É tão raro esbarrar com uma
fantasia criativa que quando ela surge você até para e se pergunta se está
lendo direito, já que normalmente tudo soa muito igual e parecido! Fui sem
pretensão alguma ler Inverno Negro, do brasileiro Stefano Sant' Anna,
publicado pela editora Empíreo, e tive uma grata surpresa ao gostar do livro.
Leonan Albuquerque é um bolsista
em uma escola tradicional do Rio de Janeiro, vivendo com sua mãe nunca teve
dias fáceis já que sofreu na mão de seus colegas e de sua própria mãe por anos.
A solidão é sua companheira e ele não vê como sua vida pode mudar até que após
uma convulsão na escola sua mãe o leva para casa e passa agir de forma
estranha, ninguém menos do que um caçador bate em sua porta e revela que Leonan
não é um menino qualquer, mas sim um príncipe, e que mais do que isso ele é de
outro planeta, planeta este que ele deve voltar logo e ajudar seu pai que está
em sérios problemas. Sem hesitar o adolescente se joga para o desconhecido,
mesmo sem saber se dará conta de sua missão.
Antes deste livro vir até minhas
mãos eu nunca tinha ouvido falar dele, nunca havia visto resenha ou divulgação,
e me pergunto porque já que é um livro digno de muita divulgação, muito melhor
do que muitos livros que ganham meses de fama e dinheiro investido. O fato é
que Stefano foi muito feliz em sua narrativa em primeira pessoa através do
protagonista Leonan. A estória tem um ritmo acelerado desde seu princípio, e
poucos são os momentos onde temos tempo para respirar e assimilar os acontecimentos.
Fugindo do modelo tradicional
onde o herói é apresentado à um mundo novo em ritmo mais moderado, neste livro
Leonan descobre já nas primeiras páginas quem é, e logo já está em seu planeta
de origem. O planeta em questão está passando por problemas graves, assim não
existe tempo para a tradicional explicação, tudo se descortina na ação e aos
poucos, assim até o fim novas informações surgem tanto da trama principal
quanto do universo criado.
Embora se passe em outro planeta
não existem características de uma narrativa de ficção científica, já que é a
magia quem controla todas as coisas neste local, não existe tecnologia, ou
seres que remetam a extraterrestres, ao contrário, temos anões, feiticeiros,
elfos e animais mágicos. Este fato é um dos traços criativos que me chamaram
atenção, já que eu particularmente acredito que estórias como O Senhor dos
Anéis são narrativas de acontecimentos de outro planeta (para compreender minha
teoria e não me achar maluca leia sobre como Tolkien criou sua estória rs!, mas
se me achar maluca tudo bem também =P!).
O autor é um potterhead e alguns
toques provindos dos livros de Harry Potter podem ser reconhecidos, como o trio
de amigos e o perfil do protagonista que era um zero a esquerda, mas os
paralelos são poucos e sutis, já que o universo criado como foi por Sant'Anna é
bastante criativo e original.
Entretanto nem tudo é perfeito,
como são poucos os momentos de explicações na narrativa senti falta de maiores
explicações quanto a estrutura do mundo da estória. Sucessivas criaturas
surgiam na trama, e parecia que tudo era possível neste planeta de acontecer e
existir. Talvez um prefácio contando brevemente o que aconteceu com o jovem em
sua infância e dados sobre o planeta suprissem esta necessidade. Outro ponto
falho para mim foi o desfecho que acabou sendo fraco, a irmã do protagonista
promete que seu pai iria dar respostas ao menino, e isso não aconteceu, logo
tanto ele fica sem as respostas quanto o leitor.
Leonan tem um perfil
interessante, embora seja o clássico garoto que sofre bullying ele não tem o comportamento
esperado, ao contrário, ele é do tipo que revida, que se protege e ignora os
outros, que embora sofra não o é calado. Isso faz com que sua jornada seja
diferenciada, já que ele deve aprender a agir em um mundo onde é adorado e
respeitado, ao mesmo tempo em que deve aprender a estabelecer vínculos e
amizades. Não faz o tipo coitado ou sofredor, tem dentro de si um senso forte
de justiça e do bem que o guia.
Pittson é seu primeiro amigo e
quem o ajuda logo que chega a seu planeta, é quem mais dá respostas e o ajuda a
compreender a profecia em que está envolvido. É leal e tem um espírito leve.
Samyra, é a irmã de Pitt e tem o perfil mal humorado que muito me lembrou
Hermione rs, é a parte racional do trio. Por um trecho do livro os três tem uma
jornada juntos, mas logo isso muda, e Leonan deve testar a confiança nas
pessoas que conhece.
Tróvis, o vilão não é muito
explorado, o que sabemos a seu respeito é que ele quer dominar todos os
territórios e para alcançar seu objetivo ele utilizou magia negra, e com isso
criou o Inverno Negro que está adoecendo todos os habitantes do planeta.
A magia neste universo é através
do éter que a tudo permeia, cada indivíduo têm habilidades com elementos
diferentes, que são cinco. Leonan pode controlar os cinco, e por isso é muito
poderoso. A pluralidade de criaturas é
incrível, e impede qualquer tédio na trama.
Inverno Negro é uma fantasia
juvenil com um pé grande na alta fantasia, por ser tratar do primeiro livro do
autor me faz ficar muito curiosa sobre o que esperar de seus próximos livros, com
maior maturidade em sua escrita que vem com a experiência. Eu espero nos fale
mais sobre este planeta que parece incrível e repleto de magia!
Avaliação
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