Quando eu a li a sinopse desse volume
pela primeira vez, me encantei com a premissa da história e logo quis colocá-lo
na minha pilha de leituras para conferir essa distopia, que fala sobre
empoderamento e luta feminina. Esse é um tema pelo qual me interesso bastante,
já que acho que nossa voz deve ser ouvida e gosto muito de histórias que
abordam mulheres fortes. Com isso, comecei essa leitura e agora venho compartilhar
com vocês as minhas opiniões.
Em Vox, conhecemos uma sociedade
totalmente diferente da nossa atual, onde após as eleições de um governante
muito extremista e bastante conservador, as mulheres e todos aqueles indivíduos
que fogem do padrão dos “puros”, perderam totalmente as suas liberdades. E, com
isso, as mulheres foram sentenciadas a viver com uma cota de palavras, na qual
somente podem utilizar cem palavras por dia. Para ter esse controle, o governo
utilizou um marcador no pulso de cada mulher e quando a mesma passa do limite
das cem palavras no dia, é penalizada através de choques. Vemos também que as
escolas são divididas entre meninas e meninos, e que as meninas aprendem
atividades consideradas de mulheres, como costuras e afazeres domésticos, ao
invés de uma educação normal como nos dias atuais.
E é nesse cenário que conhecemos a
neurolinguista Dra. Jean McClellan, uma mulher que atualmente vive somente para
cuidar do lar. Ela não pode mais ler nenhum livro, os computadores da casa
ficam trancados, e até mesmo uma leitura simples como a bula de um remédio está
proibida. Ela vive uma vida horrível com o seu marido e seus quatro filhos.
Tentando sempre ensinar tudo que sabe
para Sonia, sua única filha mulher, ela tem bastante cuidado para não passar do
limite das palavras e ver a sua filha sofrer ainda mais. Seus outros filhos,
por serem homens, levam uma vida “normal”, na qual podem trabalhar, ir para a
escola, etc. E é o seu filho mais velho que nos deixa mais revoltadas com as
suas atitudes. Além de tratar a mãe como uma empregada, ele considera as
atitudes do governo corretas, achando que os homens são melhores que as
mulheres e que elas foram criadas por Deus apenas para servir aos homens.
Certo dia, um representante do governo
bate na porta de Jean, falando que ela foi convidada a trabalhar em um caso
para desenvolver um soro para ajudar o irmão do presidente a se recuperar de um
dano cerebral que afetou a sua fala. E nossa protagonista, apesar de não querer
ajudar o “governo”, sabe que se não o fizer, sua vida vai se tornar ainda pior.
Acompanhamos, então, a vida de Jean
McClellan e as suas reflexões. Com uma narrativa em primeira pessoa,
conseguimos entender melhor os seus sentimentos, angustias e motivações. E
nesse cenário, temos a chance de ver como uma voz pode, sim, fazer a diferença.
O desfecho foi bem corrido e me
decepcionou bastante em vários sentidos. Queria uma revolução, mas não da forma
que foi feita. Não dá para ficar explicando muito, pois esse é o final do livro
e seria um spoiler. Mas o que posso dizer é que esse volume em muitas vezes
parece demais com a realidade de algumas/muitas mulheres, nas quais elas têm
que se calar e se diminuir por conta de algum homem, que se acha superior e
impõe o seu jeito violento. É um livro bem reflexivo, que nos leva a pensar na
sociedade de uma forma geral, inclusive a nossa atual.
Nós, mulheres sempre devemos ser
unidas. Ninguém solta a mão de ninguém e vamos lutar sempre por um mundo
melhor, com mais igualdade. Nossa voz importa e precisamos ser ouvidas. Acho
que esse é o ponto alto do livro.
Devo confessar que realmente detesto
essa capa. É feia, genérica e não acho que passa a ideia do livro e nem mesmo
desperta o interesse na leitura. Se eu não soubesse do que se trata,
acreditaria que era algum livro chato de não ficção, o que eu acho uma pena, já
que a obra deveria ser lida e chamar a atenção de todos.
Recomendo esse volume para todo mundo
que se interesse por uma história um pouco mais pesada e reflexiva, que faz a
gente pensar na sociedade de uma forma mais ampla e até mais cruel, que traz
uma trama forte e envolvente, com personagens incríveis e bem reais. Apesar de
esperar um pouco mais da protagonista e das suas motivações, esse livro com
certeza me agradou e indico bastante a leitura.
Avaliação
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