A Herdeira – A Seleção #04 – Kiera Cass

Quem acompanha o blog já deve ter percebido que sou uma fã desta série da autora Kiera Cass. Cada lançamento seu me enche de expectativas e eu começo a leitura o mais rápido possível. Este volume é um tipo de spin-off da série “A Seleção” (“A Seleção”, “A Elite” e “A Escolha”) ao mesmo tempo em que é uma continuação, mas com outros protagonistas. Os personagens principais da trilogia ainda estão presentes aqui, só não são os mais importantes.
Eu gravei esta resenha em vídeo e queria muito postá-la, mas minha câmera não tem foco automático e, depois de ter finalizado a gravação e passado para o computador, percebi que a imagem estava completamente desfocada. Ou seja, perdi meu tempo e ganhei uma tristeza profunda por ter feito à toa, principalmente porque tinha ficado bem legal. :( Como agora não posso gravar novamente, decidi fazer uma resenha escrita mesmo e assim que eu conseguir um tempinho (e talvez uma câmera nova) eu tento gravá-la novamente.
Primeiramente preciso comentar que sempre tento escrever minhas resenhas de continuações levando em consideração que as pessoas podem não ter lido os livros anteriores e, portanto, não gostariam de encontrar spoilers das obras. Mas, infelizmente, vou ter que contar alguns acontecimentos do terceiro volume desta série, “A Escolha”, aqui, pois a história inicial de “A Herdeira” depende do final do livro anterior para fazer sentido. Se por algum acaso você não sabe quem é Eadlyn, ou de quem ela é a herdeira (o que eu acho difícil de acontecer, porque a maioria das pessoas que conhece este livro já deve saber esta informação) e não gostaria de saber algumas outras pequenas informações, aconselho que pule o próximo parágrafo, pois o resto da resenha é livre de spoilers.
No final do terceiro livro do primeiro arco (narrado por America), vemos que a Seleção acabou, ela foi a grande vencedora e se casou com Maxon, que aboliu as castas. Agora, já se passaram vinte anos dos últimos acontecimentos e America e Maxon estão casados e tiveram quatro filhos, entre eles, a primogênita, Eadlyn, que nasceu sete minutos antes do seu irmão gêmeo, então, consequentemente, ela será a próxima rainha. Portanto, Eadlyn sempre soube disso, e, desde que nasceu, a menina foi treinada e preparada para aceitar o cargo quando for a hora chegar. Então há toda uma questão familiar envolvendo esta preparação e o país também sempre a tratou como a futura governante. Por tudo isso, a garota acaba colocando muita ênfase nesta parte de sua vida, mais do que todas as outras áreas, ela trabalha, se porta, se veste e se comporta para isso, ou seja, tudo o que faz é pensando no seu futuro como rainha um dia.
Este volume é narrado em primeira pessoa pela Eadlyn, então vamos conhecê-la mais a fundo, e acompanhamos um cenário totalmente diferente dos volumes anteriores porque ela sempre foi rica e é mimada, metida e bastante egocêntrica também, além de insistir em afirmar diversas vezes que é a pessoa mais importante do mundo, o que vai acabar incomodando inúmeros leitores que não vão gostar nada da personalidade dela, porque ela é muito nariz em pé e repete sobre sua importância e o fato de que um dia no futuro vai se tornar a monarca.
Particularmente, eu gostava bastante da America, mas sei que muita gente não curtia tanto assim a protagonista. E, apesar de não odiar a Eadlyn, também não posso afirmar que a adorei, principalmente por achá-la bem enjoadinha, então eu gostei muito mais dos exemplares narrados pela sua mãe.
Como as castas foram extintas pelo Maxon há vinte anos, todos levam uma vida normal, ou pelo menos deveriam levar. Só que o povo ainda está muito aborrecido com esta questão, pois, mesmo que as castas não existam mais, muitas pessoas lidam com as outras como se elas ainda existissem, inclusive brigando entre si. Pessoas não conseguem empregos porque eram de castas menores antes, quando elas definiam qual profissão cada pessoa podia ter (por exemplo, se uma casta era de músicos, pessoas de outras não poderiam ter este tipo de profissão). Mas, agora que isto foi dissolvido, cada indivíduo deveria ter permissão para trabalhar em qualquer área, só que as coisas não são ideais e as pessoas nem sempre agem assim. Então o Maxon tenta fazer o que pode para ajudar, mas acaba não dando certo, porque ainda tem gente revoltada, inclusive alguns lutando e brigando contra a monarquia e as decisões do rei.
Então o Maxon tem uma ideia de fazer uma nova Seleção (elas não existiam mais) para poder escolher um marido para a filha e poder criar uma distração, enquanto, por trás dos panos, ele tenta encontrar uma solução para acabar com as revoltas das pessoas que estão ainda com estes problemas das castas. Ele conversa com a garota sobre esta questão, que num primeiro momento não quer fazer isso, mas, como é melhor para as pessoas e também para seus pais, resolve aceitar a situação para ajudá-los. Mas, por trás de sua resposta oficial para ele, resolve que vai criar métodos para “expulsar” os pretendentes, fazendo com que eles queiram sair porque não aguentam sua presença ou outras situações semelhantes, e ela insiste em criar uma regra de que qualquer um dos participantes pode desistir e ir embora na hora que bem entender, assim ela faz parecer que não é sua culpa que nenhum queira continuar. E no final, depois de três meses, ela pode acabar sem marido, já que não é algo que ela realmente queira. Então Maxon aceita as condições da filha para poder dar início à Seleção.
À partir deste momento, eles abrem as inscrições para os jovens de todo o país, coisas que são bem semelhantes ao que aconteceu no primeiro volume da série, com a diferença de que desta vez os sorteios são verdadeiros. Então Eadlyn sorteia os pretendentes em rede nacional e, nesta hora, eu já sabia que um personagem que já fazia parte da vida dela ia acabar sendo um dos selecionados, pois desde a primeira vez em que ele apareceu, ela insistia em dizer que não gostava dele, então ficou meio óbvio que ele teria uma importância maior em sua vida desde aquele momento. Não vou comentar quem é ele para o caso de alguém não ter se ligado no momento da leitura e, assim, não vou estragar as surpresas (mas acho difícil de não terem entendido isto desde o começo).
No final eu gostei que ele tenha sido um dos sorteados para participar da Seleção, porque gostei muito do personagem, que se tornou um dos meus preferidos, eu só gostaria que a autora tivesse seguido por outro caminho para a entrada dele não ficar tão evidente assim. Em relação aos demais pretendentes que entram para participar da Seleção, alguns nós vamos conhecer mais a fundo, mas a maioria só vai ser citada brevemente e não vamos conhecê-los muito bem.
Logo no primeiro dia ela já chega e faz acontecer, mas eu confesso que estava esperando muito mais atitudes dela em relação a isso, já que anteriormente havia afirmado que faria muitas coisas para afastá-los, então estava esperando que ela aprontasse pegadinhas ou tivesse umas atitudes mais intensas, mas não houve nada tão importante assim, ela é mais de falar do que de fazer algo. Com o começo das gravações, o povo acaba percebendo que Eadlyn é bastante arrogante e, por isso, acabam não gostando muito dela, mas ela continua tentando enquanto arma um plano ou outro.
Depois, Eadlyn começa a se libertar das amarras que ela própria fez para si mesma em relação a ser rainha, principalmente. E ela começa a se soltar mais, a aceitar as coisas como são, a conhecer os rapazes melhor, passando a ter contato com eles, e começa, inclusive, a gostar deles. E passa a perceber que aquela ideia fechada que tinha inicialmente não é bem o que iria ser.
Então os leitores começam a enxergar e entender melhor a personagem e os motivos de ela agir como age e o que passa em sua cabeça. Passamos a sentir com ela, inclusive as dificuldades que enfrenta, o que ela quer fazer de bom, já que almeja ser uma boa rainha, quer ajudar o povo, só não sabe como ainda. E percebemos que suas ideias e pensamentos são bem diferentes dos nossos, porque ela foi criada de uma maneira distinta da nossa.
Ou seja, no começo da leitura a gente não curte tanto assim a Eadlyn, mas conforme as páginas vão sendo avançadas, a gente vai vendo seu esforço para melhorar, e vai entendendo melhor sua forma de pensar e agir, o que acaba fazendo com que nós simpatizemos com a situação e passemos a gostar mais dela.
Kiera soube trabalhar estas questões muito bem, e ainda soube construir uma personagem completamente diferente da America, do Maxon e de todos os outros. Eadlyn é bem ela, e não um reflexo de nenhum outro, e isso foi bem interessante porque com este novo ponto de vista e forma de narrar, Cass conseguiu fazer algo diferente no mesmo universo, mesmo que tantas coisas ao redor sejam parecidas. Seria chato ser mais do mesmo e ela teve a habilidade de não fazer isso.
Eu tenho o meu personagem preferido, que não faz bem parte da Seleção, mas quem leu ou for ler vai saber quem é, apesar de também ter gostado de alguns Selecionados. Só que eu ainda não tenho a mínima ideia de com quem ela vai terminar, e nem sei se poderia considerar aquilo um triângulo amoroso, porque acho que vários personagens têm potencial para ser algo a mais, como um pretendente real para ela, e ainda não encontrei sua preferência por nenhum deles em especial, mesmo pendendo mais para um, estou completamente na dúvida de quem seria sua escolha final.
Apesar de ter curtido bastante esta leitura, não gostei tanto quanto os outros quatro volumes que já li (A Seleção, A Elite, Contos da Seleção (resenha de "O Príncipe" separado) e A Escolha). A narrativa da autora continua sendo gostosa e flui muito bem, então começamos a ler e simplesmente não queremos ou conseguimos parar, e terminamos tudo bem rápido mesmo.
Outro fato que adorei foi que a autora pegou personagens antigos que participaram ativamente da vida de America nos demais livros e os trouxe para cá, fazendo com que eles mantivessem contato direto, inclusive alguns moram no castelo. Não posso comentar muito sobre isso para não estragar as surpresas, mas a gente fica sabendo do futuro de vários personagens e isso é realmente muito bacana.
O único ponto que achei um pouco sem graça é que não consegui associar muito a personalidade de Maxon e America com eles mesmos vinte anos atrás. Eu sei que com este tempo todo as pessoas mudam e acabam adquirindo/moldando novos hábitos, pensamentos e personalidades, mas não consegui encontrar nenhuma ponta de reconhecimento nos dois agora em comparação com seus eus do passado. Acho que eu esperava uma atitude, alguma particularidade que me fizesse dizer: “nossa, são eles mesmo!”, mas acho que não senti isso em momento nenhum.
Mais para o final deste exemplar, Eadlyn toma uma atitude da qual eu não gostei, foi algo bem mimado mesmo, que me incomodou extremamente, mas fico contente de ver que seu plano não saiu como ela esperava, porque se isso tivesse ocorrido eu iria ficar muito chateada mesmo. Mas eu curti o que de fato aconteceu porque vai dar um baque maior em sua vida.
Estou bem ansiosa para ler os demais livros, o último vai ser publicado no primeiro semestre do ano que vem. E quero muito ver se Eadlyn vai melhorar e com quem vai ficar.
Por ser narrado por uma nova protagonista, o leitor que não tiver lido nenhum dos volumes anteriores pode começar por este, pois vai entender tudo perfeitamente e nem vai ter dificuldades em se apegar ao que está lendo. Mas acho bem melhor ler na ordem porque é inevitável encontrar spoilers, inclusive porque este volume só pôde acontecer devido aos detalhes ocorridos no último da trilogia inicial.
Esta capa é simplesmente MARAVILHOSA! É a minha preferida até o momento entre todos os seis livros que já tiveram suas capas reveladas (cinco publicados e o sexto, “Felizes para Sempre”, volume #4.5, com previsão de lançamento para outubro aqui no Brasil). A parte gráfica segue o padrão dos anteriores, inclusive na diagramação interna com coroas no início dos capítulos, igual à da capa, que é diferente das demais, por se tratar de outra protagonista, e as páginas são amarelas.
Indico bastante esta leitura, tanto para quem curtiu os três livros anteriores quanto para quem ainda não leu nenhum (com algumas ressalvas, como comentei acima), principalmente para quem quer ver uma nova Seleção, o que aconteceu com nossos personagens queridinhos, como Illéa está, como o povo está se comportando sem as castas e como Maxon e America estão se comportando como rei, rainha e, claro, pais.
Avaliação 



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