Quem
acompanha o blog já deve ter percebido que sou uma fã desta série da autora
Kiera Cass. Cada lançamento seu me enche de expectativas e eu começo a leitura
o mais rápido possível. Este volume é um tipo de spin-off da série “A Seleção”
(“A Seleção”, “A Elite” e “A Escolha”) ao mesmo tempo em que é uma continuação,
mas com outros protagonistas. Os personagens principais da trilogia ainda estão
presentes aqui, só não são os mais importantes.
Eu gravei
esta resenha em vídeo e queria muito postá-la, mas minha câmera não tem foco
automático e, depois de ter finalizado a gravação e passado para o computador,
percebi que a imagem estava completamente desfocada. Ou seja, perdi meu tempo e
ganhei uma tristeza profunda por ter feito à toa, principalmente porque tinha
ficado bem legal. :( Como agora não posso gravar novamente, decidi fazer uma
resenha escrita mesmo e assim que eu conseguir um tempinho (e talvez uma câmera
nova) eu tento gravá-la novamente.
Primeiramente
preciso comentar que sempre tento escrever minhas resenhas de continuações
levando em consideração que as pessoas podem não ter lido os livros anteriores
e, portanto, não gostariam de encontrar spoilers das obras. Mas, infelizmente,
vou ter que contar alguns acontecimentos do terceiro volume desta série, “A
Escolha”, aqui, pois a história inicial de “A Herdeira” depende do final do
livro anterior para fazer sentido. Se por algum acaso você não sabe quem é
Eadlyn, ou de quem ela é a herdeira (o que eu acho difícil de acontecer, porque
a maioria das pessoas que conhece este livro já deve saber esta informação) e
não gostaria de saber algumas outras pequenas informações, aconselho que pule o
próximo parágrafo, pois o resto da resenha é livre de spoilers.
No final do
terceiro livro do primeiro arco (narrado por America), vemos que a Seleção
acabou, ela foi a grande vencedora e se casou com Maxon, que aboliu as castas.
Agora, já se passaram vinte anos dos últimos acontecimentos e America e Maxon
estão casados e tiveram quatro filhos, entre eles, a primogênita, Eadlyn, que
nasceu sete minutos antes do seu irmão gêmeo, então, consequentemente, ela será
a próxima rainha. Portanto, Eadlyn sempre soube disso, e, desde que nasceu, a
menina foi treinada e preparada para aceitar o cargo quando for a hora chegar.
Então há toda uma questão familiar envolvendo esta preparação e o país também
sempre a tratou como a futura governante. Por tudo isso, a garota acaba
colocando muita ênfase nesta parte de sua vida, mais do que todas as outras
áreas, ela trabalha, se porta, se veste e se comporta para isso, ou seja, tudo
o que faz é pensando no seu futuro como rainha um dia.
Este volume
é narrado em primeira pessoa pela Eadlyn, então vamos conhecê-la mais a fundo,
e acompanhamos um cenário totalmente diferente dos volumes anteriores porque
ela sempre foi rica e é mimada, metida e bastante egocêntrica também, além de
insistir em afirmar diversas vezes que é a pessoa mais importante do mundo, o
que vai acabar incomodando inúmeros leitores que não vão gostar nada da
personalidade dela, porque ela é muito nariz em pé e repete sobre sua
importância e o fato de que um dia no futuro vai se tornar a monarca.
Particularmente,
eu gostava bastante da America, mas sei que muita gente não curtia tanto assim
a protagonista. E, apesar de não odiar a Eadlyn, também não posso afirmar que a
adorei, principalmente por achá-la bem enjoadinha, então eu gostei muito mais
dos exemplares narrados pela sua mãe.
Como as castas
foram extintas pelo Maxon há vinte anos, todos levam uma vida normal, ou pelo
menos deveriam levar. Só que o povo ainda está muito aborrecido com esta
questão, pois, mesmo que as castas não existam mais, muitas pessoas lidam com
as outras como se elas ainda existissem, inclusive brigando entre si. Pessoas
não conseguem empregos porque eram de castas menores antes, quando elas
definiam qual profissão cada pessoa podia ter (por exemplo, se uma casta era de
músicos, pessoas de outras não poderiam ter este tipo de profissão). Mas, agora
que isto foi dissolvido, cada indivíduo deveria ter permissão para trabalhar em
qualquer área, só que as coisas não são ideais e as pessoas nem sempre agem
assim. Então o Maxon tenta fazer o que pode para ajudar, mas acaba não dando
certo, porque ainda tem gente revoltada, inclusive alguns lutando e brigando
contra a monarquia e as decisões do rei.
Então o
Maxon tem uma ideia de fazer uma nova Seleção (elas não existiam mais) para
poder escolher um marido para a filha e poder criar uma distração, enquanto,
por trás dos panos, ele tenta encontrar uma solução para acabar com as revoltas
das pessoas que estão ainda com estes problemas das castas. Ele conversa com a garota
sobre esta questão, que num primeiro momento não quer fazer isso, mas, como é
melhor para as pessoas e também para seus pais, resolve aceitar a situação para
ajudá-los. Mas, por trás de sua resposta oficial para ele, resolve que vai
criar métodos para “expulsar” os pretendentes, fazendo com que eles queiram
sair porque não aguentam sua presença ou outras situações semelhantes, e ela
insiste em criar uma regra de que qualquer um dos participantes pode desistir e
ir embora na hora que bem entender, assim ela faz parecer que não é sua culpa
que nenhum queira continuar. E no final, depois de três meses, ela pode acabar
sem marido, já que não é algo que ela realmente queira. Então Maxon aceita as
condições da filha para poder dar início à Seleção.
À partir
deste momento, eles abrem as inscrições para os jovens de todo o país, coisas
que são bem semelhantes ao que aconteceu no primeiro volume da série, com a
diferença de que desta vez os sorteios são verdadeiros. Então Eadlyn sorteia os
pretendentes em rede nacional e, nesta hora, eu já sabia que um personagem que
já fazia parte da vida dela ia acabar sendo um dos selecionados, pois desde a
primeira vez em que ele apareceu, ela insistia em dizer que não gostava dele,
então ficou meio óbvio que ele teria uma importância maior em sua vida desde aquele
momento. Não vou comentar quem é ele para o caso de alguém não ter se ligado no
momento da leitura e, assim, não vou estragar as surpresas (mas acho difícil de
não terem entendido isto desde o começo).
No final eu
gostei que ele tenha sido um dos sorteados para participar da Seleção, porque
gostei muito do personagem, que se tornou um dos meus preferidos, eu só
gostaria que a autora tivesse seguido por outro caminho para a entrada dele não
ficar tão evidente assim. Em relação aos demais pretendentes que entram para
participar da Seleção, alguns nós vamos conhecer mais a fundo, mas a maioria só
vai ser citada brevemente e não vamos conhecê-los muito bem.
Logo no
primeiro dia ela já chega e faz acontecer, mas eu confesso que estava esperando
muito mais atitudes dela em relação a isso, já que anteriormente havia afirmado
que faria muitas coisas para afastá-los, então estava esperando que ela
aprontasse pegadinhas ou tivesse umas atitudes mais intensas, mas não houve
nada tão importante assim, ela é mais de falar do que de fazer algo. Com o
começo das gravações, o povo acaba percebendo que Eadlyn é bastante arrogante e,
por isso, acabam não gostando muito dela, mas ela continua tentando enquanto
arma um plano ou outro.
Depois,
Eadlyn começa a se libertar das amarras que ela própria fez para si mesma em
relação a ser rainha, principalmente. E ela começa a se soltar mais, a aceitar
as coisas como são, a conhecer os rapazes melhor, passando a ter contato com
eles, e começa, inclusive, a gostar deles. E passa a perceber que aquela ideia
fechada que tinha inicialmente não é bem o que iria ser.
Então os
leitores começam a enxergar e entender melhor a personagem e os motivos de ela
agir como age e o que passa em sua cabeça. Passamos a sentir com ela, inclusive
as dificuldades que enfrenta, o que ela quer fazer de bom, já que almeja ser
uma boa rainha, quer ajudar o povo, só não sabe como ainda. E percebemos que suas
ideias e pensamentos são bem diferentes dos nossos, porque ela foi criada de
uma maneira distinta da nossa.
Ou seja, no começo
da leitura a gente não curte tanto assim a Eadlyn, mas conforme as páginas vão
sendo avançadas, a gente vai vendo seu esforço para melhorar, e vai entendendo
melhor sua forma de pensar e agir, o que acaba fazendo com que nós simpatizemos
com a situação e passemos a gostar mais dela.
Kiera soube
trabalhar estas questões muito bem, e ainda soube construir uma personagem
completamente diferente da America, do Maxon e de todos os outros. Eadlyn é bem
ela, e não um reflexo de nenhum outro, e isso foi bem interessante porque com
este novo ponto de vista e forma de narrar, Cass conseguiu fazer algo diferente
no mesmo universo, mesmo que tantas coisas ao redor sejam parecidas. Seria
chato ser mais do mesmo e ela teve a habilidade de não fazer isso.
Eu tenho o
meu personagem preferido, que não faz bem parte da Seleção, mas quem leu ou for
ler vai saber quem é, apesar de também ter gostado de alguns Selecionados. Só
que eu ainda não tenho a mínima ideia de com quem ela vai terminar, e nem sei
se poderia considerar aquilo um triângulo amoroso, porque acho que vários
personagens têm potencial para ser algo a mais, como um pretendente real para
ela, e ainda não encontrei sua preferência por nenhum deles em especial, mesmo
pendendo mais para um, estou completamente na dúvida de quem seria sua escolha
final.
Apesar de
ter curtido bastante esta leitura, não gostei tanto quanto os outros quatro
volumes que já li (A Seleção, A Elite, Contos da Seleção (resenha de "O Príncipe" separado) e A Escolha). A
narrativa da autora continua sendo gostosa e flui muito bem, então começamos a
ler e simplesmente não queremos ou conseguimos parar, e terminamos tudo bem
rápido mesmo.
Outro fato
que adorei foi que a autora pegou personagens antigos que participaram
ativamente da vida de America nos demais livros e os trouxe para cá, fazendo
com que eles mantivessem contato direto, inclusive alguns moram no castelo. Não
posso comentar muito sobre isso para não estragar as surpresas, mas a gente
fica sabendo do futuro de vários personagens e isso é realmente muito bacana.
O único
ponto que achei um pouco sem graça é que não consegui associar muito a
personalidade de Maxon e America com eles mesmos vinte anos atrás. Eu sei que
com este tempo todo as pessoas mudam e acabam adquirindo/moldando novos
hábitos, pensamentos e personalidades, mas não consegui encontrar nenhuma ponta
de reconhecimento nos dois agora em comparação com seus eus do passado. Acho que eu esperava uma atitude, alguma
particularidade que me fizesse dizer: “nossa, são eles mesmo!”, mas acho que
não senti isso em momento nenhum.
Mais para o
final deste exemplar, Eadlyn toma uma atitude da qual eu não gostei, foi algo bem
mimado mesmo, que me incomodou extremamente, mas fico contente de ver que seu
plano não saiu como ela esperava, porque se isso tivesse ocorrido eu iria ficar
muito chateada mesmo. Mas eu curti o
que de fato aconteceu porque vai dar um baque maior em sua vida.
Estou bem
ansiosa para ler os demais livros, o último vai ser publicado no primeiro
semestre do ano que vem. E quero muito ver se Eadlyn vai melhorar e com quem
vai ficar.
Por ser
narrado por uma nova protagonista, o leitor que não tiver lido nenhum dos
volumes anteriores pode começar por este, pois vai entender tudo perfeitamente
e nem vai ter dificuldades em se apegar ao que está lendo. Mas acho bem melhor
ler na ordem porque é inevitável encontrar spoilers, inclusive porque este
volume só pôde acontecer devido aos detalhes ocorridos no último da trilogia
inicial.
Esta capa é
simplesmente MARAVILHOSA! É a minha preferida até o momento entre todos os seis
livros que já tiveram suas capas reveladas (cinco publicados e o sexto,
“Felizes para Sempre”, volume #4.5, com previsão de lançamento para outubro
aqui no Brasil). A parte gráfica segue o padrão dos anteriores, inclusive na
diagramação interna com coroas no início dos capítulos, igual à da capa, que é
diferente das demais, por se tratar de outra protagonista, e as páginas são
amarelas.
Indico
bastante esta leitura, tanto para quem curtiu os três livros anteriores quanto
para quem ainda não leu nenhum (com algumas ressalvas, como comentei acima),
principalmente para quem quer ver uma nova Seleção, o que aconteceu com nossos
personagens queridinhos, como Illéa está, como o povo está se comportando sem
as castas e como Maxon e America estão se comportando como rei, rainha e,
claro, pais.
Avaliação
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