Neste
romance mediúnico escrito por André Ariel Filho, vamos conhecer histórias que,
a princípio, parecem não ter ligação alguma. Vou comentar sobre as duas mais
importantes. Em uma delas conhecemos Vivian, uma moça que fugiu de casa em
busca de liberdade em 1916, época que fazer isso era muito complicado para as
mulheres, mas que foi ainda pior para esta jovem, visto que enfrentou muitas
coisas terríveis antes de sair do lar e também durante sua jornada. Até que
vivencia o naufrágio do navio Príncipe de Astúrias e sai viva dele, o que acaba
modificando sua vida completamente, mas ainda com muito sofrimento, e tudo de
ruim que poderia acontecer a uma mulher, aconteceu com ela.
Por outro
lado, conhecemos um garoto, Daniel, e seu avô, Miguel, no ano de 2013, quando
os dois vão passar férias em Ilhabela, litoral norte de São Paulo, em um local
perto de onde aquele mesmo naufrágio havia ocorrido quase cem anos antes, e
ficavam observando barcos de pesca. Miguel se sente melancólico naquele
cenário, pois seus avós lutaram por suas vidas lá, mas ele não imaginava que
sua história tinha muito mais ligações com aquele navio e com o que aconteceu
no passado.
“A
vida guarda a sabedoria do equilíbrio e nada acontece sem uma razão justa.”
Gosto muito
de romances espíritas, então sempre tento ler algum novo, principalmente porque
eles nos fazem refletir sobre a vida e me dão paz de espírito. Esta última
característica acabou não sendo tão possível com este volume, visto que há
muito sofrimento nas páginas, transbordando tristeza e angústia ao leitor. Quem
curte histórias bem dramáticas, daquelas que nos fazem ficar com o coração
apertado e incomodado, com certeza pode apreciar mais do que eu.
Como
comentei mais acima, várias tramas são contadas com diversos personagens
principais durante toda a obra. Achei muitas sem explicação, faltando um porquê
de tudo aquilo estar ocorrendo, pois não sabia a ligação entre elas. Então fiquei
meio confusa com o emaranhado de histórias até finalmente chegar ao epílogo,
quando tudo, finalmente, passa a fazer sentido, e podemos voltar nossos
pensamentos para analisar cada uma.
Portanto,
posso afirmar que, mesmos sendo um meio complicado, no final houve um perfeito
fechamento, que nos faz entender a verdadeira história, com seus diversos
protagonistas, voltando tudo para o começo, no navio Príncipe de Astúrias, que
com sua trajetória esclarece todos os participantes deste enredo.
Foi um
encontro por afinidades de pessoas que fizeram parte da vida uma das outras,
tendo suas vidas entrelaçadas. Do passado ao presente a caminhada foi longa,
tantos sentimentos e emoções são facilmente transmitidos por eles e percebidos
pelo leitor.
É um romance
na maior parte do tempo, mas também conta com suspense, deixando sempre aquela
dúvida de quem são aqueles indivíduos e o porquê de estarem interligados entre
si, além de nos fazer refletir sobre nossas próprias vidas, nossas escolhas e
jornadas.
E traz um
esclarecimento mais uma vez de como a vida é sábia, e nós estamos aqui numa
passagem e com a oportunidade de melhora o tempo todo. Só o amor verdadeiro faz
nossos corações se modificarem para podermos evoluir. Devemos ser gratos a cada
momento de nossa existência pela vida terrena e neste corpo, porque nossa alma
vai continuar eternamente.
Nunca havia
lido André Ariel Filho, um autor até então desconhecido para mim. Como gosto de
explorar escritores que não conheço, resolvi arriscar e só pude fazer isso
graças a Editora Vida e Consciência, que só me proporciona livros muito bons e
este não foi diferente.
Posso não
ter amado este título por conta destes sentimentos angustiantes que cresceram
no meu peito, mas percebi que o autor tem muito talento e vai bem longe ainda.
Sua escrita é realista, emocionante e me prendeu de uma forma que muitos outros
não conseguem. Então é claro que vou querer ler mais algumas de suas obras (por
enquanto ele só tem mais uma, “Surpresas da Vida”, que também quero ler) que
ele possa vir a escrever futuramente.
Para os leitores
que buscam uma trama repleta de emoção, bem real, intensa e reflexiva, esta é
uma ótima opção de leitura. Mesmo os que não sejam desta religião podem ficar
tranquilos, pois a forma como o assunto é abordado é simples e serve mais como
um ponto de ligação entre as tramas, não sendo necessário acreditar naquilo, só
entender o que aconteceu entre passado e presente.
Avaliação
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