Sol e Tormenta - Grisha #02 - Leigh Bardugo

Mesmo que esta resenha seja de uma continuação, não há qualquer tipo de spoilers deste, nem do primeiro volume.
Depois de um final de tirar o fôlego em “Sombra e Ossos” (clique no título para conferir a resenha), agora acompanhamos Alina e Maly como fugitivos, tentando levar uma vida normal em uma terra desconhecida, mesmo com a memória aterrorizando-os. Só que Alina não é uma simples trabalhadora e não poderia viver por muito tempo como tal, mesmo mantendo sua verdadeira identidade em segredo. E o passado volta assombrá-la e seu destino fica cada vez mais óbvio.
Alguém, que eles pensaram ter ficado para trás, retorna das sombras com um aterrorizante novo poder e um plano ainda pior, que tem Alina como uma das peças principais. Agora, ela precisa correr contra o tempo e trabalhar para saber ainda mais sobre seu poder para conseguir escapar deste futuro e ainda salvar a toda população antes que as sombras voltem a reinar e muitas outras mortes ocorram, enquanto precisa lidar com sua vida pessoal e sua nova posição de poder.
Desde que li o começo da trilogia Grisha, estava super ansiosa por “Sol e Tormenta” e, ao término desta leitura, posso afirmar com certeza que ela me agradou de muitas formas. Só que minhas expectativas estavam altas demais e nem sempre isso é bom, porque a gente acaba esperando muito do livro e, mesmo por pouco, ele pode não ser tudo aquilo que você esperava.
De maneira geral este é um livro maravilhoso e eu gostei demais da leitura, quase tanto quanto do primeiro volume, Sombra e Ossos, mas acho que faltou algo para chegar ao mesmo nível. Talvez isso ocorra porque nesta trilogia só há realmente um vilão importante, o Darkling, por conta disso, é claro que no segundo livro não íamos encontrar o desfecho deste embate. Então, no primeiro tivemos a chance de conhecer este mundo, os personagens, descobrir o que eles pretendiam e o que a série prometia, mas esta sequência só poderia servir como uma ponte entre o anterior e o final desta história, que eu acredito que vá arrasar e ser tão boa ou até melhor do que o começo dela.
Confesso que Maly me incomodou em alguns trechos neste volume, porque o achei egoísta. Alina não estava buscando o melhor somente para si, mas, sim, para toda a população, para se verem livres do poder do Darkling e da escuridão. E Maly queria largar aquilo tudo porque as coisas não eram mais as mesmas e ele queria que fossem, almejava ter uma vida mais simples, somente na companhia de Alina, vivendo pelo mundo, ou seja, estava pensando no melhor para si próprio, e não para os outros.
Só que Maly também pareceu se incomodar com a evolução do poder de nossa protagonista e a confiança que ela aparentava estar ganhando, diferente da culpa e vergonha que sempre sentia antes. Ao meu ver, pareceu como se ele não gostasse de saber que Alina estava tendo mais importância do que ele, que estava ficando para trás e as pessoas se focavam mais nela, como sempre tinha sido durante toda a sua vida. Então o garoto queria voltar a ser o que era antes, a ser mais importante e ter mais destaque.
Por outro lado, também dá para aceitar um pouco dos seus sentimentos, porque isso tudo é igualmente novo para Maly, que tem que lidar com a falta de importância que agora vivencia, e com uma nova realidade onde sente que não faz muita coisa, já que ele queria mais, ansiava por sentir mais útil, e sente falta dela da mesma forma que ela sente dele. Mas o Rastreador não é quem está totalmente errado nisto tudo, porque Alina também se distancia do garoto, e, mesmo que sinta saudade, não diz isso, assim como ele não fala, ou seja, são dois orgulhosos que omitem seus sentimentos um do outro, a pessoa mais importante de todas para cada um, e não deveriam fazer isso.
Acho que uma grande parte deste volume teve um ritmo mais monótono, porque estávamos acompanhando a preparação e a estratégia para a batalha iminente. Começa com muita ação, nos deixando apreensivos e instigados, depois muda para uma coisa mais calma, parada, para, posteriormente, voltar com tudo para cenas mais eletrizantes e terminar o exemplar em um ápice do enredo, mesmo que ainda cheios de dúvidas, tanto antigas quanto novas, principalmente: O que será que vai acontecer agora? E como?
Aqui também encontramos acréscimos de personagens que se tornam muito importantes na história como um todo, entre eles devem ser citados Tamar, Tolya, e, principalmente, Nikolai, que muda totalmente os rumos dos personagens principais e de toda a trama. Gostei muito de conhecer os três, sem exceção, e de ver seus papéis neste livro.
Esta sequência nos entregou algumas respostas para nossas dúvidas nascidas no primeiro volume e também algumas criadas neste segundo livro, mas também molda muitas novas questões que precisam de soluções.
Este livro ainda trata bastante de política e seus conflitos internos e até complexos, do mesmo jeito que no primeiro, sem ser chato ou cansativo e, sim, fazendo parte de algo maior e muito relevante. E, desta vez, além da questão política também encontramos religião, fé e até fanatismo, transformando a trama em algo melhor, com pontos bem interligados, e mais intrincados, de uma maneira bem interessante.
Quando à retomada da história, a autora soube fazê-la bem por um lado, mas não acho que tenha sido totalmente feliz nesta área, porque eu não consegui recordar de tudo o que foi importante no primeiro livro, e eu já li há um bom tempo, o que acabou sendo algo negativo. Mas alguns trechos ela soube nos fazer lembrar, então não posso dizer que estou totalmente desapontada nesta área.
A parte gráfica e diagramação mantém o padrão de “Sombra e Ossos”. A começar por esta capa magnífica, que é a original e foi adaptada para o português e tem tudo a ver com o conteúdo do livro, além de ser muito bem trabalhada. Logo quando abrimos o exemplar encontramos um mapa estendido em relação ao que encontramos no anterior, até porque este tem a ver com o que acontece neste volume, depois há uma mesma folha sobre os Grishas, que foi ótima porque eu não me lembrava dos nomes muito bem. Todo início de capítulo há um elemento gráfico, assim como no rodapé, próximo à numeração da página. A fonte está em um tamanho bom e os espaçamentos também estão contribuindo para uma experiência de leitura melhor, além de contar com páginas amarelas.
Mais para o final do livro fui surpreendida positivamente por uma atitude de Alina que eu não estava esperando nem por um segundo, o que torna o ato muito mais agradável e admirável de ser acompanhado. Gostei bastante de sua decisão e do modo como a conduziu.
Estou muito ansiosa pelo desfecho desta história, que será encontrado em “Ruin and Rising”, terceiro livro da trilogia, que foi publicado em junho deste ano lá fora, que ainda não tem título nem data de publicação brasileira, mas acredito que em 2015 ele será lançado em português, então assim que tiver notícias aviso a vocês.
Se você busca um livro jovem adulto sobrenatural com uma trama bem escrita e estruturada, contando ainda com um enredo original e muito engenhoso, recheado de reviravoltas, personagens cativantes e encantadores, um vilão interessante, ação, aventura e magia, então nem precisa continuar procurando, porque a trilogia Grisha é o que precisa.
Avaliação



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