Quando eu
escutei falar sobre esse volume pela primeira vez, não sabia muito bem o que
pensar, mas depois de ler várias resenhas e escutar diversos comentários sobre
essa história maravilhosa que foi escrita simultaneamente com a obra
cinematográfica homônima, ganhadora do Oscar de Melhor Filme desse ano, fiquei
curiosa para saber mais sobre ela, o que me fez colocar esse título na minha
pilha de leituras e agora vir compartilhar com vocês todas as minhas opiniões.
Em “A Forma
da Água” conhecemos a história de Richard Strickland, um oficial do governo que
foi enviado para a Amazônia no Brasil a fim de capturar um ser místico que
seria utilizado para fins militares. São dezessete meses que ele fica longe de
sua família em um calor infernal, em condições não higiênicas, além de muito
estresse para encontrar e capturar essa criatura, e, quando consegue capturar o
deus Brânquia, que é parte peixe, parte homem, já não é mais o mesmo, uma vez
que sua mente passou por muitas provações.
Conhecemos
também Elisa Esposito, uma mulher muda que passou grande parte de sua vida em
um orfanato. Ela é a faxineira da Occam, uma base de pesquisas militares, desde
os seus dezoito anos, e tem uma amizade muito grande com Zelda, a outra faxineira
do local, que por ser negra passa por vários preconceitos e humilhações, e com
o seu vizinho, Giles, um artista gay que sempre acreditava que dias melhores
estavam por vir. Nossa protagonista levava uma vida simples, porém cheia de
pessoas que a amavam como ela era.
Inicialmente
vamos alternando a leitura entre esses dois cenários, a caçada pelo ser místico
e a vida de Elisa. Vemos que ela trabalha na monotonia, onde seus dias se
resumem sempre em ficar limpando, e nada de diferente acontece. Até que ela
acaba sendo chamada para fazer uma limpeza em uma sala nova, e é lá que nossa
protagonista avista algo diferente dentro do tanque, e assim acaba conhecendo o
deus Brânquia, esse ser que consegue entendê-la apenas com o olhar, um homem
peixe que não a julga por ser muda ou humilde. E ele encontra nela o carinho de
uma pessoa, diferente daqueles que ficavam lhe torturando e o mantendo preso. Com
a forte conexão que eles criaram, Elisa passa a visitar a sala sem que ninguém
saiba, e é muito bonito de acompanhar essa relação. Porém, para o Strickland,
essa criatura o lembra de muitas coisas ruins e por isso ele é obcecado por ela
e tem um desejo de que ele morra, como se isso fosse fazer tudo ficar bem.
Antes de
começar a ler essa obra, achava que a história seria com mais foco no romance,
porém, o maior ponto de foco dela está nos problemas da sociedade que cada um
dos personagens vivencia. Mesmo com a trama se passando em décadas anteriores a
atual, muito dos problemas ainda continuam até hoje, o que serve para todo nós
lermos e refletirmos sobre cada um deles e a sociedade de uma maneira geral.
O livro é
narrado em terceira pessoa, trazendo o ponto de vista de vários personagens, o
que é bem legal pois assim conseguimos entender de forma mais ampla tudo o que
estava ocorrendo naquele período. Uma vez que a história se passa nos anos
sessenta, e, por isso, temos uma ideia de como eram as coisas naquela época, quando
a mulher estava ganhando mais força, entrando no mercado de trabalho, e quando
as pessoas faziam protestos a favor dos negros e dos homossexuais, já que eles ainda
eram vistos erroneamente.
A capa é
realmente muito bonita e chama a atenção. Adoro o jogo de cores e a ilustração!
A edição nacional, publicada pela Intrínseca, está bem diagramada com tamanho
da fonte e espaçamentos em tamanhos confortáveis, algumas ilustrações
belíssimas no miolo e páginas amarelas.
Recomendo “A
Forma da Água” para todo mundo que gostar de uma trama deliciosa, que consegue
nos prender do início ao fim com uma narrativa rápida e envolvente, que aborda
vários temas como machismo, homofobia, falta de inclusão, racismo, entre outras
questões sociais, que nos fazem refletir. Tudo isso com um pano de fundo encantador,
além de um leve romance e personagens maravilhosos, cada um com o seu jeito de
ser, trazendo os seus defeitos, imperfeições e sendo bem “humanos”. A leitura
foi ótima e estou louca para ver o filme e saber se é tão bom quanto.
Avaliação
Nenhum comentário:
Postar um comentário