Sophie é a
filha bastarda de um conde e, apesar de ter recebido boa educação, roupas, e nada
deste tipo tenha lhe faltado na infância, a parte mais importante ela nunca
pôde conhecer ou viver: o amor e o carinho de um pai, visto que ele sempre a
tratou como pupila e nada mais do que isso, mantendo uma certa distância da
menina.
Quando ele
enfim se casa, tudo muda. Só que não para melhor. Sua esposa tem duas filhas e
Sophie tem certeza de que não será mais tão sozinha e agora irá se divertir
bastante, afinal vai receber duas irmãs com idades próximas a sua de presente.
Mas seus desejos estão longe da realidade e sua relação com elas não ganha o
espaço desejado. Para piorar, quando seu pai morre, ela passa a ser renegada e
vira a criada da família, trabalhando dobrado para conseguir cumprir tudo o que
lhe é mandado.
Os anos
passaram e Sophie sempre desejou poder comparecer a um dos eventos da sociedade
londrina, mas nunca teve esta chance. Até que, com o auxílio de uma “fada
madrinha”, que a ajuda a entrar em um baile de máscaras de Lady Bridgerton,
nossa protagonista pode viver seu sonho numa noite mais do que mágica. E é lá
que conhece Benedict Bridgerton, o charmoso segundo filho mais velho da família.
Os dois têm uma química instantânea e um momento muito especial, até que tudo
acaba, já que a moça precisa ir embora e não revela nem mesmo sua verdadeira
identidade a ele.
É claro que
Benedict resolve procurá-la por todos os lugares, mas agora já é tarde demais,
Sophie foi expulsa de casa e se mudou para o interior. Três anos se passam sem
que um dos dois tenha qualquer contato ou notícia do outro, mas o destino
parece querer juntá-los novamente e, em uma situação que poderia ter tido
resultados terríveis, Benedict aparece como um verdadeiro príncipe encantado ao
salvá-la das garras de homens bêbados e violentos.
Mesmo sem
saber que aquela é a sua dama de prateado do baile de anos atrás, ele acaba se
envolvendo com Sophie novamente. Só que os dois são de mundos diferentes, e uma
relação assim está fadada ao fracasso. A menos que ela aceite uma proposta nem
um pouco romântica vindo dele. Mas isto vai contra tudo o que Sophie defende.
Então eles precisarão encontrar uma forma de ficarem juntos, mesmo que seja
contra tudo e todos, ou simplesmente devem desistir um do outro e seguirem cada
um o seu próprio caminho. Mas será que o coração vai ganhar a batalha contra os
princípios sociais ou esta é uma luta complicada demais?
Já comentei
por aqui antes, mas sempre acho válido repetir. Eu não lia romances de época um
tempinho atrás, mas não porque não gostava, só não tinha lido algum ainda. Mas,
de uns tempos para cá, fiquei viciada neles, já li vários, e o gênero já até se
tornou um dos meus preferidos. E, de todos que li, com certeza alguns dos
melhores são os da família Bridgerton, levando Julia Quinn para o patamar de
minhas autoras preferidas da vida. Essa é sua versão do conto de fadas
Cinderela, e eu só fiquei desejando que ela escreva adaptações de outros mais.
Gosto muito
da leveza que a autora dá para suas histórias, mesmo quando o assunto possui um
teor mais pesado, e de como ela aborda temas e comportamentos pertinentes da
época de forma tão real, bem estudada e fundamentada, que parece que realmente
estamos lendo relatos verdadeiros, claro que com seu toque sensível e com
pitadas cômicas. Os diálogos são espirituosos, os personagens afiados, muitas
cenas são divertidas, e acompanhar a família Bridgerton, mesmo com pequenas
aparições de alguns dos membros, é sempre muito bom.
Adoro as
protagonistas destes livros porque elas “lutam” contra as convenções sociais,
mesmo com pequenas atitudes, nunca seguindo à risca tudo o que se espera delas.
E Sophie, dona de uma autoestima baixa, com seu passado ruim e sua vida atual
também não estando nas melhores condições, não se rebaixa ou muda sua
personalidade só porque seria o correto.
Entendo que
algumas pessoas não concordem que o Benedict seja um perfeito cavalheiro, como
diz o título, e em determinados momentos eu também pensei isso dele. Afinal,
algumas de suas atitudes foram bem decepcionantes e irritantes, porém, eu acabo
me lembrando de que ele é homem no século XIX, e convenhamos, naquela época, os
homens não eram fáceis, e agir, falar ou propor algo absurdo para os dias
atuais era completamente normal naquela época. Somando isso ao fato de que ele
sempre viveu na sombra de seu irmão mais velho, a sua vontade de ser algo mais,
aos seus conflitos internos, o fato de Sophie não ser alguém que a sociedade
aprovaria, e ainda assim Benedict se apaixonou por ela, a maneira como agiu,
fazendo aquela proposta, foi a “única” forma que ele encontrou de ficar com ela
a princípio.
Além do
mais, os mocinhos destas obras são, sim, romantizados, bem diferentes da
realidade da época. E, por isso mesmo, eu adoro. Claro que não posso dizer que
todos eram iguais, só que este era um comportamento normal, adequado até, então
entendo o personagem. Portanto, apesar de eu não concordar com suas atitudes e
em como ele lida com as coisas, entendo que isso estava tão enraizado dentro de
si que ele acabava não sendo tão diferente assim do resto dos outros homens,
pelo menos não na maioria do tempo. Mas acho que no final ele acabou se
redimindo de formas apaixonantes, o que me deixou ainda mais encantada pelo
personagem.
Mas acho que
toda essa situação e a proposta que consideramos um absurdo (nós, leitores, e
Sophie também), serviram para algo bom no final das contas, afinal, fez com que
a recusa de nossa adorável protagonista tenha sido ainda melhor e mais
admirável. Foi lindo vê-la indo contra seu coração e o comportamento usual da
época para defender sua dignidade e seus princípios, mesmo que isso a ferisse
de diversas maneiras, principalmente seu lado emocional. Fez-me gostar ainda
mais de Sophie, desejando que ela fosse real e da minha época só para eu poder
abraçá-la.
A história
tem um quê de destino: Sophie e Benedict foram feitos um para o outro. Não
posso comentar muito sobre isso porque é mais gostoso ler para entender, mas é
como se eles fossem almas gêmeas, e, mesmo sem saber disso, qualquer outra
pessoa não conseguiria preencher os requisitos dos dois, mesmo que tentassem. É
um caso daquele tipo que eles se apaixonariam um pelo outro, mesmo que
perdessem a memória, mudassem completamente de aparência e não se reconhecessem
ou algo do estilo. E isso é tão fofo e romântico!
Mesmo que eu
só tenha lido três livros desta série, posso dizer que virei fã, já que
simplesmente amei todos, de uma forma tão intensa que não consigo nem mesmo
decidir qual dos três foi melhor, porque cada um deles conquistou um espaço
igual no meu coração.
Entendo o
título nacional ter sido esse, porque achei Benedict um perfeito cavalheiro em
diversas situações, que, inclusive, me fizeram suspirar. Mas acho que um título
mais semelhante ao original, como, por exemplo, “A Proposta de um Cavalheiro”,
teria ficado ainda melhor do que este, visto que teria total sentido e chamaria
atenção para uma parte de grande importância do enredo, além de despertar maior
curiosidade.
Esta é uma
série extensa, com um total de nove volumes publicados lá fora, sendo que no
Brasil já foram lançados sete, com previsão de lançamento do oitavo, “A Caminho
do Altar”, para junho. Este na verdade seria o último livro, mas a autora
decidiu escrever um extra, que reúne os segundos epílogos de todos os oito
exemplares anteriores mais um conto protagonizado pela matriarca da família,
Violet, e seu marido Edmund, que nos apresenta o passado dos dois, quando eles
começaram a se envolver, antes mesmo de se casarem e terem os filhos. E, como a
Editora Arqueiro tem costume de lançar cada exemplar de uma série com uma
diferença de poucos meses, a previsão é de que o último, "The Bridgertons:
Happily Ever After", seja publicado em novembro deste ano.
A capa deste
exemplar segue o padrão do resto da série, com uma mocinha na parte superior e
uma paisagem na inferior. Não é o meu estilo preferido de capa, porque prefiro
apenas um tipo de fotografia ou outro, mas amo tanto esta série que já que me
acostumei e agora até gosto. A diagramação é confortável para uma leitura mais
agradável e as páginas são amarelas.
Mais uma vez
Julia Quinn conseguiu me conquistar com personagens maravilhosos, uma trama
incrível, muitas reviravoltas, momentos de tensão, alegria, esperança,
admiração e muitos outros, uma pitada deliciosa de comédia, e um romance de
fazer suspirar.
Já estou
viciada por suas histórias. Se você também adora romances de época, precisa ler
um dos livros de uma das melhores autoras do gênero, e uma ótima opção é “Um
Perfeito Cavalheiro”, sua versão de Cinderela. Fiquei apaixonada e desejo que todo
mundo possa sentir o mesmo.
Avaliação
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