Quem acompanha minhas resenhas
sabe quanto eu gosto da escrita do autor John Boyne, comecei a ler seus livros
por alguns livros não óbvios, mas não podia passar mais tempo sem ler O Menino
do Pijama Listrado, publicado pela Companhia das Letras, pelo selo Seguinte.
Bruno é um garotinho alemão de
nove anos, ele mora com sua família em Berlim, quando sem mais explicações além
do trabalho do pai ele se vê obrigado a mudar de cidade. A nova casa é em um
lugar isolado com uma cerca enorme ao lado. Ao olhar para janela, o garoto vê
pessoas, elas usam pijamas listrados, mas ele não compreende o porque. Cansado
de não ter com quem brincar ele sai para explorar, e conhece um garoto da mesma
idade do outro lado da cerca, Shmuel, e uma amizade improvável nasce.
A edição que li do livro é a comemorativa
de dez anos que têm ilustrações de Oliver Jeffers e capa dura. Oliver consegue
com traços simples e certeiros, usando quase nada de cor (basicamente o preto e
branco com destaques azuis), transmitir com muita pontualidade o clima do
livro, assim como as situações do mesmo. A editora fez um ótimo trabalho
gráfico que deixou o livro digno de viver na minha estante para sempre!
Boyne realizou sua narrativa em
terceira pessoa de forma encantadora, se é que posso dizer isso depois do
desfecho da trama, mas não tenho uma palavra melhor para descrever a capacidade
do autor em contar uma estória triste de forma tão leve e que nos faz esquecer
toda tragédia que acontece ao redor do protagonista. Utilizando do olhar
infantil, ele foi capaz de narrar os horrores de um campo de concentração.
Bruno é inteligente, mas muito
inocente, embora filho de um dos comandantes de Hitler, ele não sabe que seu
país está em guerra, menos ainda do que se trata o nazismo, ou o trabalho do
pai. Assim ele explora tudo ao seu redor com um olhar puro e sem preconceitos,
seu julgamento a cerca das pessoas é muito peculiar e longe da realidade. Ainda
acha que o mundo deve girar de acordo com suas vontades, como por exemplo a sua
inconformidade da mudança de casa, ou ainda a falta de empatia da fome que seu
amigo passa do outro lado da cerca - ele é capaz de levar comida para o mesmo e
comer no caminho porque tem fome. Tudo que importa para o menino é ser um
explorador, e poder ter com quem brincar.
A família de Bruno é composta
pelo pai, que é responsável pelo campo de concentração, mas que embora seja
cruel com todos é paciente com o filho, mesmo quando ele questiona o que vê do
outro lado da cerca; pela mãe que mesmo que não concorde com o marido o segue
onde ele vai, e não parece tão preocupada com os filhos; e por fim pela irmã de
Bruno, que está no início da adolescência e desenvolve uma paixonite por um
soldado do pai.
Shmuel é quem apresenta a
realidade do campo de concentração para Bruno, mesmo assim o menino não faz
ideia até o fim do que se trata. O garotinho judeu é muito inteligente, pois é
filho de uma professora. Ele é quem situa Bruno do atual local onde mora, a
Polônia, até este momento ele ainda achava que estava em Berlim. Mesmo ele
vendo todas as atrocidades que acontecem por perto também inocente (ou talvez
prefira poupar o amigo?), quando seus parentes começam a sumir e não voltar,
ele não sabe que estes estão aos poucos sendo mortos.
Desde que comecei a evitar o
livro eu o fazia porque tinha certeza de um final triste, mesmo todos estes
anos sabendo disso eu não estava preparada para como Boyne o fez. De forma
sutil e inocente ele partiu meu coração em pedacinhos. Ao mesmo tempo em que
deixa uma lição de moral. Sem ser escrachado, sem jogar sangue nas páginas,
você termina com sentimentos variados, pensando: "não Bruno desse lado
não!".
O Menino do Pijama Listrado pode
ser pequeno em sua páginas, mas é gigante em sua estória e mensagem, embora
trabalhe com temas muito falados, é capaz de conversar com diversos públicos e
corações, sem que para isso seja cruel. É inesquecível, e precisa um dia entrar
também em seu coração, então leia e leve Bruno para sua estante!
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