Smith é uma criatura singular! Em
seu livro ela narra em primeira pessoas memórias de sua vida do passado e do
momento presente que está escrevendo o livro. Mas mais que isso ela narra
aquilo que não pode ser nomeado e apenas pode ser sentido através de suas ações
inusitadas! A narrativa começa com um sonho, ela encontra com um vaqueiro que a
desafia e a partir disso ela se sente impelida a escrever. Ele volta em alguns
trechos do livro como para regular seu consciente.
Patti é obcecada por café, ela
toma todo tempo e em qualquer lugar do mundo que vá, tanto que seus escritos
foram feitos em sua maioria no café que frequentava em New York, o Café 'Ino.
Seu amor por café a leva a lugares estranhos e a situações diferentes, é como
se ela só funcionasse quando tivesse uma xícara em suas mãos.
Outro traço marcante de sua
personalidade é sua companheira de viagens, uma máquina polaroid. As fotos que
ela tira durante suas inúmeras viagens podem ser encontradas ao longo do livro,
e são muito ricas para ilustrar suas histórias. Apaixonada por livros elas o
tem a mão constantemente, e claro isso cria uma ligação forte no leitor que
como ela alimenta a mesma paixão.
Os seriados policias, que aqui
são constantes na tv a cabo, são outra paixão da autora que os cita a todo
tempo. Mesmo em locais mais exóticos ela os assiste como distração, e as vezes
faz paralelos com sua vida.
Suas histórias são também
viagens, ela passa por locais como Guiana Francesa, Islândia, Alemanha,
Inglaterra, México e Japão. Um traço interessante em seus passeios é o costume
de visitar túmulos de escritores e realizar de alguma forma uma vontade que o
escritor não pode ter em vida. No Japão, por exemplo, ela vai junto com os
amigos até os túmulos, os limpa e coloca flores para eles, é uma atitude um
tanto diferente não?
Patti tem uma personalidade muito
rica e interessante, mas marcada pela morte prematura do marido, Fred. Parece
que não importa o que ela faça (como por exemplo a compra de seu bangalô na
praia tão desejado) sempre existe a sombra da tristeza de sua ausência. Nos
pequenos detalhes ela se lembra dele, de suas falas e de seus atos. Parecia um
casal que compartilhava um cumplicidade, e podemos perceber nitidamente isso na
concepção deles do relógio sem ponteiros, época em que viveram intensamente o
que desejavam sem se importar com as horas do dia.
Esperava que ela fosse falar de
música, mas ela não a cita, não sei se ela evoca lembranças, já que seu marido
era guitarrista. E ela também pouco fala sobre de onde provém seu dinheiro, já
que ela viaja muito e parece passar mais tempo passeando e tirando fotos do que
ganhando dinheiro ( ela cita em um momento algum dinheiro de diretos autorais).
Dado curioso a cerca dela também
é que ela tem um talento muito forte para perder e esquecer coisas, e não são
coisas pequenas ou desimportantes, ela consegue esquecer uma câmera (sim sua
polaroid!) e o livro que está lendo no momento. E o que para muitos seria falta
de sorte para ela é uma lembrança que pode até virar uma possível história do
destino que o objeto teve, como um casaco que ela ganhou.
Linha M é um livro de memórias de
uma mulher simples que vive a vida sem seguir as linhas. Ela tem vontades e as
segue. Ela vê riqueza nas pequenas coisas, e valoriza as pessoas. É sensível e
encantadora. E é o tipo de pessoa que eu gostaria de passar algum tempo por
perto porque parece ter aprendido alguma coisa sobre o significado da vida. Seu
livro é delicioso, é uma viagem pelo mundo, mas também pelos meandros do
inconsciente da escritora que as vezes evoca sua poesia para falar daquilo que
não se nomeia. Embora a tristeza seja uma constante companheira, o livro fala
sobre esperança e aquilo que a vida lhe deu de bom desde que saibamos tirar
isso dela. Leiam, porque tenho certeza que será uma boa surpresa como foi para
mim!
Avaliação
Somos duas, as capas tem um poder enorme de persuasão para mim, compro várias livros pela capa rsrs.
ResponderExcluirE não compraria esse livro também.
Mas pela sua resenha, a história parece ser bastante interessante. Gostei :)
Beijos,
Caroline Garcia
caarol.garcia@hotmail.com
Também não é um livro que me chamaria atenção. Nem de capa e sinopse e acho que pra ler teria que ganhar...
ResponderExcluirMas se ele surpreende é bom né. É gostoso quando pegamos um livro que nem queríamos ler e temos uma ótima leitura com ele, bons momentos e etc. Só que esse não chama muita atenção mesmo =/