Henry
Cavanaugh é o duque de Torquil e leva muito a sério todas as suas
responsabilidades, tanto com o título como com o fato de ser chefe de sua
família, e sempre faz de tudo para proteger aqueles que ama. Ele é uma pessoa
tranquila que busca um casamento calmo e ideal, e uma vida organizada, com tudo
seguindo conforme deve ser, sem complicações pelo caminho. E o amor não é algo
que busque ou espere encontrar. Mas é claro que essa vida está bem longe de ser
conquistada, afinal sua família, composta por duas irmãs solteiras, um irmão
mais novo sem dinheiro, um cunhado acomodado e dois sobrinhos endiabrados, além
de sua mãe que até ontem era a mais sensata de todas, está sempre fazendo algo
que o deixa de cabelo em pé.
Mas ninguém
ainda tinha tido a audácia de sua mãe: uma viúva que decide se casar com um
homem estrangeiro, sem títulos, com quem está envolvida num escândalo perante a
sociedade, só porque ela recebeu este conselho de uma anônima conselheira do
jornal, que assina suas dicas como lady
Truelove. E, para piorar, ela sai de casa sem nem avisar a ninguém que iria
embora, nem para onde, somente que tinha intenções de casar com aquele homem,
que nada mais é do que um tremendo interesseiro. Porém, é claro que Henry não
pode deixar isso passar sem tomar uma atitude, e faz de tudo para que ela mude
de ideia, inclusive faz questão de conhecer essa tal de lady Truelove com o
intuito de que ela lhe ajude dizendo onde sua mãe se encontra e também mude seu
péssimo conselho, fazendo com o nome de sua família possa ser salvo desse
escândalo que está prestes a tomar proporções irreparáveis.
E é por isso
que ele conhece Irene Deverill, mulher forte, com uma personalidade bem à
frente de seu tempo, que batalha todos os dias pelos direitos femininos e
também para manter sua família de pé, com dinheiro e um pouco de dignidade que
sobrou depois que sua mãe se foi, seu irmão mudou de país e seu pai se afundou
nas bebidas, deixando as filhas sem quaisquer perspectivas boas. Por conta
disso, ela tomou a frente nos negócios da família, que nada mais é do que um
jornal de sucesso, onde agora ela trabalha comandando-o e conseguiu trazer o
prestígio que antes tinha, além de mantê-lo a salvo e rendendo lucro para
sustentar sua família.
Tudo está
seguindo normalmente, até que o duque de Torquil entra em seu escritório,
exigindo coisas que ela não vai fazer, principalmente porque sabe muito bem
como essas pessoas que possuem título agem, como se fossem os donos de tudo.
Ela já teve experiências ruins com indivíduos da alta sociedade e vai fazer o
que for para evitar muito contato com eles, exceto pelas partes em seu jornal
que falam justamente sobre eles. Mas é claro que Henry não vai deixar barato
sua recusa em ajudá-lo e vai conseguir um acordo com o pai dela usando, claro,
seu dinheiro e fama, fazendo com que ela acabe tendo que ceder um pouco para
não se prejudicar e também a sua irmã. E é nesse novo contato aproximado entre
os dois que ambos percebem que talvez julgar uma pessoa premeditadamente não
seja a melhor opção. E quando sentimentos entram em jogo eles terão que
escolher entre o que é mais importante: sua vida e sua felicidade própria ou
ceder para se encaixar na vida de outra pessoa só por causa do amor.
Quando eu
era mais nova, tinha decidido que não gostava muito de romances de época, ainda
que nunca tenha parado para dar uma chance para algum deles já que pensava que
não ia gostar. Sim, eu estava erradíssima, afinal hoje amo o gênero com todo o
meu coração. Mas quando somos adolescentes nem sempre pensamos da maneira mais
correta. Depois de ter escutado diversas pessoas falando sobre como essas
histórias geralmente são divertidíssimas e com casais maravilhosos, decidi que
deveria dar uma chance ao gênero. E foi justamente Laura Lee Guhrke a minha
escolha como primeira autora para conhecer esse universo de damas e cavalheiros
no Século XIX. Então, quando soube que seu segundo livro (sim, só existia um
único livro da autora publicado no Brasil) seria lançado por aqui, de sua nova
série, sabia que precisava lê-lo e estava ansiosíssima para começar, afinal foi
graças a ela que mergulhei no gênero, me apaixonei e logo fui procurar mais
livros, já que tinha amado tanto sua história.
Mesmo depois
de anos sem ler títulos da autora e tendo no currículo de leituras do gênero
diversos exemplares das mais variadas escritoras, devo dizer que Laura continua
sendo uma das melhores. Suas tramas são maravilhosas, encantadoras,
apaixonantes e divertidas! E nos deixam com um gostinho de quero mais delicioso
ao fecharmos a última página do exemplar. Espero que a Harlequin continue publicando-a,
tanto essa série quanto outras que já escreveu.
De todas as
obras de romance de época que já li até hoje (e, sim, foram muitas, levando em
consideração que este é meu gênero favorito), Irene Deverill é a protagonista
feminina mais feminista e independente, levando suas atitudes para níveis muito
maiores do que as lutas verbais e pequenas ações para a liberdade da mulher e a
igualdade do sexo. Ela trabalha em seu próprio jornal como chefe, e toma
decisões muito importantes, participa de eventos, reuniões, entre outros. E,
assim como outras mulheres, faz de tudo para buscar um lugar melhor no mundo
para o sexo feminino, e também batalha para conseguir melhorar os direitos de
todas, inclusive faz parte de movimentos para que possam votar. E ela sempre
tem um discurso preparado para apoiar a causa e sempre tenta mostrar a todos a
maneira ideal de pensar e agir em relação aos direitos iguais.
Gostei muito
do duque de Torquil, sua personalidade e sua atitude com relação a querer
ajudar e proteger sua família. E, principalmente, adorei ver a evolução da
maneira de pensar e agir dele depois que percebeu que só porque viveu
aprendendo algo a vida inteira, não torna aquilo uma verdade absoluta. E que,
sim, o mundo tem muito mais possibilidades e nuances e nada é apenas preto ou
branco. Fora que seu passado revelou alguém bem diferente do que ele demonstra
e faz parecer por fora, muito mais interessante e que aprende com seus próprios
erros para melhorar e até mesmo aceitar o amor novamente, ainda que de forma
distinta.
Algo bem
bacana que a autora trabalhou nesta trama e que também serve para os dias
atuais, mesmo que os detalhes sejam diferentes, é como o amor, mesmo que
grande, não deve interferir na vida da pessoa e o que ela busca para sua
felicidade individual, o que quer da vida e quais são os seus sonhos pessoais.
Você provavelmente não vai ser inteiramente feliz se basear sua felicidade no
que faz seu companheiro feliz, naquilo que ele vive ou no que está envolvido,
deixando de lado quaisquer coisas que te agradem ou que goste de fazer só para
acompanhá-lo em algo porque ele ou pessoas de fora consideram que seja mais
importante do que o que você faz. Isso tudo só resultaria em frustração e
ressentimento no futuro e possivelmente uma pessoa amargurada. O ideal seria
encontrar um ponto de equilíbrio entre tudo, resta saber se todos somos
evoluídos o bastante para isso e se Irene e Henry conseguiram.
Como
geralmente acontece com obras do estilo, a série Querida Conselheira Amorosa... é independente e cada volume possui
seu próprio casal de protagonistas, sendo que alguns deles fazem participações
em outro livro, com história completa, com começo, meio e fim e romance de
tirar o fôlego. Então eles podem ser lidos de maneira independente e fora de
ordem. Mas é sempre melhor ler na sequência. A continuação, “The Trouble with
True Love”, que conta a história da irmã de Irene, Clara Deverill, que
conhecemos bem pouco até o momento, foi publicada em janeiro deste ano lá fora
e já estou contando os dias para que a Harlequin traga para os leitores
brasileiros.
E essa
capa?! A-M-E-I! É, provavelmente, a minha preferida de todos os Romances de
Época já publicados no Brasil. Espero que as continuações ganhem capas tão
bonitas quanto esta. A diagramação é confortável para a leitura com texto bem
espaçado e fonte em bom tamanho, além de contar com páginas amarelas, o que
sempre ajuda.
“A Verdade
Sobre Amores e Duques” é um delicioso romance de época, leve, envolvente e
descontraído, com uma protagonista feminina forte, independente e admirável,
que busca o que é certo e faz de tudo para propagar um pensamento evoluído e
moderno em todos que conhece, um mocinho apaixonante e equilibrado e diversos
outros personagens adoráveis. Recomendo até de olhos fechados!
Avaliação
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