste ano lá fora, que ainda não tem título nem data de publicação brasileira,
mas acredito que em 2015 ele será lançado em português, então assim que tiver
notícias aviso a vocês.
Se você busca um livro jovem adulto sobrenatural com uma trama bem
escrita e estruturada, contando ainda com um enredo original e muito engenhoso,
recheado de reviravoltas, personagens cativantes e encantadores, um vilão
interessante, ação, aventura e magia, então nem precisa continuar procurando,
porque a trilogia Grisha é o que precisa.
Avaliação
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