Nunca Jamais - Nunca Jamais #01 - Colleen Hoover e Tarryn Fisher

Charlie Wynwood “acorda” no meio de um acontecimento dentro do colégio. Ela olha para os lados e não entende o que está ocorrendo naquele instante. E, o pior, ela não sabe quem é, nem mesmo sua aparência, onde está ou quem são aquelas pessoas que estão próximas, que conversam com ela como se a conhecessem. Até que descobre, por meio de situações e papos alheios, que é a namorada de Silas Nash, de quem não possui qualquer tipo de recordação, como primeiro beijo, primeira briga ou como se apaixonaram.
E a coisa só piora: Silas está exatamente na mesma situação que ela. O garoto também “despertou” no meio do colégio, sem qualquer lembrança de alguém, nem mesmo a respeito de si próprio ou de sua amiga de infância e namorada há anos, Charlie. Os dois percebem que se encontram na mesma situação e começam a confiar um no outro, mas sempre com um pé atrás, afinal, será que estão dizendo a verdade?
Só que não há mais ninguém em quem jogar um segredo desses, pois nos ouvidos errados poderiam dar a impressão de estarem loucos, e atitudes serem tomadas antes que possam encontrar as respostas de que necessitam para descobrir o que aconteceu com ambos para estarem vivendo aquele pesadelo. Então Silas e Charlie começam a trabalhar juntos para desvendar o passado e os motivos que o levaram a chegar àquele ponto. Mas, quanto mais perto da verdade, mas decepcionados consigo mesmo ficam e mais se questionam como começaram a se envolver se tudo não parecia passar de uma grande mentira. Ou será que as mentes deles estão pregando peças mais uma vez?
Neste volume inicial somos apresentados aos personagens, que, por não terem memória, não sabem exatamente quem são ou o que gostam, e ao mistério que os ronda. Desde o primeiro momento em que soube da existência desta trilogia, desejei-a imediatamente. É do gênero jovem adulto, tem suspense, uma pitada de romance e ainda conta com um tema que eu gosto muito e que sempre que vejo um enredo sobre ele, fico louca querendo ler: perda de memória. Misturando tudo isso a algo escrito por Colleen Hoover, que é uma das coautoras, é claro que eu precisava lê-lo e fui o que fiz assim que o meu exemplar chegou a minhas mãos.
Por conta da narrativa em primeira pessoa intercalada entre os dois protagonistas a cada capítulo, sabemos que um fala a verdade para o outro em relação à perda das suas respectivas memórias. Isso é interessante porque, no meio de tanta novidade e questionamentos que fazemos o tempo inteiro, pelo menos uma parte podemos ter certeza que é verdadeira. Além do mais, nos aproxima bastante de Charlie e Silas, de tudo o que pensam e o que os motiva a agir de tal maneira. Por existir este distanciamento do que ocorre ao redor deles, já que só sabemos sobre essas coisas através de suas visões, dá a impressão de que estamos vivendo aquilo junto com os personagens e isso é realmente incrível.
As autoras souberam trabalhar muito bem o suspense, dando informações e nos fazendo questionar as coisas nos momentos certos, deixando espaço para nossas próprias teorias e nos surpreendendo com novas revelações, ainda que nos deixasse sem saber muita coisa hora nenhuma. É intrigante e instigante de uma forma tão maravilhosa que fica impossível largarmos o exemplar para fazer qualquer outra coisa.
A construção dos personagens é feita gradativamente e isso é ótimo porque é diferente do que estamos acostumados. Afinal, aqui nem mesmo os protagonistas sabem alguma coisa sobre si mesmos, se gostam ou não de algo, quais são seus planos para o futuro, o que fizeram no passado, o que pretendem no presente. Eles não sabem absolutamente nada em um primeiro momento, e vão descobrindo por meio de tentativas, simplesmente por algum fator que ocorre ou algo em que pensam. Mas até onde cada uma das coisas que descobrem é realmente verdade? Como têm certeza de que o que acreditam que seja verdadeiro é mesmo? São muitos questionamentos para poucas respostas, então já estou contando os dias para as sequências para, enfim, saber o que aconteceu com Charlie e Silas.
A narrativa é bastante fluida e muito gostosa. A gente nem percebe as páginas sendo avançadas e ainda ficamos desejando por mais folhas. Os protagonistas são carismáticos e complexos, a trama é envolvente e os segredos que vão descobrindo ao longo do caminho são estimulantes.
Mas acaba num cliffhanger (é um recurso quando uma cena muito importante é terminada no meio, nos deixando aflitos para saber o que aconteceria se não tivesse sido cortada) enoooorme! Descobrimos uma pista de suma importância, que mesmo não sendo responsável por trazer respostas e, sim, colocar mais dúvidas em nossa cabeça, é interessante porque nos faz ver tudo o que eles estão vivenciando com outros olhos, nos fazendo questionar uma linha diferente de antes. Achei isso ótimo já que me pegou totalmente desprevenida e não vejo a hora de ter a continuação para saber como essa informação vai ser utilizada.
O livro é bem curtinho, tem pouco menos do que duzentas páginas, e poderia, sim, ter sido escrito e impresso de uma só vez. Mas entendo o recurso da divisão, que nos deixa aflitos querendo saber mais daquela história, desejando avidamente pelo próximo exemplar para ler e saber como tudo vai continuar e depois para ter logo o último para, enfim, chegarmos ao desfecho. Eu sei que a espera é ruim e angustiante, mas eu tenho que confessar que meio que gosto de ter que esperar um pouco para saber o que vai acontecer (contanto que a espera realmente não seja longa, se não eu vou me esquecer dos detalhes da trama), porque gosto de criar expectativas, de tentar pensar em possíveis respostas para depois saber se eu estava certa ou errada. É aquele tipo de situação que a gente quer que acabe logo para saber como vai ser, mas ao mesmo tempo quer demorar porque não quer que termine.
A ótima notícia é que o segundo volume vai ser publicado pela Galera Record ainda este ano! Foi anunciado que a Parte Dois chegará para os leitores brasileiros já no segundo semestre de 2016, espero que mais para perto do meio do ano do que do final, agora só nos resta torcer. Ainda não há notícias a respeito do último volume, mas não deve demorar muito depois do segundo também.
Colleen Hoover já é uma autora consagrada e bastante adorada pelos leitores brasileiros. Todos os seus livros fizeram muito sucesso lá fora e por aqui a repercussão em cima de suas obras também é grande. De todos já escritos e publicados por ela, quatorze no total (incluindo novelas e coautorias), oito já foram traduzidos para o nosso português, incluindo este da resenha, e pelo menos mais dois já estão previstos ainda para 2016: a segunda parte desta trilogia, como comentei mais acima, e “Talvez Um Dia”, que vai ser publicado em maio. Além destes, vão ficar faltando mais dois romances e duas novelas, um que ainda não foi publicado lá fora e outro que ela está publicando primeiro no Wattpad, mas já estou torcendo para que vire livro físico também.
Tarryn Fisher tem menos livros em seu currículo, mas suas obras também são muito bem comentadas lá fora. Além deste, somente outro de seus títulos foi publicado por aqui só que pela Faro Editorial, “A Oportunista”, primeiro livro da trilogia “Amor e Mentiras”, que li e gostei bastante (clique no título para conferir a resenha), com previsão das continuações para ainda este ano. Mas ainda não há notícias a respeito de suas demais obras sendo traduzidas para o português, mas acredito que isso vá, sim, ocorrer em breve.
A capa original foi mantida e eu realmente gosto bastante dela, e também dos detalhes que diferenciam as continuações, mesmo que na primeira olhada, se olharmos rapidamente, elas pareçam iguais. A diagramação está bem confortável para a leitura devido ao tamanho da fonte e dos espaçamentos, além de contar com páginas amarelas, o que sempre agrada os leitores.
Eu realmente adorei este livro! Só não vou dar nota máxima na minha avaliação final porque é realmente muito curto e eu gostaria de ter tido mais um pouco de informações ou que pelo menos fosse só uma duologia, porque estou angustiada só de pensar que vou precisar esperar mais duas partes para saber o desfecho (não me importo de esperar um pouco, como comentei acima, mas quando demora muito perde a magia), sendo que a última provavelmente só vai ser publicada por aqui no ano que vem e ainda estamos no começo deste ano, ou seja, ainda falta um ano pela frente mais ou menos, e até lá já me esqueci de muitos detalhes.
“Nunca Jamais” é um ótimo livro introdutório, nos apresentando os personagens, os pontos importantes da trama e algumas pistas do que Silas e Charlie estão enfrentando enquanto vivem uma existência completamente nova, já que não recordam das coisas importantes, como quem são, o que fizeram, o que gostam, quem são as pessoas ao redor, ou o que aconteceu para deixá-los sem memória. O suspense e o mistério nos mantém presos na história, enquanto tentamos colher informações importantes junto com os protagonistas para desvendar cada detalhe da trama. Mas lembrem-se: se você não gosta de esperar para saber o que vai acontecer, talvez seja melhor aguardar as sequências, afinal esta primeira parte acaba cheia de pontas abertas. Adorei, recomendo demais e já estou contando os dias para conferir as continuações.
Avaliação



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