Charlie
Wynwood “acorda” no meio de um acontecimento dentro do colégio. Ela olha para
os lados e não entende o que está ocorrendo naquele instante. E, o pior, ela
não sabe quem é, nem mesmo sua aparência, onde está ou quem são aquelas pessoas
que estão próximas, que conversam com ela como se a conhecessem. Até que
descobre, por meio de situações e papos alheios, que é a namorada de Silas Nash,
de quem não possui qualquer tipo de recordação, como primeiro beijo, primeira
briga ou como se apaixonaram.
E a coisa só
piora: Silas está exatamente na mesma situação que ela. O garoto também
“despertou” no meio do colégio, sem qualquer lembrança de alguém, nem mesmo a
respeito de si próprio ou de sua amiga de infância e namorada há anos, Charlie.
Os dois percebem que se encontram na mesma situação e começam a confiar um no
outro, mas sempre com um pé atrás, afinal, será que estão dizendo a verdade?
Só que não
há mais ninguém em quem jogar um segredo desses, pois nos ouvidos errados
poderiam dar a impressão de estarem loucos, e atitudes serem tomadas antes que
possam encontrar as respostas de que necessitam para descobrir o que aconteceu
com ambos para estarem vivendo aquele pesadelo. Então Silas e Charlie começam a
trabalhar juntos para desvendar o passado e os motivos que o levaram a chegar
àquele ponto. Mas, quanto mais perto da verdade, mas decepcionados consigo
mesmo ficam e mais se questionam como começaram a se envolver se tudo não
parecia passar de uma grande mentira. Ou será que as mentes deles estão
pregando peças mais uma vez?
Neste volume
inicial somos apresentados aos personagens, que, por não terem memória, não
sabem exatamente quem são ou o que gostam, e ao mistério que os ronda. Desde o
primeiro momento em que soube da existência desta trilogia, desejei-a
imediatamente. É do gênero jovem adulto, tem suspense, uma pitada de romance e
ainda conta com um tema que eu gosto muito e que sempre que vejo um enredo sobre
ele, fico louca querendo ler: perda de memória. Misturando tudo isso a algo
escrito por Colleen Hoover, que é uma das coautoras, é claro que eu precisava
lê-lo e fui o que fiz assim que o meu exemplar chegou a minhas mãos.
Por conta da
narrativa em primeira pessoa intercalada entre os dois protagonistas a cada
capítulo, sabemos que um fala a verdade para o outro em relação à perda das
suas respectivas memórias. Isso é interessante porque, no meio de tanta
novidade e questionamentos que fazemos o tempo inteiro, pelo menos uma parte
podemos ter certeza que é verdadeira. Além do mais, nos aproxima bastante de
Charlie e Silas, de tudo o que pensam e o que os motiva a agir de tal maneira.
Por existir este distanciamento do que ocorre ao redor deles, já que só sabemos
sobre essas coisas através de suas visões, dá a impressão de que estamos
vivendo aquilo junto com os personagens e isso é realmente incrível.
As autoras
souberam trabalhar muito bem o suspense, dando informações e nos fazendo
questionar as coisas nos momentos certos, deixando espaço para nossas próprias
teorias e nos surpreendendo com novas revelações, ainda que nos deixasse sem
saber muita coisa hora nenhuma. É intrigante e instigante de uma forma tão maravilhosa
que fica impossível largarmos o exemplar para fazer qualquer outra coisa.
A construção
dos personagens é feita gradativamente e isso é ótimo porque é diferente do que
estamos acostumados. Afinal, aqui nem mesmo os protagonistas sabem alguma coisa
sobre si mesmos, se gostam ou não de algo, quais são seus planos para o futuro,
o que fizeram no passado, o que pretendem no presente. Eles não sabem
absolutamente nada em um primeiro momento, e vão descobrindo por meio de
tentativas, simplesmente por algum fator que ocorre ou algo em que pensam. Mas
até onde cada uma das coisas que descobrem é realmente verdade? Como têm
certeza de que o que acreditam que seja verdadeiro é mesmo? São muitos
questionamentos para poucas respostas, então já estou contando os dias para as
sequências para, enfim, saber o que aconteceu com Charlie e Silas.
A narrativa
é bastante fluida e muito gostosa. A gente nem percebe as páginas sendo
avançadas e ainda ficamos desejando por mais folhas. Os protagonistas são
carismáticos e complexos, a trama é envolvente e os segredos que vão
descobrindo ao longo do caminho são estimulantes.
Mas acaba
num cliffhanger (é um recurso quando uma cena muito importante é terminada no
meio, nos deixando aflitos para saber o que aconteceria se não tivesse sido
cortada) enoooorme! Descobrimos uma pista de suma importância, que mesmo não
sendo responsável por trazer respostas e, sim, colocar mais dúvidas em nossa
cabeça, é interessante porque nos faz ver tudo o que eles estão vivenciando com
outros olhos, nos fazendo questionar uma linha diferente de antes. Achei isso
ótimo já que me pegou totalmente desprevenida e não vejo a hora de ter a
continuação para saber como essa informação vai ser utilizada.
O livro é
bem curtinho, tem pouco menos do que duzentas páginas, e poderia, sim, ter sido
escrito e impresso de uma só vez. Mas entendo o recurso da divisão, que nos
deixa aflitos querendo saber mais daquela história, desejando avidamente pelo
próximo exemplar para ler e saber como tudo vai continuar e depois para ter
logo o último para, enfim, chegarmos ao desfecho. Eu sei que a espera é ruim e
angustiante, mas eu tenho que confessar que meio que gosto de ter que esperar
um pouco para saber o que vai acontecer (contanto que a espera realmente não
seja longa, se não eu vou me esquecer dos detalhes da trama), porque gosto de
criar expectativas, de tentar pensar em possíveis respostas para depois saber
se eu estava certa ou errada. É aquele tipo de situação que a gente quer que
acabe logo para saber como vai ser, mas ao mesmo tempo quer demorar porque não
quer que termine.
A ótima
notícia é que o segundo volume vai ser publicado pela Galera Record ainda este
ano! Foi anunciado que a Parte Dois chegará para os leitores brasileiros já no
segundo semestre de 2016, espero que mais para perto do meio do ano do que do
final, agora só nos resta torcer. Ainda não há notícias a respeito do último
volume, mas não deve demorar muito depois do segundo também.
Colleen
Hoover já é uma autora consagrada e bastante adorada pelos leitores
brasileiros. Todos os seus livros fizeram muito sucesso lá fora e por aqui a
repercussão em cima de suas obras também é grande. De todos já escritos e
publicados por ela, quatorze no total (incluindo novelas e coautorias), oito já
foram traduzidos para o nosso português, incluindo este da resenha, e pelo
menos mais dois já estão previstos ainda para 2016: a segunda parte desta
trilogia, como comentei mais acima, e “Talvez Um Dia”, que vai ser publicado em
maio. Além destes, vão ficar faltando mais dois romances e duas novelas, um que
ainda não foi publicado lá fora e outro que ela está publicando primeiro no Wattpad,
mas já estou torcendo para que vire livro físico também.
Tarryn
Fisher tem menos livros em seu currículo, mas suas obras também são muito bem
comentadas lá fora. Além deste, somente outro de seus títulos foi publicado por
aqui só que pela Faro Editorial, “A Oportunista”, primeiro livro da trilogia “Amor
e Mentiras”, que li e gostei bastante (clique no título para conferir a
resenha), com previsão das continuações para ainda este ano. Mas ainda não há
notícias a respeito de suas demais obras sendo traduzidas para o português, mas
acredito que isso vá, sim, ocorrer em breve.
A capa
original foi mantida e eu realmente gosto bastante dela, e também dos detalhes
que diferenciam as continuações, mesmo que na primeira olhada, se olharmos
rapidamente, elas pareçam iguais. A diagramação está bem confortável para a
leitura devido ao tamanho da fonte e dos espaçamentos, além de contar com
páginas amarelas, o que sempre agrada os leitores.
Eu realmente
adorei este livro! Só não vou dar nota máxima na minha avaliação final porque é
realmente muito curto e eu gostaria de ter tido mais um pouco de informações ou
que pelo menos fosse só uma duologia, porque estou angustiada só de pensar que
vou precisar esperar mais duas partes para saber o desfecho (não me importo de
esperar um pouco, como comentei acima, mas quando demora muito perde a magia),
sendo que a última provavelmente só vai ser publicada por aqui no ano que vem e
ainda estamos no começo deste ano, ou seja, ainda falta um ano pela frente mais
ou menos, e até lá já me esqueci de muitos detalhes.
“Nunca
Jamais” é um ótimo livro introdutório, nos apresentando os personagens, os
pontos importantes da trama e algumas pistas do que Silas e Charlie estão
enfrentando enquanto vivem uma existência completamente nova, já que não
recordam das coisas importantes, como quem são, o que fizeram, o que gostam,
quem são as pessoas ao redor, ou o que aconteceu para deixá-los sem memória. O
suspense e o mistério nos mantém presos na história, enquanto tentamos colher
informações importantes junto com os protagonistas para desvendar cada detalhe
da trama. Mas lembrem-se: se você não gosta de esperar para saber o que vai
acontecer, talvez seja melhor aguardar as sequências, afinal esta primeira
parte acaba cheia de pontas abertas. Adorei, recomendo demais e já estou contando
os dias para conferir as continuações.
Avaliação
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