A Forma da Água - Guillermo Del Toro e Daniel Kraus

Quando eu escutei falar sobre esse volume pela primeira vez, não sabia muito bem o que pensar, mas depois de ler várias resenhas e escutar diversos comentários sobre essa história maravilhosa que foi escrita simultaneamente com a obra cinematográfica homônima, ganhadora do Oscar de Melhor Filme desse ano, fiquei curiosa para saber mais sobre ela, o que me fez colocar esse título na minha pilha de leituras e agora vir compartilhar com vocês todas as minhas opiniões.
Em “A Forma da Água” conhecemos a história de Richard Strickland, um oficial do governo que foi enviado para a Amazônia no Brasil a fim de capturar um ser místico que seria utilizado para fins militares. São dezessete meses que ele fica longe de sua família em um calor infernal, em condições não higiênicas, além de muito estresse para encontrar e capturar essa criatura, e, quando consegue capturar o deus Brânquia, que é parte peixe, parte homem, já não é mais o mesmo, uma vez que sua mente passou por muitas provações.
Conhecemos também Elisa Esposito, uma mulher muda que passou grande parte de sua vida em um orfanato. Ela é a faxineira da Occam, uma base de pesquisas militares, desde os seus dezoito anos, e tem uma amizade muito grande com Zelda, a outra faxineira do local, que por ser negra passa por vários preconceitos e humilhações, e com o seu vizinho, Giles, um artista gay que sempre acreditava que dias melhores estavam por vir. Nossa protagonista levava uma vida simples, porém cheia de pessoas que a amavam como ela era.
Inicialmente vamos alternando a leitura entre esses dois cenários, a caçada pelo ser místico e a vida de Elisa. Vemos que ela trabalha na monotonia, onde seus dias se resumem sempre em ficar limpando, e nada de diferente acontece. Até que ela acaba sendo chamada para fazer uma limpeza em uma sala nova, e é lá que nossa protagonista avista algo diferente dentro do tanque, e assim acaba conhecendo o deus Brânquia, esse ser que consegue entendê-la apenas com o olhar, um homem peixe que não a julga por ser muda ou humilde. E ele encontra nela o carinho de uma pessoa, diferente daqueles que ficavam lhe torturando e o mantendo preso. Com a forte conexão que eles criaram, Elisa passa a visitar a sala sem que ninguém saiba, e é muito bonito de acompanhar essa relação. Porém, para o Strickland, essa criatura o lembra de muitas coisas ruins e por isso ele é obcecado por ela e tem um desejo de que ele morra, como se isso fosse fazer tudo ficar bem.
Antes de começar a ler essa obra, achava que a história seria com mais foco no romance, porém, o maior ponto de foco dela está nos problemas da sociedade que cada um dos personagens vivencia. Mesmo com a trama se passando em décadas anteriores a atual, muito dos problemas ainda continuam até hoje, o que serve para todo nós lermos e refletirmos sobre cada um deles e a sociedade de uma maneira geral.
O livro é narrado em terceira pessoa, trazendo o ponto de vista de vários personagens, o que é bem legal pois assim conseguimos entender de forma mais ampla tudo o que estava ocorrendo naquele período. Uma vez que a história se passa nos anos sessenta, e, por isso, temos uma ideia de como eram as coisas naquela época, quando a mulher estava ganhando mais força, entrando no mercado de trabalho, e quando as pessoas faziam protestos a favor dos negros e dos homossexuais, já que eles ainda eram vistos erroneamente.
A capa é realmente muito bonita e chama a atenção. Adoro o jogo de cores e a ilustração! A edição nacional, publicada pela Intrínseca, está bem diagramada com tamanho da fonte e espaçamentos em tamanhos confortáveis, algumas ilustrações belíssimas no miolo e páginas amarelas.
Recomendo “A Forma da Água” para todo mundo que gostar de uma trama deliciosa, que consegue nos prender do início ao fim com uma narrativa rápida e envolvente, que aborda vários temas como machismo, homofobia, falta de inclusão, racismo, entre outras questões sociais, que nos fazem refletir. Tudo isso com um pano de fundo encantador, além de um leve romance e personagens maravilhosos, cada um com o seu jeito de ser, trazendo os seus defeitos, imperfeições e sendo bem “humanos”. A leitura foi ótima e estou louca para ver o filme e saber se é tão bom quanto.
Avaliação




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