Quando li a sinopse de As Sombras
de Longbourn, da autora Jo Baker, publicado pela editora Companhia das Letras
eu não hesitei em querer lê-lo, afinal a Inglaterra no século XIX tem grande
fascinação em quem vos escreve!
No condado Hertfordshire, em Longbourn,
Sarah é uma empregada da família Bennet desde que seus pais faleceram, embora
seja dedicada ao seu trabalho que a toma o dia inteiro não deixa de sonhar em
conhecer o mundo, especialmente Londres. Após a chegada de um novo empregado em
uma casa vizinha, ela passa a nutrir mais do que sonhos, assim desejos e
atitudes sobre o que ela deve fazer para ir além dos muros da casa começam a
nascer dentro de sua alma.
Inspirado diretamente na obra
Orgulho e Preconceito ocorre ao mesmo tempo que a mesma, entretanto
acompanhamos os acontecimentos sob a perspectiva dos empregados da família
Bennet. Este dado porém não chegou ao meu conhecimento antes que eu começasse o
livro, logo eu acredito que não ter lido Orgulho e Preconceito faz com que eu
perca uma parte da beleza da estória. Sim eu assisti ao filme, mas honestamente
fazem muitos anos e me lembro pouco. Acredito que quem tenha lido o livro deva
aproveitar o livro muito mais.
Sarah é uma jovem muito inocente
que sonha com lugares melhores porque sofre na casa em que está, não por maus
tratos como era comum na época, porque tanto a família Bennet como os demais
empregados a tratam bem, mas pela dureza de seu trabalho que maltrata o corpo e
cansa seu espírito. Logo ela sempre sonha em conhecer outras cidades,
entretanto com o passar do tempo ela começa a questionar se seu sonho é algo
belo apenas em sua mente.
O casal Hill são os empregados
mais velhos, a Sra. Hill é a governanta, e tenta ter controle completo de tudo
que acontece na casa, junto a Sarah e Polly. Ela as tem como filhas, e tenta
sempre transmitir o melhor para ambas. O Sr. Hill já está velho e doente, por
conta disto acaba sendo substituído em algumas funções por um novo funcionário,
James, um jovem misterioso que se mostra muito prestativo, mas que desperta
sentimentos estranhos em Sarah.
James têm segredos em seu
passado, mas os guarda fundo, tentando ser o mais discreto e calado possível.
Este comportamento desperta em Sarah desconfiança e ao mesmo tempo mais atenção
do que o normal dela por ele. Este casal até desperta alguma torcida, mas em
geral é um pouco passivo demais.
A família Bennet aparece como coadjuvantes,
são muito citados e tudo orbita ao redor deles, mas pouco sabemos do que
realmente está acontecendo com eles, isto porque já está detalhado em Orgulho e
Preconceito, e tudo sobre eles é como espiar pela fresta de uma porta. Mesmo
assim conseguimos perceber que a família trata bem os empregados e tem
consideração pelos mesmos.
A narrativa em terceira pessoa de
Baker é muito similar a de Austen, embora não tenha lido Orgulho li Razão e
Sensibilidade. Ambos tem ritmo lento, focados no dia a dia dos personagens, sem
grandes ações ou eventos. Ambos livros não fluem, sua leitura é demorada e as
vezes um pouco cansativa, pois ela detalha bastante o trabalho dos empregados,
e bom trabalho doméstico não é um tema muito interessante de ler não é? Mas
Baker é um pouco mais descritiva do que Austen, o que nos possibilita uma
melhor perspectiva do ambiente.
A ideia de Jo de criar está
estória em cima de uma dos livros mais aclamados do gênero é muito
interessante, e arriscada, mas pensando na obra de Austen acredito que ela
tenha sido bem sucedida. Mas para gostar de uma você deve ter gostado de
Austen, não porque uma foi inspirada na outra, mas porque elas trabalham o
mesmo clima intimista da vida caseira da época.
As Sombras de Longbourn é
agradável pelo seu cenário, mas não inspirou tanto com sua estória. Não tem
exatamente problemas salvo seu ritmo lento, e possivelmente deva agradar muito
pessoas que gostem deste estilo narrativo. Sigo insistindo nestes livros porque
na pior da hipóteses são páginas em mais páginas na Inglaterra, e isso jamais
vai ser de todo ruim rs!
Avaliação
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