A leitura é um dos possíveis
caminhos para o auto conhecimento, ela permite contato com temas e realidades
variadas que talvez nunca tivéssemos contato no dia a dia, e assim nunca
saberíamos nossa relação com esses sentimentos e sensações. Ext - Um dia a
Evolução não Precisará mais de Nós, do autor Anthony Hal, publicado pela Schoba
foi uma realidade que espero nunca ter contato pois me causou muita angústia!
No século XXI, em algum momento
do futuro da Terra, um pesquisador rico que buscava pela origem do mal no homem
ao mesmo tempo que pela imortalidade se depara um com uma proposta indecente da
criação de uma nova raça humana por parte de empresários. Já angustiado pelo
que via no comportamento humano e com medo do que poderia acontecer caso alguém
realizasse o pedido desse grupo de pessoas de poder, ele resolve que deveria
exterminar a raça humana.
Para tanto ele cria uma máquina,
dona de uma inteligência artificial capaz de executar seu plano. O que este
homem não sabia é que a criatura ultrapassaria o criador e seus desejos
poderiam ser abalados com as verdades reveladas. Agora o futuro da humanidade
está nas mãos de uma máquina, o que será que ela vai fazer pela Terra?
Nosso protagonista é intitulado
homem do passado, não sabemos qual é sua cara ou seu nome, apenas que é dono de
um império responsável por pesquisas na área de inteligência artificial e
biologia. Sua empresa é responsável pela criação dos nanoboots, que são
implantados nos humanos para correções de saúde. Diante da morte de um amigo em
um atentado ele passa por uma fase de amargura, e procura na genética a
resposta para o mal do comportamento humano, mas nada encontra.
E sem perspectivas de melhoras
para os humanos ele simplesmente decide que ele quer exterminar os humanos da
face da Terra para impedir um futuro maligno. Isso soa arrogante, e ele é. É
compreensível a sensação de impotência que ele tem perante os empresários que
pretendem criar novos humanos para maior controle da humanidade, mas brincar de
Deus criando e descriando seres é algo que foge da minha empatia! Pelo menos da
maneira que foi trabalhado.
Seu plano de criar uma máquina
com inteligência artificial para executar seu plano é covarde, é como se ele
jogasse toda a culpa para a máquina, que uma vez criada começa a processar todo
conhecimento humano disponível e realizar diálogos imensos e densos com seu
criador. Embora algumas reflexões sejam interessantes, essas conversas são
extensas e cansativas, e fazem com que a ação do livro seja quase nula.
As falas de Tlq ( o nome
atribuído a máquina- interessante a máquina ter nome e o humano não?!) são
frias e lógicas, ela não possui sentimentos e nem empatia com os humanos. Ela
detecta as questões quanto a linhagem humana, e modifica ligeiramente os planos
do homem do passado.
É angustiante quando o plano é
executado, para não dizer injusto. A máquina defende uma teoria, e segue em
frente com o aval de seu criador. É triste o desfecho da trama, já que o futuro
parece pertencer as máquinas. A sensação que ficou ao final do livro foi de um
vazio. Talvez ai entre conteúdos pessoais meus, mas a ideia de como tudo foi
executado é terrível. O livre arbítrio se perdeu!
Do ponto de vista narrativo, a
narrativa é feita é terceira pessoa, na visão do homem do passado. A proposta
do autor não é ruim, muito da filosofia é envocado, mas acredito que seja para
poucos, com ideias pouco acessíveis, e com cenas muito paradas. A leitura do
livro demanda mais tempo e atenção. Ext, propõe uma possibilidade no futuro,
mas é como um olhar para o abismo: ele lhe devolve o olhar, e tudo mais pode se
tornar negro e perdido.
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