Reboot - Reboot #01 - Amy Tintera

Depois que uma grande parte da população foi dizimada por um vírus, e alguns seres humanos retornaram da morte, o mundo não é mais o mesmo. Wren, nossa protagonista, é do Texas e há anos, desde que reinicializou depois de 178 minutos, vive e trabalha para uma organização denominada CRAH, Corporação de Repovoamento e Avanço Humano. Todos a conhecem pelo seu alto número, que a coloca na posição de mais forte, mais rápida e mais letal de sua unidade, e também a que mantém a menor porcentagem de humanidade e sentimentos humanos dentre todos ali.
Mas tudo muda quando um 22 chega ao local para treinamento, despertando o interesse de Wren. Ela é uma das responsáveis por treinar novatos e sempre escolhe os maiores números para isto, mas desta vez algo se modifica dentro dela, que opta por treinar Callum. E, junto com ele e suas divagações e questionamentos, nossa durona 178 começa a indagar muitas coisas que vivenciou até aquele momento.
Quando um grande perigo começa a fazer parte da realidade de Callum e de sua vida, os (novos e desconhecidos) sentimentos e dúvidas de Wren fazem com que ela perceba que precisará mover-se para salvá-lo antes que seja tarde demais.
Antes de começar a leitura, acreditei que a protagonista realmente não tinha sentimentos por ninguém, era super fria e não se importava com nada, etc. Mas, logo no começo, percebi que a sinopse deixa a gente imaginar algo que não é verdade, porque não há absolutamente um momento em que eu tenha visto Wren assim. Ela podia não ter muitas ligações fortes com alguém em especial, mas eu vi isto mais como a forma como o meio em que vive e as situações que enfrentou que fizessem com que parecesse que ela era distante emocionalmente das coisas e pessoas. E isto ficou ainda mais evidente com a aparição de Callum, já que ela não conseguia controlar seus sentimentos em relação a ele.
Então, quem não gosta de romances ou protagonistas que ficam suspirando pelo garoto que irá se tornar seu par romântico no futuro da história, provavelmente vai se incomodar bastante com Wren, porque não teve um momento sequer, desde a entrada de Callum, que ela tenha deixado de notar algo em sua aparência ou personalidade que tenha chamado sua atenção. Então podemos acompanhar suas divagações a respeito dele em muitos momentos, até o final do livro.
A leitura, portanto, é bem romântica até, então quem busca obras sem casais e coisas relacionadas pode acabar se incomodando com esta questão que acabou ganhando bastante destaque. Não estou dizendo que teve mais importância do que o resto, mas diria que as questões ficaram bastante equilibradas entre romance, movimentação dos personagens e da trama, e distopia.
Gostei bastante da Wren, exceto quando ela divagava com frequência sobre o Callum (e olha que eu adoro romances!), principalmente por causa da sua força interna e também a externa, porque a menina é pequena e não aparenta ser ameaçadora, mas na verdade é bastante badass, e acho isso ainda mais admirável. E curti bastante conhecer seu lado durão e também o frágil e questionador. Gosto quando os personagens são construídos para parecer uma coisa, mas na verdade são muito mais do que aquilo que aparentam.
Apesar de não ter gostado de todas as características de Callum, gostei do personagem de uma forma geral (não posso negar que ele é fofo) e da importância que ele teve na trama. Afinal, se não fosse por seus questionamentos e seu lado humano bastante aflorado, Wren provavelmente ficaria estagnada naquela posição para sempre, como esteve por todos aqueles anos. E eu também curti bastante a interação entre os dois, porque, enquanto ela era mais fria e calculista, ele era todo sentimental e sonhador. Estas e outras diferenças fizeram com que a interação e romance entre eles ficassem mais equilibrados e interessantes.
A narrativa da autora é gostosa e explicativa por partes, ou seja, somos bem introduzidos ao mundo que criou, mas só pela visão da protagonista, então só sabemos o que ela sabe, e aprendemos sobre o mundo como ele é no momento, mas não exatamente como chegaram àquele ponto.
Há bastante ação e também momentos mais calmos. E, mesmo quando acreditei que ficaria tudo mais parado até o final, a autora me surpreendeu não deixando que as coisas se desenrolassem devagar, e colocou muitos acontecimentos e cenas ainda mais ágeis perto do desfecho.
Curti a parte distópica da trama, pois, mesmo sendo semelhante aos demais do gênero, acaba se diferenciando bastante nos detalhes. O modo como a autora construiu seus personagens, como um tipo diferente e mais humano de zumbis, e os utilizou como arma na mão de uma organização que, inclusive, manipula-os psicologicamente, mesmo sendo eles mais fortes e “abomináveis” do que os humanos, é realmente muito interessante.
A morte neste caso acaba sendo uma evolução da raça humana, já que eles ficam mais fortes e até invencíveis em algumas situações, levando em consideração que se curam rapidamente quando levam tiros, facadas ou tem membros quebrados, e nem ficam doentes. Curti como a autora fez a relação destes “seres superiores” com outros humanos, já que, na verdade, voltar a viver seja motivo de serem desprezados por muitos vivos, enquanto outros têm medo e alguns são neutros.
A trama é ágil, mesmo contendo pontos explicativos, direta, e a narrativa flui muito bem, então mesmo com pouco tempo com a obra em mãos, a leitura é avançada rapidamente, sempre nos deixando com um gostinho de quero mais.
Digamos que este volume tem um progresso mais centrado, porque os personagens passam por diversas situações, enfrentam várias reviravoltas, mas no fim chegam aonde pretendiam, ou, melhor, onde o leitor imagina que vão chegar, então o término do livro em si não é uma grande surpresa, apesar de ter sido ótimo mesmo assim.
O desfecho é fechado e aberto ao mesmo tempo, pois há um tipo de finalização para este volume, mas ainda ficamos com muitas pontas abertas com coisas não resolvidas e também com novas situações que se desenrolaram, principalmente quando foi chegando ao fim, e abrindo, assim, um grande leque de possibilidades para o que vem por aí no próximo e último livro da duologia, que, acredito eu, deve ter mais ação.
A capa é simples, mas gosto bastante dela porque, além de nos deixar curiosos a respeito do conteúdo da obra, simboliza, mesmo que de forma sutil, a história. Ou seja, desperta meu interesse sem revelar muita coisa. A diagramação interna é bem feita, com fonte e espaçamentos em tamanhos confortáveis para uma leitura sem incômodos, além de contar com páginas amarelas.
Se você curte distopias do gênero jovem adulto, acredito que também vai aprovar a estreia de Amy Tintera na literatura. Só aconselho que comece a leitura sabendo que o romance também ganha bastante destaque na trama. Recomendado!
Avaliação



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