Um Perfeito Cavalheiro - Os Bridgertons #03 - Julia Quinn

Sophie é a filha bastarda de um conde e, apesar de ter recebido boa educação, roupas, e nada deste tipo tenha lhe faltado na infância, a parte mais importante ela nunca pôde conhecer ou viver: o amor e o carinho de um pai, visto que ele sempre a tratou como pupila e nada mais do que isso, mantendo uma certa distância da menina.
Quando ele enfim se casa, tudo muda. Só que não para melhor. Sua esposa tem duas filhas e Sophie tem certeza de que não será mais tão sozinha e agora irá se divertir bastante, afinal vai receber duas irmãs com idades próximas a sua de presente. Mas seus desejos estão longe da realidade e sua relação com elas não ganha o espaço desejado. Para piorar, quando seu pai morre, ela passa a ser renegada e vira a criada da família, trabalhando dobrado para conseguir cumprir tudo o que lhe é mandado.
Os anos passaram e Sophie sempre desejou poder comparecer a um dos eventos da sociedade londrina, mas nunca teve esta chance. Até que, com o auxílio de uma “fada madrinha”, que a ajuda a entrar em um baile de máscaras de Lady Bridgerton, nossa protagonista pode viver seu sonho numa noite mais do que mágica. E é lá que conhece Benedict Bridgerton, o charmoso segundo filho mais velho da família. Os dois têm uma química instantânea e um momento muito especial, até que tudo acaba, já que a moça precisa ir embora e não revela nem mesmo sua verdadeira identidade a ele.
É claro que Benedict resolve procurá-la por todos os lugares, mas agora já é tarde demais, Sophie foi expulsa de casa e se mudou para o interior. Três anos se passam sem que um dos dois tenha qualquer contato ou notícia do outro, mas o destino parece querer juntá-los novamente e, em uma situação que poderia ter tido resultados terríveis, Benedict aparece como um verdadeiro príncipe encantado ao salvá-la das garras de homens bêbados e violentos.
Mesmo sem saber que aquela é a sua dama de prateado do baile de anos atrás, ele acaba se envolvendo com Sophie novamente. Só que os dois são de mundos diferentes, e uma relação assim está fadada ao fracasso. A menos que ela aceite uma proposta nem um pouco romântica vindo dele. Mas isto vai contra tudo o que Sophie defende. Então eles precisarão encontrar uma forma de ficarem juntos, mesmo que seja contra tudo e todos, ou simplesmente devem desistir um do outro e seguirem cada um o seu próprio caminho. Mas será que o coração vai ganhar a batalha contra os princípios sociais ou esta é uma luta complicada demais?
Já comentei por aqui antes, mas sempre acho válido repetir. Eu não lia romances de época um tempinho atrás, mas não porque não gostava, só não tinha lido algum ainda. Mas, de uns tempos para cá, fiquei viciada neles, já li vários, e o gênero já até se tornou um dos meus preferidos. E, de todos que li, com certeza alguns dos melhores são os da família Bridgerton, levando Julia Quinn para o patamar de minhas autoras preferidas da vida. Essa é sua versão do conto de fadas Cinderela, e eu só fiquei desejando que ela escreva adaptações de outros mais.
Gosto muito da leveza que a autora dá para suas histórias, mesmo quando o assunto possui um teor mais pesado, e de como ela aborda temas e comportamentos pertinentes da época de forma tão real, bem estudada e fundamentada, que parece que realmente estamos lendo relatos verdadeiros, claro que com seu toque sensível e com pitadas cômicas. Os diálogos são espirituosos, os personagens afiados, muitas cenas são divertidas, e acompanhar a família Bridgerton, mesmo com pequenas aparições de alguns dos membros, é sempre muito bom.
Adoro as protagonistas destes livros porque elas “lutam” contra as convenções sociais, mesmo com pequenas atitudes, nunca seguindo à risca tudo o que se espera delas. E Sophie, dona de uma autoestima baixa, com seu passado ruim e sua vida atual também não estando nas melhores condições, não se rebaixa ou muda sua personalidade só porque seria o correto.
Entendo que algumas pessoas não concordem que o Benedict seja um perfeito cavalheiro, como diz o título, e em determinados momentos eu também pensei isso dele. Afinal, algumas de suas atitudes foram bem decepcionantes e irritantes, porém, eu acabo me lembrando de que ele é homem no século XIX, e convenhamos, naquela época, os homens não eram fáceis, e agir, falar ou propor algo absurdo para os dias atuais era completamente normal naquela época. Somando isso ao fato de que ele sempre viveu na sombra de seu irmão mais velho, a sua vontade de ser algo mais, aos seus conflitos internos, o fato de Sophie não ser alguém que a sociedade aprovaria, e ainda assim Benedict se apaixonou por ela, a maneira como agiu, fazendo aquela proposta, foi a “única” forma que ele encontrou de ficar com ela a princípio.
Além do mais, os mocinhos destas obras são, sim, romantizados, bem diferentes da realidade da época. E, por isso mesmo, eu adoro. Claro que não posso dizer que todos eram iguais, só que este era um comportamento normal, adequado até, então entendo o personagem. Portanto, apesar de eu não concordar com suas atitudes e em como ele lida com as coisas, entendo que isso estava tão enraizado dentro de si que ele acabava não sendo tão diferente assim do resto dos outros homens, pelo menos não na maioria do tempo. Mas acho que no final ele acabou se redimindo de formas apaixonantes, o que me deixou ainda mais encantada pelo personagem. 
Mas acho que toda essa situação e a proposta que consideramos um absurdo (nós, leitores, e Sophie também), serviram para algo bom no final das contas, afinal, fez com que a recusa de nossa adorável protagonista tenha sido ainda melhor e mais admirável. Foi lindo vê-la indo contra seu coração e o comportamento usual da época para defender sua dignidade e seus princípios, mesmo que isso a ferisse de diversas maneiras, principalmente seu lado emocional. Fez-me gostar ainda mais de Sophie, desejando que ela fosse real e da minha época só para eu poder abraçá-la.
A história tem um quê de destino: Sophie e Benedict foram feitos um para o outro. Não posso comentar muito sobre isso porque é mais gostoso ler para entender, mas é como se eles fossem almas gêmeas, e, mesmo sem saber disso, qualquer outra pessoa não conseguiria preencher os requisitos dos dois, mesmo que tentassem. É um caso daquele tipo que eles se apaixonariam um pelo outro, mesmo que perdessem a memória, mudassem completamente de aparência e não se reconhecessem ou algo do estilo. E isso é tão fofo e romântico!
Mesmo que eu só tenha lido três livros desta série, posso dizer que virei fã, já que simplesmente amei todos, de uma forma tão intensa que não consigo nem mesmo decidir qual dos três foi melhor, porque cada um deles conquistou um espaço igual no meu coração.
Entendo o título nacional ter sido esse, porque achei Benedict um perfeito cavalheiro em diversas situações, que, inclusive, me fizeram suspirar. Mas acho que um título mais semelhante ao original, como, por exemplo, “A Proposta de um Cavalheiro”, teria ficado ainda melhor do que este, visto que teria total sentido e chamaria atenção para uma parte de grande importância do enredo, além de despertar maior curiosidade.
Esta é uma série extensa, com um total de nove volumes publicados lá fora, sendo que no Brasil já foram lançados sete, com previsão de lançamento do oitavo, “A Caminho do Altar”, para junho. Este na verdade seria o último livro, mas a autora decidiu escrever um extra, que reúne os segundos epílogos de todos os oito exemplares anteriores mais um conto protagonizado pela matriarca da família, Violet, e seu marido Edmund, que nos apresenta o passado dos dois, quando eles começaram a se envolver, antes mesmo de se casarem e terem os filhos. E, como a Editora Arqueiro tem costume de lançar cada exemplar de uma série com uma diferença de poucos meses, a previsão é de que o último, "The Bridgertons: Happily Ever After", seja publicado em novembro deste ano.
A capa deste exemplar segue o padrão do resto da série, com uma mocinha na parte superior e uma paisagem na inferior. Não é o meu estilo preferido de capa, porque prefiro apenas um tipo de fotografia ou outro, mas amo tanto esta série que já que me acostumei e agora até gosto. A diagramação é confortável para uma leitura mais agradável e as páginas são amarelas.
Mais uma vez Julia Quinn conseguiu me conquistar com personagens maravilhosos, uma trama incrível, muitas reviravoltas, momentos de tensão, alegria, esperança, admiração e muitos outros, uma pitada deliciosa de comédia, e um romance de fazer suspirar.
Já estou viciada por suas histórias. Se você também adora romances de época, precisa ler um dos livros de uma das melhores autoras do gênero, e uma ótima opção é “Um Perfeito Cavalheiro”, sua versão de Cinderela. Fiquei apaixonada e desejo que todo mundo possa sentir o mesmo.

Avaliação



Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário