No Limite do Desejo - No Limite #04 - Katie McGarry

Haley é campeã de kickboxing, mas desistiu de lutar desde que um acontecimento terrível houve com ela, inclusive mantendo-se afastada de treinamentos, da academia, e até de seus familiares que possuem alguma ligação com isto, deixando sua relação com eles distante. Mas tudo parece prestes a mudar quando ela quase é atropelada por um garoto quando estava tentando escapar de um assalto, e o mesmo complica bastante a situação, fazendo com que Haley tenha que enfrentar os outros por si mesma.
E é claro que suas atitudes acabam desenfreando muitos outros acontecimentos perigosos. Para ajudá-la, West, o rapaz que a atrapalhou naquele momento inoportuno, decide marcar uma luta de MMA com um dos garotos que ela enfrentou antes. Só que ele não está preparado e vai ser massacrado se decidir ir em frente. E é por isso que Haley decide treiná-lo, mas ambos concordam em manter tudo estritamente dentro do ringue, sem sentimentos ou algo a mais.
O que ela não sabe é que o próprio West tem seus segredos e demônios para enfrentar, e apoiá-la nisto pode acabar ajudando-o. Só que a verdade também pode complicar ainda mais a relação entre eles. Porém, uma forte ligação começa a existir entre os dois, que vão precisar enfrentar seus próprios medos enquanto apoiam um ao outro se quiserem vencer todas essas batalhas – dentro e fora dos ringues.
Já sou fã de Katie McGarry, com sua escrita sensacional, e da série “No Limite”, que está sendo publicada por aqui pela Editora Verus. Então, cada vez que descubro que um novo volume está sendo lançado, um sorriso se abre em meu rosto com as expectativas do que está por vir. Desta vez não foi diferente e, assim que solicitei para resenha, fiquei contando os dias para poder ler mais uma de suas obras. E assim o fiz, logo que recebi meu exemplar.
Dos quatro volumes já publicados no Brasil, eu li três: "No Limite da Atração", "No Limite do Perigo", primeiro e terceiro da série, respectivamente, e este da resenha, “No Limite do Desejo”, que até agora foi o que menos gostei dos três, infelizmente. Meu preferido foi sem sombra de dúvidas o terceiro, que inclusive se tornou uma das minhas dez leituras preferidas do ano passado – eu li mais de cem obras. Para conferir as resenhas, basta clicar nos títulos.
Já percebi que McGarry gosta de incluir personagens menos afortunados para nos mostrar as dificuldades e problemas reais que estes jovens enfrentam, e como deve ser muito difícil viver assim, sendo que muitos deles acabam encontrando alternativas nada boas para si mesmos e para outros que estão próximos. E acho que abordar estas questões é muito bom, principalmente para abrir os olhos das pessoas a respeito dos que possuem condições monetárias mais baixas, que muitas vezes têm muito potencial, só que faltam oportunidades, e precisam de um empurrãozinho na direção certa. E é isso que ela gosta de enfatizar.
A trama tem um peso tão realista que o leitor facilmente consegue visualizar cada cenário e acontecimento, já que coisas semelhantes realmente acontecem com pessoas de carne e osso. E o mais interessante é que seus protagonistas são fortes, lutam contra tudo de negativo que poderia transformá-los em alguém ruim, mesmo que as pedras no caminho sejam grandes, e dão a volta por cima, amadurecendo e encontrando uma forma de ser e ter algo melhor em suas vidas. É realmente muito gratificante e inspirador.

Mas acho que neste volume faltou um pouco daquela emoção encontrada nos demais. Talvez por conta do protagonista masculino da vez, West, que não foi alguém que me agradou tanto assim, pelo contrário, o achei mimado e muito orgulhoso, de um tipo nada bacana de se ver em determinadas situações. Senti como se suas ações fossem forçadas para se encaixar no que a autora pretendia, sem haver necessidade para tal.
Não me lembro exatamente de todos os meus sentimentos em relação a ele quando o conheci no livro anterior, mas tenho certeza de que uma das cenas me fez sentir muita raiva dele. E este sentimento não se apagou depois de ter visto como agiu depois daquilo. Além do mais, acho que West era bem imaturo e fazia um drama desnecessário em muitos momentos.
Em compensação, gostei muito da protagonista feminina. Haley enfrentou diversas situações ruins e ainda continuou de cabeça erguida, mesmo tendo que fugir de conflitos diretos, pois acreditava que esta era a melhor solução para o problema e eu não acho que ela estava errada. Sabe aquelas pessoas que possuem uma grande força dentro de si, além de fisicamente, e também são bem determinadas, e ainda te deixam com vontade de abraçá-la por conta de tudo o que enfrentam? Essa é Haley. Claro que ela poderia ter feito algumas coisas diferentes e talvez ter conversado com alguém mais cedo, mas entendi a personagem nestas situações. Por outro lado, algumas de suas decisões me incomodaram porque partiram de um orgulho que não tinham fundamento, principalmente no final, e ela poderia ter conseguido melhorar muitas coisas em sua vida se aceitasse um pouco mais de ajuda.
O início do relacionamento amoroso do casal não me encantou tanto quanto os demais, principalmente porque me lembrou diversos outros livros que já li, quando os personagens ficam comentando sobre a aparência física do outro em muitos momentos. Claro que McGarry tem uma habilidade para fazer as coisas acontecerem gradativamente, nos fazendo torcer para que fiquem juntos logo, mas não fiquei tão empolgada quanto com os outros.
A narrativa é em primeira pessoa e acompanha a perspectiva de ambos os protagonistas, Haley e West, em capítulos alternados. A escrita da autora é muito gostosa e envolvente, além de sua narrativa ser bastante fluida, deixando tudo ainda melhor. Este livro, como os demais da série, é carregado de drama, intensidade, luta (no sentido de buscar melhorar a situação, apesar de este também ter luta física) e superação, de um jeito que nos deixa ávidos por mais, torcendo pelos personagens e para que coisas boas aconteçam a eles.
Mesmo que possa parecer um new adult ou um romance mais adulto por conta da capa, o gênero desta obra na verdade é jovem adulto, trabalhado de forma mais madura, repleta de sentimentos e questões mais complexas e reais, que foram muito bem desenvolvidas. E não possui qualquer cena de sexo, então leitores mais jovens podem apreciá-la tranquilamente.
A série possui cinco volumes sequenciais, cada um com foco em um casal de protagonistas, mais dois extras: um conto curto, “Crossing the Line” (#1.1) com outro casal (a melhor amiga de Echo, do primeiro exemplar), e um romance, "Breaking the Rules" (#1.5), que na verdade é a continuação direta do primeiro livro. Eles são interligados entre si por conta dos personagens que se conhecem, mas não é preciso ler na ordem, ou um para entender o próximo, visto que cada um possui início, meio e fim. O protagonista masculino do primeiro, Noah, é o melhor amigo dos protagonistas das sequências, a Beth do segundo, e o Isaiah, do terceiro. Já o quarto é protagonizado pelo irmão da Rachel, que é a protagonista do terceiro; e o quinto conta a história de Abby, que já apareceu em diversos outros livros, e é alguém de quem gosto muito. Espero que tenha dado para entender minhas explicações. No Brasil ainda são inéditos os dois extras e o último, “Chasing Impossible”, que eu estou louca para ler e espero que seja publicado por aqui logo.
Curti muito a forma como Katie conseguiu criar e interligar os universos particulares de cada personagem de cada exemplar num todo, ou seja, conhecemos diversas pessoas diferentes, que aparecem em um ou outro volume, e as cenas que vivenciam são encaixadas de forma a entendermos vários pontos das histórias, dando-nos uma visão bem ampla do pano de fundo da série inteira.
Indico as obras de Katie McGarry de olhos fechados. Ela sabe como construir uma trama, desenvolver seus personagens e nos deixar ávidos por mais. E tudo isso aconteceu novamente com “No Limite do Desejo”. Leiam, porque vocês também vão adorar!
Avaliação



Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário