Eu nunca
havia lido um livro de Lucinda Riley, mas achei a sinopse de “As Sete Irmãs”
tão maravilhosa que nem pensei duas vezes antes de começar a leitura. E, agora,
depois de finalizada, pude constatar que ela é simplesmente incrível! Já quero ler suas outras obras o máximo que
puder. A forma como ela mescla o imaginário com a realidade a cada linha, a
cada parágrafo, realmente me surpreendeu. Parece que a autora, como eu, tem muita
paixão por história, só acho que eu jamais saberia dar vida a personagens
verídicos inserindo-os em uma obra ficcional, que foi o que aconteceu. Lucinda
Riley é uma “contadora de histórias como nunca antes se viu”.
A história
deste livro começa com a morte de Pa Salt, um misterioso bilionário que vivia
num castelo isolado às margens do Lago Léman, na Suíça. Suas seis filhas haviam
sido adotadas por ele ainda bebês de diversas nacionalidades, sendo batizadas
com os nomes das Sete Irmãs das Plêiades, sua constelação, no famoso cinturão
de Órion, favorita. Porém, neste volume, acompanhamos mesmo a trajetória de Maia
D’Apliése, sua filha mais velha, desde este fatídico acontecimento.
Quando elas
se reúnem na ocasião da morte do pai, a autora nos apresenta a todas as irmãs,
falando sobre suas características e personalidades, mesmo sendo Maia a
principal deste primeiro livro. Seu pai nunca havia explicado suas origens a
elas, e faleceu sem nunca ter podido lhes contar. Sendo que, quase todas, por
sua vez, nunca o questionaram.
Cada uma das
moças, então, vai receber pistas sobre suas origens, e, como este livro é sobre
Maia, vamos conhecer, junto com ela, uma carta de seu pai com informações e também
um colar de selenita que veio consigo assim que fora adotada, que Pa Salt tinha
em seu poder. Portanto, ela pega estas pistas e tenta descobrir a origem de sua
família biológica, partindo em busca deste sonho e indo parar justamente no Rio
de Janeiro, numa mansão em ruínas.
Lá, nossa
protagonista começa a juntar as peças deste quebra-cabeças, que a faz mudar
radicalmente. Com a ajuda de Floriano, um escritor do qual ela fazia traduções,
que a auxiliou nesta busca, encontra, assim, cartas com a verdadeira história
de sua bisavó de sangue, Izabela Bonifácio, entrelaçada com o arquiteto Heitor
da Silva Costa, que trabalhava na maior estátua do Rio de Janeiro, o Cristo
Redentor; seu escultor, Paul Landowski (de Paris), que a colocou em prática; e
do seu grande amor, Laurent Brouilly.
Agora o
leitor vai embarcar nas jornadas destas duas mulheres em épocas totalmente
distintas e com vidas bem diferentes, mas que acabam sendo ligadas de uma
maneira. De um lado, Maia, em busca de sua ascendência biológica em 2007, e do
outro acompanhamos uma jovem Izabela, em 1927, vivendo em plena Belle Époque no
Rio de Janeiro.
Esta é uma obra
lindíssima que mistura realidade com fantasia, escrita de uma maneira deliciosa
e muito fluida, viajando entre presente e passado com muita maestria, mistério
e diversos acontecimentos inesperados.
Como descobrir
quem era a mãe biológica de Maia se não dermos um mergulho profundo nesta
história cheia de convenções sociais? Ela acaba descobrindo, por conta de uma
pedra sabão colocada no Cristo Redentor, que pertencia a uma família
aristocrata dos anos 1920, mais especificamente 1927, cuja bisavó, Izabela, se
apaixonara por um jovem escultor francês.
Izabela,
sendo uma mulher naquela época, fazia o que seu pai queria, e ele, como rico
fazendeiro produtor de café, não tinha nome na sociedade e fez com que ela se
casasse com alguém de família tradicional do Rio de Janeiro por conta disto, só
que seu verdadeiro amor estava em Paris. Apesar de ser rica e tendo tudo o que
desejada, a moça acabou passando por dificuldades em nome deste amor proibido. Através
da história dela, também acompanhamos a realidade do Rio de Janeiro nesta
época, com a construção do Cristo Redentor e personagens que na verdade foram
pessoas que realmente existiram.
Gostei muito
de acompanhar ambas as histórias, tanto a do passado, quanto a do presente,
pois foi emocionante ver que o amor verdadeiro existiu. Um sentimento cheio de
sonhos, força, aceitação e comprometimento, onde as lágrimas rolam com muita
emoção. O passado foi uma época bem dura para os jovens que tinham que aceitar
tudo o que seus pais empunham. Maia se aprofundou e descobriu isso tudo.
Apesar de o
comprometimento social falar mais alto, fazendo com que houvesse um
distanciamento no tempo e no espaço, a paixão arrebatadora foi intensa e, mesmo
não podendo continuar compartilhando suas vidas neste plano, seus sentimentos e
consequências da breve união foram selados para sempre, o que acabou afetando a
vida de Maia no presente.
Maia é uma
moça simples, quieta, que gostava de ler e escrever e vivia mais isolada, pois havia
vivido por uma situação triste em seu passado. Enquanto suas irmãs viajavam
pelo mundo, ela sempre morou próximo de seu pai, nunca deixando-o. Quando veio
para o Rio, descobriu o amor verdadeiro e sincero que a transformou em alguém
mais alegre e cheia de vida. Gostei muito desta personagem e de descobrir sua
nova vida junto com ela, vendo-a renascer. Sua história é muito bonita e curti
muito conhecê-la.
A trama de “As
Sete Irmãs” é tão envolvente e de pura emoção, que a gente lê tão rápido e nem
parece que foram 553 páginas. É também muito bem narrada e Lucinda faz com que
nos transportemos no tempo junto com seus protagonistas. E quando ela relata a
história do passado trazendo informações relevantes para o presente, fazendo
com que o leitor entenda as ligações entre os dois, é incrível. Não sei quantos
autores tem essa capacidade.
A obra é bem
realista, emocionante e misteriosa, nos prendendo do começo ao fim de uma
maneira que não conseguimos largar o livro de jeito nenhum. E uma pergunta
paira no ar conforme as páginas vão sendo avançadas: Até quando a realidade vai
de encontro com a fantasia? Eu não saberia dizer, só sei que senti como se tudo
fosse real e amei muito.
O livro fala,
nesse ínterim, da história da construção do Cristo Redentor, como comentei
acima, e fiquei maravilhada e perplexa. Há um mergulho na História da Arte e da
Cultura com fatos históricos, que sempre me cativaram, principalmente os sobre
o Cristo.
Lucinda
Riley é uma escritora irlandesa, e já foi atriz no teatro, cinema e TV
britânica, esteve no Rio e compôs seu livro através de perguntas aqui mesmo.
Inclusive conversou com a cineasta Bel Noronha, a bisneta do engenheiro Heitor
da Silva Costa (1873-1947), responsável pela construção do Cristo Redentor.
Suas obras foram publicadas em dezesseis países, e atualmente ela divide seu
tempo entre Reino Unido e França.
Este romance
é o primeiro de uma série, que, pelo que pude saber, ainda terá mais seis
volumes contando a história de cada uma das irmãs de Maia, sendo cada livro com
o enfoque em uma delas. O segundo é sobre Ally, que é velejadora, e já foi concluído
pela autora, mas ainda não foi publicado. Eu não sei se vou gostar tanto de
suas irmãs quanto gostei de Maia e da história de sua família, até porque esta foi
passada aqui no Rio de Janeiro, então já tenho um carinho ainda maior gratuito.
Eu realmente
adorei esta capa, que tem tudo a ver com a história, além de ser belíssima e
chamar atenção de longe. Vi uma entrevista com Lucinda, que ela brincou que a
personagem ilustrada ali tem a comissão traseira bunda avantajada, assim
como as cariocas, e achei isso muito divertido! A diagramação é simples e muito
bem feita, com fonte e espaçamento em tamanhos ótimos para uma leitura mais
agradável por um período grande de tempo. Além disso, as páginas são amarelas,
o que é sempre positivo.
Só sei que nunca
mais vou deixar de ler as obras desta autora, que me cativou profundamente, e
me emocionou de um jeito tão especial que acredito que todos os seus outros livros
também me farão experimentar toda esta gama de emoções que senti com “As Sete
Irmãs: Maia”. Este entrou para os meus favoritos da vida e não poderia dizer
menos do que super, mega, hiper recomendado!
Avaliação
Minhas amigas haviam me falado deste livro uma vez, mas não dei muita bola. Mas agora que acabei de ler esta resenha , fiquei completamente apaixonada e já quero ler o livro. É exatamente o tipo de literatura que gosto de ler. Quero lê-lo o mais rápido possível! <3
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