E Se Fosse Verdade... – Marc Levy

Era verão de 1996 e Lauren, uma residente de medicina em um hospital em São Francisco, por ser uma excelente profissional, teve que prolongar seu plantão para atender mais pacientes, vítimas de um incêndio. Muito cansada, chega a sua casa e logo adormece, porém não demora muito para acordar já que, com dois dias de folga caindo em um final de semana, ela decidiu que iria viajar para a casa de uns amigos em uma cidade vizinha. O que ela não poderia prever é que nunca chegaria ao local de destino, já que sofre um grave acidente de carro no caminho.
Agora, não muito tempo depois, no inverno do mesmo ano, Arthur se muda para um novo apartamento, que coincidentemente era de Lauren, mas que sua mãe resolveu alugá-lo. Tudo está indo normal até que ele encontra uma mulher escondida em seu armário, que se surpreende com a possibilidade de ele poder vê-la. Ela alega ser Lauren, a verdadeira proprietária do local, que está ali apenas na forma de espírito, já que seu corpo, de carne e osso, permanece em outro local. Essa é uma história bem difícil de ser engolida a princípio, mas Lauren pode aparecer e sumir com a mesma facilidade, sem nem mesmo fazer algum esforço, e ninguém mais, fora Arthur consegue enxergá-la e senti-la, o que acaba deixando-o intrigado e confuso.
Com o passar do tempo e dos acontecimentos, ele acaba sendo convencido de que aquilo é verdade. O convívio e as conversas dos dois acabam despertando um certo sentimento de ambos os lados, e eles vivem tentando aproveitar cada dia e cada momento, com medo de que acabe de repente. Até que uma situação se desenrola e Lauren fica em perigo iminente e Arthur vai precisar se virar, indo inclusive contra leis e esquecendo seu lado racional, para mantê-la a salvo.

Mas que delícia de livro! Levy conseguiu transmitir muitas emoções diferentes em mim durante toda a leitura, senti felicidade, esperança, tristeza, apreensão, entre muitas outras. E eu simplesmente adoro quando um autor consegue fazer isso com o leitor.
Se você tem uma mente mais fechada e não gosta de ler um assunto com uma pitada de espiritual, já que fala do espírito de Lauren fora de seu corpo, em contato com Arthur, e ainda podendo conversar com ele e senti-lo, mesmo que apenas na literatura, então nem adianta ler esse livro. Mas se essas questões não te incomodam, ou se te agradam, eu quero indicar muito a leitura, porque a história de amor dos dois é linda e emocionante e muitas mensagens bonitas são passadas para o leitor conforme a leitura vai avançando.
A narrativa é em terceira pessoa e na maior parte do tempo acompanha Lauren e/ou Arthur, mas algumas vezes também segue alguns personagens que aparecem rapidamente na trama, e que são significativos para o desenrolar do livro, dando uma importância diferente àquela cena, já que podemos ver sob outro ponto de vista o que está acontecendo ali. Achei ótima essa abordagem, já que, em algumas situações, se não pudéssemos ver o outro lado da história, não se encaixaria tão perfeitamente, não ficaria uma narrativa tão fechada (no sentido de tudo estar ligado e fazer sentido).

Nem preciso dizer que fiquei torcendo para que tudo desse certo para esses dois, e que eles ficassem juntos e conseguissem salvar a Lauren. Não vou contar o que realmente aconteceu, então leiam para saber.
Há, também, uma bonita lição de vida, faz o leitor refletir e o deixa mais otimista e com mais vontade de aproveitar os seus dias, seu presente, sem ficar pensando no futuro, inclusive porque não podemos controlá-lo. Essas mensagens são passadas para nós de uma maneira bem leve, e eu gosto quando é assim. Então não adianta ler achando que vai encontrar cenas bem dramáticas que vão te fazer chorar até não aguentar mais, apesar de que teve alguns momentos que me emocionei e fiquei com lágrimas nos olhos.
“A cada manhã, quando acordamos, temos um crédito de 86.400 segundos de vida para aquele dia, e quando dormimos, à noite, não há reposição. O que não se viveu naquele dia se perde. O dia de ontem já passou. Diariamente a mágica recomeça e temos um novo crédito de 86.400 segundos de vida.”
Achei essa capa tão fofa, e ela consegue passar toda a vibe do livro, mesmo sendo simples, afinal o único que vê Lauren é Arthur. A diagramação também não tem nada de especial, apesar de estar muito bem feita, com fonte e espaçamento confortáveis para leitura, e as páginas são amareladas.

Há um pouquinho de investigação nessa obra, com a presença do policial Pilguez, de quem gostei bastante, por causa de um crime que Arthur cometeu para ajudar Lauren (não vou falar mais para não soltar algum spoiler para os que não conhecem nada da história – digo isso porque tem algo parecido no filme, mas não com tanta importância ou desenvolvimento quanto no livro). O que achei interessante é que nesse caso nós sabemos exatamente qual é o crime e como foi realizado, só acompanhamos como o policial fez para desvendá-lo, e ainda, por causa da história e das motivações por trás dele, acabamos sendo coniventes e torcemos para que não seja descoberto (pelo menos comigo foi assim).
A leitura é rápida, inclusive porque essa obra é bem curtinha, tem apenas 228 páginas, e também é bem fluida. A narrativa do autor é deliciosa de ser acompanhada, é envolvente, leve, e ainda fácil de conquistar, pelo menos me conquistou.
Para quem não sabe, esse livro foi adaptado para o cinema e os protagonistas foram interpretados por Reese Witherspoon e Mark Ruffalo. Claro que, como é de se esperar, basicamente tudo é diferente, a começar pelos nomes dos personagens, passando por algumas pessoas no filme que não existem no livro e vice-versa, o modo como se conhecem, o modo como tudo termina, os locais que frequentam, etc. Claro que tem um detalhe ou outro que ficou parecido, mas eu acho que as duas histórias funcionaram muito bem, pelo menos para mim foi assim e não consigo escolher qual dos dois gostei mais. Então, caso você tenha visto o filme e gostado, ler a obra que o inspirou é sempre uma boa opção, só mantenha em mente as inúmeras diferenças, pois tenho certeza de que vai gostar do livro também.

O único ponto negativo, em minha opinião, e o que quase fez esse livro perder uma casinha na avaliação final e ficar com 4, ao invés de 5, foi justamente como a história terminou. Porque na verdade ela não acabou, quando a última página chega e a história finaliza em um ápice, deixando o final em aberto e o leitor sem saber o que vai acontecer em seguida, foi SUPER frustrante para mim. Eu gosto quando sei como tudo vai acabar, pelo menos um indício do que virá em seguida, e foi agoniante não saber disso nesse livro, e uma pena também. Até que me lembrei de que esse livro tem uma continuação e, após ler a sinopse dela, percebi que vou encontrar todas as respostas que estou buscando, o que foi um imenso alívio.
Só espero que a Suma de Letras também publique (e logo!) a sequência, “Encontrar você”, porque a versão da Editora Bertrand não é facilmente encontrada e eu quero MUITO saber como essa história vai se desenrolar e terminar. Muito amor pelos protagonistas e sua história de amor! <3

Indico muito a leitura para todos que gostem de romances com uma pitada mais fantasiosa (ou bem real, depende de em que você acredita), com personagens espirituosos, uma narrativa fluente, que nos faz pensar, e é encantadora.
“– Se você quiser entender o que é um ano de vida, é só perguntar a um estudante que acaba de ser reprovado nos exames finais. Para um mês de vida, pergunte a uma mãe que acaba de dar à luz um bebê prematuro e espera que ele saia da incubadora para poder apertá-lo, são e salvo, nos braços. Para uma semana, interrogue um homem que trabalhe numa fábrica ou numa mina, para o sustento da família. Um dia: pergunte a dois namorados apaixonados que esperam se encontrar. Uma hora: consulte uma pessoa com claustrofobia, presa num elevador enguiçado. Um segundo: olhe a expressão de alguém que acaba de escapar de um acidente de carro. E um milésimo de segundo: entreviste o atleta que acaba de ganhar a medalha de prata nos Jogos Olímpicos em vez da de ouro, para a qual treinou a vida inteira. A vida é mágica, Arthur, e posso dizer isso com conhecimento de causa, porque, desde o acidente, eu provo esse prêmio extraordinário que cada instante é.”
Avaliação



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3 comentários:

  1. Eu tenho muita vontade de ler este livro, adorei o filme e desde que soube que era baseado neste livro já fiquei doida para lê-lo!
    O filme tem um enredo engraçado, parece que o livro não é assim neh? Tbm não sabia que tinha continuação.... mas dois na minha listinha rsrsrsrsrs

    Bela resenha! Parabéns! Adorei as fotos, ficaram lindas!

    bjo^^

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  2. Adorei *-*
    Já vi o filme e confesso que não gostei muito não... =/
    Me interessei muito no livro adoro pitada espirituais em romances e o livro sempre é melhor do que as adaptações néah!! rsrsrs
    A capa é realmente linda demais, fiquei empolgada espero ler em breve!!
    Beijos

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  3. Eu nunca li o livro e nem sabia de sua existência, mas já assisti ao filme e adorei!
    Preciso ler o livro para comprar, mas sei que isto vai fazer com que eu acabe detestando o filme, afinal de contas, muitas "adaptações" são uma porcariazinha =/

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